A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre jogadores de futebol e futsal |
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*Autor. Licenciado em Educação Física na ULBRA **Co-autores (Brasil) |
Prof. Jefferson Leal Oliveira* Prof. Ms. Rogério da Cunha Voser Prof. Ms. José Augusto Evangelho Hernandez** jefferson.prepfisico@ig.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 76 - Septiembre de 2004 |
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1. Introdução
O Futebol e o Futsal são duas modalidades esportivas e coletivas que tem evoluído consideravelmente em termos científicos que dão base ao treinamento.
Observa-se que as grandes equipes se encontram numa igualdade em termos técnicos, táticos e físicos, sendo talvez a parte psicológica o diferencial nos grandes momentos decisivos.
Os treinamentos são diários e sacrificantes, viagens, jogos, vitórias e derrotas, fazem parte do cotidiano destes atletas de alto-rendimento. Existem as cobranças da torcida, da mídia, da família, dos dirigentes e muitas vezes do próprio treinador, para que os mesmos atinjam os resultados positivos nos jogos. No meio esportivo, dizemos "temos que matar um leão a cada dia". Esta frase mostra o preparo individual e coletivo que devem se fazer presente na equipe.
A liderança exercida pelo treinador poderá ser decisiva nas conquistas, pois este deverá ser o ponto de equilíbrio para todo o grupo. Muitas vezes afirmamos que a equipe é a cara do treinador. Uma das funções mais importantes na manutenção do equilíbrio e da dinâmica de um grupo está no papel de técnico.
O estudo de Brandão, Agresta e Rebustini (2002), ao analisar o estado emocional de técnicos brasileiros, observou que quando comparados aos seu atletas, os mesmos são mais tensos, raivosos e mais fatigados e têm mais disposição e energia. Estes dados são compatíveis com a literatura, pois o técnico desportivo deve cumprir muitos papéis dentro de uma gama de atividades, sendo a profissão altamente estressante o que implica em ter, dentre outras coisas, uma força de vontade elevada e habilidade para exercer influência sobre os demais.
As pesquisas nos indicam também que cada equipe necessita de um perfil de treinador. Um grupo jovem e outro mais experiente, o momento, entre outros aspectos, pode influenciar no estilo de treinador mais indicado.
O propósito deste trabalho relaciona-se com a liderança dos treinadores, tendo como base à opinião de jogadores de futebol e futsal.
1.1. JustificativaA partir descrito anteriormente, este trabalho possibilitará contribuir com dados importantes para que os técnicos possam refletir sobre a sua importância como um líder e comandante do seu grupo. Este estudo, então justifica-se por poder contribuir com duas modalidades esportivas mais praticadas e com maior número de aficionados no Brasil, proporcionando-as mais cientificidade no treinamento.
1.2. Definição do problemaExistem diferenças na preferência de estilo de treinador, entre atletas de futebol das categorias profissional e júnior com atletas de futsal das categorias profissional e juvenil?
1.3. Hipóteses
H0 = Não existem diferenças de estilo de liderança entre os diversos grupos pesquisados.
H1= Existem diferenças de estilo de liderança entre os jogadores de futebol e futsal.
H2= Existem diferenças de estilo de liderança entre os jogadores profissionais e júnior/juvenil.
1.4. Objetivos
Analisar o estilo de treinador na preferência dos jogadores de futebol e futsal.
Identificar se existem diferenças entre as opiniões dos atletas de futebol e futsal.
Verificar se existem diferenças nas opiniões entre os atletas profissionais e Junior/Juvenil.
1.5. Definição de termos1.4.1. Psicologia do esporte. O termo Psicologia do Esporte (Sport Psychology) é lato sensu e inclui o trabalho de pessoas qualificadas em diversos campos de conhecimento humano, independente de sua formação acadêmica. Portanto, não se restringe aos campos da Psicologia e da Educação Física, mas abrange inúmeras áreas de estudos. (EUROPEAN FEDERATION OF SPORT PSYCHOLOGY, 1996)
1.4.2. Liderança - a liderança poderia ser considerada de forma genérica como sendo o processo comportamental de influenciar (BARROW, 1997 citado por WEINBERG e GOULD 2001)
2. Revisão de literatura2.1. A psicologia do esporte
Segundo Becker Jr. (1995) citado em Becker Jr.(2000) a psicologia aplicada ao exercício e ao esporte é uma disciplina que investiga as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas que apresenta o ser humano antes, durante e após o exercício ou o esporte, sejam estes de cunho educativo, recreativo, competitivo ou reabilitador.
Fonseca (2001) coloca que os estudos da Psicologia do Desporto não é recente, havendo uma ligeira divergência quanto ao exato momento em que isso se sucedeu, embora a grande maioria dos escritos indicam o clássico de Triplett, realizado em 1987 sobre a facilitação social do rendimento em provas de ciclismo. Outros ainda chamam a atenção para estudos anteriores que enquadram a psicologia desportiva, como é o caso de estudos sobre os efeitos da hipnose na resistência muscular, ou a psicologia da calistenia. (FONSECA, 2001)
Os autores que têm estudado a história da Psicologia do Esporte são unânimes em reconhecer que o grande momento marcante foi Roma no ano de 1965 com a realização do I Congresso Mundial de Psicologia do Desporto.
Para a European Federation of Sport Psychology (1996), o foco de estudos está nas diferentes dimensões psicológicas da conduta humana, ou seja, afetiva, cognitiva, motivadora ou sensório-motora. Os sujeitos investigados são os envolvidos nos esportes ou exercícios, como atletas, treinadores, árbitros, professores, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, expectadores; pais, etc.
Segundo a federação citada acima o trabalho em Psicologia do esporte se resume, basicamente, em 3 tarefas que se relacionam entre si: pesquisa, ensino e aplicação. A pesquisa é necessária para compreender a regulação da atividade psicológica no ambiente do esporte. Estas pesquisas podem ser teóricas, ou empíricas, básicas ou aplicadas e estudos de laboratório ou de campo.
O conhecimento e a competência em Psicologia do Esporte pode ser aplicado em duas funções principais: (1) diagnóstico e avaliação (isto é, descoberta de talentos, testagem de habilidades cognitivas ou motoras ou levantamento das necessidades dos participantes); (2) intervenção (isto é, orientação em conjunto com outros técnicos responsáveis no campo, aconselhamento e assessoria em situações ou problemas especiais). Tudo isso evidencia a importância da interface entre a Psicologia, o esporte e a atividade física de um modo geral. (FINAMOR, HERNANDEZ e VOSER, 1997)
Dentre as várias temáticas possíveis de estudos na Psicologia do Esporte, seja no alto rendimento, na formação ou numa simples participação em atividades físicas, o foco deste estudo é a liderança para o esporte. Para tanto será abordado a seguir temas que abordam o Treinador e sua relação com o grupo de atletas.
2.2. O TreinadorPara Becker Jr. (2000) a função de treinador é uma das profissões difíceis, mas também pode ser muito gratificante. Vencer competições nas mais distantes cidades, proporcionar um clima de crescimento individual e grupal para seus atletas, ser reconhecido por toda uma sociedade e ganhar um bom dinheiro por isso, são alguns dos motivos que levam uma pessoa a encaminhar-se para aquela profissão.
Para Carravetta (2001) é o especialista mais próximo dos atletas, exerce influência no comportamento dos mesmos, por vezes é técnico, educador, conselheiro, estrategista e líder.
Ser treinador é uma função que constitui em si de um permanente desafio e que exige um empenho pessoalmente gratificante.
Para alguns é a função mais ingrata do esporte, se a equipe perder, o treinador é geralmente o responsável.
A esse respeito Becker Jr. (2000), relata que um dos fatores importantes no ambiente esportivo é que cada torcedor, por menor que seja a sua escolaridade ou experiência na área, acredita que sabe tudo sobre a matéria e ainda da arte de treinar. Assim, cada torcedor opina, julga e critica abertamente o treinador de sua equipe, sempre que esta é derrotada. Não obstante ainda, como bem cita o ex-treinador da Seleção Brasileira Vieira (1987), na maioria dos casos para levar a cabo a sua tarefa, ele é o presidente do clube, diretor de esporte, roupeiro, pai, psicólogo, conselheiro social e líder.
Um treinador com êxito deve ter um conhecimento das ciências do esporte, motivação e empatia. Citam ainda, como aspectos importantes à facilidade de comunicação e os princípios de reforço positivo para com seus atletas.(MARTENS e Cols.1995)
Zilles (1999), afirma que o treinador deve ser o grande líder e disciplinador da equipe, para poder comandar de forma correta os seus jogadores durante os treinos e jogos. Ele deve também ser didático, para saber planejar os seus treinamentos adaptados à idade de seus atletas e as qualidades por eles reveladas. As funções do treinador, segundo o ele seriam comandar os treinos (táticos, técnicos, dois toques, coletivo e recreativo), dar preleção antes do jogo, comentários após os jogos, se possível estudos sobre futuros adversários, uma supervisão junto aos seus atletas em relação à disciplina dentro da quadra de jogo, uma supervisão junto aos seus auxiliares (comissão técnica) e um acompanhamento superficial da vida de seus jogadores fora do seu ambiente de trabalho.
Becker Jr. (2000) diz que para ser um bom treinador deve-se ter as qualidades de um professor. Para que isso ocorra, ele deve ter conhecimento sobre o que vai ensinar e habilidade para executar essa tarefa. O sucesso muitas vezes como atleta, principalmente relacionados com sua capacidade técnica, tática e psicológica, não garantirá o seu sucesso como treinador.
De acordo com a sua personalidade, o técnico pode agir e ser visto diante da sociedade de várias maneiras. Cratty (1983) em suas pesquisas, segundo depoimentos de atletas e demais técnicos, encontrou que o técnico ideal seria aquele indivíduo estável, sociável, criativo, inteligente, que assume riscos calculados, confiantes e seguro. Aquele que poderia tranqüilamente manter o controle em situações tensas e adversas, presentes no esporte.
A interação entre técnicos e atletas vai depender principalmente das necessidades e personalidades dos envolvidos; o que pode influenciar a performance do atleta, tanto positivamente como negativamente, quando não existir correspondência com as necessidades requeridas ou sobrarem estímulos inadequados (MACHADO, 1997).
Os treinadores sabem que muitas conquistas e vitórias caem no esquecimento, o que prova que não é o triunfo que conta, e sim a forma como foi obtido.
A este respeito, podemos acrescentar as seguintes palavras. (GUILHERME, A., 1975, p.5 )
"o treinador deve-se conduzir de tal modo que sirva aos praticantes de ontem como uma recordação agradável de sua juventude; aos praticantes de hoje, como um exemplo de sacrifício, de dedicação e de dignidade, e aos praticantes de amanhã, como uma esperança a mais em seu futuro".
Alguns pontos devem ser recordados e postos em prática. São eles: os treinadores são professores; os treinadores têm como tal de utilizar um estilo positivo de intervenção no treino; este estilo baseia-se em elogios e encorajamentos no sentido de favorecer o comportamento desejado e de motivar os jogadores a realizá-lo; elogiar tanto o esforço par alcançar um objetivo, como o bom resultado em si; ao dar indicações técnicas para corrigir um erro, deve-se ao começar por realçar algo que tenha sido bem executado.(SMOLL,1988)
Devido às suas características pessoais, experiências e formação profissional os treinadores segundo Carravetta (2002), apresentam diferentes manifestações de comportamento. Alguns são pontuais, disciplinadores, autoritários ou exigentes; outros são organizados, valorizam os aspectos pedagógicos e metodológicos, respeitam as regras morais e éticas. Por outro lado existem outros extremamente liberais, são exclusivistas, intuitivos, são vaidosos, não aceitam opiniões, o vencer está acima dos preceitos éticos.
De Abreu (1993) estabelece e avalia pelo menos cinco categorias gerais do treinador:
Treinador autoritárioEste tipo de treinador tem várias limitações, por exemplo: seu juízo nem sempre é acertado e seu código pessoal, algumas vezes, não vê outras soluções possíveis aos problemas individuais ou da equipe.
Características: crê firmemente na disciplina; com freqüência, usa medidas punitivas para reforçar as regras; é rígido com os programas ou planos; pode ser cruel ou sádico; não gosta de uma relação interpessoal íntima; com freqüência, é religioso e moralista; usa ameaças para motivar os atletas.
Treinador flexívelAs características desse tipo de treinador são opostas às do treinador autoritário. O flexível é agradável aos demais e está profundamente preocupado com o bem-estar de seus atletas. Inspira respeito, por razões extremamente diferentes das razões do treinador anterior. É popular e sociável.
Características: geralmente, relaciona-se muito bem com as pessoas; usa meios positivos para motivar os atletas; é muito complacente na planificação; com freqüência, é experimental.
Treinador condutorEm muitos aspectos este tipo de treinador tem traços de treinador autoritário. É similar na ênfase à disciplina, na força de vontade e na sua agressividade. Diferencia-se do treinador autoritário, pois é menos punitivo e mais emocional.
Características: está freqüentemente preocupado; recebe os problemas de forma pessoal; investe intermináveis horas no material didático; sempre exige mais do atleta; motiva os atletas com seu exemplo.
Treinador pouco formalistaÉ exatamente o oposto do treinador autoritário. Aparenta não sofrer nenhum tipo de pressão. Para ele, tudo não é mais do que um desporto interessante, o qual se tem prazer de ganhar.
Características: não parece levar as coisas a sério; não gosta dos programas; não fica nervoso com facilidade; dá a impressão de que tudo está sob controle.
Treinador Formal ou MetódicoEsse tipo de treinador aparece com mais regularidade na cena desportiva. Em geral sempre está interessado em aprender, raras vezes é egoísta e poucas vezes crê ter todas as respostas. Este treinador ultrapassa os demais em técnicas e habilidades para adquirir conhecimentos. Como o treinamento está se convertendo cada vez mais em uma ciência exata, usa todos os meios para acumular informações acerca de seus oponentes.
Características: aproxima-se do esporte de forma calculada e bem organizada; é muito lógico em seu enfoque; é frio em suas relações pessoais; possui alto nível intelectual; é pragmático e perseverante.
Martens, Cristina, Harvey e Sharkey (1995), também apresentam outra classificação, onde citam três estilos de treinador. O estilo autoritário, que toma todas as decisões, sendo a missão dos atletas cumprir as ordens do treinador. O estilo submisso caracteriza-se por um treinador imprevisível, que hora se abstém e em outros momentos pode tomar decisões. E por fim, o estilo cooperativo, indicado como o estilo ideal pelos autores, onde os treinadores compartilham com os atletas as responsabilidades e a tomada das decisões.
Cabe aqui salientar que os técnicos que vão desenvolver o seu trabalho com crianças, deverão estar mais atentos a influencia do ambiente sobre este jovem atleta que começa a receber os primeiros ensinamentos a cerca do esporte.
Hahn (1998) adverte que os treinadores necessitam uma teoria de treinamento com crianças, e que, se por um lado, buscam a evolução objetivada do rendimento, por outro, devem levar em conta as necessidades e os interesses da criança.
Como foi possível verificar ser técnica não é uma tarefa tão simples. A seguir será aprofundado sobre seu trabalho em equipe, na inter-relação com seus atletas e colaboradores.
2.3. O treinador e o seu trabalho em equipeFranco (2000) coloca que o treinador é o líder, e para tanto deverá ser o condutor e articulador das relações entre os atletas de sua equipe. Ser líder é saber lidar com as diferenças no grupo e não tornar todos iguais.
Barrow (1997), citado por Gould e Weinberg (2001), afirma que a liderança poderia ser considerada de forma genérica como sendo o processo comportamental de influenciar indivíduos e grupos na direção de metas estabelecidas.
Trabalhar em equipe aumenta a auto-estima das pessoas envolvidas, pois a discussão e a decisão relativas a problemas importantes invocam poderosas forças individuais de auto-expressão e de autodeterminação. O significado das decisões tomadas pela equipe, para seus participantes, é um dos fatores decisivos nas questões relacionadas à satisfação no trabalho e ao aumento da produtividade da equipe.
Um dos fatores que problematiza o diálogo é a preocupação do atleta com seus próprios objetivos, e também o fato de às vezes existir o autoritarismo do técnico que o impede de opinar. (MARQUES, 2003)
Jackson e Hugh Delehanty (1997), coloca que a luta que todo treinador enfrenta é fazer que os membros da equipe, que em geral buscam glória individual, entreguem-se inteiramente ao esforço grupal.
Os técnicos que são bons lideres, fornecem não apenas uma visão daquilo pelo que se luta, mas também a estrutura, a motivação e o apoio do dia-a-dia para transformar a visão em realidade.(WEINBERG e GOULD, 2001)
Para Carravetta (2001) o técnico deve manter equilíbrio e energia no conjunto de suas ações e ter a habilidade necessária para corrigir e criticar seus jogadores.
Ramírez (2002) em seu estudo fala que os treinadores exercem uma grande influência nos indivíduos e no grupo quando de seus objetivos, tanto na parte profissional, pessoal, como financeira.
A prática tem nos mostrado que a maioria das equipes vencedoras se caracterizam pela força do grupo, pela união e superação. Muitos grupos, inclusive, crescem no momento das dificuldades e adversidades.
Por outro lado, trabalhar em equipe é também algo complicado, pois compor um grupo significa colocar em cena, para atuação produtiva e conjunta, diferentes personalidades, histórias de vida, experiências, competências, visões de mundo e graus de conhecimento.
Para estreitar essa relação não só com o grupo de atletas, mas também com todos seus colaboradores, alguns aspectos serão fundamentais para que o técnico consiga atingir seus objetivos. Becker Jr.(2000) cita o conhecimento, a comunicação verbal e não verbal, a escuta ativa, aptidão comunicativa do atleta, disciplina e seu estilo de liderança como qualidades do treinador.
Neste sentido, Weinberg e Gould (2001), relatam que as pesquisas revelaram que vários fatores pessoais e circunstanciais afetam o comportamento do líder no esporte e na atividade física. Esses antecedentes incluem particularidades como idade, maturidade, sexo, nacionalidade e tipo de esporte. As conseqüências do comportamento podem ser vistas em termos da satisfação, do desempenho, e da coesão do grupo. Por exemplo, a satisfação dos atletas é alta quando há um bom casamento entre seu estilo de treinamento preferido e o estilo do treinamento real do técnico.
Para avaliar e medir os comportamentos de liderança, incluindo as preferências dos atletas por comportamentos específicos, as percepções dos atletas dos comportamentos dos seus técnicos e as percepções dos técnicos de seu próprio comportamento, Chelledurai e Saleh (1980) criaram um instrumento chamado Leadership Scale for Sports - LLS
Conduta Educativa: Conduta do treinador dirigida a melhorar a execução dos desportistas por meio da insistência e facilitação do treinamento exigente e duro, instruindo-lhes nas técnicas e táticas do esporte, clareando as relações entre os componentes da equipe, estruturando e combinando as relações dos mesmos.
Conduta Democrática: Conduta do treinador que concede grande participação dos desportistas nas decisões concernentes às metas do grupo, os métodos práticos, as práticas e as estratégias de jogo.
Conduta Autocrática: Conduta do treinador que inclui independência nas tomadas de decisões e enfatiza a autoridade pessoal.
Conduta de Apoio Social: Conduta do treinador caracterizada por uma preocupação individual pelos desportistas, pelo seu bem estar, por um ambiente positivo para o grupo e pelas relações afetuosas com os componentes do mesmo.
Conduta de Feedback Positivo: Conduta do treinador que inclui a aplicação de reforços a um desportista como um reconhecimento e recompensa por uma boa atuação.
Como foi possível observar na literatura é de extrema importância a liderança do treinador no comando de sua equipe de trabalho, de modo a contribuir decisivamente para que as suas ações sejam harmônicas, e facilitadoras a conquista dos resultados no dia-a-dia no meio esportivo.
3. Metodologia
3.1. Caracterização da pesquisaO presente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva e comparativa, que segundo Arnal et al. (1991), proporciona estudar os fenômenos, tais como aparecem no presente, no momento que se realiza o estudo, de modo a formar uma classificação prévia para orientar futuros trabalhos.
3.2. População e Amostra3.2.1 População
Atletas de futebol de campo e futsal do sexo masculino que treinam em equipes de Porto Alegre e Região Metropolitana.
3.2.2. AmostraA amostra foi composta por 110 atletas entre 15 e 34 anos de idade, todos do sexo masculino, composta de 52 jogadores de futebol, sendo 26 juniores e 26 profissionais de 2 equipes, uma de Porto Alegre e outra da Região Metropolitana. O futsal foi composto de 58 atletas, sendo 29 juvenis e 29 profissionais de 2 equipes, uma sendo de Porto Alegre e outra da Região Metropolitana. A escolha deu-se de forma intencional, tendo em vista que os pesquisadores têm acesso facilitado nestes clubes.
3.3. Instrumento para coleta de dadosFoi utilizado o Leadership Scale for Sports - LLS (anexo A).
O LSS mede as preferências dos desportistas sobre a conduta de liderança do seu treinador. Contém 40 itens divididos em cinco dimensões/subescalas. Este instrumento foi construído e validado por Chelladurai e Saleh (1980).
3.4. Operacionalização das variáveisO questionário contendo 40 itens foi dividido em cinco dimensões: educativo, democrático, autocrático, apoio social e feedback positivo. Subdivididas da seguinte forma:
Educativo com 13 itens (1,5,8,11,14,17,20,23,26,29,32,35,38), democrático com 9 itens (2,9,15,18,21,24,30,33,36), autocrático com itens (6,12,27,34,40), apoio social com 8 itens (3,7,13,19,22,25,31,36)e feedback positivo com 5 itens (4,10,16,28,37). Os sujeitos deverão responder as questões usando a escala de 1 a 5, respectivamente: nunca, um pouco, às vezes, com freqüência ou sempre.
3.5. Plano de coleta de dadosForam realizados contatos com os clubes para se verificar a possibilidade de realizar a pesquisa. Os procedimentos da coleta dos dados foram organizados da seguinte forma:
Antes de se submeter os sujeitos ao questionário, precedeu-se a sua explicação, como também se procurou demonstrar a sua importância, esclarecendo as dúvidas que pudessem ocorrer,
Após a entrega dos questionários aos atletas, pediu-se que os mesmos mantivessem uma certa distância, para que não pudesse existir consulta durante a sua realização.
3.6. Tratamento Estatístico (Plano de análise dos dados)Através do Programa Estatístico SPSS foram analisados os dados mediante a técnica estatística análise de variância.
4. Apresentação e discussão dos resultados4.1. Comparação entre todos os grupos de Futebol e de Futsal
Tabela 1 - Média dos resultados entre Futebol (1) e Futsal (2)
Gráfico 1. Comparação entre os resultados do Futebol de Campo e Futsal
Conforme mostra a tabela 1, a respeito da preferência ao estilo de liderança para treinadores, as opiniões dos atletas de futebol de campo com suas médias foram a seguinte: preferencia de um estilo de treinador que tenha um alto grau educativo com média de 4,45, considerado assim que dos segmentos sendo o mais importante na relação atleta-treinador. Em segundo lugar de importância ficou o feedback positivo com média de 3,93, depois vem o apoio social com média de 3,65, posteriormente o democrático com 3,10, e por último o autocrático como sendo o de menor relevância na relação com média de 2,31.
Já em relação ao futsal, a preferência foi de um treinador com estilo educativo com média de 4,33. Em segundo lugar de importância ficou o feedback positivo com média de 3,97, depois vem o apoio social com média de 3,51, posteriormente o democrático com 3,32, e por último o autocrático como sendo o de menor relevância na relação com média de 2,29, pode-se considerar que na opinião dos atletas não influencia o treinador se impor perante o grupo pela sua autoridade.
Tabela 2. Análise de variância dos resultados entre Futebol de campo e Futsal
Comparando as modalidades conforme mostra a tabela 2 existe uma diferença significativa de opinião entre os grupos de atletas de futebol de campo e atletas de futsal. Esta diferença encontra-se em relação à parte democrática de um técnico, onde os dois consideram relevante este item, onde a média de opinião como mostra a tabela 1 ficou em 3,22, mas estatisticamente na correlação um com o outro há uma tendência de que os atletas de futsal preferem um treinador mais democrático a os atletas de futebol de campo, essa tendência talvez se justifique pelo grau de informação e estudo, pois geralmente ocorre que a pessoa de melhor formação se torne mais crítico e quer participar mais efetivamente no processo. Um dos fatores que podem contribuir para essa idéia esta no fato de que atletas de futsal por não possuírem uma segurança em relação a sua carreira profissional quando da idade juvenil, preferem continuar estudando, pois caso não consigam uma vida estável financeiramente poderiam ocupar outra profissão em sua vida, corrobora o fato de ser um esporte elitista, praticado por crianças de condomínio em escolinhas pagas. Já jogadores de futebol por sofrerem assédio nas categorias de base e deixam se influenciar pela perspectiva de tornarem-se futuros milionários do futebol. Dentro destas idéias Carravetta (2002) mostra que na média é pequeno o número de jogadores com ensino médio que chega a equipe principal, e nas categorias de base o grau de instrução não ultrapassa a 8º série. Outra diferença encontra-se nas dimensões do jogo, onde no futsal o técnico fica mais perto do atleta e a troca de informações e mais constante, enquanto que no futebol a distância não permite a fluência e a troca de idéias.
4.2. Comparação entre Atletas Profissionais e Junior/Juvenil
Tabela 3. Média dos resultados entre Junior/Juvenil(,0) e Profissionais(5,0)
Tabela 4. Análise de variância dos resultados entre Junior/Juvenil e Profissionais
Gráfico 2. Comparação entre os resultados dos Juniores/Juvenil e Profissionais
Conforme os dados demonstram na tabela 4 existe uma diferença significativa de opinião entre atletas profissionais de futebol e futsal em relação aos atletas Junior/juvenil. Esta diferença encontra-se na parte do feedback de um técnico, onde os grupos consideram como sendo importante este item, conforme a média de 3,95 na tabela 3, e seus resultados individuais ficaram em 4,13 para Junior/juvenil e 3,77 para os profissionais, mas estatisticamente na correlação um com o outro os atletas Junior/juvenil preferem um treinador com mais feedback a os atletas profissionais, neste aspecto verifica-se, pois que a criança, o jovem gosta de escutar reforço positivo, valendo ressaltar que o adulto também se sente incentivado, só que neste confronto o jovem necessita mais que o adulto. Isso pode ocorrer devido ao fato que os atletas das categorias de base não estarem preparados psicologicamente para enfrentar fortes pressões emocionais, a esse respeito, citamos De Rose Junior (1998) afirmando que pais aceitam e até incentivam verdadeiras aberrações que são cometidas contra seus filhos em nome de um suposto "sucesso" que leve a formação de um verdadeiro atleta. Acredito, então que o reforço positivo que o treinador aplica em seu treinamento aumenta assim a alto estima dos atletas da categoria de base, possivelmente aumentando seu rendimento tanto em treino tanto em treinos como em jogos.
Já em relação às outras condutas de liderança, não há diferença significativa de opinião entre os grupos conforme tabela 4. Tendo como base o gráfico 2, se pode identificar a opinião dos atletas e suas respectivas médias: os atletas apontam para um consenso de que os treinadores devem ter um alto grau educativo na relação com seus atletas, onde a média de opinião ficou em 4,39; quanto as categorias de apoio social e democrático os atletas na média tem uma opinião parecida, conforme mostra os resultados de 3,58 e 3,22 respectivamente, considerando assim também importante nesta relação; já na categoria de autocrático os atletas revelaram como sendo o de menor relevância nesta relação, com média de 2,30, pode-se considerar que não influencia na opinião dos atletas o treinador se impor perante o grupo pela sua autoridade.
5. Conclusões
A relação atleta-treinador nos dias atuais tem sido cada vez mais importante para um bom desempenho da equipe. Sabe-se que com a evolução do treinamento de atletas, a psicologia passou a ser de fundamental importância para a performance de seus participantes. Dentro deste contexto, ainda muitas equipes se utilizam a psicologia desportiva, apenas para resolver situações pontuais, e não dispõem de dados, avaliações que poderão ser controladas e acompanhadas. Neste estudo propus-me a identificar o estilo de liderança de treinador, entre atletas de futebol de campo, profissionais e juniores, com atletas de futsal profissional e juvenil, bem como compará-los, com suas respectivas opiniões sobre o mesmo:
Ao analisar o estilo de treinador na preferência dos grupos de jogadores de futebol de campo e futsal, identificou-se que os dois grupos têm como sendo o mais importante a parte educacional de um treinador, ensinando-lhes como funcionará o treino e esquema tático, entre outros. Seguido depois do feedback positivo, com uma boa relação no apoio social e na parte democrática, e não sendo muito autocrático na relação com os atletas, corroborando com H0.
Ao comparar as modalidades de futebol de campo com futsal houve uma tendência significativa de opinião para um estilo democrático de treinar, onde os dois grupos têm como sendo importante este tema, mas os atletas de futsal em relação ao futebol de campo preferem um treinador mais democrático.
Ao comparar as categorias de júnior(futebol de campo)/juvenil(futsal) com os profissionais houve uma tendência significativa de opinião para um estilo de feedback positivo no treinar, onde os dois grupos têm como sendo importante este tema, mas os atletas júnior/juvenil em relação aos profissionais preferem um treinador que utiliza mais reforço positivo.
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revista
digital · Año 10 · N° 76 | Buenos Aires, Septiembre 2004 |