Crescimento e desenvolvimento físico de portadores de deficiência mental da APAE de Umuarama - PR |
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* Professor da Universidade Paranaense -UNIPAR **Professor da Universidade Paranaense Mestre em Atividade Física, Adaptação e Saúde -UNICAMP e Doutorando em Educação Física - UNICAMP. ***Professor da Universidade Paranaense - Mestre em Ciências do Esporte - UNICAMP e Doutorando em Ciências Médicas - UNICAMP |
Prof. Carlos José Berti de Matos* Prof. M.Sc. José Irineu Gorla** Prof. M.Sc. Hélcio Rossi Gonçalves*** gorla@unipar.br (Brasil) |
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Growth and physical development of bearers Abstract |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 51 - Agosto de 2002 |
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Introdução
Todas as pessoas possuem diferenças, mas essas diferenças não deveriam, pelo menos em tese, servir para rotulá-las. Todavia, observamos que, historicamente, as pessoas que não se enquadram dentro de um certo “padrão de normalidade”, que a sociedade estabeleceu, tem sido perseguidas, humilhadas, segregadas e até mesmo eliminadas.
Os portadores de deficiência, por possuírem características físicas e mentais que fogem a este “padrão de normalidade”, mesmo nos dias atuais, ainda sofrem inúmeras formas de preconceito, sendo constantemente marginalizadas e deixadas à margem da sociedade.
No entanto, modernamente, com a preocupação do aumento da produção, paralelamente à diminuição de custos, houve um grande interesse em aproveitar a mão de obra do portador de deficiência, tentando, sempre que possível, integrá-lo ao setor produtivo.
Conseqüentemente, passou a existir também uma maior preocupação com a saúde e a reabilitação destes indivíduos, tendo a Educação Física como um dos recursos mais utilizados para este propósito.
A partir desta nova realidade, houve um grande avanço na área da Educação Física Adaptada, com a criação de programas de atividades físicas destinados à pessoas portadoras de necessidades especiais. Programas estes, que, além da preocupação com a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência, procuram, cada vez mais, garantir uma melhor qualidade de vida, assim como uma maior integração das mesmas no esporte, no meio escolar e na sociedade como um todo.
Em relação à deficiência mental, embora ainda longe do que seria o ideal, os programas tem evoluído no sentido de priorizar o desenvolvimento físico e a integração das habilidades motoras e orgânicas do indivíduo, proporcionando-lhe um bom nível de aptidão física.
Para uma elaboração correta dos conteúdos a serem utilizados nestes programas e uma otimização dos resultados obtidos com os mesmos, torna-se necessário entender o processo de crescimento e desenvolvimento do portador de deficiência mental, através de testes e avaliações sistemáticos.
Assim, é imprescindível aumentar o número de pesquisas nessa área, ampliando o campo de conhecimento e servindo de referenciais para os profissionais da área da Educação Física Adaptada possam planejar melhor seus procedimentos destinados à atender a este público.
Nesse sentido, pretende-se através deste estudo, realizar uma coleta sistemática de dados antropométricos (peso, altura, dobras cutâneas) de indivíduos portadores de deficiência mental, buscando informações que possam esclarecer como se dá o processo de crescimento e desenvolvimento de crianças portadoras de deficiência mental e identificando possíveis diferenças em relação a indivíduos não portadores.
Ainda que modestamente, levando em consideração as suas limitações, este estudo pretende contribuir com mais informações referentes ao tema proposto.
EstaturaPara as medidas de estatura utilizou-se um estadiômetro de madeira, com escala de precisão de 0,1 cm juntamente com um cursor construído para esta finalidade. O avaliado em posição ortostática (em pé), pés unidos procurando por em contato com o instrumento de medida as superfícies posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região ocipital. A medida foi determinada com o avaliado em apnéia inspiratória, estando a cabeça orientada no plano de Frankfurt paralela ao solo. A medida correspondeu à distância da região plantar ao vertex, exigindo-se que o avaliado estivesse descalço.
Massa corporalO avaliado se posicionou em pé de costas para a escala da balança, com afastamento lateral dos pés estando a plataforma entre os mesmos. Em seguida colocou-se sobre e no centro da plataforma, ereto e com o olhar num ponto fixo a sua frente. O avaliado foi pesado com o mínimo de roupas possível e obrigatoriamente descalços.
Sendo que a estatura deverá ser considerada em metros e a unidade desta variável será Kg/m2.
Espessuras de dobras cutâneasAs mensurações foram realizadas no hemi-corpo direito do avaliado, sendo que o tecido celular subcutâneo foi definido do tecido muscular com auxílio do polegar e do indicador. A borda superior do compasso foi aplicada a aproximadamente um centímetro abaixo do ponto de reparo, sendo que aguardou-se em torno de dois segundos antes de efetuar a leitura para que toda a pressão do compasso pudesse ser exercida. Realizou-se três medidas sucessivas no mesmo local, sendo considerada a medida intermediria como o valor adotado para efeito de cálculos. Quando ocorresse discrepância superior a 5% entre uma medida e as demais num mesmo local, uma nova determinação foi feita. Os locais de determinação das espessuras de dobras cutâneas foram:
A dobra cutânea tricipital foi determinada paralelamente ao eixo longitudinal do braço na face posterior, sendo que o ponto exato de reparo foi à distância média entre a borda superlateral do acrômio e o olecrano.
A dobra cutânea subescapular foi obtida obliquamente ao eixo longitudinal seguindo a orientação dos arcos costais sendo localizada a aproximadamente dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula.
Índice de massa corporalApós a determinação das medidas de estatura e massa corporal, foi determinado o índice de massa corporal através da relação matemática:
Somatória das espessuras de dobras cutâneas (tricipital + subescapular)Com a obtenção dos resultados das espessuras das dobras cutâneas tricipital e subescapular, foi utilizada como forma de interpretação a soma das duas espessuras de dobras, sendo que os resultados continuam expressos em "mm".
ObjetivosAvaliar o crescimento e desenvolvimento físico dos alunos portadores de deficiência mental da APAE de Umuarama - Pr, através da coleta e análise das variáveis antropométricas de estatura, massa corporal, índice de massa corporal e os valores das dobras cutâneas tricipital e subescapular.
Material e métodoA pesquisa caracteriza-se por ser Quantitativa-descritiva (Lakatos e Marconi, 1991 p.189) por explorar dados e compara-los entre si e com a literatura, sem no entanto interferir nesta realidade.
População e AmostraA população do estudo foi constituída por 17 indivíduos do sexo masculino portadores de deficiência mental da APAE de Umuarama -PR, com idade cronológica de 7 a 14 anos. A seleção da amostra foi intencional. Os alunos selecionados eram todos diagnosticados como portadores de deficiência mental em quadro não sindrômico e freqüentavam diferentes salas de aula.
Coleta dos dadosOs dados foram coletados em apenas um único dia, sendo esta realizada sempre pelo mesmo avaliador, contando com o auxilio das professoras de Educação Física das respectivas turmas da APAE, com a finalidade de auxiliar na organização e anotação dos resultados. As coletas foram realizadas nos horários previamente marcados fora das aulas de Educação Física, no período vespertino, sendo estas realizadas sempre no laboratório de Medidas e avaliação da UNIPAR.
Outro cuidado foi de que antes de cada sessão de testes, fosse realizada uma breve explicação aos alunos quanto aos seus objetivos e procedimentos, na tentativa de facilitar a compreensão dos avaliados e o trabalho do avaliador.
Tratamento EstatísticoA análise estatística dos resultados foi efetuada com o programa Statistic 6.0. Os resultados são descritos em termos das médias (x), dos Desvios-padrão (DP), e para verificar o nível de significância utilizou a análise de variância e o teste de “post hoc” de Scheffe .
Resultados e discussãoA análise dos resultados deste estudo, resultante de tratamentos estatísticos previstos na metodologia, permitiu verificar as prováveis facetas relacionadas ao processo de crescimento e desenvolvimento de crianças portadoras de deficiência mental, bem como a comparação com resultados de outros estudos. A análise foi realizada de forma, quanto aos grupos etários e apresentadas em tabelas e gráficos, com as informações dos testes aplicados nestes alunos.
Apresentação dos resultadosA Tabela 1 permite a verificação dos resultados das variáveis antropométricas e de composição corporal, valores de “n”, assim como, os valores de “F”, quanto à significância entre as idades para cada variável. Onde é possível perceber valores estatisticamente significativos apenas para as informações associadas à estatura dos alunos da APAE, sendo que para as demais variaveis a idade não sofreu quando influência quanto a mudança nos valores apresentados.
Tabela 1 - Valores da estatística descritiva e dos valores de "F" para os dados antropométricos dos alunos da APAE.
a = valores estatisticamente significativos em nível de p < 0,01A Tabela 2 permite comparar os valores de estatura, massa corporal e as dobras cutâneas tricipital e subescapular entre três estudos, ou seja, o estudo de Eichardst e Lavai (1992), Guedes e Guedes (1995) e os nossos valores. Onde pode-se perceber poucas diferenças quanto aos valores médios obtidos nos três trabalhos, mesmo não tendo sido realizados testes de significância para este fim, e também sabendo que as amostras são diferentes em todos os trabalhos, acreditamos que os valores não apresentem diferenças que pudessem ser significativas, onde os valores de massa corporal são os que parecem possuir maiores diferenças.
Tabela 2.Valores médios dos resultados de estatura (cm), massa corporal (kg), dobra cutânea tricipital (mm) e dobra cutânea subescapular (mm), com o estudo de GUEDES e GUEDES (1997) e EICHARDST e LAVAY (1992) e APAE de Umuarama.
Ao observar o Gráfico 1, relacionado a massa corporal, pode-se notar que os indivíduos da APAE dos municípios de Umuarama (PR) apresentaram valores relativamente diferentes aos estudos comparativos. Ressalta-se apenas que um indivíduo aos 13 anos de idade estava acima da média do grupo levando a uma diferença maior perante aos outros estudos. Provavelmente esta superioridade ocorreu em razão por um fator amostral.
Gráfico 1: Comparação entre as médias de massa corporal dos escolares do sexo masculino de escolas especializadas (APAE) do município de Umuarama (Pr) com o estudo de e GUEDES e GUEDES (1997) e EICHARDST e LAVAY (1992).
Quanto à estatura (Gráfico 2) mais uma vez foi possível perceber que os dados são relativamente semelhantes quando da comparação com os demais estudos. Porém percebeu-se uma diferença mais acentuada aos 14 anos, o que mais uma vez acreditamos tenha sido proveniente de um problema amostral. Uma vez que nesta faixa etária o estudo envolveu apenas um avaliado.
Gráfico 2: Comparação entre as médias de estatura dos escolares do sexo masculino de escolas especializadas (APAE) do município de Umuarama (Pr) com o estudo de GUEDES e GUEDES (1997) e EICHARDST e LAVAY (1992).
Para as informações associadas às espessuras das dobras cutâneas tricipital (Gráfico 3), percebemos mais uma vez certa semelhança entre os dados e os referenciais de comparação, não devemos porém deixar de observar que a curva referente ao nosso estudo possui uma oscilação mais acentuada quando comparada com as demais, e novamente acreditamos que tal fato, ocorreu em função da amostra que foi utilizada para o desenvolvimento deste trabalho.
Gráfico 3: Comparação entre as médias de dobra cutânea Tricipital dos escolares do sexo masculino de escolas especializadas (APAE) do município de Umuarama (Pr) com o estudo de GUEDES e GUEDES (1997) e EICHARDST e LAVAY(1992)
As informações referentes às espessuras das dobras cutâneas subescapular (Gráfico 4), percebemos mais uma vez semelhanças entre os dados e os estudos de comparação, observamos no entanto, mais uma vez, que a curva referente ao nosso estudo possui uma oscilação mais acentuada quando comparada com as demais, e novamente acreditamos que tal fato, ocorreu em função da amostra que foi utilizada para o desenvolvimento deste trabalho.
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