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¿Qual das partidas (engrupada ou tradicional) é mais vantajosa para provas de natação? |
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Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física Universidade do Porto ricfer@fcdef.up.pt |
Ricardo Fernandes, José Virgilio Santos Silva |
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 25 - Setiembre de 2000 |
A partida é parte fundamental nas provas de Natação, podendo ser o agente discriminativo da derrota ou da vitória, especialmente nas provas de distância mais curta (Navarro et al., 1990 e Goldsmith, 1999). Vários autores já demonstraram a importância da partida nesta modalidade, referindo, por exemplo, Maglisho (1993) que o tempo despendido na partida é cerca de 25% do tempo total em provas de 25m, 10% em provas de 50m e 5% em provas de 100m. Desta forma, sobretudo no caso de nadadores principiantes e em formação que evidenciam técnicas de partida particularmente deficientes, uma melhoria da técnica de partida pode-se saldar num ganho de tempo considerável.
Este artigo tem como principal objectivo alertar a comunidade técnica ligada à Natação para as diferenças existentes entre duas das técnicas de partida para provas de nado ventral mais usualmente utilizadas: a Partida Engrupada (PEng) e a Partida Tradicional (PTrad). Assim, procuraremos demonstrar que cada uma destas técnicas tem vantagens relativamente à outra, tendo em consideração as características específicas das diferentes provas: (i) os diferentes estímulos de partida com que se inicia cada prova - estímulo auditivo utilizado nas provas individuais e primeiro percurso de estafetas de estilo livre e estímulo visual usado nas partidas para o 2º, 3º e 4º percursos das provas de estafetas e (ii) as diferentes técnicas de nado a utilizar - a Mariposa, o Bruços e o Crol.
Caracterização técnica
As principais características desta técnica de partida, que a diferenciam da PTrad, estão reunidas na fase de suporte no bloco: a PEng caracteriza-se por uma posição engrupada do nadador através da aproximação do tronco aos membros inferiores (mi), os quais se encontram em flexão (30 a 40º), assim como pelo agarre dos membros superiores (ms) no bloco (Costill et al., 1992 e Colwin, 1999); depois desta fase existe uma flexão dos ms seguida de uma vigorosa extensão de ms e mi preparando o voo que se lhe segue. No que se refere à PTrad, esta difere da anterior sobretudo nos seguintes aspectos (Chollet, 1997): (i) a flexão do tronco à frente é menos pronunciada; (ii) as mãos ficam livres, não se apoiando no bloco de partida, ficando os ms posicionados consoante as diferentes variantes técnicas e (iii) o percurso de balanço dos ms é superior devido ao posicionamento destes na posição preparatória.
PEng versus PTrad
Tempo de permanência no bloco. Bowers e Cavanagh (1975) ao compararem as duas técnicas de partida referiram que os nadadores que utilizam a PEng são 0,184s mais rápidos que os que usaram a PTrad aquando da utilização de um estimulo de partida auditivo. Wilson e Marino (1983), Costill et al. (1992) e Schmitt (1997) confirmam o menor tempo no bloco da PEng, referindo que nesta técnica os nadadores, após o apito, podem deixar o bloco mais cedo devido ao percurso de aceleração dos ms ser menor. O facto do centro de gravidade do nadador, na PEng, estar colocado mais na parte anterior do bloco é também um factor explicativo para esta técnica implicar uma menor perda de tempo após o estímulo de partida.Velocidade de saída. No que diz respeito a este aspecto, Wilson e Marino (1983) e Costill et al. (1992) referem que a PTrad permite ao nadador ter uma maior velocidade de saída do bloco devido ao maior percurso de aceleração dos ms.
Distância e tempo de voo. Quanto a estes dois parâmetros Maglischo (1993) refere que na PTrad, como o percurso de balanço dos ms é superior à PEng, o nadador obtêm uma maior aceleração, traduzindo-se numa maior distância de voo. Wilson e Marino (1983) reforçam esta opinião mas no que se refere ao maior tempo de voo na PTrad.
Desta forma, são vários os autores que referem a maior ou menor pertinência da utilização destas técnicas conforme o estímulo de partida utilizado. Segundo Maglischo (1993), Chollet (1997) e Schmitt (1997) a utilização da PEng será vantajosa nas provas que impliquem um estímulo auditivo, i.e., nas provas individuais e no primeiro percurso das provas de estafetas de estilo livre, pois embora a PTrad permita haver uma maior velocidade de saída e um maior tempo de voo (parâmetros estes que devem ser maximizados), o tempo de permanência no bloco é bastante superior ao da PEng. Este maior tempo de permanência no bloco é consequência das restrições regulamentares que obrigam que, neste tipo de provas, os nadadores têm de estar imóveis antes do estímulo de partida (regra SW 4.2 da FINA). Por outro lado, nos 2º, 3º e 4º percursos das provas de estafetas esta regra já não se coloca, pelo que os nadadores poderão efectuar movimentos de ms no bloco antes de partirem. Desta forma, Maglischo (1993),
Schmitt (1997) e Pelayo et al. (1999) salientam que a PTrad é a técnica mais adequada às situações em que o nadador que vai partir consegue, através da visualização do colega que se está a aproximar e da percepção da sua velocidade de nado, antecipar o estímulo de partida (estímulo visual). Assim, com esta técnica, o nadador adquire vantagem por um lado através do maior percurso de aceleração dos ms (o que lhe permite obter uma velocidade de saída superior e, consequentemente, um maior voo) e, por outro lado, não perde tempo desnecessário no bloco.
Relativamente às diferentes técnicas de nado a utilizar, i.e., a Mariposa, o Bruços e o Crol, verifica-se que as variantes da PEng e da PTrad podem implicar distintos ângulos de entrada na água e distintas extensões do percurso subaquático. Estas diferentes características das variantes técnicas parecem resumir-se à posição de saída do bloco (impulsão), a qual pré-determina a trajectória parabólica do voo do nadador. Um maior ângulo de entrada, existente p. ex. na PEng Soviética ou Volcow parece ser mais adequado à técnica de Bruços, a qual utiliza maiores e mais profundos trajectos subaquáticos; da mesma forma, a PEng de Tacos ou Tipo Atletismo implica uma entrada menos anguladas, o que permite ao nadador emergir mais rapidamente, sendo mais indicada para provas de estilo livre (Crol) (Schmitt, 1997). Whitten (1997) referiu, a este propósito, que os mariposistas utilizam uma técnica de partida que lhes permite efectuar um percurso subaquático mais fundo em relação aos nadadores de crol.
Conclusões
A PEng adequa-se melhor às provas individuais e ao primeiro percurso de provas de estafeta de estilo livre, devido ao estímulo de partida ser auditivo. A PTrad parece ser mais vantajosa para os 2º, 3º e 4º percursos das provas de estafeta, uma vez que o estímulo é visual e o nadador pode prever com suficiente segurança, através da apreciação da velocidade de aproximação do nadador que vai render, o momento em que vai partir.
As variantes da PEng, da PTrad e outro tipo de técnicas de partida implicam diferentes ângulos de entrada e diferentes percursos subaquáticos, pelo que devem ser adaptadas criteriosamente conforme as técnicas de nado a utilizar: entradas mais anguladas adequam-se melhor a Técnica de Bruços e, em segundo plano, à Técnica de Mariposa, enquanto entradas mais planas são mais próprias para provas de Estilo Livre (Crol)
Referências bibliográficas
Bowers, J. e Cavanah, P. (1975). A biomechanical comparison of the grab and conventional sprint starts in competitive swimming. In: J.P. Clarys and L. Lewillie (eds.), Swimming II, International Series on Sports Sciences, 2: 225-232. University Park Press, Baltimore.
Chollet, D. (1997). Natation Sportive. Approche Scientifique. Èditions Vigot, Paris.
Colwin, C. (1999). Swimming dynamics: Winning techniques and strategies. Masters Press. Illinois.
Costill, D. L.; Maglischo, E. W.; Richardson, A. B. (1992). Swimming. Blackwell Scientific Publications, London.
Goldsmith, W. (1999). 6 steps to greatness. Swimming Technique, 36 (3): 24 - 26.
Maglischo, E. (1993). Swimming even faster. Mayfield Publishing Company, Moutain View, California.
Navarro, F.; Arrelano, R.; Carnero, C.; Gosálvez, M. (1990). Natación. Comité Olimpico Español. España
Pelayo, P.; Maillard, D.; Rozier, D.; Chollet, D. (1999). Natation. Au collège et au lycée. Édicions Revue E.P.S., Paris.
Schmitt, P. (1997). Nager. De la découverte à la performance. Éditions Vigot, Paris.
Wilson, D. e Marino, G. (1983). Kinematic analysis of three starts. Sw Tech, 19 (4): 30-34.
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revista digital · Año 5 · N° 25 | Buenos Aires, setiembre de 2000
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