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Avaliação psicossocial de atletas de handebol juvenil da cidade de Santa Maria - RS |
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* Professor de Educação Física / Especializando em PPGCMH da UFSM ** Professor de Educação Física *** Doutoranda do PPGCMH da Universidade Federal de Santa Maria **** Professor Doutor em Medidas e Avaliação, professor titular da universidade Federal de Santa Maria e Coordenador do Laboratório de medidas e Avaliação em Educação Física da UFSM. Universidade Federal de Santa Maria/Centro de Educação Física e Desportos |
Cassiano Ricardo Rech* Anderson Daronco** Luciane Sanchotene Etchepare*** João Luiz Zinn**** crrech@hotmail.com (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 60 - Mayo de 2003 |
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Considerações iniciais
Os esportes têm se desenvolvido cada vez mais com o passar dos anos, o desenvolvimento deve-se a vários fatores de intervenção na performance tanto física, psicológica e de valorização social que o esporte atingiu (Weineck, 1999).
O esporte é um fenômeno que chama a atenção dos indivíduos no universo da sociedade contemporânea. O modelo social inclui, entre outras instituições, a família, a escola, o clube esportivo, os quais afetam os indivíduos em relação às suas potencialidades e à sua formação esportiva. O dinamismo destes fatos está relacionado com os acontecimentos que envolvem a vida esportiva dos atletas e a participação/atuação dos adultos no ambiente esportivo (Simões et al., 1999).
O esporte espetáculo incentiva as potencialidades dos indivíduos para o esporte de alto rendimento, estimulando-os para tornarem-se bons atletas, relacionando deste modo o processo da orientação educativa esportiva nas escolas, o estímulo social, e o papel que os pais podem desempenhar para que seus filhos atinjam esses objetivos. Esse processo leva aos problemas referentes aos aspectos social e funcional das práticas esportivas (Simões et al., 1999).
Segundo Lima (1990), o indivíduo que compete é submetido a inúmeras exigências, inclusive as sociais, tendo em vista que os indivíduos se expõem ao julgamento dos demais. Esta situação tem conseqüências educacionais e pode estar presente no processo de formação e desenvolvimento das habilidades esportivas. O nível de orientação educacional e esportiva inclui uma questão psicossocial fundamental no comportamento esportivo, já que são colocados diante de possibilidades de fracasso em qualquer momento do processo de formação e desenvolvimento dentro do cenário das práticas esportivas.
O incentivo dos familiares é fundamental: em si, é demasiado complexo; depende de diversos fatores diretamente relacionados construtivamente em termos das necessidades dos familiares e das necessidades dos familiares e das crianças/adolescentes. Não há dúvidas de que um dos papéis essenciais do pai e da mãe seja o de incentivar as crianças no sentido de participarem do esporte e, assim, dar a eles mais estreita cooperação, e de tal modo acelerar a sua prontidão esportiva, sua maturidade e uma grande variedade no mundo dos campos, quadras, pistas e piscinas. É fundamental saber quais são os tipos de apoio que estes jovens recebem da família, nessa expectativa de todos conseguirem seus objetivos. O incentivo é uma tarefa social, mais que uma questão esportiva (Simões et al., 1999).
Barbanti (1992) relata que a competitividade infantil pressiona demais os jovens sob o ponto de vista físico, e psicologicamente, colocam o comportamento dos adultos como maléficos quando enfatizam demasiadamente as vitórias. Esse objetivo leva a família, professores/técnicos a "pressionarem" a participação dos jovens no esporte de competição. Introduzidos nas escolas com o objetivo de uma melhora das qualidades físicas e interação social dos indivíduos, é através dos jogos que os alunos percebem as primeiras regras que vão fazer parte de toda a vida das pessoas.
O primeiro passo quando se pensa em planejar um plano de aula ou um plano de treinamento para uma equipe, deve-se conhecer as pessoas para a qual se está propondo estas atividades. Existem muitos métodos para reconhecermos a situação atual da equipe ou de atletas individualmente, foram desenvolvidas baterias de testes físicos e motores que dão ao técnico ou professor informações sobre a situação física e técnica dos indivíduos, também surgiram testes ou avaliações psicológicas para ajudar a entender o comportamento dos atletas De Rose Junior, (1992).
Mais recentemente foi desenvolvido pelo professor e psicólogo Samulski apud Grego (2000), uma avaliação psicossocial de atletas de handebol, com a finalidade de analisar a estrutura e expectativa destes jovens atletas com desporto.n Toda esta avaliação acredita-se que contribuem de uma forma concreta para o planejamento e desenvolvimento das atividades propostas. Sendo que o técnico pode encontrar a partir desta avaliação aspectos que identifiquem muitas respostas, como por exemplo, o fato de uma fraca performance nos treinos.
Com este pensamento e justificativa nos propomos a avaliar e analisar a situação psicossocial de atletas de handebol, pois acreditamos que isso colabora em muito para uma melhora na performance e uma melhor intervenção social do professor ou técnico para com seus atletas.
Analisar os objetivos e metas dos atletas com a prática do handebol, os fatores que facilitam ou dificultam sua vida como atleta, que tipo de apoio o atleta recebe, identificar a sua autopercepção no esporte competitivo, quais motivos que mantém os atletas praticando esportes e quais motivos podem levar o atleta a abandonar o esporte, são de extrema importância para treinadores, pais e todos aqueles que norteiam a vida desportiva destes jovens. Desta forma, este estudo teve como objetivo identificar o perfil psicossocial de atletas juvenis de handebol da cidade de Santa Maria - RS.
MetodologiaEsta pesquisa caracterizou-se como descritiva, pois descreveu sistematicamente os perfis psicossociais de atletas juvenis de handebol, do sexo masculino. A amostra foi constituída de 30 atletas de equipes de categoria juvenil masculino, com idade entre 15 a 17 anos, de handebol da cidade de Santa Maria - RS. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se o Questionário de avaliação psicossocial de atletas de handebol, elaborado por Samulski et al. (1998). Para a coleta de dados, foi marcada uma data para preenchimento dos questionários antes do período de competição. Os atletas foram informados sobre o objetivo do estudo e foram feitas as devidas explicações sobre o instrumento de coleta de dados, a seguir os mesmos responderam as questões, podendo em caso de dúvida, interpelar com o avaliador.
Foi utilizada uma estatística descritiva dos resultados, bem como, uma análise quantitativa baseada em freqüência e percentagem de respostas, e uma análise qualitativa, para a interpretação das mesmas.
Análise e Discussão dos ResultadosOs dados coletados dos atletas de handebol foram estratificados em grupos de interesses de perguntas e respostas para uma melhor visualização do leitor, sendo que a tabela 01 apresenta os valores percentuais, referentes aos principais agentes auxiliadores no início da carreira esportiva de competição.
Tabela 01 - Apresenta os valores percentuais de quem, principalmente, motivou a praticar esportes?
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Conforme a Tabela 01, verificou-se que os amigos são quem mais motivam os atletas a praticar esportes, com 40% das respostas. Denotou-se também, um alto incentivo daquelas pessoas que já estão envolvidas no meio esportivo, ou seja, os professores e os técnicos, que apresentaram 20% e 26,67% das respostas, respectivamente. Por ouro lado, verificou-se ainda, que para estes atletas, a família pouco motivou para a prática esportiva, com os pais recebendo 13,33% das respostas e os irmãos nenhuma resposta.
É possível notar um aspecto de que a influência causada pelas amizades perfaz laços afetivos importante nesta fase de desenvolvimento do ser humano, a partir disto torna-se necessário uma intervenção e acompanhamento das amizades e relacionamento de alunos a fim de observar possíveis mudanças de comportamento ou relacionamento com certas situações sejam de treino ou na ambiento geral de vida do aluno.
A tabela 02 apresenta os valores percentuais sobre o tipo de apoio recebido pelos atletas de sua família. Podemos observar que os atletas relataram receber muito apoio no que diz respeito à conversa sobre problemas gerais com 53,33 % dos atletas. O incentivo para treinar e competir é outro fator no qual os atletas informaram receber muito apoio da família com 46,67% das respostas. Por outro lado, 33,33% dos atletas relataram receber pouco apoio da família no acompanhamento e apoio na competição e ajuda em situações de fracasso.
Segundo Brustad (1992) a relação entre competição e suas contradições com a vida escolar faz principalmente que os pais tenham receio do esporte de competição, elegendo o mesmo como a causa de fracasso no âmbito escolar.
Tabela 02 - Valores percentuais sobre que tipo de apoio os atletas recebem de sua família?
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Um dos principais aspectos relacionados como pouco apoio por parte da família foi com relação aos casos de fracasso, e aqui relacionamos os aspectos como derrota, que pode ser coletiva (equipe) ou mesmo individual, ou seja, a equipe vence, no entanto, um dos atletas não atinge seus próprios objetivos (ser titular) este aspecto na maioria das vezes não é observado e passa a ser encarado como desmotivação por cansaço ou desinteresse. Nos reportando as considerações De Rose Junior (1992), entendemos que a criança como o jovem pode e dever apresentar seus limites de superação que devem ser avaliados em conjunto com professores, técnicos e pais, a fim de eleger não o caminho para o jovem seguir, mas sim estar presente sempre.
Tabela 03 - Valores percentuais sobre o que os atletas gostam de fazer fora do horário de treinamento?
Através da Tabela 03 podemos verificar que, os atletas mais gostam de fazer fora do horário de treinamento é namorar com 86,67% das respostas, como também gostam muito de sair e conversar com amigos e viajar, sair de férias, ir à praia com 60% das respostas. Por outro lado, 33,33% dos atletas informaram não gostar de estudar, ler livros e fazer cursos.
A fala de interesse pela leitura ou escrita pode ser um exemplo de eficácia do modelo de Avaliação Psicossocial desenvolvido em 1998 (Samuski et al., 1998), pois permite localizar u ponto que pode ser trabalhão pela comissão técnica para fazer com que o aluno que goste do esporte, inicie seus estudos de leitura nas áreas de interesse (história do esporte, o esporte na olimpíada, etc..), são mecanismos que podem auxiliar no desenvolvimento pleno do atleta enquanto individuo.
Tabela 04 - Quais fatores facilitam sua vida como atleta, atualmente?
De acordo com a Tabela 04, denota-se que as pessoas que estão intimamente ligadas aos atletas, como a família, os amigos e o técnico, facilitam a vida esportiva dos atletas atualmente. Para 53,33% dos atletas a família facilita este processo, para 60% dos atletas os amigos facilitam muita sua vida como atleta, bem como, 73,33% dos atletas consideram que o técnico facilita muita sua vida esportiva. Alguns outros fatores, também facilitam muita a vida esportiva dos atletas, entre eles, condições de treino, força de vontade, motivação, saúde e características pessoais. Por outro lado, 73,33% dos atletas apontaram o patrocínio como um fator que não facilita sua vida esportiva e 33,33% respondem que o colégio não facilita sua vida como atleta.
A tabela 05 traz os fatores que dificultam a vida como atleta. Observa-se que o colégio, para 40% dos atletas, dificulta este processo, enquanto que 40% dos atletas respondem que o fator patrocínio dificulta muita sua vida como atleta. Denota-se também, que para a grande maioria dos atletas, todos os outros fatores não dificultam sua vida como atleta atualmente.
Tabela 05 - Quais fatores dificultam sua vida como atleta, atualmente?
Mais uma vez observa-se, que a relação entre educação e competição apresenta-se como conflitante uma vez que as atividades escolares são tidas junto com a fala de incentivo as principais dificuldades de competir, ou seja, a obrigação com provas, trabalhos estudos extras comprometem a eficiência da performance pela diminuição do tempo de treino. Brown & Grineski (1992) e Go Tani, Teixeira & Ferraz (1994), consideram este como um ponto crucial que deve ser discutido com pais, professores e educadores, a fim de propiciar um estado harmônico de conveniência do esporte na escola.
Tabela 06 - Avaliação perceptiva na escala de 1 a 10 sobre alguns fatores inerentes à pratica esportiva
De acordo com a Tabela 06, pode-se denotar que grande parte dos atletas avalia com o valor 10, alguns aspectos como seu esforço geral (53%), sua motivação para treinar (40%), sua capacidade de superar novos limites (47%), seu relacionamento com técnico (73%), relacionamento com os companheiros (67%) e seu relacionamento com familiares (53%). Por outro lado, 33% dos atletas avaliam com o valor 01 o grau de dificuldade do esporte.
Tem-se neste contexto uma relação onde observa-se, que os atletas buscam ter uma preparação ótima para estarem bem preparados para as competições, no entanto todos entendem a complexidade e dificuldade que o esporte em questão apresenta.
Tabela 07 - Valores percentuais dos motivos que mantém os atletas na prática esportiva
Outros aspectos analisados foram os motivos que mantém os atletas praticando esportes. A tabela 07, demonstram que são fatores decisivos para a prática esportiva: prazer da prática do esporte (60%), aprender novos movimentos e técnicas esportivas (66,67%), aumentar seus conhecimentos no esporte (73,33%), gostar de competir (66,67%), conhecer seus limites (53,33%), gostar de desafios (53,33%), incentivo da família e amigos (46,67%) e viajar, conhecer outras pessoas e amigos (73,33%). Já no fator retorno financeiro, os atletas (53,33%) relatam que este motivo não ter importância para os manter praticando esportes.
A partir deste contexto temos um quadro onde observa-se que o atletas apontam com principal fator de continuar praticando o esporte, o prazer em praticar a modalidade esportiva, melhorar a sua performance e outros fatores que fazem este atletas se destacarem entre os outros no cenário esportivo, muitas vezes isto é buscando par se conseguir uma ascensão social mais acelerada.
Tabela 08 - Valores percentuais dos motivos que podem levar os atletas a abandonar a prática esportiva
Para a maioria dos atletas os motivos citados na Tabela 08 não têm importância para o abandono do esporte. Sendo que os problemas relacionados à saúde tornan-se os decisivos para continuar praticando o esporte, muitas vezes para estes atletas a questão de continuar na modalidade é somente competindo. Outros aspectos observados foram conflito com familiares e falta de sucesso e falta de contatos sociais, ou seja, quando as derrotas não abrem portas ou contatos este atletas podem perder o "prazer" de competir e abandonar o esporte.
Conclusão
Contudo, concluí-se que, os atletas avaliados apresentam como principais suportes de sustentação para o esporte a família, os amigos e professores e técnicos. No entanto a falta de patrocínio pode ser um fator fundamental para o sucesso dos atletas, aliados a um bom condicionamento físico e ausência de lesões.
Por fim, pode entender que estes atletas apresentam condições sociais individuais e devem receber tratamentos ou atenções diferenciadas para os diferentes tipos de problemas. Também fica evidente que o sucesso de um equipe passa pela união entre a comissão técnica e auxilio dos professores da escola e principalmente dos pais, que tem um papel fundamental, na construção da personalidade, seja em casos de vitória ou derrotas (coletivas ou individuais).
Referência bibliográfica
BARBANTI, V.J. A criança e o esporte competitivo. In: Simpósio de Psicologia do Esporte, São Paulo, 1992. Anais. São Paulo, EFE/EEFE, 1992.
BROWN, L. & GRINESKI, S. Competion in physical educacion contradiction? Journal of Physical Education, Recreation & dance, v.3, p.77, 1992.
BRUSTAD, R.J. Integrating socialisation influences into the study of children's motivation sport. Journal of Sport & Exercise phychology, v.14, p.59-77, 1992.
De ROSE JUNIOR, D. Considerações sobre a participação de criança no processo competitivo. IN: Simpósio de Psicologia do esporte, p. 26-33. São Paulo, 1992.
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LIMA, T. Os limites da alta competição. Revista Horizonte, v.8, n.39, 1990.
SIMÕES, A. C.; BOHME, M. T. S. & LUCATO, S. A participação dos pais na vida esportiva dos filhos. Revista Paulista de Educação Física. V. 13, n.1, janeiro/junho, 1999.
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WEINECK, J. Treinamento Ideal. São Paulo: ed. Manole, 1999.
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revista
digital · Año 9 · N° 60 | Buenos Aires, Mayo 2003 |