Vôlei, muito mais que esporte | |||
Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos. Professor e Advogado |
Faustino Vicente faustino.vicente@uol.com.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 76 - Septiembre de 2004 |
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Os Jogos Olímpicos de Atenas deixaram, entre as muitas lições, a certeza de que talento e treinamento, determinação e superação, técnica e ética, tradição e inovação e grandiosidade e humildade são fatores indispensáveis à uma carreira bem-sucedida. Harmonizar esses fundamentos é a diferença que faz a diferença. A espetacular conquista da medalha de ouro pela seleção masculina de vôlei do Brasil, merece muito mais do que calorosos aplausos, é digna de uma reflexão maior, pois foi obtida contra equipes de excelente qualidade técnica.Criado em 1895, nos Estados Unidos, por William G. Morgan, com o objetivo de incentivar a prática de atividades físicas em ginásios, o popular "esporte da rede" abriga conceitos e fundamentos que podem, e devem, ser inseridos na gestão das empresas objetivando a melhoria contínua da performance. A meta é a vitória. Não há empate. É vencer ou perder, como no mundo dos negócios. O atleta precisa ter uma ampla visão de conjunto para poder reagir, rapidamente, às mudanças determinadas pelo técnico, que conta com a colaboração de todos os integrantes da comissão técnica. Se concordarmos que os movimentos realizados em conjunto pelos jogadores de uma equipe pra vencer a outros são chamados de táticas, concluímos que trata-se do esporte que usa com mais intensidade esse princípio de administração, área em que Peter F. Drucker é pole position.
Esse esporte aplica, ao longo das partidas, um autêntico Controle Estatístico do Processo, recurso que o técnico usa para corrigir falhas da sua equipe e para explorar os pontos fracos dos adversários. A avaliação de desempenho individual, e coletiva, é instantânea. Concluise que as decisões não são apenas baseadas no talento, na percepção, na experiência ou nos berros, mas num princípio onde o inesquecível Deming foi imbatível - a estatística. A comunicação, ponto que ainda deixa muito à desejar em grande parte das empresas, tem nos sinais do vôlei um valor agregado que pode definir um ponto, uma partida ou a conquista do ouro olímpico. Princípio essencial nesse esporte é o espírito de equipe que deve reinar entre os clientes e fornecedores internos que tem no saudoso engenheiro Kaoru Ishikawa o seu mais destacado representante.
Pai dos círculos de controle da qualidade, que muitas empresas abrasileiraram para times da qualidade, grupos de trabalho e tantas outras denominações, os quais se constituem no maior estímulo motivacional aos funcionários, pois sentem que a gestão solitária deu lugar a gestão solidária. A conquista da maioria dos pontos no vôlei é resultado da logística dos três toques, onde a solidariedade se faz presente. Uma das mais fascinantes evidências do vôlei é que cada ponto é uma decisão olímpica, uma comemoração, uma motivação a mais - pura adrenalina. Até o Código de Defesa do Consumidor é respeitado no vôlei, pois quem paga para assistir de 3 à 5 sets, vai apreciá-los com toda intensidade, pois nessa modalidade não existe a famosa "cera" - retenção da bola para que o tempo se esgote - e nem a lamentável freada de um piloto para que o outro vença.
Conhecimento compartilhado, disciplina, flexibilidade, rapidez de reflexos, superação, concentração, equilíbrio emocional, harmonia, capacidade de reagir às condições adversas são alguns fatores de aprendizagem coletiva, inclusive com os adversários. Com o decrescente número de níveis hierárquicos e a consequente descentralização do processo decisório é de fundamental importância treinar (exaustivamente) todos os funcionários, para que saibam tomar decisões certeiras e, em tempo hábil.
Enriquecer a gestão da empresa com a filosofia do vôlei é agregar um valor especialíssimo na incessante busca da satisfação total dos quatro protagonistas do mundo dos negócios: os acionistas, os funcionários, os clientes e os fornecedores.
revista
digital · Año 10 · N° 76 | Buenos Aires, Septiembre 2004 |