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Influência do nível de desenvolvimento cognitivo na tomada de |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 25 - Setiembre de 2000 |
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Meinel e Schnabel (1988) descrevem que, por volta dos sete anos, as crianças manifestam um aumento em sua capacidade de antecipação, a qual pode ser percebida, através de uma maior capacidade para combinar padrões motores básicos . Porém, os autores mencionados não fazem referência a mesma capacidade de antecipação para a atuação motora dentro de jogos de situação.
A Tabela 4 permite comparar as freqüências do uso do recurso tático deslocamento para frente, na fase de ataque, dos grupos pré-operatório e operatório, onde se observa uma diferença significativa, favorável ao grupo operatório. Os deslocamentos para frente dão claras vantagens para conseguir que a bola ultrapasse a linha do fundo, contudo, apenas o grupo operatório utiliza este recurso tático durante o jogo.
O deslocamento para frente necessita ser coordenado em um plano de ação: arremessar enquanto corre, com o objetivo da bola ultrapassar a linha do fundo, e com o objetivo subordinado de evitar que a bola seja interceptada pelo oponente. Para a coordenação destes diferentes elementos, faz-se necessária uma estrutura cognitiva capaz de atender a mais de um elemento relevante, ou seja descentralizada no momento da tomada de decisão, que considere todos os elementos da situação de jogo (setor próprio da quadra, setor da quadra do oponente, linha de fundo e posicionamento do companheiro de jogo) no mesmo sistema.
Kamii e Devries (1988), na descrição de jogos em grupos com crianças da primeira infância, (pela idade possivelmente a maioria pré-operatórias - 4 e 5 anos), mencionam as dificuldades das crianças para coordenar dois elementos dentro do mesmo jogo, centrando sua atenção num dos aspectos, afirmando “ no era normal que se centraran en los dos aspectos a la vez” (p.209). Mais à frente, e referindo-se às estratégias, essas autoras relatam que os jogos desenvolvidos com as crianças foram mais caracterizados pelas faltas de estratégias do que pela presença delas (KAMII e DEVRIES, 1988) .
4. ConclusõesO presente estudo teve como objetivo investigar os tipos de estratégias utilizadas nos jogos motores de situação, por crianças em diferentes níveis de desenvolvimento cognitivo (pré-operatório, transição e operatório-concreto) permitiu, através da análise e discussão de seus resultados, que se chegasse às seguintes conclusões básicas:
Os estágios de desenvolvimento cognitivo operatório, transição e pré-operatório, dentro da proposta psicogenética, influenciam as possibilidades de reflexão sobre os jogos de situação, quando comparadas crianças da mesma faixa etária.
Há evidencia de que o desenvolvimento cognitivo seja um fator importante para resolver os problemas do jogo de situação, sendo capaz de influenciar na possibilidade de seleção dos recursos táticos no decorrer do mesmo.
O tipo de raciocínio evidenciado através dos argumentos e das ações motoras, pelas crianças dos níveis operatório, transição e pré-operatório, apresenta características similares às características de centralização e descentralização do desenvolvimento cognitivo identificados pelo método clínico para estes estágios. Em função dos resultados do presente estudo, bem como de suas limitações, sugere-se :
O uso da metodologia clínica psicogenética e da entrevista durante jogos de situação como forma de conhecer como as crianças constróem seu conhecimento sobre eles, bem como conhecer como o desenvolvimento cognitivo afeta esta possibilidade de construção.
Aos professores, considerando os resultados, estimular a verbalização por parte das crianças, das estratégias nos jogos, como forma de conhecer qual o nível de coordenação cognitiva que estas apresentam sobre os elementos do jogo e suas possibilidades táticas e também como forma de ativar o processo de introspecção das crianças, o que as torna mais conscientes dos motivos de suas ações, facilitando o processo de desenvolvimento de estratégias para os jogos de situação.
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revista digital · Año 5 · N° 25 | Buenos Aires, setiembre de 2000
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