Condicionamento de flexibilidade | |||
Graduação em Educação Física - URCAMP/RS Pós-Graduação em Ginástica Médica - FICAB/RJ Pós-Graduação em Exercícios Resistidos - FMUSP/SP http://www.efdeportes.com/efd38/www.vetorialnet.com.br/~cafp |
Edison Alfredo de Araújo Marchand cafp@vetorialnet.com (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 53 - Octubre de 2002 |
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O objetivo deste artigo é resgatar aspectos importantes para o condicionamento de flexibilidade, por meio de uma revisão bibliográfica.
A flexibilidade é uma qualidade física integrante da aptidão física para a saúde e para o auto-rendimento, sendo importante tanto para o atleta como para o sedentário (WERLANG, 1997).
Para BLANKE (1997) e WERLANG (1997), flexibilidade é a capacidade que cada articulação tem de mover-se em amplitudes de movimento específicas.
Segundo HOLLMANN & HETTINGER (1989), flexibilidade ou mobilidade é o movimento máximo de extensão voluntária em uma ou mais articulações.
A flexibilidade pode ser classificada em: ativa, passiva e anatômica.
A flexibilidade ativa (FAt) se refere as possibilidades de movimento de uma articulação a qual se encontra limitada pelos músculos antagonistas que limitam o movimento.
A flexibilidade passiva (FP) consiste em a “não participação da pessoa que se movimenta” a qual fica bem relaxada para evitar a participação no maior grau possível dos músculos antes mencionados.
A flexibilidade anatômica (FAn), refere-se as possibilidade de movimentação real da articulação, onde não existe nenhum ligamento, cápsula ou músculos que limite o movimento. Naturalmente esta só é possível aos cadáveres.
Portanto, do ponto de vista quantitativo acontece o seguinte: Fat < FP < Fan. Ou seja, a flexibilidade ativa (numericamente ou goniométricamente) é menor que a flexibilidade passiva; e esta por sua vez é menor que a flexibilidade anatômica.
No indivíduo sadio a amplitude articular é influenciada pêlos ligamentos, comprimento dos músculos e tendões, e tecidos moles. Já em pessoas com problemas patológicos, as limitações podem ser agravadas por processos inflamatórios, redução da quantidade de líquido sinovial, presença de corpos estranhos na articulação e lesões cartilaginosas (WERLANG, 1997).
O bom nível de flexibilidade varia de acordo com a necessidade de cada um, logo, a boa flexibilidade é aquela que permite ao indivíduo realizar os movimentos articulares, dentro da amplitude necessária durante a execução de suas atividades diárias, sem grandes dificuldades e lesões (BLANKE, 1997).
O sedentário tende a ter menor grau de flexibilidade que o indivíduo ativo e este fato é agravado com o passar dos anos, pois, o nível de flexibilidade tende a diminuir e com isso aumentam os riscos de: lesões, dores, problemas posturais, e a realização de atividades diárias (WERLANG, 1997).
Os atletas apresentam maiores níveis de flexibilidade pois desempenham movimentos também acima da média (HOLLMANN & HETTINGER ,1989).
Se for constatada uma maior mobilidade em conexão com os sinais de uma fraqueza de postura, é necessário recorrer a um reforço muscular, não a um estiramento aumentado de um aparelho motor passivo já fraco, a fim de evitar uma deterioração adicional no resultado global de postura (MARCHAND, 1992).
Dentre os fatores que mais favorecem a redução dos níveis de amplitude articular destacam-se: atrofia devido ao pouco uso articular, aumento da idade e hereditariedade (WERLANG, 1997).
Segundo HOLLMANN & HETTINGER (1989), existem fatores limitantes, de natureza mecânica, que são divididos em: influenciáveis, que são a capacidade de distensão da pele, ligamentos, tendões e cápsula articular; e não influenciáveis que são a estrutura articular e a massa muscular existente.
FOX & MATHEWS (1983), colocam que as estruturas de tecidos moles contribuem para a resistência articular. Sendo por ordem decrescente: cápsula articular - 47%, músculos - 41%, tendões - 10% e pele - 2%.
Os fatores endógenos influenciadores nos graus de flexibilidade segundo WERLANG (1997), são: idade, sexo, somatótipo, individualidade biológica, condição física, respiração e concentração. E os exógenos são: temperatura ambiente e hora do dia.
A falta de flexibilidade gera um mau desempenho esportivo e aumenta as chances de lesões tais como as distensões musculares. E a flexibilidade excessiva pode provocar instabilidade articular gerando: entorses articulares, osteoartrite e dores articulares (BLANKE, 1997).
Segundo WERLANG (1997), os limites estruturais que determinam a melhora da flexibilidade são:
Maleabilidade, que é a capacidade de extencibilidade da pele, quanto maior, menor a incapacidade de mobilidade.
Elasticidade, que é a capacidade de músculos e tendões que cruzam a articulação, em aumentarem e diminuírem o seu comprimento em função do movimento solicitado.
Plasticidade, que é o grau de deformidade temporária que estruturas musculares e articulares sofrem durante a execução de determinado movimento.
A melhora da flexibilidade é atingida com o treinamento regular de exercícios de alongamento, que consistem em favorecer toda a amplitude de movimento de uma articulação, dita normal, atuando sobre a elasticidade muscular, principalmente. Quando a amplitude excede o normal, o estímulo atua não só sobre a elasticidade muscular como a mobilidade articular (MARCHAND, 1992).
A mobilidade articular é expressa pelas propriedades anatômicas das articulações e a elasticidade muscular é projetada pelo grau de estiramento dos músculos envolvidos (MARCHAND, 1992).
Segundo ANDERSON (1983), dentre os benefícios que se pode atingir com os exercícios de alongamento destacam-se:
Redução das tensões musculares;
Benefícios para a coordenação;
Maior grau de mobilidade;
Desenvolvimento da consciência corporal;
Libera movimentos bloqueados por tensões emocionais;
Ativa a circulação;
Melhora a capacidade mecânica dos músculos e articulações.
Dentre as técnicas que se emprega para aumentar a mobilidade destaca-se:
Alongamento estático ou passivo: é considerada uma das técnicas mais seguras, pois apresenta menor perigo de lesar tecidos. Consiste em permanecer numa determinada postura, e receber uma força externa para que os movimentos sejam efetuados, isso é graças á capacidade de estiramento ou descontração dos antagonistas. A extensão ocorre sem contrair ou fazer força, conservando a posição final durante 5 - 60” (ANDERSON, 1983 & BLANKE, 1997).
Alongamento estático com contração dos antagonistas: movimenta-se o segmento, que se deseja alongar, até o limite de desconforto moderado, onde faz-se uma contração isométrica dos músculos antagonistas e mantem-se por 5- 60” (BLANKE, 1997).
Alongamento estático com contração dos agonistas: leva-se a articulação ao máximo de sua amplitude, então realiza-se uma contração isométrica do grupo muscular que será alongado durante 5 - 30’. Esse processo relaxa o músculo que está sendo alongado pela ação dos órgãos tendinosos de golgi (BLANKE, 1997).
Alongamento balístico: este método está associado ao maior número de lesões. É realizado através do rápido movimento do segmento no máximo de sua amplitude articular (BLANKE, 1997).
Alongamento suave: consiste em extender a musculatura até o limite de uma pequena tensão, chegando relaxe, sustentando o alongamento por no máximo 30” (ANDERSON, 1983).
Alongamento progressivo: é realizado alongando-se um pouco além do que o suave, assim, virá uma pequena nova tensão que deve ser sustentada por 30” (ANDERSON, 1983).
Segundo KENDALL & McCREARY (1987), os ganhos de mobilidade articular e alongamento muscular são diretamente proporcionais ao tempo que o segmento levou para ficar retesado. Logo, os exercícios de alongamento devem ter uma progressão gradativa para que se evite comprometer alguma estrutura tecidual.
Segundo HOLLMANN & HETTINGER (1989), a velocidade como é executado o movimento está diretamente relacionada com a resistência muscular. Onde a maior velocidade reflete na maior resistência e vice-versa, isso ocorre devido a ação reflexa do fuso muscular.
Fica cada vez mais evidente que obedecer aos princípios de treinamento, de forma racional e metódica, é fundamental para que se atinjam resultados positivos na prática de exercícios físicos sejam eles objetivando o auto-rendimento ou a saúde.
Bibliografia
ANDERSON, B. (1983) Alongue-se. São Paulo, Summus.
BLANKE, D. (1997) Flexibilidade IN: MELLION, M.B. Segredos em Medicina Desportiva. Porto Alegre, Artes Médicas. p 87-92.
FOX,E.L. & MATHEWS, D.K. (1983) Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos. Rio de Janeiro, Interamericana.
HOLLMANN, W. & HETTINGER, Th. (1989) Medicina do Esporte. São Paulo, Manole.
KENDALL, F.P. & McCREARY, E,K. (1987) Músculos: Provas e Funções. São Paulo, Manole.
MARCHAND, E.A.A. (1992) Proposta Metodológica para Pacientes de Parkinson. Pelotas-Rs-Brasil, 13º. Simpósio Nacional de Ginástica.
WERLANG, C. (1997) Flexibilidade e sua Relação com o Exercício Físico IN: SILVA, O.J. Exercícios em Situações Especiais I. Florianópolis, Ed. UFSC. p 51-66.
revista
digital · Año 8 · N° 53 | Buenos Aires, Octubre 2002 |