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Ageism no processo de formação de professores

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(Brasil)

Arminia de Sá Coutinho
sacoutinho@bol.com.br

     As discriminações sofridas por idosas que decidiram retornar aos estudos para se tornarem professoras permitem supor a dificuldade que uma instituição educacional tem em lidar com pessoas idosas no seu corpo discente. O objetivo deste estudo preliminar é estudar a possível existência do fenômeno do ageism, termo ainda sem equivalente na língua portuguesa, mas que pode ser entendido como um processo sistemático de elaboração de estereótipos, preconceitos e discriminações com base na idade das pessoas nos cursos de formação de professores. No exercício de minha vida profissional pude perceber o desenvolvimento desse fenômeno, da forma que procuro relatar a seguir. Em 1983 ingressei no corpo docente do Curso de Formação de Professores do 1º segmento do Ensino Fundamental, do Instituto Martin Luther King, em São João de Meriti, município do Estado do Rio de Janeiro. Professora da disciplina de Fundamentos Psicológicos da Educação, e hoje também exerço a função de coordenadora desse curso. Por força deste último trabalho venho observando através de entrevistas efetuadas, nos últimos cinco anos, que pelo menos 30 alunas oriundas de uma Instituição Pública, têm procurado transferir-se para uma instituição particular por causa do ageism. São todas do sexo feminino, com idade acima de sessenta anos.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 26 - Octubre de 2000
Trabajo presentado en el IIIº Encuentro Deporte y Ciencias Sociales y
1as Jornadas Interdisciplinarias sobre Deporte. UBA - 13 al 15 de Octubre 2000

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     O Brasil está ficando mais velho e de forma muito rápida. Em 1950, a população idosa (pessoa com 60 anos ou mais) correspondia a 4,4% dos brasileiros; em 1991, ela subiu para 7,4% e, em 2020, estima-se que ultrapasse os 14%. A faixa etária de 60 anos ou mais é o segmento que mais cresce em termos proporcionais no país, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS,1999).

     O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Essa população cresce velozmente nos países em desenvolvimento, onde a expectativa de vida ultrapassa os 70 anos. No entanto, enquanto em países desenvolvidos o processo se deu ao longo das décadas do século XX, no Brasil vem ocorrendo nas últimas décadas.

    No Brasil, segundo os indicadores sociais, o aumento da proporção de idosos deve dobrar até 2020, ao atingir 14% da população - equivalente ao número de idosos na França em 1995. A diferença é que, no caso francês, foram necessários 120 anos para que isso acontecesse, e no Brasil deverá ocorrer em 25 anos (BRASIL. IBGE, 1998).

    Na contagem populacional, realizada em 1996 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram registrados 12,4 milhões de idosos no país. Em 2025, eles serão cerca de 33 milhões. (BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE, 1998). O número é equivalente a mais de seis vezes a população total da Dinamarca hoje. Com isso, o Brasil ocupará o 6º lugar no ranking mundial de população idosa - em números absolutos - atrás de China, Índia, Comunidade dos Estados Independentes (ex-URSS). Estados Unidos e Japão (BRASIL. IBGE, 1998).

    A mudança do perfil da população brasileira é explicada por especialistas pela combinação de dois fatores: queda da taxa de fecundidade das mulheres e aumento da expectativa de vida. Isso significa menos crianças e mais idosos convivendo no país. Assim, por exemplo, em 1940, a expectativa de vida era de 38,5 anos. Duas décadas depois, subiu para 55,9 anos. Em 1994 foi de 66,4 anos. Um crescimento de 72,47% em 54 anos (BRASIL. IBGE, 2000).

    Melhores condições nutricionais, de trabalho, saneamento e moradia, ao lado de novas descobertas da medicina, como antibióticos e vacinas, são apontados como responsáveis pelo aumento da expectativa de vida.

    Desenvolvimento hoje tem a ver com controle populacional, que também está relacionado com o aumento da idade média dos habitantes de um país, que, por sua vez, significa aumento do número de idosos. A medida que a taxa de natalidade diminui e as condições de vida melhoram, maiores se tornam a presença e a importância das pessoas com mais idade na sociedade.

    Envelhecer com qualidade de vida será o principal desafio daqui para frente. Com a redução das famílias, cuja tendência é a de ter apenas dois filhos, a probabilidade das pessoas idosas terem com quem morar será cada vez menor. A estrutura demográfica mudou A pirâmide familiar, com várias crianças na base e um ou dois idosos no topo, está invertendo. Aliado a isso, há o problema da seguridade social, que devido a uma política pública não atende as necessidades básicas de seus assegurados. Apenas 25% dos aposentados ganham mais de três salários mínimos; o serviço de saúde pública não atende a essa faixa etária da população e, como se isso não bastasse, a faixa acima dos 60 anos é a mais punida pelos preços absurdos de plano de saúde.

    Apesar da importância desse crescimento demográfico, a população idosa no Brasil não tem sido tratada com a dignidade de quem contribuiu para escrever a história de nosso país. Além disto, sofre o preconceito e o abandono da família e da sociedade, sendo freqüentemente vista como inútil, inválida, incapaz de assumir responsabilidades civis e familiares. Com isto vê seus direitos e obrigações, no quadro da cidadania, constantemente negados. A conseqüência é sua integração em um grupo que vem crescendo em nossa sociedade - o dos ‘socialmente excluídos’. Evidentemente, nesse grupo de excluídos não estão apenas os idosos mas também, outros, como as mulheres, os negros, as crianças abandonadas e os portadores de deficiência. Esta é a realidade de nossa sociedade que, ao contrário, deveria mantê-los integrados na sociedade.

    Por estas razões organizações não governamentais e entidades religiosas, defendem que se deve dar maior atenção as condições atuais de vida das pessoas idosas nas comunidades e fornecer subsídios financeiros destinados a evitar o isolamento social.

    Neste sentido, um bom exemplo pode ser a Campanha da Fraternidade de 1995, levada a cabo pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que se dedicou, justamente àquele grupo de pessoas que se chama e, não poderia ter outro nome, de os ‘excluídos’. A CNBB alertava as autoridades, aos cristãos e a todas as pessoas que se dizem esclarecidas, letradas, cultas, e que se imaginam conscientes, que o problema da exclusão vem se agravando em nossa sociedade, sem nenhuma expectativa de solução futura a curto prazo (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, 1995)

    Embora as autoridades fiquem discutindo e elaborando planos mirabolantes para resolver o problema, a Igreja Católica acredita que não é tão difícil, basta começar a praticar a ‘Lei de Amor’, que se resume no respeito, na solidariedade e na partilha que deve existir entre os povos.

Lecturas: Educación Física y Deportes · http://www.efdeportes.com · Año 5 · Nº 26   sigue Ü