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Introdução
     No Brasil, o processo de iniciação esportiva, é realizada de forma paulatina e progressiva, respeitando as possibilidades e individualidades da criança, com o objetivo de proporcionar sua máxima inclusão e participação, de modo que aqueles que tenham talento possam prosseguir em uma especialidade atlética.

     Normalmente esta iniciação ao treinamento que começa nas escolas ou clubes, tem como um de seus objetivos principais a identificação de indivíduos com possibilidades de se destacarem esportivamente na idade adulta.

     Para a seleção inicial de saltadores em distância, normalmente utilizamos como indicadores básicos: as variáveis antropométricas (como estatura, peso, comprimento dos membros inferiores, somatotipo); de desempenho motor (velocidade, testes de impulsão vertical e horizontal, tempo de contato com o solo); além das características genéticas e psicosociais.

     Entretanto, vários autores sustentam que a seleção de talento não é algo momentâneo, mas sim um processo relativamente longo, que compreende uma análise de diversas particularidades morfofuncionais e psicológicas do jovem atleta, além da avaliação do seu desenvolvimento desportivo (Greco, 1998; Hahn, 1998; ; Massa, 1998; Sant, 1989; Makarenko, 2001).

     Deste modo, torna-se relevante observar o comportamento e desenvolvimento das variáveis acima citadas, que em conjunto com o resultado competitivo obtido ao longo das diferentes categorias (pré-mirim, mirim, menores, juvenis e adulto) servem de parâmetro para diagnosticar a evolução dos saltadores dentro do processo de promoção de talentos.

     O que acontece é que, infortunadamente até este momento não é utilizado no Brasil, um instrumento para avaliar de forma científica o ritmo de desenvolvimento dos resultados competitivos de uma idade a outra, dos saltadores em distância, durante o processo de preparação em busca de altos rendimentos na idade adulta.

     Assim, espelhando-se no modelo do Programa para a Formação Básica de Saltadores Cubanos (Romero Frometa, 2001), comprovadamente reconhecido em todo o mundo, onde o índice ou o rítmo de crescimento das capacidades motoras dominantes e principalmente o ritmo de crescimento dos resultados competitivos, são utilizados em larga escala para o diagnóstico de possíveis talentos, este trabalho tem como objetivos:

1. Determinar os índices de crescimento dos resultados competitivos que se manifestam nos saltadores do sexo masculino de idades entre 11 e 15 anos da do estado de S. Paulo.

2. Implantar uma metodologia de utilização dos índices de crescimento dos resultados competitivos no processo de seleção de possíveis talentos.

     Para levar a cabo a presente investigação e lograr os objetivos traçados, foi necessário solucionar as seguintes tarefas:

1. Realizar um levantamento dos resultados obtidos por atletas do sexo masculino de 11 a 15 anos do estado de S. Paulo, na prova do salto em distância.

2. Verificar a média do nível de desenvolvimento dos resultados competitivos destes atletas nas respectivas modalidades.

3. Determinar os índices, absoluto e relativo de crescimento, dos resultados competitivos dos jovens atletas, nas idades entre 11 e 15 anos.

4. Classificar e estabelecer uma metodologia de utilização dos índices de incremento dos resultados competitivos como instrumento de diagnóstico de possíveis talentos.

Material e método
     Para a coleta da amostra foram utilizados resultados de 267 jovens atletas iniciantes de 11 a 15 anos de idade, do sexo masculino, participantes das 5 etapas do circuito Pré-mirim e Mirim do estado de São Paulo, do ano de 2001.

     O tratamento estatístico empregado neste trabalho de pesquisa foram:

- Média - Para determinar os resultados médios de cada idade nas provas de saltos em altura e distância

- Desvio padrão - Para calcular a dispersão dos resultados

- Índice Absoluto de crescimento Delta x do resultado competitivo, obtido pela diferença da média de uma idade e outra:

Delta x = R2 - R1

onde: R2 é a média do resultado da idade superior

R1 é a média do resultado da idade inferior

Ex. O Delta x entre 11 e 12 anos, o resultado competitivo se calcula, considerando que R2 é a média dos resultados dos atletas de 12 anos e R1 a média dos resultados dos atletas de 11 anos.

- Índice relativo de incremento do resultado competitivo será determinado pela fórmula:

T = (X2-X1/X1(100)

onde T é o tempo de incremento em porcentagem

Resultados e discussão
     De acordo com os objetivos propostos nesta pesquisa e após coleta dos dados, os resultados obtidos são apresentados e discutidos a seguir.

     A tabela 1 mostra a média dos resultados competitivos e o desvio padrão dos resultados obtidos pelos 10 melhores atletas e de todos os outros atletas participantes das 5 etapas do circuito pré-mirim e mirim de Atletismo do estado de São Paulo, de cada idade entre 11 a 15 anos.

Tabela 1. Média dos resultados competitivos entre as idades de 11 a 15 anos

     Estes resultados, que podem ser melhor compreendidos através do gráfico 1, demostram que os jovens atletas impostos a uma carga de treinamento semelhante, de forma geral, tanto os 10 primeiros e o restante do grupo, tem uma evolução semelhante no desenvolvimento do resultado.

Gráfico 1. Média dos resultados competitivos

     A partir da média dos resultados competitivos de cada idade, foram determinados os Índice Absoluto ( IA) e Relativo (IR) apresentados nas tabela 2 e 3.

Tabela 2. Índice Absoluto (IA) e Índice Relativo (IR) de crescimento
do resultado competitivo dos 10 primeiros atletas do circuito

Tabela 3. Indice Absoluto (IA) e Índice Relativo (IR) de crescimento
dos resultados competitivo dos outros atletas participantes do circuito

Gráfico 2. Índices Absoluto e Relativo dos resultados competitivos

     Observa-se no gráfico 2 que acontecem dois picos de desenvolvimento dos resultados competitivos: a primeira, com a introdução ao treinamento, mesmo que apoiado nos dogmas do treinamento com iniciantes de Hahn, (1988); Greco e Benda, (1998), e Weineck, (1999), a prática esportiva específica conduz a um desenvolvimento nas capacidades e habilidades biomotas básicas e consequentemente nos resultados competitivos. Um outro pico de desenvolvimento acontece nas idades entre 13 e 14 anos, que coincide com a fase pubertária destes atletas. Weineck (1991), explica este fato, relatando que os jovens do sexo masculino, na puberdade, principalmente através do aumento do hormônio sexual masculino, a testosterona, tão importante para a síntese de proteína, faz com que ocorra um aumento acentuado da massa muscular, e paralelamente, a força muscular.

     Partindo do conceito de que “talento” é uma vocação marcada em uma direção, que ultrapassa a média, e que ainda não está completamente desenvolvida, (Weinech, 1991) e, para o fomento destes talentos, depende da aplicação de todas as medidas de treinamento e estratégias necessárias para alcançar os rendimentos posteriores elevados que se esperam (Hahn, 1988).

     Da mesma forma, para Vieira e Vienra (2000), o processo de desenvolvimento de um talento leva muitos anos de formação e, para garantir um bom desenvolvimento das habilidades do atleta, torna-se necessário conhecer os seus resultados de acordo com a faixa etária.

Gráfico 3. Tendência da evolução dos resultados competitivos (em metros e percentual)

     Assim, podemos, através dos resultados obtidos nesta pesquisa, estabelecer os índices Absoluto (IA) e Relativo (IR) para cada idade, e utilizar estes dados de forma tal que aquele atleta iniciante que apresenta um resultado competitivo acima da média dos 10 primeiros e mantém uma evolução percentural relativa em cada idade, no período de 11 a 15 anos, (Gráfico 3) poderão ser considerados possíveis talentos.

Conclusão
     De acordo com o observado, pode-se concluir que os índices de crescimento dos resultados competitivos oferecem mais uma perspectiva de diagnóstico para aqueles profissionais que atuam com jovens atletas, preocupados com a promoção de talentos para o esporte de alto nível.

     Além destes índices propostos, Romero Frómeta (2000), sustenta como indicadores básicos que intervém na seleção de possíveis talentos para o Atletismo:

• Resultados iniciais nas capacidades e habilidades motoras básicas;

• Ritmo ou tempo de desenvolvimento das capacidades motoras dominantes;

• Ritmo de assimilação da carga;

• A herança genética;

• Características psicológicas.

     Diante disso, nota-se que este tema ainda é objeto de muita discussão entre os estudiosos do assunto e que abre perspectivas para novas pesquisas no campo científico.

Referêcias bibliográficas

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revista digital · Año 8 · N° 45 | Buenos Aires, Febrero de 2002   © 1997-2002 Derechos reservados