Educação postural e qualidade de vida | |||
FEFISO/ACM - Faculdade de Educação Física da ACM de Sorocaba (Brasil) |
Profª Ms. Érica Verderi verderi@cy.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 51 - Agosto de 2002 |
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O direito à saúde está expresso na carta da Organização das Nações Unidas, onde participam todos os países em desenvolvimento. “O desfrute do grau mais elevado de saúde que se possa é um dos direitos fundamentais de todo ser humano, sem distinção de raça, religião, ideologia política ou condição econômica social. A saúde de todos os povos é uma condição fundamental para se conseguir a paz e a segurança, e depende da mais ampla cooperação entre os indivíduos e os estados”. (Arquivo Brasileiro de Medicina - vol. 62, n.º 6 nov/dez 88)
Também podemos encontrar no Artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos que, “todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família, saúde e bem-estar...” (DALLARI, 1992)
Saúde também é uma qualidade de vida, condição ou estado de bem-estar que apresenta um componente biológico e um comportamental, que são alterados de acordo com o relacionamento indivíduo x meio. Sendo que qualidade de vida, seja ela boa ou excelente, é aquela que oferece um mínimo de condição para que os indivíduos ligados a ela possam desfrutar de todas suas potencialidades, ou seja, viver, trabalhar, estudar, se divertir, ou quem sabe até, simplesmente existir.
É fato, que nos países em desenvolvimento, a educação é o principal eixo na divulgação e orientação à população no que se refere à saúde e a qualidade de vida. Com a educação, temos a possibilidade em ajudar as comunidades a desenvolver hábitos saudáveis e com isso, prevenir várias doenças.
Limito este texto num item bastante significativo que envolve o trabalhador, a dona-de-casa e as nossas crianças. E que por falta de informação preventiva aumentam a cada ano, os Desequilíbrios Posturais.
A incidência dos problemas relacionados aos desequilíbrios posturais é tão freqüente e usual, que a orientação à população para um programa de educação postural, objetivando a conscientização corporal, prevenção e compensação aos desequilíbrios do nosso corpo, torna-se cada dia mais pertinente.
Segundo Knoplich 1986, “está comprovado que as dores na coluna são mais freqüentes entre 25 e 45 anos de idade, em ambos os sexos, atingindo assim o ser humano no período de maior produtividade. Ambos os sexos têm freqüência igual, porém, em alguns levantamentos, tem-se notado que no homem há uma maior incidência na região lombar e na mulher na região cervical.”
O sintomatologia da lombalgia é bastante complexo e muito incidente, pois afasta pessoas do trabalho, impossibilita a realização de atividades diárias e também prejudica substancialmente o período que seria de descanso, o sono.
Segundo pesquisa feita por Tanner 1987, “aproximadamente 30% da população sofre normalmente de dor nas costas, mas não procura ajuda médica; 25% da população atravessa a vida sem sentir dor nas costas; apenas uma minoria que sofre de dor, está recebendo tratamento para essa condição e cerca de 40% terão, ou já tiveram dor nas costas, mas não sofrem com isso agora”.
Os desequilíbrios posturais e como conseqüência as síndromes dolorosas, variam de acordo com o modo de vida de cada indivíduo e também dependem da conscientização corporal que cada um trás consigo. É claro que os trabalhadores que levantam muito peso, correm mais riscos. No entanto, os que realizam trabalhos “leve”, adquirem simplesmente pela maneira de se posicionar, pela permanência da postura adotada e pelos movimentos repetitivos que esta pessoa passe a realizar.
A maneira de se posicionar e a conscientização corporal é muito importante, pois é ela que desencadeará todo o processo dos desequilíbrios e das síndromes dolorosas.
A boa postura nos determinados afazeres é o principal fator para se evitar os desequilíbrios posturais. Torna-se importante a conscientização do indivíduo do que seria uma postura correta e qual a melhor maneira de se estar minimizando todo o esforço pelo qual o corpo é submetido nas infinitas atividades diárias.
Não existe uma postura correta para todas as pessoas. Somos seres biologicamente diferentes, sendo assim, a postura mais adequada varia de uma pessoa para outra. Poderíamos então dizer, que a melhor postura que deve ser adotada por um indivíduo é aquela que preenche todas as necessidades mecânicas do seu corpo e também que possibilite o indivíduo manter uma posição ereta com o mínimo esforço muscular. Uma postura que o ajude a opor-se contra as forças externas, que lhe dê equilíbrio na realização do movimento e que lute contra a ação da gravidade.
Diante dessas considerações, podemos observar que a má postura ocorre quando um indivíduo se posiciona fora dos padrões da linha de gravidade e permanece por um longo período em postura inadequada. Dessa forma, seu corpo estará submetido a uma sobrecarga mecânica onde esta, ocasionará num futuro próximo, síndromes dolorosas devido alterações dos padrões musco-esqueléticos, podendo também, desencadear os desvios posturais.
E é exatamente neste contexto, que necessitamos de profissionais para atuar como orientador na profilaxia dos desequilíbrios posturais ou até mesmo na reeducação motora dos padrões posturais. Através do convívio com crianças, adolescentes, adultos ou idosos, orienta-los da importância de um bom posicionamento da postura, quais as conseqüências da má postura, a importância da conscientização corporal, maneiras adequadas de se realizar determinadas atividades, posição mais adequada para dormir, sentar, dirigir, trabalhar, etc.
Não pretendo, nem digo que incluir em nossas atividades profissionais, um programa de educação postural seja a última forma contra os desequilíbrios músculo-esquelético e os desvios posturais, mas talvez, possamos estar subsidiando uma proposta de rico conteúdo para a educação postural de nossos alunos/atletas/clientes, esteja ele na escola, em casa, no trabalho, no clube, etc. E acima de tudo, estar contribuindo para uma melhor qualidade de vida a cada um deles.
revista
digital · Año 8 · N° 51 | Buenos Aires, Agosto 2002 |