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6º Campeonato do Mundo de Juniores Masculinos de Basquetebol: |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 45 - Febrero de 2002 |
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Quadro 10. Matriz de Confusão (classificação de Jackknife) para os jogos normais.
Grupo
N
Vitórias
Derrotas
Vitórias
20
19 (95%)
1
Derrotas
18
0
18 (100%)
Jogos DesiquilibradosO Quadro 11 apresenta os resultados da análise univariada que comparou os valores médios dos indicadores de jogo, face à vitória e à derrota.
Quadro 11. Resultado da comparação das médias entre vitórias e derrotas em jogos desiquilibrados
Indicadores
Vitória
Derrota
F
P
% Lançamento de 2 pontos
61.00+5.35
45.33+8.80
17.08
0.001
% Lançamento de 3 pontos
40.29+13.71
28.00+11.40
3.84
0.070
% Lances-livres
72.71+8.62
66.11+16.47
0.92
0.354
Ressaltos Defensivos
31.57+6.32
16.44+4.67
30.47
0.000
Ressaltos Ofensivos
15.00+2.94
9.44+5.20
6.34
0.025
Roubos de Bola
14.00+5.69
12.33+4.74
0.41
0.533
Assistências
2.71+2.21
1.56+0.73
2.20
0.160
Faltas Cometidas
18.14+6.18
26.89+4.34
11.10
0.005
Faltas Sofridas
27.71+4.27
19.00+5.29
12.56
0.003
Turnovers
21.29+5.06
16.56+4.07
4.32
0.057
Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas na Percentagem de Lançamento de 2 Pontos, Ressaltos Defensivos, Ressaltos Ofensivos, Faltas Cometidas e Faltas Sofridas.
A FD encontrada, à qual se atribui 100% da variância, está associada a um Rc =0.949, e um c2 = 20.810, p = 0.022 (Quadro 12)
Quadro 12. Resultados da função discriminante em jogos desiquilibrados
Função
% Variância
l de Wilks
Rc
c2
GL
Sig. (p)
1
100.0
0.099
0.949
20.810
10
0.022
Na função linear definida pelo modelo matemático da FD, sobressaem claramente a Percentagem de Lançamentos de 2 pontos, a Percentagem de Lançamentos de 3 pontos, a Percentagem de Lançamentos Livres, os Ressaltos Defensivos, os Ressaltos Ofensivos, os Roubos de Bola, as Assistências e os Turnovers, como os indicadores que contribuem para a separação máxima entre equipas vitoriosas e derrotadas em jogos desiquilibrados.
Quadro 13. Coeficientes Canónicos Estruturais da Função Discriminante encontrada para jogos desiquilibrados(CCEJD)
Indicadores
CCE
% Lançamento de 2 pontos
0.703
% Lançamento de 3 pontos
0.333
% Lances-livres
0.521
Ressaltos Defensivos
0.927
Ressaltos Ofensivos
0.371
Roubos de Bola
0.347
Assistências
-0.542
Faltas Cometidas
-0.064
Faltas Sofridas
0.248
Turnovers
0.320
A reclassificação dos jogos nos seus grupos originais foi definida a partir da Matriz de Confusão, com um valor final de 100%. A qualidade do ajuste é elevada tanto nas vitórias (7 em 7, 100%) como nas derrotas (9 em 9, 100%).
Quadro 14. Matriz de Confusão (classificação de Jackknife) para os jogos desiquilibrados.
Grupo
N
Vitórias
Derrotas
Vitórias
7
7 (100%)
0
Derrotas
9
0
9 (100%)
DiscussãoO recurso à Análise da Função Discriminante permitiu, para cada categoria de jogos considerada, a identificação e hierarquização de um conjunto de indicadores de eficácia no jogo, que possuem forte poder discriminatório face à vitória vs. derrota em jogos de Basquetebol.
A Figura 1. pretende ilustrar os principais resultados do presente estudo.
Figura 1. Representação gráfica do valor discriminatório dos
indicadores de jogo para a vitória/derrota em Basquetebol (redesenhado a partir da sugestão apresentada por Sampaio, 1997).
De uma forma global os diferentes vectores de médias identificados estruturam-se em torno do poder discriminatório das estatísticas associadas aos lançamentos e aos ressaltos, com relações particulares observadas em cada um dos tipos de jogos analisados (JE: Roubos de Bola, Faltas Cometidas e Turnovers; JN: Turnovers; JD: Roubos de Bola, Assistências e Turnovers).
Estes resultados são bem diversos dos identificados por outros autores (Sampaio, 1997; Carvalho, 2000), pese embora as diferentes formulações que os estudos em referência apresentam, relativamente às categorias dos jogos em estudo. Em jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1994/95 e do Campeonato Profissional da Liga Portuguesa de Basquetebol da época de 1995/96, Sampaio (1997) identificou como indicadores comuns de discriminação entre equipas vitoriosas e derrotadas a Percentagem de Lançamentos de 2 Pontos e os Ressaltos Defensivos. Por outro lado, Carvalho (2000) não identificou nenhum indicador comum às três categorias estudadas em jogos da Liga Portuguesa de Basquetebol na época de 1998/99.
O quadro de resultados decorrente do presente estudo e dos trabalhos anteriormente revistos vem uma vez mais confirmar a ideia da impossibilidade de identificação da invariância de corte na performance de Jogos Equilibrados, Normais e Desequilibrados. Com efeito, parece ser a particularidade de cada uma das competições observadas que condiciona o perfil dos vectores de corte relativos aos indicadores com poder discriminatório para as diferentes categorias de jogos.
Centremos agora a nossa atenção nos resultados do presente estudo.
No decurso do jogo, e para as três categorias em análise, não deixa de ser significativo o domínio da relação entre as Percentagens dos Lançamentos e os Ressaltos, o qual assume uma relevância decisiva para as equipas que pretendem alcançar o sucesso nas competições. Este lote de indicadores que se associam para discriminar as vitórias e as derrotas nos jogos do 6º Campeonato do Mundo de Juniores Masculinos apresentam um jogo ofensivo de características mistas, sem predominância do jogo interior sobre o jogo exterior e vice-versa. Para além disso, esta associação dos indicadores técnico-tácticos por nós identificada faz crer que as vitórias nas diferentes categorias de jogos desta competição alicerçaram-se em modelos de jogo ofensivo que alternavam de facto o Ataque de Posição com um jogo de transição bastante sólidos. Esta ideia contem em si um aspecto de eficiência defensiva mais vincada em Jogos Equilibrados e Desequilibrados, a partir do maior número de Roubos de Bola e do menor número de Faltas Cometidas pelas equipas vitoriosas.
Para além do anteriormente referido, o quadro de resultados do nosso estudo merece ainda dois outros comentários:
em Jogos Normais, o indicador Turnovers associado aos indicadores comuns identificados define claramente o sentido da vitória. Ou seja, em jogos desta natureza (diferenças pontuais entre 11 e 23 pontos) a qualidade da gestão da posse da bola parece ser determinante quando associada à eficácia dos lançamentos e dos ressaltos, na discriminação do sucesso das equipas na competição, e;
em Jogos Desequilibrados, os resultados encontrados parecem espelhar a influência progressiva do desequilíbrio do resultado ao longo do jogo. De facto, ao verificar-se esse desequilíbrio progressivamente mais vincado, e apesar da equipa em desvantagem no marcador realizar mais Assistências e a equipa contrária cometer um maior número de Turnovers, o papel ofensivo e defensivo desta última equipa apresenta um poder significativamente maior.
Em suma, os nossos resultados evidenciam a associação do sucesso à solidez na eficiência do lançamento em todo o espaço de jogo ofensivo e à importância extrema da conquista da posse de bola em áreas próximas do cesto, muito provavelmente decorrente do efeito do tamanho dos atletas nesta particularidade do jogo.
ConclusãoIndependentemente da categoria dos jogos, a separação das equipas parece ser feita a partir da associação de um alargado leque de indicadores do jogo onde é notória a relação entre a eficácia ofensiva (Percentagem de Lançamento de 2 e 3 pontos, Percentagem de Lançamentos Livres e Ressaltos Ofensivos) e defensiva (Ressaltos Defensivos e Roubos de Bola), pontualmente engrandecidas com a capacidade das equipas manterem os melhores jogadores mais tempo em jogo (menos Faltas Cometidas), e simultaneamente uma melhor gestão das posses de bola (menos Turnovers).
Referências
Basto, J. (1997). Análise quantitativa em Basquetebol. Estudo multivariado dos indicadores de perfomance face às posições específicas dos jogadores. Tese de Licenciatura. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Carvalho, F. (2000). O poder discriminatório dos indicadores técnico-tácticos na performance em Basquetebol. Tese de Licenciatura. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física.
Garganta, J. (1995). Para uma Teoria dos Jogos Desportivos Colectivos. In A. Graça e J. Oliveira (Eds), O Ensino dos Jogos Desportivos (pp. 11-25). Porto: Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física.
Janeira, M. (1994). Funcionalidade e Estrutura de Exigências em Basquetebol. Um estudo univariado e multivariado em atletas seniores de alto nível. Tese de Doutoramento. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física.
Mendes, L. (1996). A Perfomance em Basquetebol. Estudo multivariado em equipas profissionais portuguesas. Tese de Licenciatura. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física.
Kendall, M. (1980). Multivariate Analysis. London: Chales Griffin & Co. Ltd
- Sampaio, A. (1997). O Sucesso em Basquetebol. Estudo centrado nos indicadores da perfomance de jogo. Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Tabachnick, B.; Fidell, L. (1989). Using Multivariate Statistics. New York: Harper & Row Publishers.
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