Terceira idade: aptidão física de praticantes de hidroginástica |
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* Ms. em Ciência do Movimento Humano. Aluna do curso de Doutorado no Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano (PPGCMH) do CEFD/UFSM. **Acadêmico do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria. ***Acadêmica do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria. ****Prof. Dr. Titular do curso de Educação Física do CEFD/UFSM. |
Luciane Sanchotene Etchepare* luciane.etchepare@terra.com.br Érico Felden Pereira** ericofelden@yahoo.com.br Susane Graup*** susigraup@bol.com.br João Luiz Zinn**** (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 65 - Octubre de 2003 |
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Introdução
Os avanços das ciências e das condições médico-sanitárias têm aumentado cada vez mais a expectativa de vida das pessoas, e a tendência no país, é que cada vez mais cresça o número de idosos.
Segundo Meireles (1999) o processo de envelhecimento começa desde a concepção, então a velhice, é um processo dinâmico e progressivo em que há modificações tantos morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, ocasionado uma maior incidência de processos patológicos.
Para Zimerman (2000), o desgaste do organismo com o passar dos anos é inevitável, apesar da velhice não ser uma doença é uma fase na qual o ser humano fica mais suscetível a elas. Segundo Mazo (1998) o Brasil passa por um processo de envelhecimento populacional rápido. Estimativas apontam que, a partir do século XXI, o país terá a sexta maior população de idosos do planeta e o maior problema da velhice é que os idosos são discriminados, tidos como improdutivos e assim relegados ao esquecimento pela sociedade.
A prática de exercícios físicos é essencial em todas as fases de nossa vida e será ainda mais importante na 3ª idade onde há uma perda de aptidão física e conseqüentemente de saúde. A atividade física agirá positivamente a nível cardiorrespiratório e também nos sistemas e órgãos. Uma boa manutenção da massa muscular e óssea na terceira idade será imprescindível para uma autonomia de vida e para que o idoso continue produzindo e realizando suas tarefas diárias. Para Otto (1987) se quisermos saúde devemos desenvolver uma filosofia de vida voltada para as atividades físicas que devem fazer parte do nosso dia a dia.
Segundo Leite (1996) o treinamento físico pode imediatamente produzir uma profunda melhora nas funções essenciais para aptidão física do idoso colaborando para que haja menor destruição de células e fadiga, e o segredo de uma vida longa e sadia é, na verdade, uma fórmula simples, que combina a relação apropriada dos ancestrais, boa sorte e em grande parte adoção de um estilo de vida sadio. Contudo pode-se observar um ciclo vicioso, pelo qual o envelhecimento está associado a uma redução na atividade física. Com a inatividade ocorrem as seguintes modificações funcionais:
Aptidão física reduzida;
Perda dos reflexos posturais;
Metabolismo lipídico alterado;
Balanço nitrogenado negativo;
Perda de massa óssea;
Extração de cálcio (osteopenia).
Fisiologicamente, parece que, à medida que envelhecemos os indivíduos tornam-se menos semelhantes entre si. A diferença no estilo de vida se confunde com os efeitos do envelhecimento.
Muitas são as atividades físicas que podem ser indicadas para a terceira idade, principalmente a hidroginástica por ser uma atividade que causa um baixo impacto nas articulações e ajudará tanto a nível cardiorrespiratório como para uma tonificação muscular. Segundo Bonachela (1994) a hidroginástica é um programa ideal de condicionamento levando a uma boa forma física, tendo como objetivos, melhora da saúde e do bem estar físico-mental.
Para Leite (1996), o envelhecimento é um processo fisiológico geral, até agora pouco conhecido, afeta as células e os sistemas formados por elas, bem como os componentes teciduais como o colágeno. Atualmente é muito maior o número de pessoas com idade acima de 70 anos com saúde relativamente boa, levando vidas independentes e ativas.
Estudos recentes indicam que a maioria dos órgãos do corpo poderão funcionar quase tão bem na idade avançada como nos anos de juventude, entre aqueles que mantêm estilos de vida saudáveis. Entretanto, as doenças crônicas e as incapacidades tendem a se acumular em muitas pessoas à medida que envelhecem, impondo ameaças à sua independência.
Esta pesquisa justifica-se pela importância de realizar estudos sobre a influência da prática de exercícios físicos na terceira idade, já que, esta população está em constante crescimento, e comprovadamente necessita da atividade física para manutenção da qualidade de vida. Será importante verificar a influência da hidroginástica, por ser uma atividade cada vez mais prescrita, principalmente para a terceira idade, por crer-se que esta traga muitos benefícios para a saúde.
Vários idosos procuram a hidroginástica por suas vantagens para a saúde e também pelo prazer de uma atividade no meio líquido. A partir do exposto o objetivo deste estudo foi verificar qual o efeito da prática de hidroginástica sobre variáveis da aptidão física (flexibilidade, agilidade e equilíbrio estático) em mulheres da terceira idade.
Este estudo foi do tipo quase experimental, a amostra foi composta por 15 indivíduos do sexo feminino com mais de 55 anos, praticantes de hidroginástica do Núcleo Integrado de Estudos e Apoio a Terceira Idade - NIEATI, do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria e todos os componentes da amostra já estavam adaptados ao meio líquido. Foram realizados pré e pós testes após 20 sessões de hidroginástica. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados os seguintes testes com os respectivos protocolos: "sentar e alcançar" (AAHPERD, 1980) - para avaliar flexibilidade; "vai e vem" (AAHPERD, 1976) - para avaliar agilidade, "stork stand" (Johnson & Nelson, 1986) - para avaliar equilíbrio estático. Como tratamento estatístico foi utilizado um teste "t" para amostras dependentes para verificar se existem diferenças estatisticamente significativas entre pré e pós-testes.
Resultados e discussõesA partir do exposto serão apresentados os resultados do teste "t" de student em que será verificado se houveram diferenças significativas nas variáveis do estudo após 20 sessões de hidroginástica. A idade média dos sujeitos da amostra foi de 64,50+6,70, caracterizando desta forma mulheres na terceira idade.
Tabela 01 - Resultados do teste "t" para amostras dependentes referente a análise dos testes físicos.
* apresentam diferenças significativas para p<0,05
Através da tabela 01 podemos verificar que na variável flexibilidade houve uma melhora estatisticamente significativa , evidenciando o benefício da atividade física para um aumento da mesma.
O principal objetivo de se trabalhar flexibilidade é o de manter os músculos elásticos e em sua longitude normal, evitando o encurtamento. Recomenda-se trabalhar flexibilidade sempre que possível e regularmente, pois um bom nível de flexibilidade muscular evita problemas posturais e dores na região lombar, entretanto a falta de flexibilidade muscular aumenta o risco de lesões ao realizar qualquer esforço físico (Velert & Devís, 1992).
Tabela 02 - Resultados do teste "t" para amostras dependentes referente a análise dos testes físicos.
Na variável equilíbrio estático, exposta na tabela 02, podemos verificar que também houve um aumento estatisticamente significativo, podendo ser os deslocamentos e exercícios realizados dentro da água um dos prováveis causadores desta melhora.
Segundo Johnson & Nelson (1986), o equilíbrio é a qualidade física conseguida por uma combinação de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da gravidade. O equilíbrio estático pode ser definido como a qualidade física que capacita o indivíduo a permanecer em uma posição estacionária. A ação de equilibrar-se é de grande importância tanto na prática de hidroginástica como nas atividades diárias principalmente na terceira idade; um bom equilíbrio evitará quedas e por conseguinte fraturas.
Tabela 03 - Resultados do teste "t" para amostras dependentes referente a análise dos testes físicos.
Na tabela 03 pode-se verificar que apesar de haver uma melhora na qualidade física agilidade esta não foi estatisticamente significativa.
Segundo Sharkey (1998), a agilidade é a capacidade de mudar de posição e direção rapidamente, com precisão e sem perda de equilíbrio. A agilidade depende de força, velocidade, equilíbrio e coordenação. A agilidade é inegavelmente importante no mundo dos esportes, mas também é útil quando se pretende evitar lesões em atividades recreativas e em situações de práticas esportivas. Ela pode ser melhorada com prática e experiência.
Ao final do estudo chegamos às seguintes conclusões:
Em relação aos testes físicos, houve melhora em todas as qualidades físicas testadas. Nas qualidades físicas flexibilidade e equilíbrio estático houve uma melhora estatisticamente significativa o que demonstra que a hidroginástica rapidamente causa melhora nestas qualidades físicas. Na variável flexibilidade a flutuabilidade pode ser um dos fatores responsáveis por este aumento. A busca constante pelo equilíbrio na hidroginástica , devido aos movimentos da água e dos exercícios pode ser uma das causas da melhora na variável equilíbrio estático.
Quanto à variável agilidade apesar de haver uma melhora no pós-teste, esta não foi estatisticamente significativa, o que demonstra que 20 sessões de hidroginástica não são suficientes para que se tenham resultados significativos.
Sugerimos que se realizem novas investigações a cerca da relação exercício físico e terceira idade, já que o envelhecimento humano ainda necessita maior compreensão dos aspectos que o envolvem. Sugerimos ainda que se investigue o efeito da hidroginástica em outras variáveis da aptidão física em relação a terceira idade.
Conclusões e sugestões
Referências bibliográficas
AAHPERD. Youth Fitness Test Manual. Reston, VA: AAHPERD, 1976.
_____ Health related physical fitness test manual. Reston, American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance, 1980.
BONACHELA, V. Manual Básico de Hidroginástica. Editora Sprint Ltda, 1994.
JOHNSON, B. L. & NELSON, J. K. Pratical measurements for evaluation in physical education. 4 ed. Edina, MN: Burgess Publishing, 1986.
LEITE, P.F. Exercício, envelhecimento e promoção de saúde. Belo Horizonte. Health, 1996.
MAZO, G, Z. Universidade e terceira idade : percorrendo novos caminhos. Santa Maria : Nova Prova, 1998.
MEIRELES, M. E. A. Atividade Física na 3ª Idade: uma abordagem sistêmica. 2ª edição. Editora Sprint. Rio de Janeiro, 1999.
OTTO E. Exercícios físicos para a terceira idade. São Paulo. Manole, 1987.
SHARKEY, B. J. Condicionamento físico e saúde. 4. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
VELERT, C.P. & DEVIS, J.D. Una propuesta escolar de educación física y salud. In: DEVIS, J.D. & VELERT, C.P. 1 ed. nuevas perspectivas curriculares en educación física: la salud y los juegos modificados. Barcelona: INDE publicaciones, 1992.
ZIMERMAN, G. I. Velhice aspectos biopsicossociais. Porto Alegre. Artes Médicas, 2000.
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digital · Año 9 · N° 65 | Buenos Aires, Octubre 2003 |