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A Educação Física Hospitalar em desenvolvimento: uma breve apresentação
das 32 sub-especialidades de atuação profissional no campo da saúde.

Professor Visitante da Escola de Educação Física e Desportos
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Coordenador do Grupo de Estudos em Saúde Pública
Aplicados à Atividade Física
Coordenação de Pós-Graduação - EEFD / UFRJ
Pós-Graduado em Judô - Treinamento de Recursos Humanos - Docência do Ensino Superior
Pós-Graduando em Bioquímica, Nutrição e Fisiologia do Exercício - UNESA/ RJ
Fisiologista da Equipe de Judô do Club de Regatas Vasco da Gama - Rio de Janeiro

Leonardo José
Mataruna Dos Santos

mataruna@ruralrj.com.br
(Brasil)

    Resumo
    Atualmente poucos profissionais de Educação Física atuam em hospitais. O presente estudo apresenta 32 sub-especialidades de atuação no campo da saúde ampliando as possibilidades de práticas profissionais.
    Unitermos: Educação Física Hospitalar, Especialidades e Saúde.

    Resumen
    Actualmente pocos profisionales de Educación Física actúan en el hospitales. El presente estúdio presenta 32 sub-especialidades de actuación, ampliando las posibilidades de practicas profisionales.
    Palabras clave: Educación Física Hospitalaria, Especialidades y Salud.

    Abstrait
    Actuel peu de professionnels d'éducation physique agissent dans les hôpitaux. La présente étude il présente 32 secondaire-spécialités d'exécution dans le domaine de la santé étendant les possibilités professionnelles.
    Mots-clés: Éducation physique d'hôpital, spécialités et santé

    Abstract
    Currently few professionals of Physical Education act in hospitals. The present study presents 32 sub-specialties of performance in the health field extending the professional possibilities of practice.
    Keywords: Hospital Physical education, Specialties and Health

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 27 - Noviembre de 2000

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Definições de Saúde e sua ação na Educação Física Hospitalar

    Os problemas decorrentes da vida em sociedade impõem às organizações sociais o desenvolvimento de atividades ligadas à saúde da população e o estabelecimento de regras para modelar comportamentos que podem resultar em riscos e danos à saúde da coletividade.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é o estado mental de completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Tambellini (1988), complementa esta definição, conceitualizando saúde como um bem coletivo que é compartido individualmente por todos os cidadãos. Comporta duas dimensões essenciais - a dimensão do indivíduo e a dimensão da coletividade. Essas dimensões devem ser respeitadas em suas contradições e preservadas enquanto formas de expressão das maneiras de viver possíveis num dado momento, ROUQUAYROL (1999).

    MINAYO (1992) acrescenta que saúde é o resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. É assim , antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes dificuldades nos níveis de vida.

    A legislação brasileira declara que saúde é um direito de todos e um dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços, para sua promoção, proteção e recuperação. (Art. 196 da Constituição Brasileira, 1988)

    Segundo ROUQUAYROL (1999), saúde publica é a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental e a eficiência, através de esforços organizados da comunidade para o saneamento do meio ambiente, o controle de infecções na comunidade, a organização de serviços médicos e paramédicos para o diagnóstico precoce e o tratamento preventivo de doenças, que irá assegurar a cada indivíduo, dentro da comunidade, um padrão de vida adequado à manutenção da saúde.

    MATARUNA DOS SANTOS (2000), explana que o atendimento do profissional de EF em saúde, em ação hospitalar, se caracteriza em duas vertentes. Esta divisão serve para identificar aspectos de relação afetivo-social de profissional/paciente, oportunizando uma investigação mais ampla tanto para o Profissional de Educação Física (PEF) como para a equipe de saúde, que analisa os processos de recuperação do cliente. Estas divisões são nomeadas de:

  • Educação Física Clínica - Caracteriza-se pelo atendimento individualizado. Geralmente em enfermarias, com pacientes de alto comprometimento, ou seja, com indivíduos que requerem um atendimento especial.

  • Educação Física Coletiva ou Totale - Definida pelo atendimento a mais de um paciente, onde o objetivo do tratamento pode ser geral ou específico, diferenciando-se ou não de um para outro.

    FLORINDO (1998), relata que:

"o conceito de promoção em saúde, o qual é considerado como um novo paradigma do campo da Saúde Pública, teve sua etiologia formalizada através da Carta de Otawa, promulgada na 1ª Conferência de Promoção em Saúde, realizada em 1986 na cidade de Otawa no Canadá. Este conceito foi caracterizado como o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Este documento acrescenta que para se atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio-ambiente (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 1996)."

    A Carta de Otawa (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 1996), destaca na promoção em saúde, os papéis de defesa das causas da saúde, a capacitação individual e social para a saúde e a mediação entre os diversos setores envolvidos. Este documento preconiza cinco campos de atuação caracterizados por:

  1. elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis;

  2. criação de ambientes favoráveis à saúde;

  3. reforço da ação comunitária;

  4. desenvolvimento de habilidades pessoais;

  5. reorientação dos sistemas e serviços de saúde.


Os Campos da Educação Física Hospitalar

    A Educação Física Hospitalar é uma especialidade da EF que possui uma larga área de sub-especialidades. Esta requer um aprofundamento em conceitos da área de saúde. Se torna necessário que este profissional saiba se posicionar em uma equipe multidisciplinar, entendendo os atos interdisciplinares, e saiba não somente se colocar em discussões da equipe, mas que conheça o funcionamento de rotina do ambiente em que esta trabalhando, no caso os hospitais, clinicas e postos de saúde. Importante salientar que este é um espaço totalmente diferente do sitio usual do PEF, mas que em momento algum este profissional deve desviar o objetivo de sua presença naquele ambiente e atendimento, a que se dispõe atuar profissionalmente. Em tempos atuais, o PEF neste tipo de prática atua em conjunto com outros profissionais, mas este tem capacidades e autonomia para estar atuando individualmente, ou seja, separadamente do médico e de sua equipe, em algumas atividades.

    Através de um levantamento de campo realizado em Hospitais Universitários de todo o Brasil para esta pesquisa, das 32 sub-especialidades descritas neste artigo, o PEF só está presente em seis sub-áreas, restando portanto mais de 80% de campos inexplorados. Cabe a este profissional começar a desenvolver projetos e se capacitar para esta prática ou perderá aos poucos esta oportunidade de mercado.


As Sub-especialidades da Educação Física Hospitalar

    Estas são as atuais sub-especialidades de EFH, que requerem a construção de referenciais teóricos e práticos para sua ampliação, desenvolvimento e sustentação. Importante lembrar que algumas destas são inéditas e estão sendo discutidas pela primeira vez no âmbito acadêmico.

  1. Administração de Programas de Reabilitação, Manutenção e Terapia em Saúde - coordenação de programas de hospitalares, onde ocorre a estruturação programática e científica para a fundamentação e organização da equipe.

  2. Análise de desenvolvimento físico/esportivo/mental - trabalho desenvolvidos por Profissionais de Educação Física/médicos/psicólogos com crianças em postos de saúde, onde existe um acompanhamento do desenvolvimento físico/esportivo/mental da criança, analisando se as atividades físicas estão prejudicando ou favorecendo o desenvolvimento infantil.

  3. Atividade Física para Gestante - trabalho desenvolvido com gestantes em hospitais maternidades preconizando atividades físicas que possam colaborar para o parto e para uma recuperação rápida e sadia da gestante.

  4. Avaliação e Orientação Vocacional - visa a orientação acadêmica/profissional na atuação do campo hospitalar, avaliando também, seu desempenho. Juntamente com a Terapia Ocupacional, Psicologia, e a Medicina, a orientação vocacional de pacientes, é uma outra possibilidade profissional dentro desta especialidade, ajudando não só àqueles clientes que adquiriram quadros irreversíveis, tais como a paraplegia, tetraplegia, entre outros, mas como os pacientes em geral, na busca de uma nova profissão ou prática esportiva próxima a sua realidade atual.

  5. Dança Hospitalar - desenvolvida com crianças, idosos, deficientes físicos e mentais objetiva a consciência corporal por meio de estímulos sonoros e visuais.

  6. Educação Física Geriátrica - aplicada a indivíduos da terceira idade que necessitem de um atendimento médico ou fisioterápico em conjunto com a atividade física. Cabe ao Educador Físico desenvolver a autonomia em seu paciente nesta prática, orientando conteúdos básicos para que sejam realizadas as atividades.

  7. Engenharia Biomecânica - esta atividade possibilita o trabalho conjunto da área biomédica com a exata. A atuação de profissionais como engenheiros, físicos e arquitetos se fundem com a medicina e educação física, na perspectiva da construção de próteses e cadeiras de rodas voltadas não só para atividades do cotidiano, como também para atividades esportivas. Este campo é fundamental na projeção destes equipamentos para crianças deficientes que necessitam de atividades físicas, porém desconhecem os limites destes aparelhos e do seu próprio corpo.

  8. Farmacologia da Atividade Física - este campo não se limita ao hospital, assim como outros expostos até o momento. Fundamenta-se na necessidade de aplicação de produtos farmacológicos para atletas enfermos ou indivíduos que os necessitem durante a prática de atividades físicas. Outro objetivo é desvendar alguns mitos expostos a sociedade perante os produtos, tóxicos ou não, que contra-indicam a prática de atividade física Deve ser realizado com farmacêuticos, médicos, entre outros.

  9. Ginástica Laboral - para médicos/enfermeiras/ profissionais em geral da saúde que trabalham em hospitais. Destina-se principalmente àqueles que realizam movimentos repetidos ou que gerem situações de estresse, como por exemplo os cirurgiões.


Lecturas: Educación Física y Deportes · http://www.efdeportes.com · Año 5 · Nº 27   sigue Ü