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A importância do processo respiratório nas
aulas de educação física e práticas esportivas

   
Licenciado em Educação Física
884o Dan em Judô
Professor da Disciplina Metodologia das Artes Marciais
Curso de Educação Física da Faculdade de Alagoas - FAL
 
 
Prof. Esp. José Edson Rodrigues Ferreira
jedson@docente.fal.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    Na perspectiva de que, nós professores de educação física e de prática esportivas, utilizando técnicas respiratórias baseadas em estudos feitos no campo de medicina, psicologia, e de algumas práticas orientais seculares voltadas para o bem-estar do ser humano, tanto do aspecto físico, mental e espiritual, como a yoga, chi kun, tai chi chuan, za-zen, daremos uma grande contribuição na formação de nossos alunos, pois através do uso de técnicas respiratórias eles adquirirão um verdadeiro equilíbrio físico, mental e conseqüentemente emocional.
    Discorro neste estudo sobre a importância da respiração como contribuição para o nosso sistema orgânico-metabólico, nervoso, de nosso estado emocional, quando na execução de esforços físicos. Enfim, abordo a relevância do processo respiratório em nossa vida, enfatizando que o uso de técnicas respiratórias nas nossas aulas de educação física e nas práticas esportivas, trarão bastantes benefícios para os nossos alunos.
    Unitermos: Técnicas respiratórias. Práticas esportivas. Aulas de educação física.
 
Abstract
    In the perspective that, us teachers of physical education and of sporting practice, using based breathing techniques in studies facts in the field of medicine, psychology, and of some practices returned secular oriental for the human being well-being, so much of the physical, mental and spiritual aspect, like yoga, chi kun, tai chi chuan, za-zen, will give a great contribution in the formation of our students, because through the use of breathing techniques they will acquire a true physical, mental balance it is consequently emotional.
    Report in this study on the importance of breathing as contribution goes our organic-metabolic system, nervous system, of our emotional state, when in execution of physical efforts, finally, I approach the relevance of the breathing process in our life, emphasizing that the use of breathing techniques in our classes of physical education and in the sporting practices, they will bring plenty of benefits for our students.
    Keywords: Breathing techniques. Sporting practices. Classes of physical education.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 76 - Septiembre de 2004

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Introdução

    Este estudo pretende fornecer subsídios, no sentido de conscientizar os professores de educação físicas e técnicos de equipes esportivas, sobre a importância da respiração, quando estes submetem seus alunos e/ou atletas às atividades corporais.

    Tem-se geralmente como conceito para respiração, o ato de permuta entre os seres vivos e o ambiente, de certos elementos gasosos. Um outro conceito, sendo mais específico, diz que são os meios de fornecimento de oxigênio para o sistema metabólico intra-celular e posteriormente a eliminação do CO2, sendo este um dos produtos finais dos mecanismos metabólicos.

    Em geral a respiração é vista apenas como uma resposta à necessidade fisiológica de troca de gases, porém existe uma relação entre a respiração inconsciente e o sistema emocional em que se encontra a pessoa, devido a hiperoxidação (ALEXANDER, 1989). Testes de Rorschach, provaram alterações emocionais devido a esta hiperoxidação (NAKAMURA,1987). Portanto, um bom nível de oxigênio, diminui a oxidose na circulação sangüínea, evitando doenças como o colesterol, a trombose, como também melhora as funções dos glóbulos vermelhos e brancos.

    Quando ainda feto, o ser humano utiliza uma respiração bronquial, ou seja, pela circulação nutritiva das artérias brônquios (HAEBISCH,1973), e já recém-nascido uma respiração pulmonar, começando a ter relevância a utilização do elemento oxigênio. A capacidade vital será um dos principais determinantes para a aquisição da condição física e mental. Conseqüentemente, para a aquisição dessas condições, o ser humano é possuidor de um importante músculo, o diafragma, considerado desde a remota antiguidade, como o músculo essencial a respiração. SOUCHARD (1989), considera o diafragma como o único músculo verdadeiramente respiratório.

    O diafragma é uma membrana muscular responsável pela ritmação da respiração. Seu movimento estimula o plexo solar e estabiliza as funções mentais, equilibrando o ciclo respiratório proporcionando uma estabilidade e aperfeiçoamento da condição física e mental. Em estudos realizados no período pós-guerra, descobriu-se que, quando o homem respirava profundamente aparecia em sua corrente sangüínea, a endorfina. Esta substância afeta o córtex cerebral e ajuda o homem a esquecer e a eliminar da memória receios e pavores, como também controlando e regulando a função de vários órgãos.


Respiração: a força da vida

    Em alguns seres vivos, dentre eles o homem, a respiração se dá durante a vida fetal através da placentação. O sangue materno penetra nas artérias uterinas e é suprido pelo feto, através das artérias umbilicais. Estas trocas gasosas são efetuadas pela barreira placentária (3,5 micra de espessura). Segundo GUYTON (1976), esta difusão se dá devido ao gradiente de pressão de O2 placentário do sangue materno para o sangue do feto.

    Iniciando o trabalho de parto, o feto começa a receber interferências. No canal vaginal, o feto recebe interferências de pressão, mudando assim o mecanismo das trocas gasosas placentárias, resultando então a expulsão, pelas narinas do recém-nascido, dos restos do líquido planetário. Dá-se início a chamada função ventilaria, ou seja. a troca de ar do espaço alveolar e o sangue (HAEBISCH, 1973; WEST, 1986), parecendo ser, pois, a primeira experiência de aprendizagem do ser humano, fora do sistema fechado do útero.

    Começando este novo tipo de respiração, o recém-nascido desenvolverá um complexo sistema que fará com que mantenha por toda a sua vida o fenômeno respiratório.

    Enfatizando a organização morfo-funcional do aparelho respiratório, com seus movimentos inspiratórios e expiratórios, destacando inicialmente o diafragma, principal músculo realizador dos movimentos de inspiração, ele recebe inervação motora vinda de alguns segmentos cervicais. Em condições de repouso, ele é responsável por 2/3 a 3/4 do ar utilizado na ventilação (CARVALHO, 1976). Desloca-se cerca de 1 cm, quando o trabalho respiratório está sendo feito em repouso, e pode chegar até 10 cm quando em grande esforço.

    Quando em repouso, a expiração tende a ser passiva e quando em atividade muscular, com intensidade de moderada a intensa, ela tende a ser ativa, pois há um maior volume de ar em cada ciclo respiratório. Estes movimentos cíclicos (inspiração - expiração - inspiração) geralmente dão-se a uma frequência de 12 a 18 ciclos por minuto, quando em repouso. Porém,, diversos fatores podem alterar a ventilação devido a modificações na freqüência ventilaria, no volume corrente e no ritmo. São eles: o sono; emoções (medo, angústia, depressão, ansiedade, etc.); choro; fonação; exercício muscular e algumas causas consideradas mórbidas.


Respiração x esforço físico: uma linguagem respiratória do movimento humano

    Para que haja o esforço físico é necessário que exista uma coordenação entre função circulatória e função respiratória, e é através desta coordenação que se pode determinar a capacidade de esforço de um indivíduo. Tanto o consumo de O2 como a ventilação, aumentam de uma maneira quase proporcional a intensidade de esforço físico realizado (trabalho, em watts ou kg). Este consumo de O2 quando é máximo em um indivíduo normal, chega a ser de aproximadamente 3.700 cm3 por minuto. Já em um indivíduo que recebe uma grande carga de treinamento, ele pode chegar a 5.000 cm3 por minuto. Quando em repouso, os músculos necessitam de aproximadamente 38% de O2 total disponível e quando em esforço máximo necessitam de 95%.

    Estando um indivíduo em repouso, indivíduo normal e não atleta, sua ventilação será em torno de 7 litros por minuto. Já um indivíduo bem treinado, esta ventilação poderá chegar em torno de 170 litros por minuto. A ventilação máxima depende da capacidade vital, da capacidade contráctil dos músculos respiratórios e do diâmetro das vias respiratórias.

    Quando executamos determinados esforços, o organismo necessita de um tempo para que haja a adaptação que as transformações de energia passam por processos anaeróbicos e conseqüentemente os músculos sofrerão um grande déficit de O2. Este déficit é conseqüente de alguns ácidos metabólicos, tendo como destaque o ácido láctico (HAEBISCH, 1973). Passados mais ou menos 5 minutos para os esforços de intensidade média e uns 8 minutos para os esforços de grande intensidade, a oxigenação dos músculos tornar-se-á adequada as necessidades energéticas.

    Certa quantidade de energia, quando liberada durante a respiração, será reservada em vários compostos químico, para ser transformada para o trabalho mecânico no sistema orgânico, através das ações musculares. McARDLE (1985), cita que estas formas de energia livres serão utilizadas no:

  • trabalho mecânico -------------------- contração muscular

  • trabalho químico ---------------------- biossíntese das moléculas celular

  • trabalho de transporte ---------------- concentração de substâncias químicas nos líquidos intra e extra-celulares

    Toda esta utilização de energia fará com que haja um equilíbrio entre o esforço executado e a capacidade funcional do organismo.

    Após o esforço começa-se uma nova fase, a fase de recuperação, onde a dívida de O2 durante o esforço deve ser igual ao déficit de O2 adquirido durante a fase de adaptação. Portanto, quanto mais treinamento receber um indivíduo, mais rapidamente passará a fase de adaptação e mais curta será a fase de recuperação. É bom enfatizar que o tempo de recuperação torna-se um parâmetro importante para a capacidade funcional do organismo.


Respiração x emoção: movimento e adesão emocional volitiva

    A experiência vivencial do cotidiano, demonstra que o homem atual, com seus espaços delimitados, apresenta-se angustiado, emocionalmente descontrolado, inseguro com os padrões de relações na sociedade. Sendo o oxigênio, o elemento que nutrirá o cérebro e este estimulará o sistema nervoso periférico e central, fará com que este homem inseguro e angustiado tenha outro tipo de comportamento, ou seja, cauteloso e equilibrado perante à circunstâncias diversas.

    Pesquisas afirmam que, o fato de mal-estar ou dificuldade respiratória na mulher gestante, não é causado pela compressão das vísceras e sim por pressões psicológicas e ansiedade. O pico da capacidade vital acontece da 28a a 36a semana da gravidez, ou seja, um aumento em torno de 15%. NAKAMURA (1987), destaca que através da respiração profunda, o nível do diafragma baixa em torno de 3 a 4 cm do normal, e que a cada cm abaixo do nível, a capacidade torácica cresce 250 a 300 cm3 em média. Aumentando 1 cm para baixo e 1 cm para cima, chega de 1000 a 1200 cm3. Onde uma pessoa normal com boa saúde chega a 400 cm3, e um maratonista depois de vários anos de treinamento, possuidor de uma capacidade vital excelente, chega a ter em média 5000 a 8000 cm3.


Respiração x cadeias musculares e articulares

    Necessário se faz sabermos distinguir a função respiratória com características e propósitos fisiológicos das respirações com outros propósitos, tal como: a descontração muscular e o relaxamento global.

    Para CAMPIGNION (1998), podemos classificar o processo respiratório em:

  • Respiração Natural, tendo o propósito de ventilação e oxigenação dos tecidos;

Tipo Adinâmica - quando em repouso, deitado ou sentado com o tronco apoiado num encosto. Atende a uma baixa necessidade de O2 causado pela não atividade. A intervenção muscular diafragmática é mínima. Respiração ventral. Para os taoístas, este tipo de respiração não tem limite de tempo, ritmo e espaço. Faz-se com o corpo relaxado, em estado consciente de que se efetua uma respiração de maneira natural.

Tipo Dinâmica - quando em estado de vigília, de pé e ativo. Este tipo de respiração está associada a estática bípede vertical.

  • Respiração Forçada, exigida quando de uma maior necessidade de oxigênio, exigindo uma maior quantidade de músculos periféricos e de certos músculos de revezamento, dando assim, um maior volume da região torácica;

  • Respiração Reeducativa - também chamada por DENYS-STRUYF (1995), respiração natural reflexa. A prática desta maneira de respirar promove uma liberação das tensões, dando assim, mais liberdade articular e muscular tanto na caixa torácica como no corpo quanto conjunto. Isto ocorre, devido ao tempo forte e ativo do ato de expirar, facilitando o relaxamento pelo alongamento dos músculos responsáveis pelo bloqueio torácico quando em posição inspiratória.

    A maneira de respirar varia de acordo com as diversas tipologias e das necessidades de organização das alavancas proclives da coluna vertebral, implicando de maneira favorável ou desfavorável do alinhamento e, conseqüentemente ao ato de respirar.


Respiração x sistema nervoso

    Tem havido um aumento considerável da insegurança nas relações humanas, à medida que o homem afastou-se do primitivo e do rural, para o urbano e o industrial.

    Ele tenta reagir instintivamente e estas situações usando de forma inconsciente a resposta de "luta-ou-fuga", conhecida também como "reação de emergência". As mudanças incluem aumento de pressão arterial, aumento do ritmo cardíaco, aumento do ritmo respiratório, aumento do metabolismo do corpo, ou índice de queima de combustível.

    Fisiologistas evidenciam através de estudos que, sujeitos hipertensos, angustiados, estressados, podem reduzir estes problemas fazendo sair regularmente esta resposta. É a chamada resposta do relaxamento (utilizando técnicas de respiração), uma resposta contrária e involuntária que provoca a redução na atividade do sistema nervoso simpático.

    No Oriente, as funções fisiológicas podem ser controladas através do uso de antigas técnicas de meditação da Yoga, do Zen-Budismo, do Ch'i-Kun, capazes de reduzir o consumo de O2 ou o metabolismo, um mecanismo involuntário parcialmente ligado ao sistema nervoso simpático. Estudos realizados em monges zen-budistas, mostraram que estes podiam reduzir o seu consumo de O2 em torno de 20% tornando este estudo mais um indicador de que, por meio do controle de certos atos mentais voluntários, os mecanismos involuntários do corpo ou do sistema nervoso autônomo, podem ser alterados.

    Nas práticas das Artes Marciais orientais, principalmente as de origem chinesa, dá-se um grande enfoque ao trabalho respiratório, todo ele direcionados às premissas do taoísmo, onde a abordagem não só passa pela questão da técnica física, mas sim, pela, também, atividade mental. Para se ter uma idéia, existem quarenta diferenciados métodos de respiração utilizados pelos taoístas (PAGE,1989; QING, 1999)). Para os chineses, através dos exercícios respiratórios, quando executamos uma demorada visualização mental, uma meditação, contemplação e uma auto-sugestão, há a possibilidade do aumento do controle sobre o sistema nervoso central.


Respiração x medicina oriental: a adesão cultural

    Situando a Respiração num plano sócio-cultural, dos países do Extremo Oriente, BRODSKY (1984), mostra que há vários séculos, realizam-se estudos sobre a circulação de energia no corpo humano, energia esta que recebe vários nomes como prana (Índia), ch'i (China) e Ki (Japão), dando um grande enfoque a caixa craniana, por ela conter vários seios cavitários (frontal, etmóide, esfenóide e maxilar), onde o fluxo de ar, ou seja, de energia circula primeiramente, como também pode ficar localizado glândulas como a pineal e a hipófise, e o hipotálamo que tem como função primordiais as transformações das necessidades internas do organismo nos processos nervosos como o medo, a agressividade, a defesa, o libido sexual, etc. Para ANOKHIN (1986), há uma grande integração do hipotálamo com as reações vegetativas, somáticas e hormonais do organismo.

    Estudiosos da acupuntura, ligados a osteopatia craniana, dão enfoque ao esfenóide como o osso mais importante na cabeça. Este osso serve como assoalho para a principal glândula do ser humano, a hipófise. Pelas suas funções, esta glândula requer uma parte de alimentação física, que é retirada do sangue e uma outra na forma de energia pura, o ar respirado.

    Ao respirarmos, a corrente de ar flui pelas narinas e circula na cavidade esfenoidal, tendo também um contato com a glândula hipófise. Portanto o efeito da respiração é quase simultâneo quando respiramos, pois o ar flui por toda a parte principal da cabeça, tendo um contato ainda com a glândula pineal e o osso etmóide (serve como câmara armazenadora de energia) que tem um contato com a membrana que envolve o cerebelo.

    Para os orientais as conotações gerais da respiração são energia vital, vitalidade e espírito. Nas Artes Marciais, a palavra respiração (ch'i, em chinês) não nos dá o significado de ser apenas o ar que inalamos e exalamos, mas como a energia interior que está localizada no baixo abdome (tanden em japonês), considerado por eles como o centro psíquico do corpo humano. Para os praticantes das Artes Marciais o uso correto da respiração é muito valorizado, considerando-o mais importante do que a força física pura. O controle da respiração física é importante para o controle da respiração espiritual.


Respiração x vibração: expansão e recolhimento

    Não existe na natureza, algo em repouso absoluto. Desde o menor átomo até o maior dos astros, tudo está em vibração contínua.

    Com inúmeras formas e variedades as energias manipulam as matérias, resultando assim uma vibração harmônica. Os átomos do corpo humano vivem em constante vibração, executando incessantes permutas e transformações.

    Toda esta vibração segue um certo ritmo. Ritmo encontrado nos movimentos dos planetas, das marés onde executam os fluxos e refluxos, ritmo encontrado em todo o Universo.

    Como nosso corpo faz parte do Universo, ele está sujeito a estes ritmos e a respiração está baseada neste princípio. É a partir deste ritmo que podemos obter uma grande quantidade de ar e usá-lo como desejarmos para obter resultados esperados.

    Na respiração, devemos adquirir uma idéia de ritmo, observando e controlando as unidades de tempo entre inspiração e expiração, como também as de retenção. O ritmo é mais importante que a extensão da respiração.

    Existe uma alternância periódica entre as narinas direita e esquerda quando respiramos, é o chamado ciclo nasal. Podemos facilmente constatar este ciclo da seguinte maneira: colocando a falange distal do dedo polegar na abertura de uma narina e em seguida assoar a outra narina, depois inverta o processo e notará que uma das narinas libera mais facilmente a expiração.

    Os iogues, afirmam que quando respiramos adequadamente usando o método da narina alternada, há uma interferência no nosso estado comportamental, provocando em bem-estar. AMARAL (1984), cita que no Canadá realizaram estudos descobrindo que as atividades executadas tinham uma correlação com as atividades do cérebro direito e esquerdo, atuando estes em ciclos.


Considerações finais

    Analisando os enfoques dirigidos à importância da respiração como um processo importante na evolução do ser humano, tanto do lado da sua formação física quanto intelectual, como também na sua formação emocional de acordo com as necessidades reais dos grupos sociais, verifica-se neste contexto, que antigas civilizações como os fenícios, que já tinha o seu "Livro das Respirações", os chineses, os indus e os japoneses, tinham e têm a respiração como um ato vital para o ser humano.

    Pesquisas são voltadas para a importância do processo respiratório, no campo da medicina, da psicologia e psicoterapia, da bioenergética, das artes marciais e nos treinamentos de atletas de alto-nível. Isto faz com que se veja nos profissionais de educação física e esportes, uma aparente falta de consciência e aplicabilidade da relevância da respiração, quando em atividade ou em repouso.

    Este estudo sugere que técnicas respiratórias não sejam ensinadas ou executadas exclusivamente em algumas práticas esportivas que recebem treinamentos de alto-nível ou em sessões de relaxamento, mas sim na tenra idade do ser humano, quando criança, em suas aulas de educação física e nas escolinhas de práticas esportivas.

    Se nos vários segmentos da prática da educação física existe o que prega a prática esportiva, e se este segmento torna-se conhecedor de que, em repouso o gasto de O2 na respiração é em torno de 5% do uso total do O2 respirado e que uma hipoventilação voluntária, nos torna possível aumentá-la para aproximadamente 30% (WEST, 1986), como também logo após uma respiração normal, terá os pulmões cerca de 0,5 litro de O2 mas que logo após efetuarmos uma inspiração máxima poderá chegar em torno de 1 litro de O2, por que não enfatizar a prática de técnicas respiratórias quando nos treinamentos de suas equipes e nas turmas de iniciações esportivas? Já que tornou-se conhecedor que estas práticas trarão benefícios aos seus alunos, tanto do lado da saúde como do rendimento.

    Atento também para um outro segmento, o que enfatiza a educação física como um meio formador do cidadão num contexto físico, psíquico e social, e que tem uma preocupação maior na interação e nas relações sociais. Relação social implica em comportamento e este em estado emocional. Nossas emoções atualmente estão dependentes de nossas tensões, tensões estas causadas pelas ânsias de poder, de crescimento, de tecnologia, enfim, envolvemo-nos na corrida do produzir mais e mais, na luta do capitalismo, e entramos inconscientemente numa constante batalha, a da luta-ou-fuga.

    Estas constantes situações de "luta-ou-fuga", faz com que respiramos menos e mal, e cabe a nós profissionais da educação física, engajados nessa luta de passar-e-receber conhecimentos para a formação de cidadãos e engajá-los numa sociedade voltada no bem-estar das relações inter-pessoais, dando enfoque e aplicabilidade da importância do processo respiratório em nossas atividades.

    Finalizando, acredito que a aplicação de técnicas respiratórias em nossas aulas de educação física e esportes, seja um processo de transformação, a qual trará influências e modificações no cotidiano de nossos alunos. Desta maneira, acredito que a enfatização do processo respiratório na educação física e na prática esportiva seja fundamental.


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  • RAMACHARACA, V. (1992). Ciência Hindu-Yogue da Respiração. São Paulo: Editora Pensamento.

  • SILVEIRA,I. C. da (1983). O Pulmão na Prática Médica. Rio de Janeiro: Editora de Publicações Médicas Ltda.

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