Diferenças do jogo de rugby praticado no Hemisfério Norte e Hemisfério Sul. Final do Campeonato da Europa vs Final do Super 12, ano 2000 |
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Treinador e Jogador de Rugby I Divisão Formador da Escola de Treinadores da F.P.R. Lic. Educação Física e Desporto Mestre em Alto Rendimento Desportivo |
Luís Miguel Teixeira Vaz irmaos.vaz@mail.telepac.pt (Portugal) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 49 - Junio de 2002 |
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Introduçâo
De acordo com um estudo pessoal realizado, foi meu objectivo, verificar até que ponto a actual argumentação que rodeia as diferenças do rugby praticado pelas melhores equipas do hemisfério sul, são ou não justificadas, credíveis e fundamentadas em relação ao rugby praticado pelas melhores equipas do hemisfério norte.
Se é certo que todas as edições do Campeonato do Mundo de Rugby (RWC), até ao momento, foram ganhas por selecções do hemisfério sul, (Nova Zelândia, 87; Austrália; 91, África do Sul, 95 e Austrália 99) também o será, quando referimos que em quatro edições do RWC, três selecções presentes nas finais, pertenciam ao hemisfério norte (França 87; Inglaterra 91, e França 99).
A maior ou menor variabilidade de estilos de jogo propostos, a diversidade cultural e geográfica dos protagonistas, a organização dos sistemas políticos desportivos, a diferenciação de técnicas individuais e colectivas, as organizações ofensivas e defensivas, condições físicas, técnicas, tácticas e psicológicas são de certo factores que podem ser explorados para encontrar as diferenças de jogo entre as melhores equipas do hemisfério norte e do hemisfério sul.
Depois de analisados e tratados os dados estatisticamente mais significativos para a persecução dos meus objectivos iniciais, obtidos pela obersevação indirecta efectuada das Finais do Super 12 e do Campeonato da Europa de 2000 registei as seguintes diferenças mais significativas:
MetodologiaCaracterização da Amostra
Para a realização deste estudo, a amostra recolhida em vídeo é composta por dois jogos de rugby:
Final do Torneio Super 12 (2000): Brumbies (19) X Crusaders (20)
Final do Campeonato da Europa de (2000): Northampton (9) X Munster (8)
Variáveis de Observação:
Aspectos Morfológicos (Idade / Peso / Altura)
Aspectos Tácticos do Jogo (Colectivo)
Aspectos Técnicos (Individuais / colectivos)
Estratégias de Jogo das Equipas (Jogo Aberto / Jogo Agrupado)
Características Temporais (Posse de bola / Tempo de Jogo / Tempo útil de jogo)
Observação por Grupos (Avançados / Linhas Atrasadas)
Erros
Sistemas Defensivos / Sistemas Ofensivos (Colectivos)
Arbitragem
Disciplina
Procedimentos:O estudo baseia-se no registo de elementos técnicos e tácticos do jogo e nas condutas específicas dos jogadores e das equipas.
Utilizei para o efeito a observação indirecta e sistemática e na modalidade de registo utilizada, tive a preocupação de encontrar a melhor sistematização possível das condutas ou variáveis a observar e a registar.
Foi ainda feita a recolha de dados pessoais e morfológicos dos jogadores via Internet, assim como foram recolhidas inúmeras informações, relatórios e reportagens dos jogos observados, a fim de fundamentar e validar o estudo.
Análise e Tratamento dos Dados:Os dados obtidos foram tratados atendendo às categorias de classificação definidas para o efeito.
Os totais encontrados para cada variável de observação foram transformados em valores absolutos (Super 12 e Campeonato da Europa; 2000) e submetidos a uma análise estatística .
Partindo destes resultados, foram construídos quadros com valores absolutos e percentuais e gráficos de visualização dos elementos de observação considerados mais significativos e mais importantes no processo de recolha de informação.
Apresentação e discussão dos resultados1. Peso / Jogadores Avançados
Podemos verificar, que a média de peso (kg) dos jogadores avançados é superior nas equipas que obtiveram as vitórias nas competições observadas.(Super 12 e C.Europa).
Constatamos, que os jogadores avançados, da Final do Super 12, obtiveram uma média de peso mais elevada em relação á Final do Campeonato da Europa.
Denotamos, uma diferenciação estrutural e física entre os jogadores do Super 12 (mais fortes fisicamente) do que os da Final do Campeonato da Europa.
Gráfico n° 1
2. Peso / Jogadores da Linha Atrasada (3/4´s)
Os resultados obtidos, permitem constatar que a média de peso (kg) dos jogadores das linhas atrasadas (3/4´s) é superior nas equipas que obtiveram as vitórias nas competições observadas.
Verificamos, que os jogadores das linhas atrasadas, da Final do Super 12, obtiveram uma média de peso mais elevada em relação ao jogadores presentes na Final do Campeonato da Europa.
Os dados, comprovam o referido anteriormente em relação á estrutura física dos atletas nas finais observadas. Constatamos a certa diferenciação física de atletas entre as equipas observadas.
Os atletas do hemisfério sul, apresentam um perfil morfo-funcional mais elevado em relação aos atletas do hemisfério norte.
Gráfico n° 2
3. Altura / Jogadores da Linha Atrasada (3/4´s)
A análise e tratamento dos valores obtidos, permitem destacar diferenças em relação ás médias de altura, nas finais observadas.
Obtivemos, valores superiores de altura nos atletas presentes na Final do Super 12 em relação á Final do Campeonato da Europa.
Os dados sugerem, em nossa opinião, um melhor controle e uniformidade de critérios de selecção de jogadores, em função da posição ocupada em jogo nas equipas do hemisfério sul.
Gráfico n° 3
4. Passes
Os dados obtidos entre a comparação do número de passes, realizados pelas equipas presentes nas Finais do Super 12 e Campeonato da Europa, demonstram algumas diferenças curiosas em relação ás características do jogo (passe).
As equipas representantes do hemisfério sul, vêm comprovar a teoria que não chega só ter a posse de bola, mas sim a eficácia na sua utilização em jogo.
Verificamos que a equipa derrotada na Final do Super 12 (Brumbies), realizou 253 passes durante o jogo contra apenas 56, realizados pela equipa vencedora (Crusaders).
Este resultado obtido, justifica-se em nossa opinião pela simplicidade do jogo em si, em que a equipa dos Brumbies, teve a capacidade de praticar sequências longas de jogo, no sentido de provocar falhas no seu adversário, não sendo de todo eficaz, porque os Crusaders evidenciaram um organização defensiva extrema, paciente e sobretudo muito eficaz.
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