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Distribuição de gordura subcutânea e área muscular
dos membros superiores de crianças de 7 a 11 anos de idade
Gustavo Puggina Rogatto y Priscila Carneiro Valim

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 51 - Agosto de 2002

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    O índice de massa corporal (IMC) é um indicativo prático da incidência e classificação de obesidade e sobrepeso em estudos epidemiológicos, sendo que valores acima de 30Kg/m2 são considerados como estados de obesidade (ANDERSON, 1999). Como indicado na Tabela 1 não constatamos diferenças estatisticamente significativas nos valores de IMC quando comparamos os 5 grupos etários. A observação de IMC entre 16 e 18 Kg/m2 dos grupos estudados aponta para valores considerados baixos, contrariando dados de estudos norte-americanos, onde 26% das crianças apresentam sobrepeso (IMC > 25 Kg/m2) e 10% são obesas (IMC > 30 Kg/m2) (ANDERSON, 1999; NIEMAN, 1999). Tal estatística está relacionada a distúrbios do comportamento alimentar e motor e gera preocupações sobre o futuro destes indivíduos nos próximos anos.

Tabela 1: Características descritivas de massa (Kg), estatura (cm) e índice de massa corporal (IMC) (Kg/m2) dos participantes dos diferentes grupos etários. Resultados expressos como média + desvio padrão e valores mínimos/máximos. (a G7 ; b G8 ; c G9).

    Quanto à massa corporal, observamos que principalmente aos 10 e 11 anos ocorre um aumento significativo em função do crescimento. O mesmo ocorreu com a estatura aos 8 e 10 anos.

    Na Tabela 2 são apresentados os valores referentes às dobras cutâneas triciptal (DCTr) e biciptal (DCBi) dos meninos avaliados. O avanço da idade não resultou em modificações na espessura das dobras cutâneas nas duas porções dos membros superiores, demonstrando que dos 7 aos 11 anos não ocorrem modificações substanciais do conteúdo adiposo braquial.

Tabela 2: Valores de dobra cutânea (mm) triciptal (DCTr) e biciptal (DCBi) dos participantes dos diferentes grupos etários. Resultados expressos como média + desvio padrão e valores mínimos/máximos.

    A circunferência ou perímetro do braço tem sido um indicativo do estado nutricional em indivíduos de diferentes faixas etárias. Contudo, em função da inespecificidade, a utilização de tal medida como fator único de avaliação pode não apontar de maneira objetiva a quantidade de gordura ou massa magra deste segmento corporal. Desta forma, realizamos a medida de circunferência de braço (CB) e calculamos a área muscular do braço (AMB) pela correção feita a partir da subtração da dobra cutânea triciptal. No presente estudo não observamos diferenças estatisticamente significativas tanto na CB (Figura 1) quanto na AMB (Figura 2) entre os grupos avaliados.


Figura 1: Valores de circunferência de braço (CB)
dos participantes dos diferentes grupos etários


Figura 2: Valores de área muscular do braço (AMB)
dos participantes dos diferentes grupos etários

    Tal fato indica manutenção da quantidade de massa corporal magra, mais especificamente da massa muscular, o que pode dever-se a semelhantes níveis de determinados hormônios anabólicos endógenos, uma vez que algumas modificações hormonais podem ser responsáveis pelo favorecimento da síntese protéica e conseqüentemente da massa muscular. Assim, a semelhança dos valores de AMB entre os 7 e 11 anos pode ser justificada, já que o aumento da secreção de hormônios anabólicos como testosterona ocorre principalmente nos anos seguintes durante a puberdade. KRAEMER et al. (1989) observaram que o aumento da massa corporal magra ocorre de forma mais acentuada durante a puberdade. Outra possível explicação diz respeito à manutenção dos níveis de atividades físicas habituais, uma vez que aumentos da carga de trabalho muscular também podem gerar estímulos para o aumento do conteúdo muscular.

    Os resultados encontrados em nosso estudo nos permitem concluir que tanto a quantidade de gordura localizada, quanto o volume de massa muscular dos membros superiores de meninos com idades entre 7 e 11 anos não sofrem modificações significativas com o avanço da idade.


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