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Programas esportivos televisivos:
contribuições para a educação física escolar
Programas deportivos televisivos: contribuciones para la educación física escolar
TV sports programmes: contributions to school physical education

   
* Professor Mestre da Universidade Estadual de Montes Claros
** Professor Doutor da Universidade Católica de Brasília
(Brasil)
 
 
Geraldo Magela Durães*
Alfredo Feres Neto**

alferes@uol.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
    Este artigo tem dois objetivos: primeiro, verificar as possíveis contribuições do programa Globo Esporte, apresentado pela TV Grande Minas, afiliada à Rede Globo de Televisão e, segundo, mostrar sua utilização nas aulas de educação física como objeto motivacional e instrumento de percepção crítica das diversas matérias jornalísticas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que dialoga com as teorias de comunicação de massa e com as abordagens da educação física, dentro de uma proposta de roteiro para análises de produtos televisivos elaborada por Fischer (2001 p. 99-109). Efetuou-se a descrição e análise dos programas gravados pela linguagem audiovisual citada por Babin e Kouloumdjian (1989), e a educação para a mídia como preconiza Belloni (2001).
    Unitermos: Mídia. Televisão. Educação Física.  

Resumen
    Este artículo tiene dos objetivos: primero, verificar los aportes posibles del programa Globo Esporte, presentado por la TV Grande Minas, asociada a la Red Globo de Televisión y, segundo, mostrar su uso en las clases de educación física como objeto motivacional e instrumento de percepción crítica de los distintos contenidos periodísticos. Se trata de una investigación cualitativa que dialoga con las teorías de comunicación de masas y con los abordajes de la educación física, dentro de una propuesta recorrido de análisis de contenidos televisivos elaborado por Fischer (2001 p. 99-109). Se realizó la descripción y el análisis de los programas grabados por el lenguaje audiovisual citado por Babin e Kouloumdjian (1989), y la eduación para los medios tal como propone Belloni (2001).
    Palabras clave: Medios de comunicación. Televisión. Educación Física.  

Abstract
    The intention of this paper is two-fold: to verify the possible contributions of Globo Esporte (a TV sports programme), broadcasted by TV Grande Minas, which is affiliated to Rede Globo de Televisão (Globo Network Broadcasting), and to present its applications to physical education classes as a motivating tool and an instrument of critical perception of the different sports news. It is about a qualitative research that dialogues with the theories of mass communication and the approaches to physical education, within a proposal of an outline to analyse TV productions, written by Fischer (2001 p.99-109). This study was carried out through the description and analysis of programmes recorded by the audiovisual language pointed out by Babin e Kouloumdjian (1989), and the education for the media described by Belloni (2001).
    Keywords: Media. Television. Physical Education.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 74 - Julio de 2004

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Introdução

    Os programas esportivos são hoje, no mercado televisivo, um aliado das redes de televisão, fato importante na audiência das emissoras. Observa-se, então, um crescimento na divulgação desses programas em todo o mundo, principalmente pelo esporte espetáculo.

    Este trabalho, embasado em experiência empírica vivenciada no dia-a-dia, constitui nosso desejo de desenvolver uma investigação com critério e rigor científico acerca do assunto, em busca de respostas para algumas indagações sobre as contribuições da televisão para o ensino de educação física nas escolas, tendo como foco de análise o programa esportivo Globo Esporte, apresentado diariamente em todo o Brasil pelo canal aberto TV Grande Minas, afiliada à Rede Globo de Televisão. Verifica-se uma diversidade de matérias jornalísticas, que exibem de notícias infantis a noticiários violentos com imagens fortes de conflitos ou mesmo cenas de morte, inclusive em estádios de futebol, e têm como público telepectadores de todas as idades.

    Desse modo, torna-se importante destacar a criança e o jovem, enquanto aluno-telespectador, como parte integrante desse processo. Belloni (2002, p.71) constatou que "nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, a freqüência de crianças aos meios de comunicação de massa está em crescimento muito acentuado". E, as diversas pesquisas citadas por Porto (2000, p.50) revelam que "o jovem vê TV como fonte de aprendizagem", diferentemente dos jovens de vinte e oito anos atrás que "viam TV como meio de lazer e entretenimento, e cerca de quatro entre dez sujeitos identificavam a TV como meio de aprendizagem", com preocupação quanto aos aspectos educativos e informativos dos programas.

    Por que estudar a televisão, sua influência e possíveis contribuições para a educação física? Para maior entendimento, algumas respostas a essa indagação passarão, com certeza, por estudos já realizados frente aos meios de comunicação de massa e à educação física.

    Uma das propostas para a Educação Física escolar é a utilização da mídia televisiva como possibilidade de acesso ao conhecimento, e sua aplicação nas aulas de educação física pelos indivíduos que consomem televisão e absorvem uma nova linguagem chamada por Babin e Kouloumdjian (1989, p.38) de linguagem audiovisual, da qual são grandes modelos, as revistas, o rádio, a televisão e o cinema.

    Todas essas informações poderão ser discutidas e trabalhadas nas aulas de educação física, dentro de uma situação criativa, conforme os 'Objetivos da Educação Física no Ensino Fundamental' - Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.44): "(...) conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal que existem nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro da cultura em que são produzidos, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia e evitando o consumismo e preconceito".

    Nesta perspectiva, torna-se imprescindível e necessária uma análise crítica desses programas esportivos, divulgados e assistidos em todo o país por professores e alunos, bem como o uso benéfico e criativo dos mesmos nas aulas de educação física.

    Assim, os objetivos do presente estudo foram, através da análise do programa esportivo Globo Esporte, verificar suas possíveis contribuições para a Educação Física escolar, e mostrar sua utilização como objeto motivacional, por meio da sua exploração didática pelos professores, como instrumento de possibilidades pedagógicas. Ao assisti-lo, poder-se-á perceber e criticar as diversas formas de apresentação de matérias jornalísticas e os diversos recursos audiovisuais, compreendendo, propondo e incorporando-os às aulas de educação física.


Revisão de literatura

    Da era dos símbolos e dos sinais até a idade da fala, linguagem e escrita, houve grande transformação, com o ingresso na era da comunicação de massa, com os jornais, telégrafo, telefone, filme, rádio e a televisão e, mais recente, a Internet. O telégrafo, conquanto não fosse considerado um veículo de massa, foi elemento importante na acumulação tecnológica e desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, que se tornaram uma forma de divertimento familiar, evoluindo para a televisão a cabo, via satélite, gravadores de vídeo e demais tecnologias vigentes.

    Contudo, conforme Defleur e Ball-Rokeach (1989, p.44), "os relacionamentos entre mídia, sociedade e indivíduos... não podem ser estudados em um vácuo teórico". Existem alguns pressupostos básicos envolvidos nesta relação, que consolidaram o aparecimento das Teorias de Comunicação de Massa.

    O aparecimento da Teoria das Diferenças Individuais, da Teoria da Diferenciação Social e da Teoria dos Relacionamentos Sociais é de suma importância para o desenvolvimento dos Meios de Comunicação de Massa na atualidade, em que não basta conhecer apenas as diferenças individuais e sociais, tem que existir relacionamentos sociais entre os membros da audiência. Laços de pessoas entre famílias, colegas de trabalho e amigos podem influenciar no comportamento ligado à comunicação de massa. A teoria da influência seletiva é baseada no fato de que entre o estímulo (E) e a resposta (R) estão diversos fatores que são as variáveis intermitentes.

    Esses estímulos são basicamente as imagens. De acordo com Fischer (2001, p.64), existem dois domínios quando falamos em imagem, que só se separam para efeito didático. "De um lado temos sua materialidade visual, sua qualidade de objeto material que representa algo para nós". Como exemplo, temos a fotografia, a pintura, uma gravura e as imagens do cinema. O outro domínio seria as significações, os sentidos, incluindo aí as imagens sobre si mesmo e sobre o mundo que "internamente cada sujeito produz e que constituem os sistemas de significados que circulam e são construídos nas diferentes culturas". Essas imagens audiovisuais da televisão são construídas com diferentes tipos de linguagem, tais como: oral, escrita, icônica, plástica, gráfica, digital, sonora e musical, que são recriadas pelos meios eletrônicos da TV e se tornam específicas do vídeo e da televisão.

    Sobre a linguagem da TV, Barthes, 1980 (apud Fischer, 2001, p.70), observa a importância dos "signos lingüísticos na construção da mídia, apesar da indiscutível força das imagens", sendo que, no caso do cinema e da TV, eles operam como complemento da imagem. Porém, o meio televisivo exige uma linguagem própria, a linguagem da TV, que depende da junção de outras linguagens.

    Essa linguagem deve ser menos professoral e prolixa. Deve ser clara e direta, sendo compreensível por diversos públicos e, hoje, endereçada a um público cada vez mais desenhado no seu perfil de possíveis consumidores.

    A linguagem do audiovisual citada por Babin e Kouloumdjian (1989, p.39) apresenta sete características: a mixagem, que é alquimia do som-palavra-imagem, com a interação dos signos; deve ser popular e com um bom grau de dramatização, que se completa pela relação entre figura e fundo; abolição das distâncias geográficas com a característica do audiovisual presença e com sucessivas facetas que retratam seqüências aparentemente sem ordem, com o objetivo de estimular o cérebro a montar um quebra-cabeça. A última característica, baseada na subjetividade do diretor, reflete o tom da criatividade.

    Dentro das abordagens da educação física brasileira, Daolio (1998, p. 44) observa o conteúdo das publicações da área, antes e depois do período, em que brasileiros fizeram doutorado no exterior. Oliveira (1994, p.25-26) fala de um salto qualitativo da educação física nos anos 80. Se na década de 1970 foram incorporados à área "elementos da pedagogia, ainda que em sua versão tecnicista, os anos 80 viram surgir a perspectiva da educação física como prática social".

    Após essa breve contextualização da educação física brasileira, torna-se necessário o estudo das correntes científicas existentes, começando pela abordagem Construtivista-Interacionista, em que o objetivo é o aluno construir seu conhecimento se interando com o meio na resolução dos problemas e, a partir daí, a construção do conhecimento de forma interativa do sujeito com o mundo. Há a valorização do jogo como principal proposta do modo de ensinar, respeitando experiências vividas e as diferenças individuais, opondo-se ao mecanicismo.

    Na abordagem desenvolvimentista, os estudos se baseiam no desenvolvimento motor, aprendizagem motora e controle motor, e, de acordo Tani (1988, p.13), "O movimento é reconhecido como sendo o objeto de estudo e aplicação da Educação Física". Completando esta idéia, Daolio (1998, p.57) esclarece que, segundo essa proposta, a "aprendizagem do movimento ocorre através da aquisição por parte do aluno de habilidades básicas, a partir das quais serão aprendidas habilidades mais complexas".

    Em 1992 é publicado o livro Metodologia do Ensino de Educação Física (Coletivo de Autores), no qual se apresenta uma nova abordagem, denominada crítico-superadora que, conforme Soares et al. (1993, p.18), considera a educação física como "matéria escolar que trata, pedagogicamente, temas da cultura corporal, ou seja, os jogos, a ginástica, as lutas, as acrobacias, a mímica, o esporte e outros". Diante das diferenças da educação física que objetiva a aptidão física, a crítico-superadora é a primeira que defende a classe menos prestigiada dos interesses da classe dominante, que são basicamente capitalistas, frente à nova abordagem notadamente alinhada às idéias de Karl Marx.

    Na abordagem crítico-emancipatória, que tem o professor Elenor Kunz como principal formulador, Bracht (1999, p. 9) explica que a mesma está sob o referencial teórico de que "o movimentar-se humano é entendido aí como uma forma de comunicação com o mundo", e embasada, também, na "Teoria Crítica" da Escola de Frankfurt.

    A abordagem sistêmica tem como principal pesquisador o professor Mauro Betti, que apresenta os conceitos de hierarquia, tendências auto-afirmativas e auto-interativas. A especificidade é a maior preocupação dessa abordagem, pois considera, de acordo com Darido (1999, p. 26), "o binômio corpo e movimento como meio e fim da Educação Física escolar". O termo vivências também é preferido. Com base nas idéias de Darido (1999, p. 27), quando utiliza o termo vivência, o autor "pretende enfatizar a importância da experimentação dos movimentos em situação prática, além do conhecimento cognitivo e da experiência afetiva advinda da prática de movimentos".


Metodologia

    Trata-se de uma pesquisa qualitativa que dialoga com as teorias de comunicação de massa e com as abordagens da educação física, dentro de uma proposta de roteiro para análises de produtos televisivos, elaborada por Fischer (2001, p.90-109), tendo como principal etapa a análise dos programas gravados e as possibilidades pedagógicas.

    O roteiro é composto das seguintes perguntas: 1- Que tipo de programa é esse? 2- Quais os objetivos desse fato? Quais suas estratégias de veiculação? A quem se endereça? 3- Qual a estrutura básica do programa? 4- Afinal, de que se trata esse programa? Quem fala e de que lugar? 5- Com que linguagens se faz esse produto? 6- Que relações fazer entre esse artefato da mídia e outros problemas, teorias ou temáticas de interesse para a educação?

    Os programas foram gravados no período de 11 de março a 5 de abril de 2002, totalizando quatro semanas completas e vinte e quatro programas gravados e anotados em ficha de observação. O programa é veiculado regularmente de segunda-feira a sábado pela TV Grande Minas, afiliada à Rede Globo.


Contribuições dos programas esportivos e sugestões para a educação física escolar

    É necessário estabelecer uma ponte entre a escola e a televisão. Ferrés (1996, p. 96) considera que "a escola contribui para que os alunos internalizem as normas de reflexão e a análise crítica para quando assistirem à televisão fora do âmbito da escola".

    Neste sentido, Belloni (2001, p.68) sugere que é fundamental "dominar a linguagem da televisão para não ser dominado por ela". Aguçar a percepção dos alunos é necessário para que eles possam decidir de forma adequada suas preferências. Segundo a autora: "Perceber os truques da telinha, compreender suas técnicas de persuasão, desmontar sua magia para ver como funciona", são fatores determinantes para o consumo crítico da TV.

    As contribuições dos programas esportivos para a Educação Física começam nas próprias escolas que têm acesso aos aparelhos de televisão e vídeo e, principalmente, ao projeto da TV Escola. Então, as gravações dos programas e o trabalho com os alunos nas aulas de educação física é iniciado. Em outra oportunidade, pode-se realizar, no primeiro momento das aulas, a apresentação dos melhores momentos ou os momentos mais educativos para os alunos e, logo depois, as análises pelo professor e pelos alunos. Novas aulas poderão ser criadas com os temas estabelecidos pelo grupo. Temas como, 'Quando usar gelo nas contusões?', 'O que fazer em caso de câimbra?', 'Deve-se ingerir água durante os exercícios?' são bem interessantes.

    Busca-se a formação do telespectador nos aspectos técnico, expressivo e estético, em que conhecer o meio por dentro ajudará a entendê-lo. Nessa formação educativa é estabelecida a comunicação ativa, que é basicamente a transformação da unidirecionalidade da TV em um contexto bidirecionalizado, em que "todas as suas potencialidades serão aproveitadas e as suas limitações evitadas" (FERRÉS, 1996, p.87-88). Andar junto, o lar e a escola, educando na televisão e com a televisão.

    A proposta de incorporar os programas esportivos à educação física passará pela formação multidisciplinar, na qual todas as disciplinas contribuirão com fundamentos de sua área específica. Transformar o que não é conhecido em experiências diretas, produzindo um movimento bilateral entre a realidade e as imagens. Os trabalhos práticos com os vídeos permitem também o conhecimento técnico do sistema de produção da imagem. Além disso, esse conhecimento permite aproveitar o fascínio e a capacidade de sedução da TV, tornando esse processo significativo. Soma-se a essas propostas a aplicação do método compreensivo que é, segundo Ferrés (1996, p.99), "um método globalizante, capaz de integrar todas as faculdades humanas mobilizadas pelas imagens". A primeira fase será a utilização das reações espontâneas do espectador, como o gosto ou o desgosto, de forma natural, sem nenhum tipo de condicionamento. A segunda fase é iniciada com o distanciamento das próprias emoções quando, de forma gradual, seriam realizadas operações racionais, com o objetivo de inserir a lógica. O acompanhamento no lar pela família com a troca de experiências através do diálogo também é importante na recepção de qualidade de programas televisivos.


Discussão e conclusão

    Tendo em vista o receptor inserido na sociedade com suas categorias de origem étnica, religiosa e educativa, os programas esportivos deverão responder as perguntas 'De quem?', 'Diz o quê?', 'E com que efeito?'. E, no presente estudo, 'Por que a predominância do futebol nos programas esportivos?'.

    A resolução dessa predominância é que nos meios de comunicação existe uma forte tendência no sentido de fortalecer o esporte-rendimento, ficando a Educação Física escolar com a função de contrapor a essa perspectiva e trabalhar em prol de uma consciência corporal e por uma atividade física que contemple o desenvolvimento, o prazer e a qualidade de vida.

    A interpretação dos estímulos de diferentes maneiras deve convergir para uma intenção positiva das atitudes e dos procedimentos sociais e corporais que levem a uma recordação seletiva para uma ação efetiva e a interação com as mensagens emitidas. A observação crítica e a ação dos alunos devem ser entendidas e mediadas pelo professor e, nesse caso, pelo Educador Físico, pois o interesse não se encontra no receptor e sim no próximo intervalo comercial. Tenta-se manter o receptor preso ao vídeo para orientar sua atenção aos comerciais publicitários.

    Dentro de um novo modelo, surge uma nova proposta nos meios de comunicação na atualidade, que é também uma das propostas deste trabalho. Os esportes trabalhados dentro de um bom Índice de Relevância Social (IRS) que, segundo a Pesquisa ANDI (1999, p.14), é o "Indicador de compromisso dos veículos para jovens com formação/informação de seus leitores". Que os programas esportivos trabalhem com o esporte que, de acordo com a linha de raciocínio de Kunz (1998, p.18), passe "por uma transformação didático-pedagógica para atender às possibilidades de realização bem-sucedida de todos os participantes do ensino e não apenas de uma minoria".

    Dentro das abordagens da educação física e a proposta de unificação das virtudes de cada uma, o primeiro tema central partiria da intenção de valorização do esporte como meio de educar, retirando dos programas esportivos a matéria-prima necessária ao processo de desmistificação do esporte de alto rendimento, como conteúdo transmitido na escola pela educação física.

    Porém, sabe-se que não existe nenhuma preparação para compreender essa linguagem, que vai desde decodificar elementos visuais, até as imagens subtendidas, geradas no programa e na publicidade. Na relação com o esporte, a televisão contribui fortemente para o atual momento capitalista, na medida que induz à compra de produtos, sendo o telespetáculo seu maior aliado.

    Na concepção atual, esse esporte, como é transmitido, não é importante pedagogicamente, mas deverá passar por uma "transformação didático-pedagógica" como propõe Kunz (1998 p.18). Essa transformação será regida pelo professor de educação física que poderá utilizar os programas esportivos em suas aulas.

    Pontos de partida podem ser tomados para o bom aproveitamento dos esportes na Educação Física escolar: o esporte como um processo e não como produto, o esporte sem objetivos específicos de descoberta de talentos, a ausência da cobrança de resultados, observação da bagagem anterior do aluno e sua cultura corporal, adaptação do esporte gincana, na qual, além do jogo principal, outras atividades possam ser acrescentadas.

    Conclui-se, portanto, que a utilização da mídia televisiva por meio dos programas esportivos é plenamente viável como objeto motivacional, pelo número de aparelhos existentes nos domicílios e nas escolas, elegendo programas, como os programas esportivos, como aliados nas aulas de educação física, uma vez que todo processo de iniciação à linguagem audiovisual se encontra montado na maioria das escolas de todo o Brasil.


Referências bibliográficas

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