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Hidroginástica e osteoporose

   
*Prof. de Hidroginástica da ACM-Brasília
**Prof. Fac. de Educ. Física. UnB
Diretor do Instituto Latino-americano de Atividade Física Terapêutica (ILAFiT)
(Brasil)
 
Esp. Kátia Maria Silveira e Silva*
Dr. Ramón Fabián Alonso López**
aft200153@uol.com.br

 

 

 

 
Instituição em que foi realizado o trabalho:
Academia de Associação Cristã de Moços - Brasília.

Resumo:
     Esse estudo teve como objetivo verificar a relação da atividade física no auxílio do tratamento da síndrome osteoporótica em alunas pós-menopáusicas utilizando exercícios físicos aquáticos (hidroginástica). A amostra foi composta por alunas com idade de 60 a 77 anos que fazem reposição hormonal e ingerem cálcio, todas pertencentes a raça branca e que fizeram aulas no mesmo horário (9:30h), três vezes por semana durante um ano.
    As alunas foram submetidas a uma avaliação de, teste de flexibilidade, de medidas antropométricas, sendo nesta última utilizado o protocolo de GUEDES (1999) feminino e densitometria óssea antes e outra ao término do programa.
    Em relação à análise desses resultados, observou-se que houve mudanças nos valores antropométricos através da verificação na diminuição do peso corporal, do IMC, do percentual de gordura, do peso gordo e aumento do peso magro. Com relação a flexibilidade, observou-se uma melhora no grau de inclinação anterior de tronco, na inclinação lateral direita e esquerda, retração de isquiotibiais direita e esquerda, assim como no teste de Shober e a DEXA apresentou uma melhora da BMD da coluna lombar em 70% das alunas, enquanto que 60% obtiveram uma melhora na BMD do fêmur.
    Unitermos: Osteoporose. Atividade Física Terapêutica. Hidroginástica.


Hidroginastic and osteoporosis

Abstrat:
     The goal of this research is to appoint the relation between physical activities and old women undergoing an osteoporosis syndrome treatment using aquatic exercise (hidroginastic). this study showed women between 60 and 77 years old which are undergoing hormonal treatment, taking calcium, all of them white and had attended the same exercise schedule (9:30), three times a week, one year in a roll.
    The women had to go through an evaluation in which their flexibility were tested, as well as the anthropometrical measurements which used the female GUEDES (1999) protocol and ossium densitometry in the beginning and at the end of the program.
    With this analysis, could be verified that there was a change on the anthropometrical measurements through the evaluation of the body weight, which was reduced, of the IMC, the fat percentual, the fat weight and the development of the slim weight. In the flexibility, could be noticed a development on the degree of bendiness of the thorax, the lateral inclination to the right and to the left, the right and left isquiotibiais retraction, as well as on the Shober test, and DEXA had a improvement of the BMD of the lombar spine in 70% of the women, while 60% of them had a improvement on the BMD of the femur.
    Unitermos: Osteoporosis. Therapeutic Physical Activity. Hidroginastic.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 44 - Enero de 2002

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Introdução

    As melhorias na medicina e padrões gerais de vida durante o último século levaram a um considerável aumento na expectativa de vida. Com o aumento da idade surgem novas doenças e daí a necessidade de prevenção e retardamento das inevitáveis enfermidades. É nesse contexto que entra a Educação Física, integrante ativo no setor da saúde, com objetivo de, através de exercícios físicos orientados e seguros, promover um bem estar físico, social e psicológico a essas pessoas.

    A atividade física torna-se uma terapia importante e é necessário que o professor de Educação Física que visa a saúde do aluno, se interesse mesmo que superficialmente pelas diversas enfermidades e, se for o caso, até mesmo redirecionar a modalidade física após uma conversa com o médico.

    Dentre as atividades físicas mais indicadas pelos médicos para os idosos, é notória a escolha pela hidroginástica, considerada uma atividade segura, prazerosa e eficiente devido aos efeitos terapêuticos proporcionados pela água no quadro das doenças metabólicas ósseas.

    Uma das doenças metabólicas ósseas de maior incidência é a OSTEOPOROSE, onde existem autores que apóiam e outros que desaprovam a utilização de exercícios na água como um fator benéfico no processo de aumento de massa óssea.


Atividade física e a osteoporose

    Com base em pesquisa atual (3-15), sobre osteoporose e exercício preceitua que:

  1. A atividade física com sustentação do peso é essencial para o desenvolvimento normal e a manutenção de um esqueleto sadio. As atividades que focalizam o aumento da força muscular também podem ser benéficas, particularmente para os ossos que não participam da sustentação do peso.

  2. As mulheres sedentárias podem aumentar ligeiramente a massa óssea tornando-se mais ativas, porém o benefício primário da maior atividade pode residir em evitar a perda adicional de osso que ocorre com a inatividade.

  3. O exercício não pode ser recomendado como um substituto para a terapia hormonal, por ocasião da menopausa.

  4. O programa ótimo para as mulheres mais idosas deveria incluir atividade que aprimoram a força, a flexibilidade e a coordenação e que podem reduzir, indiretamente porém de maneira efetiva, a incidência de fraturas osteoporóticas por tornarem as quedas menos prováveis.

    Ainda não existe evidência de que apenas o exercício ou este mais o acréscimo da ingestão de cálcio possa prevenir a redução máxima na massa óssea nos anos pós-menopáusicos imediatos. Não obstante, todas as mulheres sadias devem ser encorajadas a se exercitarem. Independentemente de a atividade possuir um componente osteogênico significativo que permite obter os outros benefícios de saúde que resultam do exercício regular (3).

    A atividade física diária de suportar o peso do próprio corpo é essencial para a saúde do esqueleto. A tensão mecânica do peso do corpo constitui, talvez, o principal fator exógeno que atua sobre o desenvolvimento e a remodelação óssea. Uma pessoa sedentária corre o risco maior de tornar-se osteoporótica do que outra que pratique exercícios que envolvam o suportar o próprio peso.

    A mesma autora cita como exemplo o é verificado nos astronautas, onde a acentuada redução do campo gravitacional, que resulta em um ambiente de imponderabilidade durante o vôo espacial, provoca perdas substanciais da massa esquelética e muscular, apesar da atividade física intensa (20).

    A mulher que praticou ginástica durante toda a sua vida desde a adolescência, chega à menopausa com massa muscular maior. A mulher que tem a musculatura mais firme está mais protegida contra a osteoporose (9).

    O esporte exagerado pode dar músculos mas pode atrasar a menstruação, deixando-a irregular e a irregularidade ajuda no aparecimento da osteoporose, se ocorrer na adolescência ou na fase pré-menopausa (9).

    Outro fato em relação à prática do esporte é que as mulheres com perda rápida de massa óssea, com pancadas e acidentes esportivos, podem fraturar os ossos, depois dos 50 - 55 anos de idade. A densitometria óssea permite responder se a prática do esporte é ou não perigosa para tais casos (9).

    Especialmente atividade de condicionamento físico estimula definitivamente a formação de novo tecido ósseo. Isso foi demonstrado em animais. Já se sabe há anos que pacientes imobilizados na cama, e até mesmo astronautas saudáveis em vôos espaciais destituídos de gravidade, ficam com os ossos mais finos. Os atletas em geral têm ossos mais fortes do que as pessoas que não praticam esportes; contudo, o treinamento excessivo nas mulheres pode, na verdade, provocar mais osteoporose (14).

    Os mesmos autores afirmam que descobriu-se que mulheres que participam de treinamento físico rígido, como corridas prolongadas de longa distância, podem ter períodos menstruais menos regulares. A menstruação pode até mesmo parar temporariamente, como resultado das mudanças nos níveis de estrógenos provocadas pelo treinamento físico. Essas mudanças hormonais, em alguns casos podem resultar em perda de massa óssea, osteoporose e fraturas.

    Tem-se tornado dogmático que a atividade física beneficia o esqueleto. Essa idéia é respaldada por várias evidências, incluindo extensa documentação das conseqüências freqüentemente devastadoras da imobilização, e dados comparativos demonstrando associação entre prática da atividade física e aumento da massa óssea. Estudos recentes mostram que indivíduos “ativos” ou atléticos têm uma densidade mineral óssea significativamente aumentada quando comparados com os controles sedentários. Uma diferença que varia de 8 a 30%, independente do tipo de exercício. Várias metas devem ser atingidas quando se faz um programa de exercícios para pacientes com osteoporose. A mais importante de todas é que o programa não ofereça perigo. Ele deve aumentar a habilidade do paciente para realizar suas atividades de rotina diária, e deve minimizar o risco de fratura subseqüente (1).

    Os referidos autores afirmam que ao parar os exercícios de treinamento, a massa óssea retorna rapidamente aos níveis basais. Assim, para a obtenção de benefícios esqueléticos a longo prazo, os programas de exercícios devem ser mantidos.

    Entre os fatores de risco da osteoporose (sedentarismo, sexo, raça, hereditariedade, menopausa, dieta e farmacológicos), podemos destacar a inatividade física como um dos fatores mais importantes. Talvez se um maior número de pessoas estivesse engajado em um programa de atividade física, muitos problemas poderiam ser evitados (problemas financeiros e emocionais devido a acidentes causados pela osteoporose), possibilitando uma vida mais produtiva, com qualidade melhor para várias pessoas (12).

    Aumentar a atividade física reduz a perda óssea e o risco de quedas. Os pacientes devem ser estimulados a fazer exercícios; um programa de atividade física pode ser encontrado em muitos lugares (o mais importante é que esses exercícios devem ser com carga e realizados durante pelo menos 30 minutos por dia). Um dos exercícios mais simples é caminhar. Os exercícios não devem aumentar o risco de queda, nem sobrecarregar excessivamente qualquer osso. Os pontos importantes a serem incluídos em qualquer programa de atividade física são:(22)

  • Relaxamento para aliviar o espasmo muscular;

  • Monitoramento da altura e postura;

  • Exercícios respiratórios;

  • Fortalecimento dos músculos posturais, abdominais, do soalho pélvico, da cintura escapular e dos músculos do pescoço .

    A atividade física praticada regularmente funciona como estímulo mecânico sobre o sistema esquelético que responde à sobrecarga e à contração muscular promovendo a formação óssea (16). Tem sido demonstrado massas ósseas maiores em atletas, maratonistas, andarilhos, assim como animais de experimentação submetidos a atividades físicas com impacto (16). Esse fato é evidente também na redução de massa óssea de membros paralisados, na imponderabilidade espacial (19), ou na simples permanência prolongada no leito. Além de seus efeitos diretos sobre o osso, o exercício também aumenta o tônus e a massa muscular. Esses resultados podem ajudar a melhorar o equilíbrio e assim prevenir as quedas e proporcionar melhor proteção durante as mesmas. O referido autor ainda diz que embora alguns relatos recentes indiquem que só o exercício vigoroso seja benéfico, a quantidade e o grau de atividade física por toda a vida adulta não foram ainda determinados. Pode ser que apenas uma leve atividade física diária seja suficiente para proteger a massa óssea existente. Recente estudo controlado em mulheres pós-menopáusicas mostrou que um programa de nove meses de atividades físicas foi útil para manter a densidade mineral óssea da coluna lombar. Os efeitos do exercício físico sobre o osso podem ser aumentados, se suplementos de cálcio forem também administrados (8).

    No ano de 1997, durante o quarto Simpósio Internacional sobre Osteoporose nos EUA, professor Charles Slemenda, apresentou resultados de pesquisas que correlacionavam a DMO com a prática de atividades físicas. A ginástica, vôlei e atividades que eram realizadas com impacto no solo agregam maior massa óssea do que os praticantes de natação, ciclismo e outras práticas sem impacto. Através de densidade mineral óssea constatou-se que os praticantes de atividades sem impacto tinham uma menor DMO que os de atividades com impacto e estranhamente menos DMO que indivíduos sedentários (15).


Hidroginástica e osteoporose

    Ao analisarem 77 mulheres pós-menopausa, não encontraram aumento significativo na DMO (densidade mineral óssea) da espinha após período de prática de HIDROGINÁSTICA (12-2). Uma pesquisa realizada em Israel, relata aumentos significativos na DMO em mulheres pós-menopausa após participarem de um programa de exercícios aquáticos por 15 meses, 3 vezes por semana, tendo um aumento maior que o grupo que realizou o exercício em terra e que o grupo controle (11).

    São recomendáveis atividades como HIDROGINÁSTICA, exercícios com peso (musculação), ambos com importante efeito na redução da osteoporose. É de suma importância a orientação prévia de um professor de educação física capacitado durante o planejamento e prescrição para recalcular intensidade, bem como propor novos exercícios (21).

    É importante adotar uma posição de equilíbrio, não indicando a hidroginástica como recurso mágico, nem contraindicá-la, sendo mais adequado associar a hidro com atividades como caminhada, ginástica ou dança (15).


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