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Estudo antropométrico em portadores da Síndrome de Down
Antropometric study on Down Syndrome acquit

   
*Professor de Educação Física
**Professor Adjunto da Universidade Paranaense -UNIPAR
Doutorando em Educação Física -UNICAMP
***Professor Doutor Paulo Ferreira de Araújo- UNICAMP
 
 
Prof. Paulo Aparecido Bonchoski*
Prof. Dr. José Irineu Gorla**
Prof. Dr. Paulo Ferreira de Araujo***

gorla@unipar.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    O presente estudo teve como objetivo avaliar dados antropométricos de crianças com Síndrome de Down. A amostra constitui-se de 14 indivíduos do sexo masculino agrupada por faixa etária, com idades entre 7 e 11 anos. Todos os indivíduos foram avaliados quanto ao peso (kg), estatura (cm) e dobras cutâneas (tricipital e subescapular). Pode-se concluir que os alunos avaliados apresentaram resultados semelhantes ao estudo realizado por EICHASTAEDT e LAVAY (1992), somente na variável estatura aos 7 anos de idade. Observou-se ainda, que os resultados obtidos com as avaliações, demonstraram diferenças quanto aos dados estudados, em função, provavelmente pela diferença de número de crianças avaliadas em ambos os estudos. Dessa forma, sugerimos que novos estudos sejam realizados na tentativa de novas referências que possam contribuir para o desenvolvimento desta área.
    Unitermos: Síndrome de Down. Avaliação. Antropometria.
 
Abstract
    This study aimed to valued "antropometric" results on children who suffer from Down Syndrome. The sample is formed by fourteen male individuals got in to groups, formed by age groups who were between seven and eleven years old. Everybody was valued for their weigh (kg); height (cm) and fold skin (tricips and subscapular). We can conclude that the valued students showed the same results in relation to the study performed sy EICHASTAEDT and LAVAY (1992), only when it referred to the seven-years-old height. We still watched the results gained on these valuations showed some difference with relation to the studied data, maybe probably due to the difference of the number of the valued children in both studies. Therefore, we suggest to do new studies in order to get new references and this way we can contribute for the development of this area.
    Keywords: Syndrome of Down. Evaluation. Antropometria.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 70 - Marzo de 2004

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1. Introdução

    Nas últimas décadas alguns estudos procuravam envolver levantamentos na tentativa de fornecer subsídios que possam servir de referência na análise de variáveis relacionadas ao peso corporal, estatura e dobras cutâneas em indivíduos portadores da Síndrome de Down.

    O tema "Avaliação", em geral, tem sido objeto de várias investigações na Educação Física. Esta tendência esta relacionada à necessidade de avançar nas reflexões acadêmicas que permeiam o tema em estudo. A Educação Física Adaptada também sugestiona no campo "Avaliação", e, portanto, também é de grande relevância buscar o aprofundamento dos temas que contribuem na compreensão dos fatos em estudo. (GORLA,J.I. & ARAUJO, P.F, 2002)

    Centraremos este estudo sobre dados antropométricos, componentes importantes no desenvolvimento de crianças portadoras da Síndrome de Down e que vem sendo, ainda que timidamente, alvo de alguns estudos, principalmente nas últimas décadas.

    Alguns estudos têm se preocupado basicamente em abordar variáveis relacionadas apenas à estatura, outros procuram estender suas informações somente ao peso corporal, no entanto, com raras exceções, se consegue reunir num mesmo estudo informações quanto às variáveis relacionadas a estatura, peso corporal e dobras cutâneas dos indivíduos com Síndrome de Down. Provavelmente, a escassez de estudos com essas características se devem as dificuldades operacionais na coleta das informações, considerando a preocupação que se deve ter quanto à representatividade das amostras. Dessa forma, pretende-se num mesmo estudo traduzir o comportamento de variáveis que procuram evidenciar as características de estatura, peso corporal e dobras cutâneas em indivíduos portadores da Síndrome de Down e que possam ser empregadas em futuras análises, realizando comparações com outros estudos.

    "Em alguns estudos, vários autores citados por NUNES E FERREIRA (1994), (Bitencourt e Pereira, MacMillian, Greshan e Siperstein, Nunes e Ferreira), questionam as abordagens conceituais em relação à deficiência mental e todos concordam que existe a necessidade de se proceder a uma análise com maiores debates entre os especialistas no assunto, pois acreditam que as alterações são importantes, mas também complexas".

    A Antropometria é a ciência que estuda e avalia as medidas de tamanho, peso e proporções corporais do corpo humano. É constituída de medidas de rápida e fácil realização, não necessitando de equipamentos sofisticados e de alto custo financeiro (FILHO, 1999, pg. 17). As medidas antropométricas devem ser feitas de forma correta, seguindo uma metodologia definida, a fim de que os resultados sejam claramente entendidos e possam ser igualmente utilizados por outros autores.

    Considera-se antropometria como método direto de avaliação do estado nutricional, ocupa-se da medição das variações na dimensões físicas e na composição global do corpo humano em diferentes idades e graus de nutrição (ANSELMO e BURINI, 1991), ou seja, através dela pode-se ter uma idéia do peso corporal, estatura e dobras cutâneas (GRANT et al., 1981). As vantagens das medidas antropométricas consiste em : baixo custo, simplicidade de equipamentos, facilidade de obtenção de resultados e confiabilidade no método, desde que executado e interpretado por pessoas experientes (GRANT et al., 1981; DRICOT D`ANS e DRICOT, 1992; MPASSAS, 1983; GUEDES, 1989, ANSELMO et al., 1992; MARCHINI et al., 1992).

    Segundo GARN (1962) citado por (GUEDES (1989), as medidas das dobras cutâneas devem ser tomadas sempre do lado direito do avaliado, com uma precisão mínima de 0,1 mm. Recomenda ainda uma série de três medidas sucessivas num mesmo local, considerando a média das três como sendo o valor adotado para este ponto.

    Todos os indivíduos possuem diferenças, mas mesmo assim essas diferenças não deveriam servir como rótulo, se observarmos dentro de um contexto histórico os indivíduos que não se enquadram dentro de um certo ¨padrão de normalidade¨ que a sociedade estabeleceu, tem sido perseguidos, humilhados ou até eliminados. Mesmo nos dias atuais indivíduos portadores de deficiência mental "Síndrome de Down", sofrem vários tipos de preconceitos , sendo deixados à margem da sociedade "dita normal".

    "Maestrello citado por FERREIRA (1997, p. 12), ressalta que, em anos mais recentes, a grande ênfase permanece sobre o papel social do deficiente mental e sobre as condições que propiciam seu ajustamento à comunidade. O deficiente mental deixa de ser visto como alguém a exigir cuidados especiais e separados, e passa a ser visto como integrante da comunidade como um todo".

    Dessa forma, mesmo considerando a significativa participação do componente genético em indivíduos portadores da Síndorme de Down, torna-se necessário admitir que os índices de estaturas podem sofrer profundas modificações em razão de condições ambientais adversas (FISCHBEIN, 1977), em vista disso, alguns pesquisadores tem advogado a utilização das informações relacionadas com o crescimento como uma manifestação biológica que possa refletir o grau de desenvolvimento tecnológico e sócio-econômico de uma comunidade específica (GOLDSTEIN & TANNER, 1980). A principal motivação para o estudo antropométrico em crianças portadoras da Síndrome de Down reside no especial interesse em se obterem informações quanto ao peso corporal, estatura e dobras cutâneas triciptal e subescapular.

    PITTETI (1994) diz que a prevalência da obesidade em pessoas com deficiência mental é ligeiramente maior que a população em geral.

    Em outro estudo (PITTETI, 1993) comenta que estas pessoas vivem sob restrições e limitações que devem ser superadas. Devido às diferenças em determinadas áreas, muitos deficientes mentais, ainda não subestimados, principalmente em relação aos esportes, e por falta de estímulos culturais e ambientais, que todas as crianças deveriam receber, tornam-se pessoas inativas e sedentárias, e passam a ser vistas dessa forma pela sociedade".

    Sendo assim, o objetivo desse estudo foi avaliar dados antropométricos de indivíduos com Síndrome de Down que participam do projeto AMA (Atividades Motoras Adaptadas) da UNIPAR - Umuarama e analisar os dados do presente estudo com informações produzidos em estudos de outro país.


2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

  • Avaliar, utilizando-se de uma abordagem transversal, os dados antropométricos de indivíduos portadores da Síndrome de Down na faixa etária de 07 à 11 anos de idade.


2.2. Objetivo Específico

  • Analisar os dados do presente estudo com informações produzidas em estudos de outro país.


3. Métodos


3.1. Delineamento do estudo

    Este estudo caracterizou-se como sendo de caráter descritivo, do tipo transversal, envolvendo variáveis que procuram identificar as características antropométricas de indivíduos portadores da Síndrome de Down que freqüentam o projeto Atividades Motoras Adaptadas da Universidade Paranaense.


3.2. Característica da população a ser estudada

    Optou-se por indivíduos que possuem a Síndrome de Down de ambos os sexos entre 7 a 11 anos de idade cronológica.


3.3. Seleção da amostra

    Os procedimentos de seleção da amostra obedeceu uma forma intencional de escolha, todos os indivíduos portadores da Síndrome de Down que participam do projeto AMA, constituindo-se de 14 indivíduos do sexo masculino agrupado por faixa etária, com idade entre 7 a 11 anos.


3.4. Coleta das informações

    Para atender os objetivos do estudo, a coleta de dados foi desenvolvida por abordagem transversal no período de um mês (agosto) no ano de 2003.

    As avaliações foram realizadas na Universidade Paranaense -UNIPAR, no laboratório de Atividade Física, Adaptação e Crescimento -LAFAC. Para proceder a coleta de dados, inicialmente foi solicitado autorização dos pais para permitir que o estudo fosse desenvolvido.


3.5. Variáveis do estudo

    Variáveis antropométricas de peso, estatura, IMC, as dobras cutâneas tricipital e subescapular.


3.6. Instrumentos

    Para a medida de estatura foi utilizado Estadiômetro de parede WCS com 220cm, com escala de precisão de 0,1 cm juntamente com um cursor.

    A medida de peso corporal foi realizada por uma Balança Plenna Lithium Digital mod. Luxo (de vidro) com precisão de 100 gramas.

    O índice de massa corporal (IMC) da amostra foi calculado pelo quociente peso corporal/estatura2, sendo o peso corporal expresso em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).

    A espessura do tecido celular subcutâneo, foi realizada por meio da utilização de um adipômetro científico do tipo CESCORF com precisão de 0,1mm. Para tanto, foram aferidas as dobras cutâneas subescapular (SE) e tricipital (TR), de acordo com as recomendações de SLAUGHTER et al. (1984).


4. Resultados e discussão

    A análise dos resultados deste estudo permitiu verificar a validade do problema apresentado. Foi feita de forma individual e apresentadas em tabelas e gráficos, contendo resultados dos sujeitos. A discussão têm como base os resultados encontrados nos testes aplicados.

    Vale ressaltar que, as comparações foram feitas com um estudo que avaliou crianças Americanas e com um número por volta de 4464 indivíduos portadores de deficiência mental leve, moderada e portadores da Síndrome de Down.. Está comparação foi realizada para se ter um parâmetro em relação as variáveis deste estudo.

Tabela 1. Valores Médios dos Resultados de Estatura(cm), Peso Corporal(kg), Dobra Cutânea Tricipital(mm) e Subescapular (mm), Comparados com o Estudo de EICHASTAEDT e LAVAY (1992) .


Fonte: Dados projeto Ama -2003 e EICHASTAEDT e LAVAY(1992)

Tabela 2. Valores da Estatística descritiva para os Dados Antropométricos dos Alunos Portadores da Síndrome de Down.


Analisando o peso corporal dos indivíduos de ambos os estudos, podemos concluir que o IMC tanto dos indivíduos do projeto AMA como do estudo comparativo estão dentro do padrão normal, mas por outro lado o IMC pode estar dentro da faixa de peso saudável, mas a gordura corporal pode estar acima do limite ideal.

    Quanto a estatura, conforme gráfico 1, pode-se concluir que os indivíduos avaliados apresentaram resultados semelhantes ao estudo comparativo somente aos 07 anos de idade. Porém, acredita-se que os resultados diferentes em relação as outras faixas etárias mais uma vez tenha sido um problema amostral entre os estudos comparativos.

Gráfico 1.

    Ao observar o gráfico 2, relacionado ao peso corporal, pode-se notar que os indivíduos do projeto AMA da Unipar Umuarama-PR., apresentaram valores heterogêneos ao estudo comparativo. Provavelmente estes valores diferentes ocorreram em razão por fator amostral.

Gráfico 2.

    Para as informações associadas s espessuras das dobras cutâneas triciptal, conforme o gráfico 3, percebemos mais uma vez que os resultados dos indivíduos avaliados do Projeto AMA apresenta uma diferença acentuada em relação ao estudo comparativo, e novamente acreditamos que tal fato, ocorreu em função da amostra que foi utilizada para o desenvolvimento do presente estudo.

Gráfico 3.

    As informações referentes às espessuras das dobras cutâneas subescapular, conforme gráfico 4, percebemos mais uma vez que os resultados foram diferentes, porém, somente na faixa etária dos 08 anos de idade os indivíduos do Projeto AMA, apresentaram valores superior ao estudo comparativo, e novamente acreditamos que tal fato ocorreu em função da amostra que foi utilizada para a realização do presente estudo.

Gráfico 4.


5. Conclusão

    A partir da realização do presente estudo, pudemos concluir que os alunos portadores da Síndrome de Down do projeto AMA da Unipar - Umuarama-PR. que foram avaliados apresentaram resultados diferentes ao estudo realizado por Eichastaedt e Lavay (1992), em todas as variáveis antropométricas, em conseqüência das características da Síndrome.

    Somente na faixa dos 07 anos de idade na variável estatura, os indivíduos avaliados apresentaram resultados semelhantes. Observou-se ainda, que os resultados obtidos com as avaliações, demonstraram diferenças quanto aos dados estudados, em função, provavelmente pela diferença de número de indivíduos avaliados em ambos os estudos.

    Acredita-se que o desenvolvimento desse estudo possa oferecer importantes informações quanto às características do peso corporal, estaturas e dobras cutâneas entre indivíduos portadores da Síndrome de Down, o que poderá contribuir de forma significativa para a ampliação de novos conhecimentos na área, tornando-se uma nova opção no auxílio a futuros estudos sobre o assunto.

    Concluindo, é necessário ainda, que novos estudos sejam realizados na tentativa de novas referências que possam contribuir para o desenvolvimento desta área, fornecendo informações mais precisas quanto aos aspectos antropométricos com crianças portadoras da Síndrome de Down.


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