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Questões éticas implicadas na formação do “psicólogo desportivo”
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 6 - N° 32 - Marzo de 2001 |
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“Psicologia do Esporte Acadêmica”, cujo interesse profissional recai sobre a pesquisa, produção de conhecimento e ensino da “psicologia desportiva”;
“Psicologia do Esporte Aplicada”, próxima do campo de atuação e intervenção psicológicas.
Desta forma, complementa a autora, que o profissional qualificado com formação em psicologia recebe o título de “psicólogo do esporte clínico”, tendo o direito de fazer psicodiagnóstico desportivo e praticar intervenções clínicas tanto para o atleta individualmente quanto em contextos grupais. Assim sendo, os profissionais que não possuem formação em psicologia, mas que fizeram cursos de formação em “psicologia desportiva”, recebem o título de “psicólogo do esporte educacional”, podendo exercer atividades tanto relacionadas ao ensino como à pesquisa, em situações que envolvem o atleta e as equipes desportivas, o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e a análise de dinâmicas psicossociais.
Também a APA estabelece uma divisão semelhante e a formação acontece de acordo com o “caminho” escolhido pelo profissional, se no campo acadêmico, da pesquisa ou prática. Sua recomendação é que estes profissionais tenham doutoramento específico em “psicologia desportiva”, sendo que um curso equivalente ao mestrado seria suficiente apenas ao aconselhamento e à promoção da saúde.
Para a FEPSAC as linhas de atuação: pesquisa, educação e prática, referem-se:
às investigações que contribuem para o desenvolvimento e construção deste saber científico;
ao ensino dos estudantes de Educação Física, Psicologia e outros cursos ligados às ciências desportivas
à uma intervenção diretamente a atletas e equipes desportivas bem como à utilização de instrumentos como avaliação e diagnóstico.
O fato é que tem-se assistido, na última década, uma descoberta da “psicologia desportiva” não só como área de atuação emergente para psicólogos que diante de uma demanda crescente enfrentam grandes dificuldades para intervir adequadamente já que os cursos de graduação em psicologia ainda não formam nem qualificam o graduando para esta possibilidade de prática (RÚBIO,1999), como também o fato de estar se formando um novo saber científico. Este tornar a “psicologia desportiva” um saber científico esbarra-se na necessidade de se apresentar uma “ética profissional” condicionada, isto em dizer, de um modo geral, que só existe ética se algumas condições (pré-estabelecidas) forem realizadas.
Nota-se que as questões formativas, incluindo a ética, dentro da “psicologia desportiva” ainda oferece muitas lacunas. O que parece comum entre os diversos segmentos que “conduzem” a “psicologia desportiva” é a complementação da formação do futuro profissional com cursos de pós graduação em “psicologia desportiva”. Neste caso, a questão deste profissional ser oriundo da graduação em psicologia ou em educação física, ainda está em aberto. O que pode se verificar com os dados acima é que os critérios de certificação estão baseados em três itens fundamentais que este profissional deve adquirir na sua formação:
nível superior (não obrigatoriamente em psicologia);
pós-graduação (preferencialmente mestrado e doutoramento) em “psicologia desportiva”
experiência supervisionada em “psicologia desportiva” (TAYLOR, “on-line”).
Muitos pontos merecem ser discutidos sobre ética e formação profissional do “psicólogo desportivo”. Adequar esta formação à realidade brasileira e criar uma mentalidade própria é fundamental. Por se tratar de uma área nova, formar este novo saber científico exige também, segundo SEVERINO (1994), um novo método, processo extremamente complexo.
Sem deixar escapar o enfoque desta discussão, o que confere então credibilidade a esta nova ciência que está surgindo e que necessita de um novo método? Voltando-se à questão inicialmente proposta, apresentada neste ponto pelas representações práticas das ciências desportivas e da psicologia que se complementam igualmente e de forma particular às suas correspondentes, pode-se também afirmar que a pesquisa na área, ainda em pouca produtividade não só no Brasil, faz-se necessária para que se compreenda melhor seus objetivos, suas práticas, seus valores e também para estabelecer os vínculos estruturais desta nova ciência contribuindo, sempre, para a construção deste novo saber. Desta forma, voltando-se às questões colocadas acima, sobre a formação e atuação do “psicólogo desportivo”, principalmente no que se diz respeito à divisão da atuação destes profissionais em segmentos distintos de acordo com sua formação em psicologia ou em ciências desportivas (educador, pesquisador ou prático), vale dizer que esta possibilidade “ética” de regulamentar a “psicologia desportiva” apresenta lacunas que podem pôr a dever a particularidade da mesma. Analisando-se este quadro surge a seguinte questão:
como é que um profissional em “psicologia desportiva” que tenha vindo, originariamente, das ciências desportivas pode atuar no ensino formando profissionais específicos em “psicologia desportiva” (especialização, mestrado ou doutoramento) e ainda atuar na pesquisa, criando métodos e contribuindo para o desenvolvimento desta nova ciência e não pode estar atuando na prática?
O que validaria então a construção de um novo saber se são estes mesmos profissionais, das ciências desportivas, que irão, em uma via de mão única, ensinar e qualificar outros que se assumirão práticos, se ambos criam e determinam a transmissão deste saber?
Com certeza esse é um fato bastante contraditório e acaba por levar a uma outra questão, também ética, sobre “quem ensina quem, e por que?”.
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revista digital · Año 6 · N° 32 | Buenos Aires, marzo de 2001
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