efdeportes.com
Influência da idade sobre os valores de
pressão arterial e freqüência cardíaca, em repouso

   
* Centro Universitário Moura Lacerda - Curso Educação Física
e Faculdades Integradas Toledo de Araçatuba
** Faculdades Integradas Toledo de Araçatuba

 
 
Sérgio Tumelero**
Manoel Ferreira dos Santos Jr.*
Neusa Clementina Rosa Nunes*

tumelero.prof@toledo.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    A pressão arterial (PA) e a freqüência cardíaca (FC), são parâmetros importantes na avaliação do sistema cardiovascular, pois suas adequadas manutenções são fundamentais para permitir a realização das trocas de nutrientes e excretas apropriadas ao funcionamento do organismo. Assim, a aferição da PA e da FC representa importante indicador das condições de saúde de uma população. O objetivo deste trabalho foi o de investigar os valores de PA e FC em repouso dos alunos dos cursos de graduação das Faculdades Integradas Toledo de Araçatuba. Participaram da avaliação 262 indivíduos, e que foram separados por faixa etária: até 25 anos (grupo I), de 25 à 35 anos (grupo II), acima de 35 anos (grupo III) e um grupo total (grupo IV). Quanto aos resultados observamos que: principalmente nos indivíduos do sexo masculino quanto maior a idade mais elevados são os valores de PA e mais baixos são os valores para a FC.
    Unitermos: Freqüência cardíaca. Pressão arterial. Exercício físico
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 60 - Mayo de 2003

1 / 1

Introdução

    Uma condição básica para a sobrevivência do ser humano é a manutenção de um nível adequado de pressão arterial que seja capaz de nutrir os tecidos em condições, que variam desde o sono ou repouso, até o exercício físico, trabalho ou situações de estresse.

    Visando à manutenção da homeostasia do sistema circulatório, os dois principais objetivos dos mecanismos de regulação do sistema cardiovascular são: a manutenção da pressão arterial num nível relativamente constante e a adaptação do fluxo sangüíneo às diferentes demandas metabólicas.

    A pressão arterial também é influenciada pelos mesmos fatores que fazem oscilar as demandas metabólicas. No entanto, para a manutenção da homeostasia cardiovascular, é extremamente importante que a pressão arterial seja mantida em um nível relativamente constante. Sabe-se que a manutenção da equilíbrio desta variável depende da freqüência cardíaca, do volume sistólico e da resistência periférica vascular (TUMELERO, 1999).

    O sangue exerce pressão em todo o sistema vascular, mas ela é maior nas artérias, onde é mensurada e utilizada como indicadora de saúde. A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes arteriais, determinada pela quantidade de sangue bombeado e pela resistência ao fluxo sangüíneo (POWERS, 2000).

    A pressão arterial normal de um homem adulto é de 120/80, enquanto a das mulheres adultas tende a ser mais baixa (110/70).

    Causas dos acontecimentos de aumento da pressão arterial estão representados no esquema abaixo.


    15% a 20% dos brasileiros sofrem de hipertensão, muitas vezes sem saberem e são candidatos a sofrerem um derrame. Se olharmos isoladamente para alguns setores da população, como os homens e os negros, este índice é ainda maior. Vários remédios e métodos são eficazes na redução da pressão arterial, o problema são os efeitos colaterais provocados. Por isso, profissionais da área vêm tentando explorar ao máximo a chamada "abordagem não farmacológica" do problema, o que significa substituir, ou pelo menos aliar aos remédios, tratamento à base de dieta (diminuição do sal) e exercícios do tipo aeróbio (caminhada, bicicleta, natação etc.) (TUMELERO, 1999).

    Para LAZZOLI (1997), a vida moderna, com o desenvolvimento tecnológico e de comunicações, faz com que o homem pratique menos esforço físico, facilitando a vida das pessoas e lhes oferecendo mais conforto. Entretanto, este mesmo conforto está conduzindo a população à prática do sedentarismo.

    Muitas pessoas acreditam que somente suas atividades domésticas, de trabalho, ou mesmo a prática esporádica de esportes, podem protegê-las das doenças associadas ao sedentarismo, mas estão enganadas. A prática de atividades físicas precisa ser diária, regular e controlada para surtir seus efeitos positivos e não ser inócua à saúde, constituindo uma prática sedentária de vida. A grande maioria das pessoas sempre encontra uma boa desculpa para não fazer exercício: falta de tempo, não gostar; achar que faz mal, não saber onde praticar, ter problemas físicos.

    Conforme melhora-se o condicionamento físico e, mais especificamente, a resistência cardiorrespiratória, várias mudanças fisiológicas ocorrem. Há, sobretudo, um aumento na sua capacidade de transportar e absorver oxigênio, isso quer dizer que, uma pessoa bem treinada consome mais oxigênio do que uma sedentária, sendo capaz de cansar-se menos e consegue se exercitar por um período maior de tempo, de forma mais intensa, gastando mais calorias.

    Como se poderia supor, no coração intacto, as modificações na freqüência influenciam acentuadamente o desempenho cardíaco. Em repouso, a freqüência cardíaca é regulada pelo sistema nervoso parassimpático (GHORAYEB, 1997).

    Foi somente após o inicio dos anos 90 que a atividade física e o exercício foram reconhecidos formalmente como fatores que desempenham um papel essencial no aprimoramento da saúde e no controle da doença. Esse conhecimento está associado com dois problemas importantes. Primeiro e de maior importância, reconhecer a evidência cientifica incontestável que vincula a atividade física regular com a prevenção tanto primária quanto secundária da doença.

    O processo natural de envelhecimento está associado a importantes alterações estruturais e funcionais do coração, que devem ser distinguidas daquelas desencadeadas por processos patológicos, como a doença arterial coronário e/ou das provenientes do estilo de vida sedentário.

    O enrijecimento da parede arterial parece ser o evento primário, a partir do qual desencadeiam-se as alterações cardíacas, estruturais e funcionais, que acompanham o processo natural de envelhecimento. O depósito de cálcio associado a modificações na natureza do colágeno e da elastina, na camada média vascular, aumentam a rigidez da parede arterial, manifestando-se clinicamente com elevação na pressão arterial sistólica.

    O enchimento ventricular encontra-se reduzido na fase inicial da diástole, e permanece inalterado em sua fase final, graças a maior participação do átrio esquerdo no enchimento ventricular. No entanto, tal redução não representa significado clínico em repouso (GHORAYEB, 1997).

    A mensuração da freqüência cardíaca nas condições de repouso fornece seguras informações acerca da condição do indivíduo, bem como dos processos de ajustes autonômicos. A oscilação da freqüência cardíaca ocorre em função de uma série de eventos: atividade intelectual, estresses diversos, variações térmicas, taxa de metabolismo, variações hormonais e circadianas, além do grau de treinamento físico (SCHEUER, 1977: BLOMQVIST, 1983).


Objetivos

    Realizar avaliação de pressão arterial e freqüência cardíaca em estudantes Universitários das Faculdades Integradas Toledo de Araçatuba, de diversos cursos e com diferentes faixas etárias.

    Realizar uma comparação por faixa etária e sexo dos valores de pressão arterial e freqüência cardíaca de repouso.


Metodologia

    A avaliação consistiu em uma única aferição da pressão arterial e da freqüência cardíaca, em repouso.

    Participaram das avaliações 262 indivíduos (169 feminino e 93 masculino), com faixa etária média de 23 anos para o feminino e de 24.7 para o masculino.

    Todos os avaliados foram separados por sexo e faixa etária, nas seguintes categorias: até 25 anos (grupo I), de 25 à 35 anos (grupo II), acima de 35 anos (grupo III) e um grupo total (grupo IV).


Resultados

    Quando observamos os valores de pressão arterial, tanto sistólica quanto diastólica, observamos que os valores, em todas as faixas etárias são superiores para o masculino, quando comparados aos valores do feminino, sendo estatisticamente significantes para até 25 anos, de 25 à 35 e no geral. Para idades acima de 35 os valores para o masculino foram superiores, porém sem apresentar diferenças estatisticamente significantes. Os valores para a pressão arterial sistólica estão representados no gráfico I. Os valores para a pressão arterial diastólica estão representados no gráfico II.


Gráfico I: Valores de pressão arterial sistólica, em repouso.


Gráfico II: Valores de pressão arterial diastólica, em repouso.

    Comportamento oposto aos valores da pressão arterial, ocorreu para os valores de freqüência cardíaca, onde estes valores foram superiores, em todas as faixas etárias para o feminino, quanto comparados aos valores do masculino. Para faixa etária até 25 anos e no total, os valores foram significativamente superiores para o feminino. De 25 a 35 anos e acima de 35 anos, apesar de superiores os valores não foram estatisticamente significantes. Estes valores estão representados no gráfico III.


Gráfico III: Valores da Freqüência Cardíaca, em repouso.


Conclusões

    Observa-se uma tendência bastante grande de que os valores de pressão arterial são superiores no homem quando em comparação as mulheres.

    Estes valores podem estar associados a alguns fatores, como: falta de exercícios físicos, má alimentação e obesidade, características com cuidados muito mais acentuadas em mulheres.

    Quando observamos os valores de freqüência cardíaca observamos uma superioridade para o sexo feminino. Esta superioridade pode estar relacionado as diferenças hormonais observadas em ambos os sexos.


Referências bibliográficas

  • BLOMQVIST, C.G.; SALTIN, B. Cardiovascular adaptations in physical training. Ann. Rev. Physiol. 1983.

  • FALUDI, A.A., MASTRACOLLA, L.E., BERTOLAMI, M.C. Atuação do Exercício Físico sobre os fatores de risco para doenças cardiovasculares. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo. jan/fev 1996.

  • GALLO Jr, L., CASTRO, R.B.P., MACIEL, B.C. Exercício Físico e Hipertensão. Em "Hipertensão Arterial". Editores: Amodeo, C., Lima, E.G., Vazquez, E.C. Publicação oficial do departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Editora Saraiva - SP: SARVIER. 1997.

  • GHORAYEB, N.; BARROS, T. L. O Exercício - Preparação Fisiológica, avaliação médica - Aspectos Especiais e Preventivos. Ed. Atheneu, São Paulo, 1997.

  • LAZZOLI, J.K. Sedentarismo x atividade física: uma questão de saúde pública (editorial). Rev. Bras. Med. Esporte, 1997.

  • POWERS, S.K.; HOWLEY, E.T. Fisiologia do Exercício - Teoria e Aplicação ao Condicionamento e ao Desempenho. Manole, 2000.

  • TUMELERO, S.; GALLO JR. L. Estudo do Comportamento da Freqüência Cardíaca e da Pressão Arterial Sistêmica em Diferentes Inclinações do Decúbito Dorsal em Indivíduos Normais. Dissertação Mestrado, Campinas, 1999.

Outro artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
http://www.efdeportes.com/ · FreeFind
   

revista digital · Año 9 · N° 60 | Buenos Aires, Mayo 2003  
© 1997-2003 Derechos reservados