Efeitos do Treinamento Intervalado na Redução da Gordura Corporal em Mulheres Adultas |
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Especialista em Fisiologia do Exercício e Avaliação Morfofuncional |
Michel Santos Silva michellsantos@uol.com.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 70 - Marzo de 2004 |
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Introdução
Obesidade é uma alta porcentagem de gordura corporal, usualmente >25% para homens e >32% para mulheres. Isso corresponde a valores do IMC de 27,8 para homens e 27,3 para mulheres (Lohman, 1993).Estudos recentes sugerem que o sobrepeso e a obesidade estão relacionados a inúmeras doenças, como o risco de morte súbita e doenças cardiovasculares (Powers & Howley, 2000).
A obesidade refere-se à condição em que o indivíduo apresenta uma quantidade excessiva de gordura corporal avaliada em porcentagem do peso total (%G). Embora ainda não tenham sido estabelecidos valores exatos consideram-se obesos limítrofes homens com 20 a 25% e mulheres com valores de 30 a 35% e obesos propriamente dito homens e mulheres com valores acima de 25% e 35% respectivamente (WILMORE e COSTILL, 2001).
O IMC é outro padrão freqüentemente utilizado para estimar a obesidade em estudos populacionais, umas das limitações do IMC é a dificuldade de interpretação pelas pessoas e a projeção nas mudanças de peso corporal real para alterações no IMC.
O presente trabalho tem por objetivo analisar os efeitos do treinamento intervalado na redução da gordura corporal em mulheres adultas ativas.
O treinamento intervalado consiste na aplicação repetida de exercícios e períodos de descanso de modo alternado (Brooks, 2000). Sua prescrição fundamenta-se na intensidade e tempo de duração dos exercícios, menor volume e maior intensidade, nos respectivos intervalos de recuperação, na quantidade de repetições do intervalo exercício-recuperação e freqüência de treinamento por semana (Fox, 1992).
Os exercícios anaeróbios aláticos ou láticos podem ser perfeitamente administrados, considerando o gasto calórico dessas atividades, enfatizando a duração e da intensidade, pode se igualar ou até ultrapassar os alcançados em atividades tipicamente aeróbias, uma vez que o consumo de oxigênio pós-exercício passa a contribuir consideravelmente para aumentar as calorias gastas.
Materiais e MétodosAmostra
Foram avaliadas vinte e duas (22) mulheres adultas na faixa etária de 18 a 40 anos, freqüentadoras dos programas de atividades físicas em academia. As voluntárias são todas alunas da Academia Nova Geração/CREF0001-DF, localizada na cidade de Ceilândia, Distrito Federal.Todas as participantes deram seu consentimento por escrito para participarem do estudo, após receberem todas as informações sobre o trabalho.
Procedimento ExperimentalAs vinte e duas alunas foram submetidas a uma avaliação antropométrica inicial onde foram registradas as dobras cutâneas, medidas através de um adipômetro (CESCORF), conhecendo assim, seus respectivos percentuais de gordura (POLLOCK - 3 DOBRAS).
A freqüência de trabalho foi estipulada em cinco sessões de treinamento por semana, onde foram realizados trabalhos aeróbios. O trabalho aeróbio foi estipulado no sistema de treinamento intervalado, proposto por uma atividade de 40 minutos em esteira (Yozda 9500), devendo ser atingido 90% de sua freqüência cardíaca máxima, estipulada pela equação de JONES em cada estímulo de trabalho, sendo, que ao chegar na freqüência de trabalho estipulada, a intensidade diminuiria até se obter uma freqüência cardíaca (POLAR) entre 120 e 130 bpm (faixa de recuperação).
Após 12 semanas de treinamento as alunas foram submetidas a uma nova avaliação antropométrica (POLLOCK - 3 DOBRAS) e tiveram seus percentuais de gordura comparados, analisando os resultados obtidos no início do estudo com os resultados obtidos em seu final.
Atividade Física e a Saúde da MulherMulheres de todas as idades beneficiam-se da atividade física. As melhoras na aptidão física decorrentes de um programa de condicionamento físico estão mais bem documentadas. Embora a ênfase corrente aparentemente focalizar sobre a aptidão física relacionada à saúde, a importância da aptidão física relacionada à performance para mulheres não deveria ser negligenciada. As demandas da vida diária tornam imperativo que mulheres alcancem e mantenham um nível satisfatório de potência aeróbia, força e flexibilidade.
Existem áreas de interesse específico para mulheres, tais como gravidez, menstruação, e menopausa, onde os efeitos do exercício tanto sobre a saúde quanto sobre o desempenho de aptidão física não foi completamente investigado. Embora seja provável que mulheres assim como homens possam obter benefícios de um programa regular de atividades físicas, não existem dados suficientes para afirmar qual desses benefícios pode ser.
Com exceção da osteoporose e gravidez, os benefícios relacionados à saúde da atividade física para mulheres são largamente ignorados. Dados de apoio ao papel de uma vida ativa na prevenção de doenças mais comuns ou específicas das mulheres, tais como disfunção menstrual ou artrite, são também inconclusivas ou inexistentes. Se mulheres estão obtendo benefícios de saúde positiva de um conceito de vida ativo, um esforço maior deverá ser feito para identificar e recorrer à aptidão física relacionada à saúde feminina.
A obesidade moderada é definida como 41 a 100% de sobrepeso, atendendo aos consensos da conferência do Instituto Nacional de Saúde em 1985 determinando que riscos de saúde podem iniciar nas pessoas que estão apenas 20% acima do peso (Brownell, 1988). Juntamente com o esclarecimento de muitas condições médicas associadas com a obesidade estão algumas específicas para mulheres, tais como distúrbios menstruais e cânceres das regiões reprodutoras (Lampman & Schteingart, 1981). Mulheres têm uma vantagem. A gordura corporal elevada, que ocorre mais freqüentemente em homens, está associada com uma elevada incidência de morbidade e mortalidade cardiovascular.
O segredo da redução de peso responsável é a combinação de uma dieta sensata e um programa de exercícios bem planejado. Dieta resulta apenas em uma redução tanto da gordura quanto da massa corporal magra (MCM); adicionando exercícios seria registrado até um ganho de massa corporal magra. O efeito do exercício sobre o tecido magro pode depender do protocolo de treinamento e grau de obesidade.
Relativamente poucos desses estudos que examinaram a interação entre exercício e dieta sobre a composição corporal incluíram mulheres. Diferenças no metabolismo entre os sexos, acúmulo de gordura, hormônios, ou gordura essencial podem influenciar a reação das mulheres a uma combinação de restrição calórica e elevação do gasto de energia bem como para diferentes programas de exercícios. Uma área a qual não se tem recorrido é se exercícios podem modular as mudanças na composição corporal que ocorrem acompanhando a menopausa.
Treinamento IntervaladoSegundo Fox (1992), este método de treinamento vem sendo muito utilizado para aumentar a capacidade de captação de oxigênio pelos músculos trabalhados, pois em comparação ao treinamento contínuo, proporciona menor grau de fadiga pela maior atuação da via energética de sistema ATP-CP e conseqüentemente, menor produção de ácido lático. Isto se deve aos intervalos de descanso que, após cada exercício interrompido, reabastecem pelo sistema aeróbio as quotas de ATP-CP esgotados no período dos exercícios, compensando parte do débito de oxigênio e colocando novamente o ATP-CP como fonte geradora de energia.
Em outras palavras, a fadiga produzida pelo trabalho intermitente converte-se em intensidade de trabalho, possibilitando a melhoria da capacidade energética dos músculos ativados (Ribeiro, 1995).
A duração do esforço deve ser inversamente proporcional à sua intensidade, devendo os estímulos mais intensos ser aplicados em curtos intervalos de tempo e vice-versa. No trabalho intermitente, as repetições variam em função do sistema energético trabalhado, repetindo-se em maior número os estímulos anaeróbicos em relação aos estímulos aeróbicos (Smith, 1993). O condicionamento intervalado pode aumentar a capacidade de suportar por mais tempo trabalhos no limite do metabolismo aeróbio (Lamb, 1984). Em virtude disso, os níveis de aptidão e dispêndio calórico total podem aumentar consideravelmente, sendo mais efetivo na redução de gordura corporal do que o treinamento contínuo para alguns indivíduos (Tremblay, 1994). O condicionamento intervalado pode ajustar o sistema nervoso a uma melhor adaptação aos padrões motores, tornando o movimento particularmente muito mais econômico (Sleamaker, 1989). Segundo McArdle et al. (1991), os processos aeróbios do corpo, sendo estimulados pelo treinamento intervalado aumentam a capacidade celular de sustentar taxas mais altas de transferência de energia aeróbia em relação aos esforços de intensidade mais alta.
Quando uma atividade estiver acima dos níveis de repouso, é um fato fisiológico bem estabelecido que mais carboidratos e menos gorduras sejam metabolizados por cada caloria gasta. Isto parece sustentar a premissa de que assim que o exercício se torna crescentemente mais intenso, um menor total de gorduras é metabolizado. De fato, dados fisiológicos relacionados à utilização de carboidratos e gorduras para um determinado período de tempo, sustentam o fato de que logo que o exercício se torna crescentemente intenso, menos gordura é metabolizada por cada caloria gasta, mas um número maior de gordura total e calorias são utilizados de maneira geral (Romijim et al., 1993). Segundo o próprio Romijim et al. (1993) e Achten et al. (2002) uma má interpretação destas informações conduz freqüentemente a conclusões equivocadas em relação à intensidade de exercício ideal para maximizar o dispêndio calórico total e dispêndio de gordura.
Em termos de perda de gordura, a maioria das pesquisas mostra que não é importante a porcentagem de gordura ou carboidrato metabolizado por caloria durante a atividade, mas sim, o que é importante é o número total de calorias gastas na atividade (Kaminsky et al., 1993; Ballor, 1990).
Embora seja verdade dizer que quando a intensidade de exercício é aumentada, uma pequena porcentagem de gordura de cada caloria metabolizada é utilizada, no fim de esforço de exercício mais intenso, mais oxigênio total será consumido durante um determinado período de tempo. Mais oxigênio consumido é igual a mais calorias totais metabolizadas, porque para cada litro de oxigênio consumido, cinco calorias são gastas. Então, uma pequena porcentagem de gordura utilizada por caloria, multiplicada por mais calorias totais gastas, equivale a mais gordura total sendo utilizada (Laforgia et al., 1997).
Imediatamente após o exercício, o metabolismo permanece elevado por vários minutos. A magnitude e a duração desse metabolismo elevado são influenciadas pela intensidade do exercício (Barnard & Foss, 1969; Gore & Withers, 1990; Powers et al, 1987). A captação de oxigênio é maior e permanece elevada alta durante um período mais longo após o exercício de alta intensidade em comparação com um exercício de intensidade baixa a moderada (Gore & Withers, 1990).Evidências recentes revelaram que somente cerca de 20% do débito de oxigênio é utilizado para converter o ácido lático produzido durante o exercício em gliconeogênese (Powers & Howley, 2000).
Vários fatores contribuem para o EPOC, onde parte do oxigênio consumido no início do período de recuperação é utilizada para ressintetizar a creatina-fosfato armazenada nos músculos e repor estoques de oxigênio nos músculos e sangue. Outros fatores que contribuem com a porção lenta do EPOC incluem a temperatura corporal elevada, o oxigênio necessário para converter ácido lático em glicose (gliconeogênese) e os níveis sanguíneos elevados de adrenalina e noradrenalina (Gladden et al. 1982; Gore & Withers, 1990).Com isso, os efeitos do consumo de oxigênio pós-exercício fazem com que o gasto calórico de uma atividade relativamente intensa aumente de forma considerável (Turcotte et al., 1995).
Análise EstatísticaAs avaliações antropométricas foram realizadas entre os dias 05 de agosto a 05 de outubro de 2003, sendo realizadas pelo mesmo avaliador. Os resultados foram analisados estaticamente por meio do teste t de students para amostras dependentes e o nível de significância foi de p< 0,05.
As características descritivas da amostra (n=22) e as variáveis analisadas neste estudo estão representadas abaixo.
A amostra apresentou uma média de idade de 32,11+ 6,61.
Na avaliação antropométrica inicial a média encontrada para o percentual de gordura das alunas avaliadas foi de 30,94 + 5,91. Nas avaliações finais as medidas encontradas após um novo teste antropométrico foram de 27,21+ 4,55 referente ao percentual de gordura após 12 semanas.
A análise estatística do resultado do grupo avaliado observou-se uma diferença significativa (p<0,05), onde a diferença entre as médias foi de 3,73% de gordura.
ConclusãoO estudo concluiu que o treinamento intervalado através de um aporte maior de oxigênio e um gasto maior de calorias a cada sessão de treinamento (Romijim et al., 1993; Achten et al., 2002; Lanforgia et al., 1997) propiciou uma redução com nível de significância considerável, em uma redução do percentual de gordura nas mulheres avaliadas, Porém, concluiu-se que, em relação à redução do percentual de gordura, o treinamento intervalado se faz mais eficiente em virtude dos efeitos que o EPOC têm sobre a atividade relatividade intensa, fazendo com o gasto calórico desse tipo de trabalho seja maior do que em um trabalho com intensidade baixa. Sugere-se que mais estudos sobre o assunto sejam desenvolvidos.
Referências
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revista
digital · Año 10 · N° 70 | Buenos Aires, Marzo 2004 |