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O treinamento físico na criança e no adolescente
Prof. Ricardo Valente

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 54 - Noviembre de 2002

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    Entre a pubescência e a adolescência, com o aumento de força máxima e rápida faz-se presente, principalmente nos meninos onde a ação da testosterona é evidente, o treinamento da velocidade é plenamente indicado, inclusive com base anaeróbica, alcançando índices bem próximos aos alcançados pelos adultos. Como treinamento da velocidade, nesta faixa etária, o uso de métodos com repetições e de intervalos curtos, com a compactação da carga conforme a idade, garantindo assim a obtenção de energia aláctica (Koinzer, 1978 apud Weineck, 1991).


Força

    Gropler & Thiess (1975), citados por Weineck, 1991 caracterizam o treinamento de força como essencial no desenvolvimento do indivíduo, pois se não estimulados quando jovens, talvez não alcance seu capacidade potencial de desempenho. Weineck coloca que, o treinamento de força deve ser realizado em todas as faixas etárias respeitando sempre as cargas adequadas à cada idade, até porque a criança e o adolescente tem menor capacidade de suportar carga (Bringmann,1973 apud Weineck,1991).

    Estudos realizados nos Estados Unidos e citados por Siegel,1989 ( New England Medicine Fitness), com vários grupos de pré-adolescentes utilizando programas variados, inclusive adaptados para faixa etária, demonstrou um ganho de força considerável naqueles que adotaram uma média duração e intensidade, freqüência e técnicas de execução relativas ao treinamento de adultos.

    Estes estudos estão de acordo com o pressuposto por Komade apud Weineck (1991), que situa a faixa etária estudada como propícia ao treinamento de força, já que nesta fase existe um aumento de força natural, estes treinamentos devem sempre evitar a sobre carga atuando sobre a coluna vertebral. Esta sobre carga na coluna vertebral deve ser evitada, pois podem causar alterações negativas, Gettman apud Siegel (1989) aconselha a utilização de programas em circuito, com níveis médios de carga e limites de repetições sempre que possível utilizar a carga corporal. A NSCA (National Strength and Conditioning Association) aconselha períodos de longa duração, para o treinamento de força, incluindo no programa a resistência aeróbica, e a atividade esportiva. Totten apud Siegel (1989) acrescenta que a diversão é indispensável no treinamento, pois a criança é imatura psicologicamente.

    Na adolescência os métodos com cargas de treinamento para adultos, são utilizados normalmente, respeitando sempre os princípios básicos do treinamento de força, que prevê o aumento contínuo e gradativo da carga (Weineck,1991).


Mobilidade

    Segundo Weineck (1991), a mobilidade desenvolve-se inversa ao crescimento, ou seja, no início (idades iniciais) se tem mais mobilidade, não necessitando um treinamento específico, conforme se vai crescendo a mobilidade vai diminuindo, tornando-se necessário seu treinamento nas idades mais avançadas, pubersência e adolescência.

    Meinel apud Weineck (1991), diz que em idade pré-escolar, a mobilidade do indivíduo apresenta-se de maneira tão boa que é desnecessário o treinamento específico. A partir da primeira infância escolar, certos pontos articulares apresentam uma diminuição da sua capacidade, como a articulação do quadril, Meinel apud Weineck (1991), em contra partida a coluna vertebral atinge sua maior capacidade por volta dos 8-9 anos, segundo Fomin & Filin apud Weineck (1991).

    O treinamento específico de a mobilidade articular, deve-se apresentar por volta da pubersência e mais enfaticamente na adolescência, pois encontramos alterações significativas na altura e na capacidade de flexão muscular, que não acompanha o crescimento acelerado. Este treinamento deve conter precauções pertinentes a fragilidade de algumas partes do corpo como o quadril e a coluna vertebral.

    Na adolescência a adoção do treinamento prescrito para adultos e plenamente entendido e aceito pelos jovens em suas condições fisiológicas normais, principalmente no final desta faixa etária, por volta dos 18-22 anos (Harne, 1976 apud Weineck,1991) , onde ocorre a finalização do crescimento de altura e a ossificação.


Coordenação

    Israel apud Weineck (1991), não prevê idade inicial para o treinamento das habilidades coordenativas e condicionadas, pois o organismo já está preparado bem antes para coordenação do que para o desempenho físico.

    De acordo com Weineck (1991), um vasto repertório de ações coordenativas deve ser privilegiado na idade pré-escolar, com exercícios de fácil execução, conjugando habilidades motoras, um pouco mais complexas já na 1ª infância escolar, conjugadas com seqüências objetivas e de rápida execução (Urgerer apud Weineck,1991). O final desta fase Weineck, indica como a melhor para aprendizagem motora, isto deve-se pela melhora do controle corporal e coordenação motora (Meinel apud Weineck,1991), bem como pela diferença temporal, de reação e ritmo. O ajuste corporal, torna-se fator de diminuição da capacidade de realização de movimentações mais finas, perdendo em qualidade, mas não interferindo diretamente nas ações já automatizadas, isso ocorre durante a pubersência, segundo Brandt apud Weineck (1991), onde deve ser repetido movimentações já adquiridas, aperfeiçoamento de técnicas esportivas dominadas (Meinel apud Weineck,1991).

    Mais adiante, com o desenvolvimento normal do indivíduo, a adolescência permite novamente uma fase de aprendizagem de novas técnicas motoras, isso devido a melhora do controle corporal e de reorganização (Weineck,1991).

    O fato é: a criança e o adolescente devem ter uma atenção especial em relação ao planejamento e prescrição do treinamento físico. Isto é, não podemos simplesmente direcionar treinamentos prescritos a adultos, sem realizarmos as devidas alterações levando-se em consideração as características da faixa etária treinada.

    Desde o nascimento a criança movimenta-se, ocorrendo uma série de alterações fisiológicas gradativas. Com isso é imprescindível o estudo detalhado de cada idade de desenvolvimento, para que o treinamento seja apropriado, alcançando seus objetivos de maneira a não causar danos a saúde, que geralmente manifestam-se já idade adulta.

    A Escola, neste universo, tem papel fundamental, pois é nela que os primeiros e mais importantes estímulos são projetados e deve ser nela que a criança e o adolescente adquirem hábitos saudáveis. Ela tem a obrigação de oferecer um programa de Educação Física e Desporto adequado à realidade momentânea do aluno, privilegiando tarefas e momentos de estimulação esportiva voltados a sua formação global.

    Se a Escola não cumpre esta função, e a cada dia o espaço para prática de atividades físicas está mais reduzido qual será o futuro psicomotor dos jovens ?

    Cabe a nós, profissionais da área da saúde que trabalham diretamente com esta faixa etária e que procuram qualificar sua práxis, encontrar a saída, mesmo com a carência de mais informações e bibliografias para o estudo específico do comportamento físico/fisiológico e psicossocial da criança e do adolescente.


Referências bibliográficas

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  • Dinoá, M.A. & de Assis, M.J.M. Avaliação PÔndero-Estrutural em Alunos da Escola Estadual Ademar Veloso da Silveira em Campina Grande - PB. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas - SP, v.11, n.3, p. 174-178, 1990.

  • Duarte, R. M. & Alfieri, R. G.: Teste de Esforço em Crianças. Exercício e o Coração;. São Paulo: Cultura Médica, 1993. 2ª ed.

  • Massicotte, D.: A Criança e a Atividade Física. In Nadeau, M. Fisiologia aplicada na Atividade Física; São Paulo: Manole, 1985. Cap. três, p. 27-37.

  • Mellerowicz, W. & Meller, H.: Bases Fisiológicas do Treinamento Físico; São Paulo: E.P.U. - Springer,1979; p. 57-65.

  • Moreira, W. W. & Pellegrinotti, I.L. Análise dos Resultados de um Programa de Capacitação Aeróbica em Universitários da UNICAMP. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, Campinas - SP, v.8, n.1, p. 142-147,1986.

  • Pini, M. & Carazzatto, J.G.: Idade de Início da Atividade Física. Fisiologia Esportiva; Rio de Janeiro, 1983. Cap.12, p. 247-267.

  • Siegel, J. Aptidão na Criança Prepubescente: Implicações para o Exercício de Treinamento. Sprint Magazine, Rio de Janeiro, n.45, p. 26-31,1989.

  • Weineck, J.: Fundamentos Gerais da Biologia do Esporte para Infância e Adolescência; Biologia do Esporte; São Paulo: Manole,1991. P. 247-295.


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