Condicionamento de função lombar | |||
Graduação em Educação Física - URCAMP/RS Pós-Graduação em Ginástica Médica - FICAB/RJ Pós-Graduação em Exercícios Resistidos - FMUSP/SP http://www.vetorialnet.com.br/~cafp |
Edison Alfredo de Araújo Marchand cafp@vetorialnet.com (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 51 - Agosto de 2002 |
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Condicionamento de função lombar
Este artigo limita-se a uma revisão bibliográfica sobre o tema função lombar, objetivando expor o que tem sido estudado sobre o assunto.
A coluna vertebral é composta por 33 vértebras e divide-se em quatro segmentos: cervical C1 - C7, torácica T1 - T12, lombar L1 - L5, sacrais S1 - S5 e coccígeas que são em número de quatro (RASCH, 1991 & WIRHED, 1986).
Segundo RASCH (1991), o segmento da coluna apresenta três curvaturas fisiológicas, sendo a torácica considerada primária por estar presente ao nascimento e a cervical e a lombar consideradas secundárias se desenvolvendo devido o bebê começar a sustentar a cabeça (cervical), e a sentar-se por vontade própria (lombar).
A degeneração discal aumenta com a idade em função da redução da elasticidade do disco devido, a diminuição da capacidade de ligar-se com a água. Esse processo faz com que a capacidade de distribuir e suportar cargas diminua (RASCH, 1991 & WIRHED, 1986).
A coluna lombar está propensa a ter três vezes mais lesões do que a parte superior do dorso, isso ocorre devido a dois fatores: debilidade de força das estruturas e a cargas ou forças que ela encontra durante tarefas esportivas e/ou recreacionais (RASCH, 1991).
A coluna vertebral, no segmento lombar, apresenta uma lordose fisiológica que é preservada pelo formato de suas vértebras e discos, e pelos músculos. A descompensação muscular pode causar hiperlordose ou retificação desta curvatura, sendo a retificação a alteração mais grave devido o aumento do espaço intervertebral posterior facilitando a causa de hérnia discal (FIGUEIRÓ, 1993).
A maior freqüência de problemas lombares é em indivíduos sedentárias e nos que executam trabalho pesado. Os sedentários apresentam uma região lombar fraca e mal preparada e os indivíduos que se ocupam de trabalho pesado recebem uma carga excessiva sobre a coluna vertebral. Nos esportes, o beisebol, bolão e o golf são os que apresentam maior probabilidade de risco (PRESS & YOUNG, 1997).
As pressões que os discos vertebrais sofrem variam de acordo com a tomada de postura, sendo sentada a maior, em pé reduz 30% e deitada em 50% (FIGUEIRÓ, 1993 & WIRHED, 1986).
Quando causada alguma alteração nos elementos estruturais da coluna lombosacra (disco, vértebra, músculos, ligamentos e nervos), se manifesta a lombalgia, que é a dor na região lombar ou a lombociatalgia, que é a dor lombar que se propaga ao longo do nervo ciático ambas as duas podem ter sua origem devido a fatores posturais, traumáticos e degenerativos (FIGUEIRÓ, 1993).
A dor ciática é o processo inflamatório do nervo ciático, podendo ser provocada por uma hérnia discal lombar, L4 - L5 ou L5 - S1 principalmente, tendo como sintoma a dor e sintomas sensoriais, anestesia e disestesia, na extensão do nervo (PRESS & YOUNG, 1997 & McILWAIN et al., 1994).
As dores lombares geralmente resultam de espasmos musculares, que podem ser agravadas pela compressão dos nervos espinhais ou anormalidade dos discos vertebrais (RASCH, 1991).
Segundo KRAEMER & FLECK (2001), dentre as causas das dores lombares destacam-se: músculos abdominais e eretores da coluna debilitados e músculos posteriores das coxas retraídos.
Algumas atividades ocupacionais podem exigir posturas que impõe tensões contínuas a determinados grupos musculares e outras podem evitar o uso de determinados grupos musculares, vindo a contribuir para o aumento da fraqueza por desuso. Os grupos musculares mais afetados são os abdominais e os eretores da coluna (KENDALL & McCREARY, 1987).
Desenvolver a força e a flexibilidade nos membros inferiores favorece o movimento normal da região lombopélvica, melhorando a biomecânica da coluna em atividades que requeiram agachar, flexionar e levantar objetos (PRESS & YOUNG, 1997).
Para PRESS & YOUNG (1997), a execução de exercícios de extensão da coluna vertebral que visem a compensação muscular, objetivam reduzir a compressão sobre os discos intervertrebrais. E os exercícios de flexão da coluna vertebral objetivam reduzir a compressão das articulações das facetas posteriores e abrir os forames intervertebrais.
Segundo KENDALL & McCREARY (1987), as atividades diárias, sejam ocupacionais ou de laser, quando repetitivas, freqüentes e em posturas comprometedoras podem acarretar problemas posturais. Para esses casos é aconselhável o tratamento específico a cada caso.
Os exercícios de força para compensação muscular são para os seguintes grupos musculares: músculos da cinta abdominal (FIGUEIRÓ, 1993; LAPIERRE, 1987& KRAEMER & FLECK, 2001), glúteos e psoas (FIGUEIRÓ, 1993); lombares (LAPIERRE, 1987). E os de alongamento são: músculos posteriores da coxa (FIGUEIRÓ, 1993; LAPIERRE, 1987 & KRAEMER & FLECK, 2001), músculo psoas (FIGUEIRÓ, 1993), articulação coxo-femural (LAPIERRE, 1987) e músculos lombares (KRAEMER & FLECK, 2001).
Os exercícios que visam reestabelecer uma boa postura devem ser os que fortalecem os músculos fracos e os que alonguem os encurtados. Após esse equilíbrio muscular atingido, ou seja, a restauração da força e comprimento muscular normais, o indivíduo pode ingreçar em programas de exercícios normais que sejam coerentes com suas limitações (KENDALL & McCREARY, 1987).
Os exercícios físicos atuam como controladores das dores nas costas, diminuindo ou acabando com os episódios dolorosos. Com o avanço de um programa de exercícios é que se obtém os resultados que irão aumentar a força e a flexibilidade dos músculos envolvidos na manutenção postural (McILWAIN et al., 1994).
PRESS & YOUNG (1997), recomendam que na realização da anamnese, em um indivíduo com dor lombar, sejam consideradas as seguintes questões:
Desde quando o indivíduo tem a dor;
Em que situação a dor piora, se em extensão ou em flexão;
Se durante a noite a dor permanece;
O que reduz a dor;
O que agrava a dor;
Se já teve problemas na região lombar.
Algumas medidas preventivas podem ser tomadas para que se evite crises dolorosas. McILWAIN et al. (1994), consideram como as mais importantes o programa de exercícios, o controle de peso, o condicionamento físico e a dieta.
Programa de exercícios: os exercícios são a única maneira de fortalecer e tornar os músculos flexíveis. É importante salientar que as atividades diárias não substituem os exercícios, pois eles são prescritos com um objetivo específico, e as atividades diárias muitas vezes sobrecarregam determinadas estruturas e músculos.
Controle de peso: todo o excesso de peso que provem do aumento da gordura tende a ser sobrecarga para a coluna e pode comprometer músculos e outros tecidos moles da coluna.
Condicionamento físico: os exercícios são de condicionamento aeróbio, visando melhorar o sistema cardiorespiratório podendo ser a caminhada, a natação e o ciclismo (o autor não especifica se o ciclismo é estacionário, de passeio , ou de competição). Qualquer um deles pode ser escolhido desde que seja regular e a intensidade progressiva.
Dieta: é uma reeducação alimentar, uma mudança de atitude frente ao ato de sentar à mesa, onde deve conter alimentos de todos os grupos em quantidades adequadas, favorecendo uma mudança gradual e constante. Essa mudança, que objetiva reduzir o peso, para ser efetiva deve ser associada a um estilo de vida ativo.
A adoção de hábitos saudáveis tais como: a tomada de posturas corretas, dieta equilibrada, atividade aeróbia para controle de peso e a realização de exercícios de força e flexibilidade, existe a possibilidade de melhorar a biomecânica da coluna reduzindo os sintomas dolorosos e reestabelecendo a função lombar.
Bibliografia
FIGUEIRÓ, S. (1993) Seu Trabalho, sua Postura: sua Coluna: cervico-dorso-lombalgias nas atitudes posturais. Porto Alegre, Sagra.
KENDALL, F.P. & McCREARY, E,K. (1987) Músculos: Provas e Funções. São Paulo, Manole.
KRAEMER, W.J. & FLECK, S.J. (2001) Treinamento de Força para Jovens Atletas. São Paulo, Manole.
RASCH, P.J. (1991) Cinesiologia e Anatomia Aplicada. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.
LAPIERRE, A . (1987) A Reeducação Física. Vol III. São Paulo, Manole.
McILWAIN, H.H.; BRUCE, D.F.; SILVERFIELD, J.C.; BURNETTE, M.C. & GERMAIN, B.F. (1994) Vencendo a Dor nas Costas. São Paulo, Cuctrix.
PRESS, J.M. & YOUNG, J.L. (1997) Dor na Região Lombar IN: MELLION, M.B. Segredos em Medicina Desportiva. Porto Alegre, Artes Médicas. p 307-311.
WIRHED, Rolf (1986) Treinamento de força in: Atlas de Anatomia do Movimento. São Paulo, Ed. Manole. p.25-27.
revista
digital · Año 8 · N° 50 | Buenos Aires, Julio 2002 |