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Diagnóstico do nível de aptidão física em
crianças escolares de ambos os sexos com
idade cronológica entre 8 a 10 anos

   
*Acadêmico Curso de Educação Física - UNIPAR - Toledo
**Docente do Curso de Fisioterapia e Educação Física - UNIPAR
Doutorando em Fisiologia e Bioquímica do Exercício
 
 
Osmar Bordignon*
Robson Olivoto**

robsonolivoto@unipar.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    Este estudo teve como objetivo analisar o nível de aptidão física das crianças da Escola municipal Ari Acássio Gossler localizada na zona urbana do município de Toledo, comparando os resultados encontrados, ou seja, média e desvio padrão com a pesquisa de Guedes (1997) realizado em escolas públicas da cidade de Londrina que avaliou um total de 4289 alunos na faixa etária de 7 a 17 anos. A amostra do presente estudo constituiu-se de 30 crianças de ambos os sexos com idade de 8 à 10 anos, selecionadas aleatoriamente, submetidas a testes de: salto horizontal parado, flexão de braços e abdominal. A pesquisa definiu-se como sendo quantitativa descritiva por intervir junto a um grupo de crianças, sendo que dados coletados foram tratados pela estatística descritiva, levando em consideração a produção de média e desvio padrão, por ter sido a estatística utilizada na pesquisa de Guedes (1997). Levando-se em conta os resultados obtidos, nota-se que as crianças aqui analisadas obtiveram valores inferiores ao estudo utilizado como parâmetro no teste de flexão de braços na idade de 8 anos no sexo feminino e na idade de 10 anos no sexo masculino. No teste abdominal obtiveram valores inferiores em ambos os sexos e faixas etárias, enquanto que no teste de salto horizontal parado obtiveram resultados superiores em ambos os sexos e idade. Fato que nos leva a crer que as crianças do presente estudo estão sofrendo influência do estilo de vida do mundo moderno.
    Unitermos: Aptidão física. Crianças.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 77 - Octubre de 2004

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I. Introdução

    O homem sempre precisou de movimento para sobreviver, com o passar dos anos os avanços tecnológicos e científicos ocorridos no século XX, a modernização de nossa sociedade culminou com a progressiva redução do esforço físico diário. Devido a isso começaram a surgir problemas prematuros de saúde devido à falta de movimento do mesmo.

    Portanto, a escola para muitas crianças torna-se um espaço importante de relacionamento e movimento, assim o profissional de educação física tem o compromisso de auxiliar a criança a manter e melhorar sua aptidão física, melhorando sua convivência dentro do grupo que está inserida.

    Torna-se importante o professor avaliar a real condição física dos alunos, podendo assim elaborar programas que venham a atender as reais necessidades físicas de seus alunos.

    Dentro desse contexto, é ponto fundamental e indispensável avaliar a força motora das crianças, para que a mesma possa crescer em harmonia com seu organismo e com o mundo que a rodeia.

    Durante observação de alunos no período de estágio, percebi que os mesmos encontravam dificuldades na execução de trabalhos propostos relacionados ao aspecto motor, portanto evidencia-se a importância de se realizar um estudo com crianças de 8 a 10 anos de idade.

    Identificar o nível de aptidão física, das crianças do a Escola Municipal Ari Arcássio Gosller , com idade cronológica de 8 a 10 anos.

    Comparar as variáveis associadas ao desempenho motor dos analisados com o estudo realizado por Dartagnan Pinto Guedes com escolares da mesma faixa etária do município de Londrina - Pr.


II. Desenvolvimento

    Partindo do pressuposto que a atividade física é parte integrante do comportamento humano, envolve componentes culturais, sócio-econômicos, psicológicos e de fatores ambientais, onde o homem ao passar dos anos diminuiu sua atividade física, devido as inovações das máquinas, que cada vez mais exigem menos movimentos físicos. Porém o homem necessita diariamente de movimento para a manutenção e sustentação de seu próprio organismo, buscando assim melhorar sua aptidão física.

Aptidão física é um estado dinâmico de energia e vitalidade que permite a cada um não apenas realizar as tarefas diárias, as ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar emergências imprevisíveis sem fadiga excessiva, mas também ajuda a evitar doenças hipocinéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e sentindo uma alegria de viver.(Niemann, apud Barbanti, 1990, pg 12)

    Segundo BARBANTI (1990), os componentes da aptidão física podem ser definidos, medidos e desenvolvidos separados uns dos outros, onde os exercícios podem ser específicos para o desenvolvimento de cada um dos componentes da aptidão física, e os mesmos foram relacionados em dois grupos, o primeiro refere-se as habilidades esportivas e o segundo relacionado á saúde.

    Para WEINECK (2003), a saúde não pode ser entendida como uma propriedade estável para toda a vida, a mesma esta sujeita a mudanças rápidas, sendo bastante influenciada pelas ações do indivíduo.

    Conforme NIEMANN (1999), á saúde é definida como um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não somente a ausência de doenças ou enfermidades. E a aptidão física é uma condição na qual o individuo possui energia e vitalidade suficientes para realizar as tarefas diárias e participar de atividades recreativas sem fadiga.

    Numa analise mais especifica para entendimento das variáveis de aptidão física, NIEMANN (1999), classifica a aptidão cardiorespiratória como sendo a capacidade de continuar ou persistir em tarefas prolongadas que envolvem grandes grupos musculares por períodos de tempo prolongados. A resistência respiratória é conhecida como aptidão aeróbica, compreendendo a capacidade dos sistemas circulatório e respiratório de se ajustar e de recuperar-se dos efeitos de atividades físicas.

    Seguindo ainda a classificação proposta por NIEMANN (1999), a composição corporal refere-se a quantidade de gordura corporal e tecido magro, sendo expressa em percentagem de gordura e a aptidão músculo esquelética diz respeito a resistência muscular, força e flexibilidade sendo que a mesma é especifica para cada articulação do corpo. No entanto a força muscular é a força máxima de um esforço que uma pessoa pode produzir contra uma resistência, e resistência muscular é a capacidade dos músculos de repetirem a um esforço submáximo.

    Rizzo Pinto apud ROCHA, (2002, pg101) "define força muscular como sendo a capacidade de usar a energia mecânica, produzindo contrações que levam o segmento ou o corpo a, vencer resistências, superar oposições criadas pela ação das leis da natureza que regem o universo".

    Resistência de força segundo BARBANTI (1979, pg 69), é a capacidade de resistência dos músculos ou grupos musculares contra o cansaço com repetidas contrações musculares. .

    Morehouse apud BARBANTI, (1979, pg 67) diz que força motora é a capacidade do sistema neuromuscular de vencer resistências, como por exemplo, o peso do próprio corpo, um peso, um objeto, etc.

    Segundo NESPEIRA (2002, pg 8) "Potência Muscular Explosiva é a capacidade neuromuscular de superar, com alta velocidade de execução e ou com uma alta freqüência de execução, resistências bastante elevadas".

    Conforme GUEDES (1997) a capacidade motora potência é a realização de um esforço máximo no menor espaço de tempo possível, representando assim a relação entre o índice de força apresentado por um indivíduo e a velocidade com que o mesmo pode realizar o movimento.

    Para ROCHA (2002) a força muscular é das valências físicas, a mais importante de todas, pois ela é elemento indispensável na realização de qualquer tipo de movimento, do mais elementar ao mais complexo.

    Segundo FECK & KRAEMER (1999) estudos realizados na década de 70, concluíram que o treinamento de força não proporcionava aumento da massa muscular ou ganho de força em crianças, no entanto nos últimos anos pesquisas sobre treinamento de força em crianças estão demonstrando que ocorrem ganhos de força muscular em crianças, comparando as mesmas com crianças que não realizam este treinamento.

    Para FARINATTI (1995), o professor de educação física deve obter conhecimentos para saber identificar as necessidades e limitações de seus alunos, para assim adequar um programa de trabalho as necessidades de seus alunos.

A criança não é uma miniatura do adulto e sua mentalidade não é só quantitativa, mas também qualitativamente diferente do adulto, de modo que a criança não é só menor, mas também diferente (Claparéde apud Weineck, 2000, pg 246).

    Conforme FARINATTI (1995) poucas crianças tem acesso à atividade física orientada fora da escola, tornando-se assim o papel da educação física escolar importante no desenvolvimento de programas que busquem melhorar a aptidão física das crianças.

    Para WEINECK (2000), a prática esportiva escolar nos moldes atuais não é suficiente para suprir os longos períodos em que as crianças permanecem sentadas tanto na escola como também fora da mesma.

"A função da atividade física e do esporte escolar é desenvolver uma resistência básica geral e não conduzir a criança, a aptidões físicas especificas" (WEINECK,1999, pg214).

    Segundo WEINECK (2003) as crianças já em idade escolar podem apresentar erros posturais crônicos, conduzindo assim a criança a inúmeros problemas na coluna vertebral, devido a falta de atividade física.

    Para FARINATTI, (1995) o espaço para a criança realizar atividades ao ar livre, estão progressivamente menores no meio urbano, e o isolamento das regiões rurais podem apresentar repercussões negativas em vários parâmetros da aptidão física. Podendo assim gerar conseqüências motoras futuras na criança.

    Treinamento de força é primordial no desenvolvimento do homem e deve ser realizado em todas as faixas etárias respeitando-se sempre as cargas adequadas a cada idade. Na fase de desenvolvimento da criança deve-se aproveitar os impulsos normais de movimentos da criança procurando assim estimular a criança para o desenvolvimento dos ossos e dos músculos, pois se a mesma não for estimulada quando jovem á uma grande probabilidade desta vir a ser uma pessoa sedentária. (WEINECK, 1991).

    No entanto o treinamento oferecido á criança e ao adolescente deve respeitar interesses relacionados a cada faixa etária respeitando as diferenças de cada uma das fases do desenvolvimento fisiológico das crianças que são: lactante e bebê, idade pré-escolar, primeira infância escolar, primeira fase puberal ou pubescência, segunda fase puberal ou adolescência. (WEINECK, 2000).

    Na conceitualização de WEINECK (1991) sobre a possibilidade de aplicação efetiva de exercícios de força encontramos a primeira infância escolar, que segundo o autor é a fase que compreende o ingresso da criança na escola, nesta fase as crianças apresentam boas condições corporais, sendo assim nesta fase podem ser oferecidas novas habilidades motoras através de exercícios variados, buscando o fortalecimento do aparelho postural e motor. Aproveitando o ímpeto das crianças para dirigi-las a um treinamento de força.

    Segundo HAYWOOD & GETCHELL (2001) vários estudos não comprovaram danos ósseos ou musculares no treinamento de força em pré-púberes e os mesmos estudos não relataram lesões durante o treinamento de força supervisionado.

    "Toda a articulação tem, por meio de uma musculatura forte, uma melhor movimentação e proteção; as forças de impacto atuantes serão divididas e absorvidas de melhor forma" (Weineck, 2003, pg130).

    Para WEINECK (2003) um programa de treinamento de força e resistência muscular localizada nas crianças, deve auxiliar na prevenção de lesões articulares, como também auxiliar a mesma a prevenir futuros desvios posturais, haja vista que uma grande parcela das crianças sofre de fraquezas posturais que pioram na idade escolar devido à maneira incorreta de sentar, ocasionadas, segundo o autor por uma falta de aptidão física na forma de força muscular insuficiente.

    Para RAMOS (2000) um grande número de crianças, apresenta vícios de postura relacionados ao desenvolvimento precário de diversos músculos do corpo.O mesmo autor vai mais além dizendo que a força pode ser treinada em qualquer idade.

     WEINECK (2003), comenta que o treinamento de força além de influenciar a aparência e a força dos músculos, também tem efeitos preventivos, auxiliando tanto no aparelho locomotor, mas também atuam significativamente sobre a capacidade cognitiva de rendimento de nossa mente.

    No entanto para Jonath apud WEINECK (1991), o fato de que crianças e jovens apresentam desajustes posturais não interfere no treinamento para o fortalecimento desta musculatura. O problema reside na intensidade da atividade que será proposta ao aluno durante o treinamento.

    Para Hamil apud FLECK & KRAEMER (1999), os benefícios de um programa de treinamento de força apropriadamente planejado e supervisionado mostram-se superiores aos riscos, pois as crianças participam de diversas atividades não supervisionadas que oferecem maiores riscos de lesões, do que um programa de treinamento de força planejado e supervisionado.

    Já para FLECK & KRAEMER (1999), crianças que participam de programas de treinamento de força aumentam seu desempenho e condicionamento físico nos esportes, como também diminuem a probabilidade de lesões durante as atividades esportivas e recreativas.

    Os estudos de WEINECK (2000), relatam que o organismo infantil e juvenil possui uma menor capacidade anaeróbica de suportar cargas para tanto os métodos e conteúdos de treinamento devem ser dosados tanto na intensidade como também nas cargas, levando-se em conta a realidade fisiológica da criança a ser treinada.

    Na conceitualização de Nocker apud BARBANTI (1979), as crianças e os adolescentes têm capacidade limitada para realizar trabalhos anaeróbicos, em contraposição estão em condições propicias para executar trabalhos aeróbicos.

    GUEDES (1997) classifica a resistência como sendo geral ou local disso vai depender a quantidade de músculos participantes na atividade; quanto a obtenção de energia,a resistência pode ser aeróbica e anaeróbica; quanto ao tempo de duração, resistência de curta, média e longa duração.

    Segundo Morrow apud GUEDES (1997), os testes motores com o objetivo de avaliar as capacidades força e resistência muscular exigem situações em que objetos precisam ser suportados ou deslocados; ou ainda por situações em que o próprio peso corporal é utilizado como sobrecarga para o movimento.

    Conforme FAIGENBAUM & WESTCOTT (2000), algumas crianças podem não ter força suficientemente para realizar mesmo uma única repetição de um exercício, enquanto outras crianças podem ser capazes de realizar inúmeras repetições.

    As tarefas motoras tendo o próprio peso corporal dos avaliados como sobrecarga são as mais indicadas para a avaliação das capacidades de força e de resistência muscular das crianças e dos adolescentes (GUEDES, 1997), sendo elas flexão e extensão da articulação do quadril com o avaliado em decúbito dorsal, flexão e extensão dos braços com o corpo em suspensão na barra, tempo máximo em suspensão na barra com os braços flexionados.

    A dificuldade no desenvolvimento de força em crianças está na utilização de materiais, no entanto, HAYWOOD & GETCHELL (2004), ressaltam que nas escolas os testes de força são muitas vezes utilizados, onde o peso corporal é utilizado como resistência.

    É importante ressaltar neste momento que GUEDES (1997), classifica como sendo a região abdominal o grupo muscular mais solicitado quando da realização dos movimentos de flexão e extensão do quadril com os joelhos flexionados, torna-se possível assim admitir sua validade lógica como indicador do índice de resistência/força dos grupos musculares localizados na região do abdominal.

    A avaliação da aptidão física deve levar em conta variáveis especificas de força como cita GUEDES (1997), "os testes de força e resistência muscular por envolverem grupos musculares específicos, podem apresentar diferentes resultados dependendo dos grupos musculares solicitados", nos levando a acreditar que uma criança pode apresentar um índice de força e resistência elevado nos músculos da região abdominal e apresentar um índice baixo na nos músculos dos membros superiores.

    GUEDES (1997) concorda com a afirmação da NSCA (National Strength and Conditioning Association) que aconselha períodos de longa duração, para o treinamento de força, incluindo no programa a resistência aeróbica, e a atividade esportiva acrescentando que este treinamento deva ser direcionado a criança de forma lúdica, pois a criança ainda é imatura psicologicamente.

    GUEDES (1997) citando Glencross (1966), afirma que os testes envolvendo saltos no sentido horizontal exigem uma menor habilidade motora do que os testes envolvendo saltos no sentido vertical, muitos especialistas da área preferiram optar pela utilização do teste de salto em distância "parado" como um indicador da potência direcionada ao desempenho motor.

    No entanto a uma discussão que já perdura por décadas quanto ao número mínimo de testes e uma seqüência na sua administração, visando que o desgaste funcional provocado por um teste não viesse a interferir nos resultados dos testes subseqüentes, um assunto muito analisado por GUEDES (1997).


III. Metodologia

3.1. Caracterização da pesquisa

    A presente pesquisa é definida como quantitativa descritiva, segundo, LAKATOS e MARCONI (2001), pois a coleta dos resultados foi obtida através de testes físicos em crianças, tendo como objetivo analisar os resultados e compará-los com outras pesquisas já existentes.


3.2. Amostra

    A seleção da amostra ocorreu de forma aleatória, foram utilizadas 30 crianças, sendo 10 na idade de 8 anos, 10 na idade de 9 anos e 10 na idade de 10 anos. Dentre as dez de cada idade, 5 eram do sexo masculino e 5 do sexo feminino. As crianças encontram-se regularmente matriculadas na Escola Municipal ARI ARCÁSSIO GOSLLER, localizada no Jardim SANTA MARIA, no município de TOLEDO.


3.3. Material utilizado

    Para avaliação das crianças utilizou se os testes de: flexão de braço, salto horizontal parado e abdominal, necessitando dos seguintes materiais: cronômetro, colchão para prática de ginástica, caneta, ficha para registro dos dados, fita adesiva, fita métrica, régua de madeira.


3.4. Procedimentos

    Os testes foram aplicados no interior do ginásio para a prática de esportes da Escola Municipal ARI ARCÁSSIO GOSLLER, no horário entre 13:30 horas até aproximadamente ás 17:00 horas. Os alunos foram separados para a realização dos testes por faixa etária, sendo que os primeiros a realizarem os testes foram os alunos de 8 anos, após os de 9 anos e por último os de 10 anos.

    Para a realização de cada teste houve uma breve exposição e demonstração do mesmo para os alunos.

    As crianças que não estavam executando o teste permaneceram sentadas, observando a criança que realizava o teste.

    Os testes foram realizados da seguinte maneira:

Salto horizontal parado: o avaliado estava de pé, na marca zero da escala de 400 cm fixada no chão. Sem realizar corrida de aproximação, podendo fazer o balanceio com os braços, procurando saltar o mais distante possível. Mediu-se a distância da marca zero á marca mais próxima alcançada pela parte do corpo que tocou o solo, foi realizada uma única tentativa.

Abdominal: o avaliado estava deitado em decúbito dorsal, pés apoiados no chão, pernas flexionadas formando um ângulo de aproximadamente 90 nos joelhos, apoiando as mãos cruzadas na altura do peito.Realizou o máximo de repetições em um minuto.

Flexão de braço: o avaliado estava em quatro apoios (as duas mãos e os dois pés), corpo em extensão e cotovelos estendidos. Realizou a flexão dos cotovelos até que estes ficaram ao nível dos ombros, voltando á posição inicial, realizando a extensão dos cotovelos. Para o sexo feminino utilizou-se o apoio dos joelhos em vez de apoiarem os pés. Realizou-se o máximo de repetições em um minuto.


IV. Discução dos resultados

    Para podermos analisar os dados obtidos a partir da coleta realizada na escola Municipal Ari Arcássio Gosller, localizada no Jardim Santa Maria no município de Toledo necessitamos de um referencial cientÍfico, para ai sim, procedermos a uma analise descritiva com o intuito de determinarmos níveis de comparação.

    O estudo utilizado como referencial foi o de GUEDES (1997), realizado na região urbana da cidade de Londrina, localizada no norte do estado do Paraná. O município foi dividido em 6 regiões, sendo que em cada região foram avaliados alunos de 4 escolas todas da rede pública de ensino, perfazendo um total de 24 escolas. O estudo analisou cerca de 10% da população escolar do município na faixa etária de 7 a 17 anos de ambos os sexos, perfazendo um total de 4289 alunos.

    A comparação dos dados das pesquisas, mesmo sendo com valores de amostra diferentes, foi possível pela utilização das medias e desvio padrão determinados por GUEDES (1997), haja vista que nossa intenção é iniciar um estudo comparativo referente à região oeste do Paraná, sendo que amostras completas como as planeadas pelo autor serão atingidas com a evolução da pesquisa.

Quadro 1. Descrição dos valores de Media e Desvio Padrão dos Resultados de Testes Motores realizados na cidade de Londrina, por GUEDES (1997).


FONTE: GUEDES (1997), crescimento composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes. Pg. 248.

    Lembrando que os dados são provenientes dos alunos da escola Municipal Ari Arcássio Gossler situada no Jardim Santa Maria na zona urbana do município de Toledo.

    Sendo importante neste momento ressaltar que, os alunos matriculados neste estabelecimento de ensino são provenientes da zona urbana e rural do município de Toledo.

Quadro 2. Descrição dos valores de Media e Desvio Padrão dos Resultados de Testes Motores realizados na cidade de Toledo, por BORDIGNON (2003).



FONTE: Resultados obtidos através de pesquisa realizada na Escola Municipal Ari Arcássio Gossler no município de Toledo.

    O gráfico 01 demonstra os dados coletados em ambas pesquisas, e podemos observar que nos testes de força de braço e salto horizontal, os testes realizados com crianças do município de Toledo mostram resultados superiores aos resultados obtidos por Guedes (1997), no entanto no teste de abdominal observa-se que os resultados encontrados por Guedes (1997) no município de Londrina são superiores que os resultados encontrados no município de Toledo, que pode ser explicado levando em consideração que os grupos musculares envolvidos nos dois testes, força e salto horizontal, não dependem necessariamente de um trabalho muscular localizado, ou seja, as atividades diárias podem gerar uma adaptação neuromuscular.

    Comparando os resultados do presente estudo e os obtidos por Guedes (1997), no teste abdominal observa-se que as crianças do município de Toledo obtiveram valores inferiores, ao da média na idade de 9 anos em relação ao estudo utilizado como parâmetro, enquanto que nos testes de flexão de braços e salto horizontal, observa-se que os valores obtidos no presente teste foram superiores ao obtidos por Guedes.

    Comparando os resultados do presente estudo e os obtidos por Guedes (1997), no teste abdominal e flexão de braços observa-se que as crianças obtiveram valores inferiores ao da média em relação ao estudo utilizado como parâmetro, enquanto que no teste de salto horizontal os resultados mostraram-se superiores ao estudo utilizado como parâmetro.

    Comparando os resultados do presente estudo e os obtidos por Guedes (1997), no teste abdominal e salto horizontal parado observa-se que as crianças obtiveram valores inferiores, ao da média na idade de 8 anos em relação ao estudo utilizado como parâmetro, enquanto que no teste de flexão de braços observa-se que as crianças obtiveram valores superiores ao obtidos por Guedes.

    Comparando os resultados do presente estudo e os obtidos por Guedes (1997), no teste abdominal observa-se que as crianças obtiveram valores inferiores, ao da média na idade de 9 anos em relação ao estudo utilizado como parâmetro enquanto que no teste de flexão de braços e salto horizontal parado, observa-se que os valores obtidos no presente teste foram superiores ao obtidos por Guedes.

    Comparando os resultados do presente estudo e os obtidos por Guedes (1997), no teste abdominal observa-se que as crianças obtiveram valores inferiores, ao da média na idade de 10 anos em relação ao estudo utilizado como parâmetro enquanto que no teste de flexão de braços e salto horizontal parado observa-se que os valores obtidos no presente teste foram superiores ao obtidos por Guedes.

    Comparando os resultados obtidos no presente estudo com o estudo de Guedes (1997), as crianças aqui analisadas obtiveram resultado inferior no teste de flexão de braços somente na idade de 10 anos no sexo masculino, enquanto que no teste de salto horizontal parado somente o sexo feminino demonstrou resultado inferior na idade de 8 anos, e nas demais idades em ambos os sexos os resultados mostraram-se superiores. O resultado do teste abdominal foi que mostrou a maior diferença em todas as faixas etárias e em ambos os sexos, onde a média esteve abaixo do estudo utilizado como parâmetro. Fato que é admissível, pois os testes de força e resistência muscular envolvem grupos musculares específicos, portanto uma mesma criança pode apresentar diferentes resultados, dependendo dos grupos musculares que serão solicitados nas atividades.

    A diferença na obtenção de resultados entre os testes aqui administrados pode ter ocorrido pelo fato da escola não possuir um espaço adequado para á prática de atividade física, pois a mesma até aproximadamente dois meses antes da realização dos testes não possuía um espaço adequado para a prática de atividade física, sendo que as aulas de educação física eram realizadas num pátio de pedra, em dias de chuva eram desenvolvidas atividades em sala de aula.

    Assim os resultados obtidos no teste abdominal nos levam a crer que as atividades propostas para as crianças de Londrina, foram sugeridas de forma mais equilibrada, procurando envolver todos os grupos musculares envolvidos nos testes aqui propostos, isso devido às escolas deste município, contarem com melhores condições físicas.

    Tendo em vista a própria afirmação de GUEDES (1997) e WEINECK (2000), que descrevem a importância de exercícios específicos para o bom e harmonioso desenvolvimento de específicos grupos musculares, tendo em vista que a musculatura abdominal, segundo FLECK & KRAEMER (1999), para que tenha um desenvolvimento necessita de uma interferência de treinamento de força e fortalecimentos apropriados, que só podem ser alcançados em programas planejados de atividade física, o que podemos presumir não acorreu nas crianças de Toledo tendo em vista as inúmeras dificuldades, desde local para prática ate material a ser utilizado.

    Ainda segundo FLECK & KRAEMER (1999), crianças que participam de programas de treinamento de força aumentam seu desempenho e condicionamento físico nos esportes, como também diminuem a probabilidade de lesões durante as atividades esportivas e recreativas.

    No entanto nos demais testes, os resultados de Toledo ou foram superiores aos de Londrina, exceto no teste de flexão de braços do sexo masculino na idade de 10 anos e o teste de salto horizontal parado no sexo feminino na idade de 8 anos, o que também pode ser explicado pelo fato das crianças aqui analisadas serem provenientes de várias regiões do município, tanto no meio urbano como rural o que nos levava a crer que as crianças de Toledo deveriam obter melhores resultados que as crianças de Londrina, por estarem vivendo em uma cidade do interior, onde há uma maior liberdade para á pratica de atividades que auxiliam a criança a obter um melhor nível de aptidão física.

    Sem mencionar o fato de que algumas crianças que convivem com a família no meio rural, geralmente auxiliam seus pais em tarefas diárias, obtendo assim melhores desempenhos físicos, comparando-as com as crianças que vivem no meio urbano, o que explica também o fato de uma das crianças avaliadas obter valores muito superiores aos das demais, sendo esta criança moradora de zona rural, exercendo funções como, ordenha, transporte de cereais, corte de cana, e outros afazeres próprios de trabalhadores rurais, e que levam a extenuante atividade física.

    Porém FARINATTI (1995), salienta que os espaços para a prática de atividade física estão diminuindo gradativamente no meio urbano, e quando esta análise é levada ao meio rural o autor adverte que o isolamento das crianças das regiões rurais pode ter repercussões negativas em vários parâmetros da aptidão física. Isso nos leva a crer que a criança do mundo atual, tanto no meio urbano e rural está sofrendo influência direta dos meios que a levam a estimular mais a parte cognitiva da mesma, desprezando o desenvolvimento físico, não contando com algo que realmente a motive em suas atividades. Tornando-se assim o papel da educação física escolar importantíssima, na elaboração de programas que busquem melhorar a condição física das mesmas, más para isso é necessário que o professor conheça as necessidades e limitações de seus alunos, buscando assim integrar toda a criança no grupo em que está inserida, e não simplesmente aceitar as limitações de cada uma não buscando programas e soluções para as mesmas.

    Segundo WEINECK (2003), o indivíduo necessita sempre estar mantendo sua saúde, e esta depende do grau de aptidão física que a pessoa possui, necessitando em grande parte da força e da resistência muscular, o que para o mesmo, a força é extremamente importante ao desenvolvimento e manutenção do aparelho músculo-esquelético.

    Para FAIGENBAUM & WESTCOTT (2001), a vantagem de serem administrados exercícios que envolvem o próprio peso corporal como resistência, é que não se precisa de nenhum equipamento, portanto não há custo. Porém os mesmos autores salientam que a desvantagem está em se ajustar o peso corporal ao nível de força da criança. Observando-se que algumas crianças podem realizar inúmeras repetições de um exercício enquanto outras crianças podem não ser suficientemente forte para realizar uma única repetição do exercício.

    Portanto a prática da atividade física torna-se um fator de extrema importância para a melhoria da aptidão física, pois auxilia o desenvolvimento global do organismo, corrigindo e ajudando a prevenir lesões e desvios posturais nas crianças.

    Dessa forma cabe ao professor de educação física o compromisso de conhecer programas que busquem auxiliar a formação geral dos alunos, para que os mesmos consigam executar suas atividades diárias, buscando assim viver em harmonia com seu organismo e com o mundo que o rodeia.


V. Conclusão

    Os resultados obtidos com a realização do presente estudo demonstraram que as crianças aqui analisadas não possuem uma distribuição uniforme de força muscular levando-se em conta o estudo utilizado como parâmetro.

    As crianças aqui analisadas podem ou poderão apresentar desvios posturais devido à fraqueza da musculatura abdominal, observada através dos resultados dos testes propostos.

    Os testes tornam-se importantíssimos para que o professor consiga elaborar programas que auxiliem a criança a desenvolver seu organismo de forma mais harmoniosa, ajudando o mesmo a obter um estilo de vida mais saudável, no entanto também nos demonstraram a dificuldade de estabelecer um desenvolvimento harmonioso das variáveis da aptidão física, se levarmos em conta as grandes dificuldades em estabelecer programas adequados de atividade física.

    As diferenças não só culturais, mas também sociais, levam a desenvolvimentos desarmônicos o que dificulta a aplicação de programas adequados, como pudemos observar quando comparamos as diferenças dos testes em Toledo e em Londrina, não só diferenças em relação às amostras, mas também entre a própria amostra, se observarmos o desvio padrão de alguns testes.

    A observação nos leva a crer que uma serie de fatores poder e com certeza ira interferir no desenvolvimento harmônico dos potenciais físicos de uma criança cabendo a nós profissionais da Educação Física adequarmos nos programas de atividade física a essas enormes diferenças buscando um ponto de equilíbrio no desenvolvimento o mais próximo do equilibrado.


Referências bibliográficas

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