Avaliação quantitativa de saltos verticais em atletas de voleibol masculino na Superliga 2002/2003 |
|||
* Graduado em Educação Fica pela ULBRA e Preparador físico da equipe de voleibol masculino adulto da Universidade Luterana do Brasil - Ulbra **Docente do curso de Educação física da Universidade Luterana do Brasil - Ulbra ***Preparador físico da equipe de voleibol masculino adulto |
Prof. Guilherme Pereira Berriel* Profª Ms Andréa Fontoura** Prof. Giovani Foppa*** guilhermeberriel@uol.com.br (Brasil) |
|
|
|
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 73 - Junio de 2004 |
1 / 1
Introdução
O voleibol notoriamente tem se destacado como um dos esportes que mais evoluiu nos últimos anos. Isto se deu devido a uma gama de fatores que compreendem desde alterações nas regras até planificação desenvolvida no processo de treinamento. Atualmente o grau de exigência no esporte, devido a sua grande competitividade, requer uma otimização de procedimentos que venha possibilitar a obtenção de resultados positivos com baixos riscos de lesão no menor período de treinamento (BOBERT, 1990).
O correto conhecimento das qualidades físicas solicitadas dentro do voleibol é imprescindível na hora de se planificar os treinamentos em relação aos parâmetros de tipo, intensidade, numero de repetições, freqüência e o intervalo dos estímulos aplicados na modalidade (RODACKI,1997).
Uma das características do jogo voleibol é a necessidade de quase todos os jogadores saltarem, faz-se uma exceção ao líbero. Por mais especializadas que sejam suas funções, a tendência atual de organização da equipe e desenvolvimento de capacidades particulares, pela obrigatoriedade que o conteúdo da regra define de todos, menos o líbero, passarem pela zona de ataque e pela existência da rede acima do plano das mãos 2,43 metros de altura do chão, os jogadores tem que conquistar planos cada vez mais elevados para a realização dos gestos técnicos fundamentais para o ataque e bloqueio (CORDEIRO, 2001), sendo que a vitória em uma partida depende grandemente da capacidade de saltar.
Durante uma partida de voleibol tradicional (com vantagem) Kollath (1996) detectou que são realizados entre 170 a 190 saltos a cada set. Já na regra nova de rally point, Esper (2003) constatou que são realizados em média 78 saltos por set em partidas do sexo feminino. Esse fato demonstra que os atletas devem possuir um excelente rendimento de salto já que na sua grande maioria os atletas se vêem obrigados a saltar para realizar os fundamentos básicos sendo estes o saque, ataque, bloqueio, finta e levantamento, e também resistência suficiente que possibilite a manutenção da qualidade dos saltos durante a competição. Partindo dessa afirmação, alem das capacidades técnico-táticas, o treinamento da qualidade motora salto deve assumir um papel importante na preparação física das equipes, para que possam garantir o rendimento dos atletas durante as competições.
O propósito deste estudo foi verificar o número e o tipo de SV efetuados durante a Superliga Nacional de Voleibol. A partir disto determinar a quantidade de saltos por fundamento, por posição de jogo, média por set e média por partida. A partir desta análise fornecer subsidio que contribua para a estrutura e aplicação nos programas de treinamento de SV, na modalidade voleibol.
MetodologiaCaracteristicas da amostra estudada
As avaliações dos saltos verticais realizados por atletas de voleibol masculino, ocorreram durante a Superliga Nacional de voleibol 2002/2003, que foi realizada de 30 de Novembro de 2002 a 12 de Abril de 2003. Foi selecionada para este estudo a equipe de voleibol masculino do Sport Club Ulbra.
Foram avaliados atletas do sexo masculino, praticantes de voleibol da categoria adulto que praticavam e treinavam esta modalidade regularmente no Sport Club Ulbra. Para fins de análise e de comparação, os atletas foram distribuídos nas seguintes posições: levantadores (LE n=3), opostos (O n=2), ponteiros (P n=4) e Centrais (C n=5), totalizando 14 sujeitos.
Plano de avaliaçãoA amostra foi avaliada em 29 partidas, com a seguinte distribuição: 10 partidas 1° turno, 10 partidas 2° turno, 3 partidas quartas de finais, 3 partidas semifinais e 3 partidas finais; Num total de 116 sets disputados.
Avaliação dos saltos verticaisPara a avaliação dos saltos verticais (SV) as partidas foram filmadas por duas câmeras de vídeo fixadas nos fundos de cada quadra. A coleta de dados foi realizada mediante observação dos vídeos, computando o número de SV e os tipos classificados como ações de ataque (A), bloqueio (B), saque (S), finta (F) e levantamento (L) realizados por cada atleta da amostra e em cada set. O numero total de SV realizados nas partidas por cada sujeito e o tipo foi obtido pelo somatório do numero de SV dos sets e transcritas em planilhas. Foram considerados como válidos todos os SV realizados nas ações anteriormente descritas, independentemente da condição de jogo.
Discussão dos resultadosConforme dados coletados podemos identificar que, ao total, foram realizados 13621 SV, com uma média 117,42 30,17 SV por set e 469,69 95,54 por partida. Estes resultados estão expressos na tabela 1.
Tabela 1. Numero de SV total realizado pela amostra, média por set e partida e seus respectivos desvios padrões.
Ao comparar o número de SV realizados pela amostra em diferentes fundamentos, foi possível detectar que o bloqueio apresentou um maior número de SV, totalizando 5362 saltos. Estes resultados provavelmente se devem ao fato de que o bloqueio pode ser realizado simultaneamente por até três atletas, segundo Cordeiro (2001) 23,5% das ações de bloqueios são realizados por um atleta 72,0% por dois e 4,5% por três atletas. Estes resultados estão explicitados na tabela 2.
Tabela 2. Valores dos SV totais por fundamento média e desvios padrões por set e partida.
Apresentando o bloqueio com um maior percentual de SV 39,37% do total de ações do jogo, sendo este resultado bastante distinto dos encontrados por Cordeiro (2001) que diz que o bloqueio representa 20% das ações e de Esper (2003) que encontrou 50% das ações. As diferenças aqui demonstradas podem ter sofrido uma forte influencia da solicitação técnica e competitiva a que os grupos foram submetidos (Figura 1).
Figura 1. Percentual de SV realizados de acordo com o fundamento realizado pela amostra.
A figura 2 apresenta dados que identificamos que a posição de central realizou mais SV, sendo estes divididos em S=766, A=700, B=2655, F= 1089 e L=11 totalizando 5221 SV, Rodacki (1997) atribui esta constatação ao fato de que pela efetiva participação nas ações de bloqueio realizados nas três posições da rede e pelos constantes saltos realizados nas fintas das ações ofensivas, fazendo com que esta posição tenha se destacado nestes dois fundamentos. A posição de ponteiro apresentou os seguintes resultados S=980, A=1214, B=1354, F= 8 e L=8 totalizando 3564 onde destacamos o fundamento ataque e saque com maior número de ações realizadas entre as posições de jogo.
A posição de levantador apresentou um maior número de SV para levantamento 1834 já que a mesma é uma ação especifica da posição tendo que ser realizada preferencialmente em suspensão (saltando) segundo Cordeiro (2001), o restante dos saltos desta posição, nos outros fundamentos ficou assim distribuídos S=565, A=61, B=633, totalizando 3093 SV. Podemos destacar ainda que a posição de oposto realizou S=373, A=644, B=720, F= 4 e L=2 totalizando 1743 SV.
Figura 2. Número de SV de acordo com as posições de jogo, distribuídas nos
fundamentos analisados durante o estudo.
ConclusõesPodemos concluir com os resultados deste estudo que, a posição de central é a que mais efetua saltos verticais durante uma partida.
O bloqueio é o fundamento responsável pelo maior número de saltos verticais realizados pela equipe durante uma partida.
Considerando os objetivos e as limitações deste estudo foi possível conhecer dados que permitam planificar os treinamentos físicos e técnicos de atletas de voleibol quanto à quantidade de saltos ideal a se realizar para que o mesmo seja trabalhado de forma mais próxima da realidade e evitando causar desgastes desnecessários aos atletas.
Outros estudos que avaliem a quantidade de saltos em outros campeonatos devem ser considerados, até para que possamos confrontar os resultados de uma maneira mais consistente, e com isso obtendo subsídios para implementar o treinamento dentro do voleibol.
Referências bibliográficas
BARBANTI, VALDIR JOSE. Teoria e prática do treinamento desportivo. São Paulo: Edgard Blücher, 1979.
BOBERT, M. F. Drop jumping as a training method for jumping ability. Sports medicine, v.9, n.1, p. 7-22,1990.
CORDEIRO, C. Apostila do curso de treinamento de técnicos de voleibol: Curso nacional para técnicos de voleibol nível I. Canoas: Confederação Brasileira de Voleibol, 2001.
CORDEIRO, C. Apostila do curso de treinamento de técnicos de voleibol: Curso nacional para técnicos de voleibol nível II. Joenville: Confederação Brasileira de Voleibol, 2001.
ESPER, ANDRÉS. Cantidad y tipos de saltos que realizan las jugadoras de voleibol en un partido. Buenos Aires: revista digital. http://www.efdeportes.com . n° 58, 2003.
KOLLATH, E. Bewegungsanalyse in den sportpielen. Köln: Sport & Buch straub. 1996.
RODACKI, A. L. F. O n° de saltos verticais realizados durante partidas de voleibol como indicador da prescrição do treinamento. Revista Treinamento Desportivo, Londrina: v.2, n.1, p. 31-39. 1997.
SZMUCHROWSKI, L. Manual do usuário: sistema de avaliação física através de saltos - jump test. 1º edição, versão 1.1, Belo Horizonte. 2001.
UGRINOWITSCH, CARLOS; BARBANTI, VALDIR JOSE. O ciclo de alongamento e encurtamento e a performance no salto vertical. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo: v. 12,n. 1, p. 85-94, Janeiro/Junho. 1998.
revista
digital · Año 10 · N° 73 | Buenos Aires, Junio 2004 |