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Diferenças entre crianças e adolescentes no nado crawl: uma visão temporal

Differences between children and adolescents in freestyle: a temporal vision

Las diferencias entre los niños y adolescentes en estilo libre: una visión temporal

 

*UNASP - Campus São Paulo

**EEFE-USP – São Paulo

***UNESP – Rio Claro – LEPESPE

****UNIFIEO - Osasco
(Brasil)

Ivan Wallan Tertuliano* ***

Antonio Carlos Mansoldo**

Caio Graco Simoni da Silva***

Afonso Antonio Machado***

Paulo Henrique Bonacella**

Vivian de Oliveira*** ****

ivanwallan@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo é analisar e comparar o tempo total de nado em provas de Natação, Nado Livre, para diferentes faixas etárias e verificar as mudanças no tempo total de nado para cada faixa etária, ou seja, analisar as mudanças entre as diferentes populações etárias e sexo. A análise foi realizada com 378 participantes de ambos os sexos, com idade entre 08 e 17 anos, participantes do Festival de Natação da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP), em provas de 25 e 50 metros, utilizando a média do tempo total de nado, para o Nado Livre. Os resultados apresentam uma evolução nos tempos médios de prova, quando comparados os participantes de 08 a 17 anos, ou seja, os mais jovens foram mais rápidos que os mais novos, com exceção das meninas de idade de 11 anos, que demonstraram resultados piores que as meninas de 10 anos. Na análise por sexo, percebe-se que as meninas melhoram em quase todas as idades, comparando a mesa idade em eventos diferentes e que os meninos apresentam estabilização de rendimento, com alguns momentos de piora. Os resultados do presente estudo permitem considerar que alguns fatores externos ao sujeito possam estar relacionados com o rendimento, como fatores do processo ensino-aprendizagem e que investigar fatores psicológicos podem ajudar a compreender melhor tais resultados.

          Unitermos: Natação. Tempo total de nado. Psicologia do Esporte. Desenvolvimento Humano.

 

Abstract

          The objective of the present study is to analyze and compare the total swimming time in Swimming, Free Swimming, for different age groups and to verify the changes in total swimming time for each age group, that is, to analyze the changes between the different populations age and sex. The analysis was performed with 378 participants of both sexes, aged between 08 and 17 years, participants in the Swimming Festival of the School of Physical Education and Sport (EEFE-USP), in 25 and 50 meter mean of the total swim time for the Free Swim. The results show an evolution in the mean time of the test, when the participants were between 08 and 17 years old, that is, the younger ones were faster than the younger ones, except for the 11-year-old girls, who showed worse results than the girls of 10 years. In the analysis by sex, it is noticed that girls improve at almost all ages, comparing the table age in different events and that the boys present stabilization of income, with some moments of worsening. The results of the present study allow us to consider that some factors external to the subject may be related to the performance as factors of the teaching-learning process and that investigating psychological factors may help to better understand these results.

          Keywords: Swimming. Total swimming time. Psychology of Sport. Human development.

 

Resumen

          El objetivo del presente estudio es analizar y comparar el tiempo total de nado en pruebas de Natación, Nado Libre, para diferentes franjas etarias y verificar los cambios en el tiempo total de nado para cada grupo de edad, o sea, analizar los cambios entre las diferentes poblaciones edad y sexo. El análisis fue realizado con 378 participantes de ambos sexos, con edades entre 8 y 17 años, participantes del Festival de Natación de la Escuela de Educación Física y Deporte (EEFE-USP), en pruebas de 25 y 50 metros, el promedio del tiempo total de nado, para el Nado Libre. Los resultados muestran una evolución en los tiempos medios de prueba, cuando se comparó a los participantes de 8 a 17 años, es decir, los más jóvenes fueron más rápidos que los más jóvenes, con excepción de las niñas de edad de 11 años, que demostraron resultados peores que las niñas de 10 años. En el análisis por sexo, se percibe que las niñas mejoran en casi todas las edades, comparando la media de edad en eventos diferentes y que los niños presentan estabilización de rendimiento, con algunos momentos de empeoramiento. Los resultados del presente estudio permiten considerar que algunos factores externos al sujeto pueden estar relacionados con el rendimiento, como factores del proceso de enseñanza-aprendizaje y que investigar factores psicológicos puede ayudar a comprender mejor estos resultados.

          Palabras clave: Natación. Tiempo total de nado. Psicología del Deporte. Desarrollo humano.

 

Recepção: 02/02/2016 - Aceitação: 12/10/2017

 

1ª Revisão: 03/09/2017 - 2ª Revisão: 09/10/2017

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 22, Nº 233, Octubre de 2017. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Natação Competitiva sofreu mudanças, enquanto evolução técnica, muito ocasionada por avanços da ciência, tanto em aspectos fisiológicos, biomecânicos, quanto a evoluções tecnológicas, como melhoria de trajes e de equipamentos de treinamento (Stager & Tanner, 2008). Tais mudanças são fruto de investigações acerca da Natação, mas em diferentes áreas e perspectivas, sempre objetivando alcançar informações relevantes para o sucesso do atleta de Natação.

    A evolução no número de pesquisas na Natação ocorreu em todos os nados, mas o nado Crawl foi o nado mais investigado (Chollet, Chalies, & Chatard, 2000; Lerda & Cardelli, 2003; Seifert, Chollet, & Rouard, 2007; Stamm, Thiel, Burkett, & James, 2011; Tertuliano et al., 2013), o que é compreensivo, pois é o nado da prova mais tradicional da natação, os 50 metros livres, a prova mais rápida da Natação. Diante disso, as pesquisas buscam compreender como o atleta pode nadar mais rápido, já que na Natação ganha-se quem consegue completar o percuso primeiro.

    Dessa forma, o nadar mais rápido, especificamente a velocidade de nado faz parte da maioria das pesquisas supracitadas sobre o nado Crawl. Nesses estudos, o público alvo foi o adulto, tendo apenas o trabalho de Tertuliano et al. (2013) conduzido com crianças. Todavia é compreensivo a maioria dos trabalhos serem conduzidos em adultos, já que esses, em sua grande maioria, são especialistas e são considerados habilidosos, comparados com as crianças. Somado a isso, o domínio de uma tarefa necessita de no mínimo 10 anos de prática intensa (Ericsson, Krampe, & Tesch-Romer, 1993), ou seja, para que a pessoa seja considerada habilidosa, ela necessita de muitos anos de prática deliberada.

    Então, crianças não podem participar de pesquisas sobre velocidade de nado? Para responder a tal pergunta, deve-se compreender que crianças podem apresentam organização espacial dos movimentos de acordo com a técnica que caracteriza o nado Crawl, gerando velocidade (Blanksby, Parker, Bradley, & Ong, 1995), e dependendo da faixa etária (entre 8 e 10 anos de idade) não sofrem influências biológicas que ocorrem no período pubertário (Malina & Bouchard, 2002), ou seja, são capazes de participar de estudos.

    Assim, percebendo que crianças apresentam condições de participar de pesquisas e, além disso, existem poucas pesquisas com crianças, analisando a melhoria da velocidade, o presente estudo justifica-se por essa carência. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é investigar o tempo total de nado em provas de Natação, Nado Livre, para diferentes faixas etárias e verificar as mudanças no tempo total de nado para cada faixa etária, ou seja, analisar as mudanças entre as diferentes faixas etárias e entre meninos e meninas.

Metodologia

    Utilizou-se, no presente estudo, resultados de três diferentes competições de Natação que ocorreram entre os anos de 2013 e 2014 (uma em 2013 e duas em 2014), pautando-se na análise dos tempos totais de cada participante. Dessa forma, participaram do estudo 378 nadadores de ambos os sexos, com idade entre 08 e 17 anos, participantes do Festival de Natação da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP).

    As informações foram coletadas durante o Festival de Natação, utilizando-se o tempo total de nado em cada bateria de prova. Os participantes foram divididos conforme uma eliminatória de eventos competitivos em Natação. Todas as baterias foram balizadas por tempo e cronometradas individualmente. Os tempos foram coletados em provas de 25m (08 a 11 anos de idade) e 50m (12 a 17 anos de idade) Nado Livre. A piscina utilizada foi a Piscina da EEFE-USP, a qual tem 25 metros de comprimento, é coberta e aquecida.

    Todas as provas foram monitoradas por cronometristas (alunos da EEFE-USP). A aferição do tempo total de nado foi via cronômetro digital da marca “Casio”. Todos os balizamentos seguiram o modelo da Federação Aquática Paulista (FAP) e a sequência das provas foi definida pela organização do evento. Os tempos foram registrados em planilha controlada pela organização e arbitragem do Festival e arquivadas em arquivo digital.

    Os resultados foram anotados em ficha oficial do evento e depois transferidos para uma planilha eletrônica. Após essas anotações, os dados foram analisados através de média e desvio padrão para cada faixa etária e sexo, utilizando-se para tal cálculo o programa Excel 2013.

Resultados

    Os resultados serão apresentados de forma descritiva, utilizando-se para isso a média e desvio padrão para cada faixa etária e sexo (TABELAS: 1, 2, 3 e 4), para todas as provas do Nado Livre realizadas durante os três eventos.

    Como forma de melhor apresentação dos dados, optou-se por apresentar primeiramente os dados separados por sexo, para depois apresentar os dados em conjunto. Dessa forma, ao observar os dados referentes ao sexo feminino, verifica-se que para as participantes de 08 anos, houve uma melhora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi menor que os resultados do primeiro evento. Para os participantes do sexo masculino, os resultados não se modificaram, ou seja, houve uma estabilização no tempo total de nado entre o primeiro e último evento. Comparando com a média do estudo de Mansoldo et al. (2011), houve uma melhora no desempenho desta faixa etária para as meninas e uma piora para os meninos.

    Ao analisar as participantes de 09 anos, observa-se que houve uma piora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi maior que os resultados do primeiro evento. O mesmo achado foi verificado para os participantes do sexo masculino, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi maior que os resultados do primeiro evento. Comparando com a média do estudo de Mansoldo et al. (2011), houve uma melhora no desempenho desta faixa etária para as meninas e resultado igual para os meninos.

    Para as participantes de 10 anos, houve uma melhora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi menor que os resultados do primeiro evento. Para os participantes do sexo masculino, os resultados não se modificaram, ou seja, houve uma estabilização no tempo total de nado entre o primeiro e último evento. Comparando com a média do estudo de Mansoldo et al. (2011), houve uma melhora no desempenho desta faixa etária para ambos os sexos.

    Para as participantes de 11 anos, houve uma melhora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi menor que os resultados do primeiro evento. Para os participantes do sexo masculino, houve uma melhora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi menor que os resultados do primeiro evento. Comparando com a média do estudo de Mansoldo et al. (2011), houve uma melhora no desempenho desta faixa etária para ambos os sexos.

    Para as participantes de 12 anos, houve uma melhora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi menor que os resultados do primeiro evento. Para os participantes do sexo masculino, houve uma piora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi maior que os resultados do primeiro evento. Comparando com a média do estudo de Mansoldo et al. (2011), houve uma piora no desempenho desta faixa etária para ambos os sexos.

    Para as participantes de 13 anos, houve uma melhora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi menor que os resultados do primeiro evento. Para os participantes do sexo masculino, os resultados não se modificaram, ou seja, houve uma estabilização no tempo total de nado entre o primeiro e último evento. Comparando com a média do estudo de Mansoldo et al. (2011), houve uma piora no desempenho desta faixa etária para ambos os sexos.

    Para as participantes de 14 e 15 anos, houve uma piora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi maior que os resultados do primeiro evento. O mesmo achado foi verificado para os participantes do sexo masculino, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi maior que os resultados do primeiro evento. Comparando com a média do estudo de Mansoldo et al. (2011), houve uma piora no desempenho desta faixa etária para o sexo feminino e para manteve-se igual para o sexo masculino.

    Para as participantes de 16 e 17 anos, houve uma melhora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi menor que os resultados do primeiro evento. Para os participantes do sexo masculino, houve uma piora entre os 3 eventos, ou seja, o tempo total de nado do último evento foi maior que os resultados do primeiro evento. Não houve comparação com o estudo de Mansoldo et al. (2011), pois o mesmo só utilizou sujeitos até 15 anos de idade.

    Por fim, comparando-se os resultados entre idades, é possível observar que nas 3 competições analisadas, independentemente do sexo, os participantes mais velhos foram, na maior parte das vezes, mais velozes que os participantes mais jovens, o que era esperado.

    Em síntese, os resultados, analisados por idade, demonstraram que as meninas melhoraram o rendimento em quase todas as faixas etárias, com exceção dos 9 e 14-15 anos de idade. Para os meninos, os resultados demonstraram que ele, na maior parte das idades apresentaram piora de rendimento ou estabilização, com exceção dos 11 anos, em que apresentaram melhoria de rendimento. Na análise entre idade, ocorreu o esperado, ou seja, na comparação entre idades, os participantes mais velhos foram mais velozes que os participantes mais novos, com exceção do sexo feminino na comparação entre 11 anos e 10 anos, em que as meninas de 10 anos foram mais rápidas que as meninas de 11 anos.

Discussões

    Com base nos resultados, observa-se uma evolução nos tempos médios de prova entre 08 e 11 anos de idade (análise intragrupo), tanto para os meninos, quanto para as meninas e, comparados ao resultados de Mansoldo et al. (2011), observa-se que os participantes dessa amostra tiveram resultados melhores. Tais melhorias podem ter relação com a melhoria da técnica de nado dos participantes (Chollet, Chalies, & Chatard, 2000; Stamm, Thiel, Burkett, &James, 2011), mas isso é apenas uma hipótese, já que não se analisou a técnica de nado no presente estudo.

    Com base nos resultados entre as diferentes faixas etárias, pode-se pensar que a eficiência propulsiva aumenta com o tamanho do membro propulsor (membro superior) e se correlaciona com a altura, o que pode gerar explicações a melhoria dos tempos totais de nado com o aumento da idade (Kjendlie, Ingjer, Stallman, & Stray-Gundersen, 2004). Sendo assim, pode-se especular que potência mecânica e técnica adequada para ação propulsiva, têm relação direta com o resultado final do desempenho, mas sendo assim, como explicar o seguinte resultado: as meninas, na prova de 25 metros, tiveram resultados piores as 11 anos, comparados com as meninas de 10 anos, assim como na comparação com o estudo de Mansoldo et al. (2011).

    Tais mudanças no tempo ocorreram por que? Qual o motivo de termos valores piores, haja vista a evolução científica, em termos de biomecânica e fisiologia da Natação? Além disso, ao comparar os resultados do presente estudo com os resultados do estudo de Mansoldo et al. (2011), observa-se que os participantes deste estudo, a partir dos 12 anos de idade, apresentaram resultados piores. Por que isso ocorreu? Muitas vezes, isso pode ocorrer em função de outras variáveis, que se encontram no campo da Psicologia do Esporte, ou seja, a piora dos resultados do presente estudo, comparado com o estudo de Mansoldo et al. (2011) podem não ser de ordem física e sim psíquica.

    Talvez, a motivação para prática esportiva dos participantes dessa amostra se demonstrasse menor que a da amostra de Mansoldo et al. (2011). Sabe-se que a motivação tem forte influência com a aderência a prática esportiva e a busca por melhores resultados (Galatti et al., 2014; Machado, 2008; Weinberg & Gould, 2017). Todavia, essa hipótese explicativa é apenas exploratória, já que a análise do nível de motivação não fez parte do presente estudo.

    Outro caminho para discutir os resultados do presente estudo nos remete a clássica discussão entre Iniciação Esportiva e Especialização Esportiva. De acordo com Nunomura & Tsukamoto (2005), não deve-se esperar resultados imediatos ou de grande expressão de crianças e adolescentes, pois a preocupação deve ser na continuidade e aderência ao Esporte (Schruber & Afonso, 2007). Talvez os resultados menos expressivos do presente estudo, comparados com o estudo de Mansoldo et al. (2011) possa ser explicado pelo fato dos técnicos desse estudo cobrarem menos os resultados das crianças e adolescentes e se preocuparem mais com a formação biopsicossocial dos mesmos, estimulando o desenvolvimento de forma harmoniosa, respeitando as fases do desenvolvimento, como a motora, a cognitiva, a social e a psicológica (Haywood & Getchell, 2016; Papalia & Feldman, 2013), sem se preocupar com o resultado alcançado na competição.

    Dessa forma, possivelmente os técnicos compreendam o papel da Iniciação Esportiva na formação de futuros atletas, que é o de levar a pessoa a obter o primeiro contato com uma ou mais práticas esportivas (Ramos & Neves, 2008), sem buscar a Especificidade da tarefa, naquela(s) modalidade esportiva.Somado a isso, Greco e Benda (1998) argumentam que as crianças devem passar por uma variedade de movimentos, sem buscar um “padrão ouro” a ser seguido no momento da Iniciação Esportiva, ou seja, não existe movimentos errôneos, mas existem estimulações motoras para o sujeito desenvolver o próprio plano motor. Essas características são classificadas pelos autores como fase universal, que compreende dos 06 aos 12 anos de idade. Após essa fase, as crianças passam para fase seguinte, denominada de orientação, em que o aperfeiçoamento das habilidades físicas e técnicas é almejado. O direcionamento para uma modalidade esportiva, nesse modelo, deve ocorrer apenas após os 14 anos de idade. Dentro do modelo, a competição é pensada como parte do processo de preparação da pessoa, de forma que deve-se trabalhar a competição gradualmente, exigindo-se pouco rendimento no início, apenas a participação.

    Seguindo essa linha de raciocínio, pode-se dizer que a prática de atividades esportivas é importante para formação da criança. Todavia, se a competição não for estruturada de forma a participar do desenvolvimento da criança, ela pode apresentar aspectos perversos do Esporte, como a seleção, o individualismo e, consequentemente, a falta de igualdade e solidariedade (De Rose Júnior & Korsakas, 2006).

    Assim, os resultados do presente estudo podem ser explicados sob a ótica supracitada, ou seja, os técnicos do estudo de Mansoldo et al. (2011) tinham percepções de busca do direcionamento da criança, enquanto prática e aperfeiçoamento em apenas uma única modalidade esportiva desde o início, o que pode ser compreendido como Especialização Esportiva Precoce (Machado, 2008). Tal ação resulta em resultados melhores no início e forte inserção da criança em competições, buscando rendimento, mas com grandes chances de abandono futuro por conta de esgotamento físico e psicológico (De Rose Junior, 2009; Machado, 2008). Todavia, como já mencionado, essas hipóteses explicativas são apenas especulativas, já que não se avaliou tais efeitos no presente estudo. Dessa forma, nas competições, o treinador, assim como a família devem repensar seu papel na formação da criança, pois podem gerar estresse desnecessário com a exagerada cobrança por vitória (Weis, Romanzini, & Carvalho, 2011).

    Retornando a pergunta: Por que isso ocorreu? Seria a piora na qualidade de ensino-aprendizagem dos Nados?Para essa hipótese, deve-se levar em consideração a necessidade de organizar os conteúdos de aulas de forma adequada ao contexto que a criança se encontra (Magill, 2000), levando em conta o momento da maturação que a criança e adolescente se encontram, com vista a facilitar a prática dos esportes de forma prazerosa e que acarrete permanência do mesmo nessa prática (De Rose Junior, 2009).

    Assim, pode-se assumir que a prática é um fator determinante para atingir os estágios mais avançados de aprendizagem, mas desde que essa prática seja organizada, planejada e sistematiza de forma coerente para cada fase e estágio de aprendizagem (Tertuliano & Silva, 2017). Nessa perspectiva, a interação do sujeito com a tarefa e ambiente (Newell, 1986) no processo de ensino-aprendizagem da Natação se faz necessário (Tertuliano & Silva, 2017). Mediante o planejamento, aspectos emocionais devem ser considerados(Lavoura & Machado, 2006; McCarthy, Allen, & Jones, 2013; Webb, Miles, & Sheeran, 2012), pois como citado anteriormente, eles contribuem para o engajamento do aprendiz no processo de ensino-aprendizagem, como por exemplo a motivação, já discutida acima). Entretanto, não podemos ir além das discussões sobre o processo de ensino-aprendizagem, pois os resultados do presente estudo não permitem, tão pouco o objetivo deste estudo.

Conclusões

    Baseado em todas as hipóteses explicativas para os resultados, pode-se especular que o processo ensino-aprendizagem, que envolve a Iniciação Esportiva e a exposição a competições, bem como o controle dos fatores psicológicos, como as emoções, podem ser fatores influenciadores do desempenho. Desta forma, identificar as características psicológicas e as características do processo de ensino-aprendizagem mais determinantes para o sucesso na Natação é um passo muito importante para futuras pesquisas, considerando as variáveis não investigadas no presente estudo.

    Além disso, novas pesquisas devem ser conduzidas com os olhares para os métodos de ensino da Natação, para que se possa verificar a influência das metodologias no desempenho dos jovens. Por fim, sugere-se que novos estudos, numa perspectiva longitudinal, sejam conduzidos acompanhando a evolução do sujeito, já que o presente estudo se caracteriza por um estudo transversal.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 22 · N° 233 | Buenos Aires, Octubre de 2017
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