Perfil antropométrico e da composição corporal de árbitros de futebol Anthropometric and body composition profile of soccer's game referee |
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*Mestrando em Educação Física - ISCF - Manoel Fajardo - Cuba. Árbitro da Federação Paranaense de Futebol **Prof. da PUCPR. Membro do NUCIDH CDS/UFSC. (Brasil) |
Alberto Inácio da Silva* albertoinacio@bol.com.br Ciro Romelio Rodriguez-Añez** |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 7 - N° 43 - Diciembre de 2001 |
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IntroduçãoO árbitro, auxiliado pelos seus assistentes, tem a autoridade para fazer cumprir as regras do jogo de futebol. As suas decisões sobre fatos em relação ao jogo são definitivas (FIFA, 1999). A sua função consiste em supervisionar e julgar a ação dos jogadores e aplicar as penalidades pertinentes de acordo com as regras oficiais da FIFA. O desempenho da sua função exige que esteja o mais perto possível do lugar onde a jogada está sendo realizada, de maneira que seu ângulo de visão seja o melhor possível e sua avaliação possa ser a mais imparcial estando este livre de qualquer pressão física ou psicológica (Rontoyannis, et al. 1998).
O interesse científico pelo futebol tem acontecido de forma muito intensa durante as últimas décadas, porém, quase sempre o interesse é o jogador de futebol. Embora a importância do árbitro não seja menor, pois um jogo mal arbitrado independentemente do nível dos jogadores perde todo seu brilho, pouca atenção tem sido dada ao arbitro. Poucos trabalhos falam das necessidades físicas, do perfil antropométrico e da composição corporal de árbitros de futebol. Para estabelecer programas específicos de treinamento é necessário conhecer além das exigências físicas da atividade, o perfil antropométrico do atleta para saber se este está além ou aquém do perfil adequado para a função (Cuchiaro, 2000). Sabe-se ainda que quantidades elevadas de gordura corporal prejudicam o desempenho dos indivíduos, além de constituir fator de risco para diversas doenças, sendo por tanto, fundamental o controle adequado da adiposidade corporal.
Observa-se a necessidade de se investir em pesquisa para a melhora da performance física do árbitro de futebol evitando, desta maneira, que decisões equivocadas provocadas por esgotamento físico durante a partida tirem o brilho de um bom jogo de futebol.
Na tentativa de melhorar a qualidade da Arbitragem do futebol, a FIFA (Fédération Internationale de Football Association) reduziu a idade do árbitro para no máximo 45 anos. Desta forma pode-se estar perdendo experiência. Uma boa preparação física poderia ser a fórmula para uma maior vida útil para os árbitros experientes.
O objetivo deste trabalho consiste em determinar o perfil antropométrico e da composição corporal dos árbitros da Federação Paranaense de Futebol que pertencem ao Quadro Nacional, que participaram da pré-temporada 2000 na Cidade de Curitiba.
MetodologiaEste estudo caracteriza-se como descritivo de corte transversal de acordo com Gil (1996).
A população deste estudo esteve constituída pelos árbitros da Federação Paranaense de Futebol (FPF) que pertencem ao Quadro Nacional da Confederação Brasileira de Futebol, que participaram da pré-temporada 2000 na Cidade de Curitiba.
A amostra foi constituída de 16 árbitros, todos do sexo masculino, escolhidos de forma intencional pois além de pertencerem à Federação Paranaense de Futebol deveriam estar no Quadro Nacional.
Foram mensuradas 9 dobras cutâneas (Subescapular, Tríceps, Bíceps, Peitoral, Axilar média, Abdome, suprailíaca, coxa e panturrilha), 9 perímetros (Antebraço, Braço contraído, Braço relaxado, Tórax, Abdome, Quadril, Coxa superior, Coxa média e Panturrilha), e 4 diâmetros ósseos (Biestilóide, Biepicondiliano, Bicondiliano e Bimaleolar), segundo a padronização de Harrison, et al. (1991), Callaway et al. (1991) e Wilmore et al. (1991) respectivamente. Ainda determinou-se a massa corporal a estatura e a idade conforme (Ross e Marfell-Jones, 1995). A partir das variáveis antropométricas foi determinada a densidade corporal utilizando a equação proposta por Jakson e Pollock (1978), que utiliza o somatório de 7 dobras cutâneas e dois perímetros e o percentual de gordura utilizando a equação de Siri (1961). A massa da gordura (MG) foi obtido multiplicando a massa corporal (MC) pela fração do percentual de gordura (%G), PG=MC(%G/100). Para a massa óssea (MO) e a massa residual (MR) utilizaram-se as equações de Von Döblen e Würch citadas por De Rose, Pigatto e De Rose (1984) respectivamente. A massa muscular (MM) foi obtida da seguinte forma: MM=MC-(MO+MR+MG).
Resultados e discussãoNa Tabela 1 pode-se observar as características descritivas e da composição corporal da amostra estudada. A idade média (34,5 anos) foi muito semelhante aos valores encontrado por Velho, Petroski e Schwingel (1998) em árbitros da Federação Catarinense de Futebol (FCF) que foi de 32,6 anos. Rontoyannis et al. (1998), avaliou 188 árbitros da região norte da Grécia e verificou que a média de idade foi de 36,3 anos, estes autores ainda comentam que a idade dos árbitros quando comparada com a dos atletas de futebol é superior em 10 anos e que esta diferença é menor em outros esportes.
Tabela 1 - Características descritivas e da composição corporal de árbitros de futebol. (n=16).
Variável
Média
Desvio Padrão
Maior Valor
Menor Valor
Idade
34,5
4,8
44,6
25,2
Estatura
177,8
7,4
195,0
169,5
Massa Corporal
78,7
8,0
97,3
65,0
Percentual de Gordura
15,9
3,4
23,2
9,6
Massa de Gordura
12,6
3,4
18,6
6,5
Massa Óssea
13,3
1,7
16,3
11,1
Massa Residual
19,0
1,9
23,4
15,7
Massa Muscular
33,8
3,0
39,7
29,2
A estatura média (177,8 cm) encontrada neste estudo é maior do que a dos árbitros da FCF (174,4 cm), e praticamente igual à estatura dos árbitros gregos (177,4 cm). Comparando a estatura com outros grupos populacionais nacionais como o levantamento realizado por Petroski em 1995 em indivíduos com idade entre 18 e 66 anos da Região Sul do Brasil, a diferença é de 3,3 cm em favor dos árbitros. A massa corporal dos árbitros paranaenses (78,7 Kg) foi maior do que a dos árbitros catarinenses (76,4 Kg) e menor do que a dos árbitros gregos (81,6 Kg), porém 5,1 Kg maior do que a dos homens da Região Sul (73,6 Kg).
Com relação ao percentual de gordura, o valor observado (15,9%) é muito semelhante ao valor encontrado nos gregos (16,7%) porém muito menor do que os valores relatados por Schwingel et al (1998) num estudo realizado em 57 árbitros catarinenses que foi de 20,7%. Ainda, o percentual de gordura dos árbitros foi muito semelhante ao encontrado por Petroski em homens da Região Sul (16,14%).
Não encontramos valores para comparação da massa óssea, da massa residual nem da massa muscular de outros árbitros de futebol, porém algumas comparações podem ser feitas com os valores médios encontrados por Petroski em 1995. Esses valores podem ser vistos na Tabela 2.
A massa óssea encontrada neste estudo (13,3Kg) corresponde a 16,8% da massa corporal dos avaliados semelhante ao encontrado nos homens da Região Sul por Petroski que foi de 16,42%. A massa residual por ser uma constante, (24,1%) é praticamente igual em todos os grupos comparados. Quando comparamos a massa muscular dos árbitros deste estudo (42,9%), observa-se que a massa muscular em termos relativos, é muito semelhante com os valores encontrados por Petroski em 1995 que foi de 43,0%.
Tabela 2 - Valores médios em homens da Região Sul do Brasil com idades entre 18 e 66 anos de idade (n=304).
Valores absolutos (Kg)
Valores relativos (%)
Idade (anos)
30,17±9,78
Estatura (cm)
174,5±6,81
Massa Corporal
73,6±9,74
Peso da gordura
12,24±6,35
16,14±6,86
Peso do ósseo
12,09*
16,42*
Peso Residual
17,74*
24,10*
Peso muscular
31,7*
43,07*
* Valores estimados a partir dos dados originais
Adaptado de Petroski (1995).Na Tabela 3 estão apresentados os valores dos perímetros. Poucos são os trabalhos que apresentam esta informação e sendo este, um trabalho voltado para a determinação do perfil antropométrico de árbitros de futebol, esta informação é importante na medida que permitirá comparação com o resultado de estudos em outras Confederações e até de outros grupos como jogadores de diversos esportes ou até com indivíduos normais.
Tabela 3 - Perímetros de árbitros de futebol. (n=16).
Variável
Média
Desvio Padrão
Maior Valor
Menor Valor
Antebraço
27,0
1,2
29,0
25,0
Braço Contraído
31,9
1,9
36,0
29,0
Braço Relaxado
29,3
1,8
32,0
26,5
Tórax
95,3
5,6
106,5
83,5
Abdome
87,1
7,0
98,5
73,5
Quadril
97,7
4,4
105,5
89,0
Coxa Superior
59,3
2,8
64,0
54,0
Coxa Média
55,1
2,7
60,7
51,0
Panturrilha
39,4
1,9
42,8
36,5
Os perímetros deste estudo são maiores do que os relatados por Petroski (1995) com exceção do perímetro da coxa média que foi menor nos árbitros (1,26 cm).
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