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A evolução das regras
visando o espetáculo no voleibol

   
Graduado no Curso de Licenciatura em Educação Física/UFRuralRJ
Especialização em Ciências do Treinamento de Alto Nível/UFRuralRJ
Monitor das disciplinas Voleibol I e II/UFRuralRJ
Estágio no Programa Viva Vôlei da Confederação Brasileira de Volley Ball
Técnico de equipes masculinas e feminina
de voleibol nas escolas em que trabalhei.
Membro do Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte
 
 
Silvestre Cirilo dos Santos Neto
silvestrecirilo@yahoo.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    O propósito deste artigo é de passear na história deste esporte desde a sua criação até os dias de atuais, fazendo uma revisão das regras enquanto o voleibol como espetáculo. São listadas as mudanças ocorridas nas regras desde o início até as Olimpíadas de Atenas 2004. A partir da 1ª Guerra Mundial o voleibol começou a sua expansão. Em 1947 surge a FIVB que, começa a vislumbrar o voleibol como um espetáculo rentável e, com isso, visa tornar o jogo mais dinâmico. A partir da década de 80 o voleibol torna-se rentável financeiramente através das parceirias com a TV e, a FIVB começa a se preocupar em tornar o voleibol mais adequado ao formato televisivo e, assim, garantindo a popularização do esporte perante as grandes massas.
    Unitermos: Espetáculo. História. Regras. Voleibol.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 76 - Septiembre de 2004

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I. Introdução

    Com o surgimento do mintonnette em 1895 através de William G. Morgan (nome que foi mudado para voleibol em 1896, já que o jogo consistia em toques na bola quando ela estivesse no ar, gesto conhecido como voleio) com o intuito de promover uma atividade suave e de grande motivação para os homens de idade avançada da ACM de Holyoke, Massachussets.

    Este esporte veio substituir o futebol americano e o tênis como opções de lazer ao povo americano, pois eram 2 modalidades que exigiam muito da capacidade física do homem.

    Com a chegada da 1ª Guerra Mundial, os soldados americanos começaram a difundir o voleibol junto aos soldados de outros países.

    A partir desta "globalização", o esporte começou a primar pela performance, pois com o aparecimento das seleções nacionais seria inevitável o surgimento das disputas entre as mesmas.

    Em 1947 surge a FIVB, com sede em Paris e tendo como presidente o francês Paul Libaud. Já em 1949, acontece o 1° campeonato na hoje extinta Tchecoslováquia. Neste mesmo ano as regras européia e americana são unificadas.

    Já visando uma maior organização, a Federação Japonesa adota as regras internacionais decidida a introduzí-las em todo o continente asiático.

    Em 1957, o voleibol é reconhecido como desporto olímpico, tendo a 1ª disputa por medalhas em 1964 nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

    Nos anos seguintes foram ocorrendo pequenas mudanças nas regras visando um maior dinamismo ao jogo e, com isso, ele ia perdendo cada vez mais a essência que foi a chama da criação deste esporte como lazer.

    A partir da década de 80, o voleibol começa a ser visto como um ótimo meio de comercialização de produtos esportivo. Este fenômeno apresenta uma vertiginosa escalada na década de 90 e, a FIVB, já tendo o mexicano Rubem Acosta na presidência (eleito em 1984) e já na nova sede na Suíça, vê-se com a obrigação de alterar algumas regras para a melhoria do voleibol enquanto espetáculo, já que a alta performance alcançada pelas equipes vinha tornando enfadonhas as competições.

    No século XXI há o surgimento de equipes como a do Brasil (comandada pelo técnico Bernardinho) e Sérvia e Montenegro que vieram contribuir com o voleibol espetáculo, já que este vinha sucumbindo ao voleibol força imposto por seleções como Rússia, Itália e Polônia.


II. As alterações na regra

1921 - Uma linha é traçada sob a rede dividindo o campo de jogo em 2 metades iguais.

1937 - Múltiplos contatos com a bola são permitidos particularmente em defesas provenientes de ataques "violentos".

1942 - A bola poderá ser tocada com qualquer parte do corpo acima do joelho.

1947 - Somente aos jogadores da 1ª linha (posições 2,3 e 4) serão permitidas as trocas de posição para o bloqueio e o ataque.

1948 - Após a Guerra as regras foram reescritas de modo que fossem mais facilmente interpretadas. Esta mudança se deu principalmente nos seguintes itens:

  • Uma melhor definição foi dada a idéia de bloqueio;

  • O serviço foi limitado à uma área de 3 metros na linha de fundo, sendo necessária que cada jogador mantivesse sua posição durante o serviço;

  • Não haveria mais pontos por erros de serviço;

  • Contatos simultâneos de 2 jogadores serão considerados apenas 1;

  • O tempo em decorrência de uma lesão poderá durar até 5 minutos;

  • O intervalo entre os sets passa a ser de 3 minutos;

  • O tempo pedido pelo técnico passa a ter a duração de 1 minuto.

1953 - Durante o Congresso da FIVB, foi definida as ações do árbitro e a terminologia a ser adotada.

1957 - Foi dada consideração à entrada de um 2° árbitro.

1959 - No Congresso realizado em Budapeste foi decidida a proibição da "cortina" feita durante o serviço e limitou-se a invasão na quadra adversária com o pé que ultrapassava totalmente a linha central.

1964 - A invasão por cima da rede durante o bloqueio é proibida, enquanto que aos bloqueadores é permitido o 2° toque após o toque feito durante a ação de bloqueio.

1968 - O uso das antenas para delimitação do espaço aéreo da quadra foi recomendado, ajudando assim, a delimitar o espaço aéreo de cruzamento da bola para a quadra adversária.

1974 - No Congresso realizado na Cidade do México ficou decidido que 2 alterações seriam introduzidas em 1976: a mudança do local de fixação das antenas (passando de 9,4m para 9m) e 3 toques após o bloqueio seriam permitidos.

1982 - A pressão da bola é alterada de 0,40 para 0,46 kg/cm2.

1984 - Fica proibido após as Olimpíadas de Los Angeles o bloqueio do serviço. Os árbitro são orientados a serem mais permissivos com a defesa.

1988 - Foi aprovada a mudança do 5° set para o Rally-point System, no qual cada saque equivale a 1ponto. A pontuação de cada set fica limitada a um máximo de 17 pontos com a diferença de 1 ponto entre as equipes.

1992 - Quando o set estiver empatado em 16-16, o jogo irá continuar até uma equipe obter 2 pontos de vantagem.

1994 - Foram aprovadas novas regras que seriam introduzidas em 01/01/1995:

  • A bola poderá ser tocada com qualquer parte do corpo (inclusive os pés);

  • A zona de serviço se estenderá por toda a linha de fundo;

  • Eliminação do "2 toques" na 1ª bola vinda da quadra adversária;

  • É permitido o toque acidental com a rede quando o jogador em questão não estiver participando da jogada.

1996 - Uma bola que tenha ido para a zona livre adversária por fora da delimitação do espaço aéreo poderá ser recuperada. A mão poderá tocar a quadra adversária desde que, não ultrapasse completamente a linha central. As sanções disciplinares passam a valer por todo o jogo. A linha de ataque terá um prolongamento de1,75m com linhas tracejadas de 15cm com espaçamento de 20cm. Diminuição da pressão da bola (0,30 - 0,325 kg/cm22).

1998 - Começa a ser testada a adoção do Rally-point System com 25 pontos nos quatro primeiros sets e 15 pontos no tie-break durante os próximos 2 anos. Outras mudanças foram adotadas imediatamente: a mudança da cor da bola, a introdução do libero e uma maior liberdade por parte dos técnicos para darem instruções (entre a linha de ataque e o fundo da quadra).

2004 - Está sendo testada uma nova regra em relação à "bola presa" na disputa por jogadores adversários na rede. Estudos da FIVB revelam um pequeno aumento no tempo de bola em jogo com a adoção desta regra. Se aprovada, deverá entrar em vigor logo após os Jogos Olímpicos ou no início de 2005.


III. Conclusão

    Com a globalização ocorreu um boom na popularização do voleibol no Brasil, já sendo o 2° em número de praticantes só perdendo para o futebol.

    Nota-se que até o surgimento da FIVB, poucas foram as mudanças nas regras havendo, inclusive, uma grande variedade destas, de acordo com a região praticante do desporto.

    A partir de 1947, com o advento da FIVB, começa uma reestruturação das regras visando a unificação das várias versões assim como, um maior dinamismo do desporto.

    A grande dúvida era: como promover este dinamismo que privilegiava o voleibol espetáculo? Para a FIVB estava claro. Era preciso moldar a regra para que a virulência cedesse vez ao espetáculo. O ataque está muito superior à defesa: então, vamos privilegiar a defesa dando a ela recursos legais para tal.

    Foi assim até meados da década de 80, havendo diversas mudanças na regra com o intuito de modernizar cada vez mais o esporte.

    A partir de meados da década de 80 até os dias de hoje, a paixão dá vez ao business. É o período de grandes contratos publicitários e da grande cobertura da mídia assim como, de grandes premiações nos torneios organizados pela FIVB. É uma época de adequação do jogo ao formato televisivo. Partidas com uma duração menor para adequação à grade, bolas coloridas permitindo uma melhor visualização pelos telespectadores, um jogador especialista na defesa para aumentar o tempo do rally, maior interatividade dos técnicos junto aos atletas e o tempo técnico foram algumas das mudanças propostas para a melhoria do espetáculo junto à TV, que com todo o seu poderio econômico, é um grande parceiro do desenvolvimento deste esporte no mundo.

    E, junto ao público, que vinha ficando desmotivado com tal brutalização do jogo e, as mudanças feitas pela FIVB vieram a calhar: adequação do jogo aos padrões televisivos e a volta do interesse do público pelo jogo, já que o jogo vinha se tornando mais plástico com as mudanças na regra.

    Para os puristas foi a morte do voleibol, porém foi um grande passo para que o esporte entrasse para a eternidade.


Bibliografia consultada

  • BIZZOCHI, C. O Voleibol de Alto Nível: Da Iniciação à Competição. São Paulo, Manole. 2004.

  • BORSARI, J.R.; DA SILVA, J.B. Volibol. São Paulo, São Paulo Editora. 1972.

  • DAIUTO, M. Voleibol. São Paulo, Cia Brasil Editora. s/d.

  • FFVB. Les Grandes Dates du Volley Ball. Disponível em: http://www.voley.asso.fr Acessado em: 27/05/2001.

  • FIVB. FIVB's 100 Year History of Volleyball. Disponível em: http://www.volleyhall.org. Acessado em: 21/07/2001.

  • FIVB. Cronological Highlights. Disponível em: http://www.fivb.ch. Acessado em: 29/09/2001.

  • FIVB. The FIVB History. Disponível em: http://www.fivb.ch. Acessado em: 29/09/2001.

  • FIVB. The Volleyball History. Disponível em: http://www.fivb.ch. Acessado em: 29/09/2001.

  • MONTESI, B. La Storia del Pallavolo nel Mondo. Disponível em: http://www.federvolley.it. Acessado em: 19/07/2001.

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