Consumo máximo de oxigênio como índice de saúde óssea | |||
*Faculdade Metodista de Santa Maria/RS **Universidade do Contestado - Concórdia/SC ***Académica do Curso de Educação Física Universidade do Contestado UnC - Concórdia. (Brasil) |
Ms. Galina Kalinina* kalinin@datacenter.psi.br Dr. Iouri Kalinine** kalinin@uncnet.br Savani Müller*** |
|
|
|
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 74 - Julio de 2004 |
1 / 1
Introdução
Saúde óssea se caracteriza pelo densidade mineral óssea. Quando é maior a densidade óssea melhor é a sua saúde e, pelo contrário, quando é menor a densidade óssea pior é a sua saúde. A diminuição de densidade mineral óssea em por volta de 30% de densidade mineral óssea de idade de adultos jovens normais indica o aparecimento da osteoporose ( ARAÚJO MARCHAND, 2001).
Atualmente adotada a definição de osteoporose sugerida pela OMS em 1994 (Assessment ..., 1994) seguinte: Osteoporose é uma desordem esquelética caracterizada por redução da massa óssea com alterações da microarquitetura do tecido ósseo levando a uma redução da resistência óssea e ao aumento da suscetibilidade a fraturas.
A osteoporose é uma doença crônica, progressiva, de múltiplas causas e que representa na redução da massa óssea que afeta todo o esqueleto humano, com microdeteriorização dos ossos, aumento da fragilidade óssea e aumento do risco de fratura óssea (RENA, 2003). A osteoporose é um processo que no final da meia-idade, pode ter efeitos devastadores no envelhecimento da maioria das mulheres (GUELDNER & COLS, 2001).
Aproximadamente 30% de todas as mulheres pós-menopausadas são afetadas pela osteoporose: As fraturas de quadril são 2 a 3 vezes mais freqüentes na mulher que no homem; o risco da osteoporose em coluna é 8 vezes maior na mulher que no homem; 40% das mulheres terão pelo menos uma fratura vertebral até os 80 anos; 15% das mulheres brancas terão uma fratura de quadril ao longo da vida; 15% das mulheres brancas aos 50 anos ou mais terão fratura de punho (http://www.uddo.com/osteoporose/fatos.htm).
Isso resulta numa significativa queda na qualidade de vida e na capacidade de independência na família e sociedade. A incidência de osteoporose está ocorrendo em nível epidêmico, particularmente entre as mulheres brancas após a menopausa. Nos Estados Unidos a osteoporose é responsável por 1,3 milhões de fraturas por ano e no Brasil estima-se que cerca 15 milhões estão propensos a desenvolvê-la (http://www.uddo.com/osteoporose/fatos.htm).
Segundo vários autores (MATSUDO & MATSUDO, 1992; SHARKEY; 1998; NIEMAN, 1999; JÄDER E COLS apud WEINECK, 2000 e etc.) o processo de envelhecimento e consequentemente o processo de desenvolvimento de osteoporose no ser humano pode ser retardado consideravelmente através do treinamento esportivo e atividade física bem planejada e orientada. Mas para realizar este trabalho com sucesso é necessário saber o nível de saúde óssea da pessoa.
Atualmente para detectar o nível de saúde óssea utiliza-se o exame de Densitometria Óssea. Porem este exame é caro e maior parte da população feminina brasileira não tem condições financeiras de realizá-lo.
Considerando a acima escrito e com o desejo de achar as metodologias mais simples e acessíveis para população feminina brasileira carente o objetivo deste estudo foi pesquisar o seguinte problema: "Existe correlação forte e significativa entre densidade óssea e consumo máximo de oxigênio nas pessoas de sexo feminino após a menopausa?"
Pois a Atividade Física sistemática melhora não somente a saúde óssea, mas aumenta também o nível de condicionamento físico dos praticantes (SHARKEY; 1998; NIEMAN, 1999; JÄDER E COLS apud WEINECK, 2000 e etc.). E, segundo COOPER (1982), KARPMAN et al. (1988), FOX et al. (1991), McARDLE et al., 1998 o VO2 max. é índice, mais confiável atualmente, de predição de nível de condicionamento físico do ser humano.
MetodologiaA Amostra da pesquisa foi composta por 12 mulheres voluntárias, sadias, brancas, residentes de Região Sul do Brasil e que já tiveram nas mãos os protocolos das exames de Densitometria Mineral Óssea, realizados no ultimo ano, com conclusões dos médicos especializados.
A pesquisa foi realizada em três fases.Na primeira fase de pesquisa foram coletados os dados de Densidade mineral óssea da coluna, região L1 - L4, (DMOC) e Densidade mineral óssea, região colo do fêmur, (DMOF) dos sujeitos de amostra pesquisada. Os dados foram retirados de protocolos das exames de Densitometria Mineral Óssea, realizados no ultimo ano e com conclusões dos médicos especializados.
Na segunda fase de pesquisa foi determinado o Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 max) dos sujeitos pesquisados. O instrumento metodológico de determinação de VO2max foi o Teste de Caminhada de 400 metros de Kalinina (KALININA, 2002).
Na terceira fase de pesquisa foi realizado o analise dos dados adquiridos.
Para tratamento estatístico foram utilizados os métodos de estatística matemática paramétrica (média e desvio padrão) e não paramétrica (correlação de PEARSON).
ResultadosTABELA 1 - Idade, Massa corporal, VO2 max, Densidade mineral óssea da coluna, região L1 - L4, (DMOC) e Densidade mineral óssea, região colo do fêmur, (DMOF) dos sujeitos brasileiros de sexo feminino de idade de 50 a 60 anos, média por amostra.
Os dados apresentados na TABELA 1 mostram a densidade mineral óssea dos sujeitos de amostra, em média é menor do que da população feminina branca de mesma idade de cidade de São Paulo, que têm:
DMOC (região L1 - L4) = 1,08 +0,13 g/cm2
DMOF = 0,79+0,09 g/cm2 (Shlomo, L. et all., 1997)FIGURA 1 - Correlação entre consumo máximo de oxigêio e densidade mineral óssea da coluna,
região L1 - L4 (DMOC), dos sujeitos brasileiros de sexo feminino
de idade de 50 a 60 anos.DMOC x VO2 max, r = 0,802; p < 0,01
FIGURA 2 - Correlação entre consumo máximo de oxigênio e densidade mineral óssea,
região colo do fêmur (DMOF) dos sujeitos brasileiros de sexo feminino
de idade de 50 a 60 anos.DMOF x VO2 max., r = 0,877; p < 0,01
Os dados apresentados nas Figuras 1 e 2 mostram que existe correlação alta e confiável entre VO2 max e Densidade Mineral Óssea nas sujeitos de amostra pesquisada. A correlação entre:
VO2 max e Densidade Mineral Óssea de Coluna, região L1 - L4, é r = 0,802; p < 0,01 e
VO2 max e Densidade Mineral Óssea, região colo do fêmur, é r = 0,877; p < 0,01.
DiscussãoNa bibliografia pesquisada nos não encontramos nem um trabalho sobre correlação entre VO2 max e Densidade Mineral Óssea dos sujeitos de sexo feminino na menopausa. Entretanto estamos convictos que tal correlação deveria existir, pois nas várias pesquisas (ARAÚJO MARCHAND, 2001; MATSUDO & MATSUDO, 1992; SHARKEY; 1998; NIEMAN, 1999; JÄDER E COLS apud WEINECK, 2000 e etc ) foram mostrados que atividade física sistemática melhora a saúde óssea das pessoas. Mas a atividade física sistemática melhora também o condicionamento físico do ser humano e o índice, mais confiável atualmente, de condicionamento físico da pessoa é exatamente seu VO2 max (COOPER (1982), KARPMAN et al. (1988), FOX et al. (1991), McARDLE et al., 1998 ). Por isso, apesar de amostra pequena, os resultados desta pesquisa mostraram a correlação alta e confiável entre VO2 max e Densidade Mineral Óssea nas sujeitos pesquisados, r = 0,877; p < 0,01 (região colo do fêmur) e r = 0,802; p < 0,01 (região L1 - L4 de coluna). Os mesmas resultados mostram também que, provavelmente, existe um limiar de VO2 max em cima qual os sujeitos de sexo feminino de idade de 50 a 60 anos não tem osteoporose nem na região L1 - L4 de coluna vertebral nem na região colo do fêmur. Nesta pesquisa os sujeitos pesquisados que tiveram seu VO2 max maior de que 34 ml min-1 kg-1 têm densidade mineral óssea normal tanto no região colo do fêmur como na região L1 - L4 da coluna vertebral.
ConclusãoBaseada nas considerações expostas à cima, pode-se fazer as seguintes conclusões:
a. Existe correlação forte e confiável entre Densidade Mineral Óssea e VO2 max nos sujeitos de sexo feminino de idade de 50 a 60 anos.
Nos sujeitos de amostra pesquisada a correlação entre:
Densidade Mineral Óssea na região colo do fêmur e VO2 max foi de r = 0,877; p < 0,01 e
Densidade Mineral Óssea na região L1- L4 de coluna vertebral e VO2 max foi de r = 0,802; p < 0,01.
b. Existe, provavelmente, um limiar de VO2 max em cima qual os sujeitos de sexo feminino de idade de 50 a 60 anos não tem osteoporose nem na região L1 - L4 de coluna vertebral nem na região colo do fêmur.
Nesta pesquisa os sujeitos pesquisados que tiveram seu VO2 max maior de que 34 ml min-1 kg-1 têm densidade mineral óssea normal tanto no região colo do fêmur como na região L1 - L4 da coluna vertebral.
c. VO2 max das mulheres com idade de 50 a 60 anos pode ser utilizado como índice de sua saúde óssea.
Referencias Bibliográficas
Assessment of fracture risc and application to screening for postmenopausal osteoporosis. WHO Technical Report Series - 943, Geneva, 1994.
ARAÚJO MARCHAND, Edson Alfredo de. Exercício e saúde óssea. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 6 - N° 33 - Marzo de 2001. Disponivel em: http://www.efdeportes.com/efd33a/saude.htm
BÍSCOLLI, Wladenize. Atividade física na prevenção e no combate da osteoporose. Trabalho de conclusão de curso. Concórdia, 1998.
COOPER, K. N. The Aerobics Program for Total Well-Being. Bantam Books: Toronto, New York ,London ,Sydney ,Aucland,1982.
GHORAYEB, Nabil; BARROS NETO, Turíbio Leite de. O exercício. Preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 1999.
GUELDNER, Sarah Hall; BURKE, Susan; SMICIKLAS-WRIGTH, Helen. Osteoporose: prevenção e controle. 1. ed. São Paulo: Andrei, 2001.
KALININA, Galina. VO2max & saúde somática metodologia simplificada da determinação. Dissertação de Mestrado. Santa Maria, 2002.
MARTINS, Aldineia A. Menopausa sem mistérios: as mais recentes descobertas. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1996.
MATSUDO, S. M. & MATSUDO, V. K. R. Exercício, Densidade óssea e Osteoporose. Revista Brasileira de Ortopedia, vol. 27, n. 10, p. 730-742, 1992.
McARDLE, William D; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício. Energia, nutrição e desempenho humano. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
NIEMAN, David. Exercício e saúde. Como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. 1. ed. São Paulo: Manole, 1999.
RENA, Reginaldo J.M. A mulher e a osteoporose: como prevenir e controlar. 1. ed. São Paulo: Látria, 2003.
SHARKEY, B. J. Condicionamento Físico e Saúde. 4.ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
SHLOMO, L. et al., Densidade mineral óssea vertebral e femoral de 724 mulheres normais brasileiras, 1997. Disponível em: http://www.uddo.com/osteoporose/osteo9.htm
SMITH, E. Osteoporose - Turnen tut gut. Medical Tribune 37 (1982). Aus: The Physician and Sportsmedicine 10, 1982.
WEINECK. J. Biologia do Esporte. Editora Manole Ltda. São Paulo, 2000.
revista
digital · Año 10 · N° 74 | Buenos Aires, Julio 2004 |