As mudanças no papel de professores e alunos face às novas tecnologias New roles of teacher and students as a result of technology development Cambios en el papel de profesores y estudiantes con las nuevas tecnologías |
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*UNIFIEO – Osasco **UNASP – São Paulo ***UNESP – Rio Claro – LEPESPE (Brasil) |
Marina Cristina Villela Santos* José Maria Montiel* Daniel Bartholomeu* Ivan Wallan Tertuliano** *** Afonso Antonio Machado** *** |
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Resumo O presente estudo realiza uma reflexão no sentido de compreender as mudanças existentes na atuação de professores e alunos frente às Novas Tecnologias, em especial, os computadores no processo de ensino-aprendizagem. Diante da transformação dos meios tecnológicos, novos desafios são postos a ambos os agentes sociais que deverão adotar posturas diferentes. Visto nessa perspectiva, é preciso que os professores experenciem do convívio junto a esse recurso e passem a adotá-lo como mais uma ferramenta ou repertório de ensino. Assim, no decorrer da análise, pretende-se demonstrar que tais avanços podem sim representar uma inovação para o cenário educacional, se utilizados adequadamente; caso contrário, continuarão reproduzindo práticas já ultrapassadas e que têm como foco apenas a reprodução de um conhecimento sem finalidade prática para os envolvidos no processo. Unitermos: Tecnologia. Ensino-aprendizagem. Relação professor-aluno.
Abstract This work does a reflection in order to understand the changes on the teachers’ and students’ performance face to the New Technologies, specially, the computer in the teaching-learning process. In front of the technological transformation, new challenges are stated for both of the social agents that must adopt different positions. In this prospect, it’s necessary the teachers experience the relation between this resource and use it as one more teaching instrument or collection. Therefore, during this analyze it’s aimed to demonstrating that these progress can represent an innovation for the educational scenario, if use appropriately, otherwise, they will continue to reproduce outmoded practices focused only in the reproduction of a knowledge without practical proposal for the process involved. Keywords: Technology. Teaching-learning process. Inter relation teacher-student.
Resumen El presente estudio realiza una reflexión en el sentido de comprender los cambios existentes en la actuación de profesores y alumnos frente a las Nuevas Tecnologías, en especial las computadoras, en el proceso de enseñanza-aprendizaje. Ante la transformación de los medios tecnológicos, nuevos desafíos se plantean a ambos agentes sociales que deberán adoptar posturas diferentes. En esta perspectiva, es necesario que los profesores experimenten la convivencia junto a ese recurso y pasen a adoptarlo como otra herramienta o recurso de enseñanza. Así, en el transcurso del análisis, se pretende demostrar que tales avances pueden representar una innovación para el escenario educativo, si se utilizan adecuadamente; de lo contrario, continuarán reproduciendo prácticas ya superadas y que tienen como foco sólo la reproducción de un conocimiento sin finalidad práctica para los involucrados en el proceso. Palabras clave: Tecnología. Enseñanza-aprendizaje. Relación profesor-alumno.
Recepção: 13/06/2016 - Aceitação: 20/09/2017
1ª Revisão: 09/08/2017 - 2ª Revisão: 17/09/2017
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Lecturas: Educación Física y Deportes (EFDeportes.com), Revista Digital. Buenos Aires, Año 22, Nº 232, Septiembre de 2017. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A cada dia a tecnologia está mais presente no cotidiano e na vida de muitas pessoas ao redor do mundo. Atualmente, a sociedade faz uso frequente, por exemplo, de aparelhos como Iphones, Ipods, smartphones etc., com mais naturalidade do que as gerações passadas. A utilização dessas ferramentas, presentes hoje em nosso dia-a-dia, é fruto de um avanço e do aperfeiçoamento tecnológico de simples, e ao mesmo tempo complexos, e binários sistemas de computação. Compreendendo as inovações existentes no campo da tecnologia e da educação, vislumbra-se um olhar mais dialógico do conceito de ensino e aprendizagem (Almeida & Moran, 2005). Associando essas duas premissas, educação e tecnologia, percebe-se que existe uma relação intrínseca e indissociável entre ambas.
O ser humano, por sua própria natureza, desde o nascimento não enfrenta apenas desafios de sobrevivência, mas também de desenvolvimento. Sobrevivência e desenvolvimento que se alcançam pela aprendizagem e ensino de ações técnicas/tecnológicas dentro da comunidade ou sociedade em que está inserido. Segundo o dicionário Houaiss, a educação diz respeito ao processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual do ser humano, visando à sua melhor interação individual e social. Para que ocorra essa integração, é preciso que conhecimentos, valores, hábitos, atitudes e comportamentos do grupo sejam ensinados e aprendidos, ou seja, que se utilize a educação para ensinar sobre as tecnologias que estão na base da identidade e da ação do grupo e que se faça uso delas para ensinar as bases da educação. (Kenski, 2012).
Desta maneira, relaciona-se a tecnologia com a atividade humana a partir de instrumentos possíveis de provocar mudanças, da mesma forma ela é concebida na educação, tema do presente artigo; englobando esses dois conceitos, surge o campo da Tecnologia Educacional, que é caracterizada pela utilização dos meios de comunicação para o ensino, lado a lado com o professor, o livro-texto e o quadro-negro. A Tecnologia Educacional (TE) não limita-se à inclusão da tecnologia na educação, mas define-se como uma forma sistemática de planejar e avaliar o processo ensino-aprendizagem, baseada em pesquisas psicológicas da aprendizagem e da comunicação, empregando uma combinação de recursos humanos e não humanos para obter um ensino mais efetivo. (Garutti & Ferreira, 2015; Saldanha, 1978).
Tal campo não pode ser visto, então, apenas como restrito aos meios de comunicação, o que se limitaria a uma visão pobre e com fim em si mesma, mas sim como um meio adicional de busca a um ensino mais efetivo e significativo. A TE significaria, pois, aplicar o conhecimento científico para a utilização em problemas ou situações educacionais, ou seja, uma techne de arte aplicada, em que o aluno, os recursos utilizados e o processo fossem constantemente integrados, analisados, avaliados e implementados. Então, observa-se a Tecnologia Educacional muito mais afim a um modo de pensar a educação que a um modo de fazer, isto é, como uma maneira de organizar um conteúdo e analisá-lo como parte de um sistema, capaz de promover metas educacionais e formas de ensino mais efetivos.
Saldanha (1978) afirma ainda que, em muitos países, a aplicação da TE ficou reduzida à introdução de alguns meios de comunicação para enriquecer a educação formal, ou simplesmente para acelerar a aprendizagem, sem, no entanto, melhorar a qualidade ou eficácia da mesma, vários recursos foram desenvolvidos e passaram a ser utilizados, mas, pouco se vê, atualmente, em grande parte das salas de aula, no desenvolvimento das teorias de ensino, métodos, procedimentos, revisão de currículos, treinamento e formação de professores.
Com o advento dos computadores, surge uma nova concepção da educação, da organização da escola e, sobretudo, da pedagogia. Os paradigmas, paulatinamente, vão sendo quebrados em razão do surgimento de uma mídia digital. Tal mudança repercute em alterações na escola como um todo: sua organização, no papel do professor e dos alunos e na relação com o conhecimento (Valente, 1999). A relação entre educação e tecnologias pode ser vista sob outro prisma, o da socialização da inovação.
Para ser assumida e utilizada pelas demais pessoas, além do seu criador, a nova descoberta precisa ser ensinada. A forma de utilização de alguma inovação, seja ela um tipo novo de processo, produto, serviço, ou comportamento, precisa ser informada e aprendida. Todos nós sabemos que a simples divulgação de um produto novo pelos meios publicitários não mostra como o usuário deve fazer para utilizar plenamente seus recursos. Um computador, por exemplo. Não basta adquirir a máquina, é preciso aprender a utilizá-la, a descobrir as melhores maneiras de obter auxílio nas necessidades de seu usuário. É preciso buscar informações, realizar cursos, pedir ajuda, aos mais experientes, enfim, utilizar os mais diferentes meios para aprender a se relacionar com a inovação e ir além, começar a criar novas formas de uso e, daí, gerar outras utilizações. Essas novas aprendizagens, quando colocadas em prática, reorientam todos os nossos processos de descobertas, relações, valores e comportamentos. (Kenski, 2012, p. 43-44).
Hodiernamente, os professores não podem mais exercer sua prática docente sem levar em consideração o impacto das tecnologias. Visto nessa perspectiva, é preciso que os professores experenciem do convívio junto a esse recurso e passem a adotá-lo como mais uma ferramenta ou repertório de ensino, ao invés de excluir ou renegar sua presença na sociedade moderna, podendo representar uma revisão de algumas práticas docentes, ajudando a criar novos métodos e a redefinir métodos tradicionais vigentes. Como resultado, o uso de novas tecnologias na educação tem levado métodos e objetivos tradicionais de aprendizagem a fazerem cada vez menos sentido, mas novos métodos – como por exemplo, a aprendizagem por pesquisa e colaboração – e novos objetivos ainda não foram acordados pela comunidade educacional e muito menos operacionalizados. (Barbosa, 2012; Valente, 1999).
Assim, o presente artigo tem como principal objetivo tecer algumas considerações acerca desse aparato tecnológico na sala de aula. Busca-se entender de que maneira é construído o processo de ensino-aprendizagem a partir dessa multissemiose e quais suas implicações nos papeis dos agentes envolvidos no processo. A metodologia empregada na realização do trabalho foi um estudo exploratório acerca da bibliografia existente sobre o tema, a fim de estabelecer novas relações sob a ótica da educação e da relação entre professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem.
Papel do professor e do aluno
No momento histórico atual, o suporte digital parece estar conclamando uma reviravolta nos papéis do aluno enquanto receptor da informação e do professor como transmissor da informação. Com base nesse pensamento, o processo de ensino-aprendizagem passa a considerar a necessidade de serem respeitadas as formas individualizantes de como uma pessoa aprende, segundo seu estilo cognitivo. A discussão referente ao modo como deve ser flexibilizado o aprender e o ensinar pode ser proveniente do surgimento das novas tecnologias de comunicação. Parece plausível acreditar que as novas tecnologias de informação e comunicação favorecem as modernas abordagens educacionais, visto que podem se tornar espaços geradores de oportunidades para que seja capaz de sintetizar, reestruturar e organizar a informação. (Almeida & Moran, 2005; Costa & Oliveira, 2004; Kenski, 2012).
Com esse novo paradigma da tecnologia permeando o cotidiano das salas de aula, o aluno também tem sua concepção de tempo e espaço alterados, isto é, o aprendiz passa a exercer maior controle sobre tempo, espaço e a própria velocidade com que aprende determinado assunto. O acesso às informações também passa a ser um elemento diferenciador na relação aluno/professor, pois ele não depende mais da localização geográfica do aprendiz; bem como a melhora da comunicação entre os alunos tende a facilitar o aprendizado cooperativo que transcende para além do aspecto físico da sala de aula. Parece, pois, existir um argumento de que seu uso tornaria os ambientes de estudo mais adaptáveis às situações de aprendizado, ou seja, o computador seria capaz de fazer com que tais ambientes ganhassem em originalidade e adquirissem um caráter experimental singular. Visto sob a ótica dos professores, isso seria considerado educacionalmente estimulante para os alunos. (Kenski, 2012). Ao professor e à escola cabem o papel de oferecer aos estudantes plataformas que eles mesmos [aprendizes] pudessem adaptar e compartilhar em razão de seu modo de aprender e de seus vazios de conhecimento, isso recolocaria a aprendizagem como uma atividade motivadora e atraente aos alunos da era digital. (Garutti & Ferreira, 2015).
Destarte, o professor não pode negar a presença dos computadores na vida e nos ambientes educacionais, sendo assim, deve saber como trabalhar de maneira a otimizar suas atividades e o aprendizado dos alunos, exigindo novas estratégias de ensino a partir das diferentes soluções que surgem no mundo tecnológico e que podem auxiliar o trabalho pedagógico em sala de aula. (Mercado, 2006). Talvez a criação dos espaços informáticos e de aprendizagem sejam os preponderantes neste contexto que deve favorecer as operações mentais e o desenvolvimento como autogestão e autoconhecimento por parte dos alunos.
Ao participarem e interagirem em ambientes democráticos e de construção colaborativa, professores ou tutores, estão se capacitando para construir pontes entre os integrantes do ambiente de aprendizagem. Nessas comunidades virtuais, todos aprendem a aprender de forma coletiva e colaborativa, possibilitando a quem participar do ambiente criar redes de relações sociais e a formação de grupos de trabalho entre os integrantes de seu grupo. (Barbosa, 2012; Sandholtz et al., 1997). Assim, nota-se o aluno pode assumir o papel de professor e, muitas vezes, conhece mais que o docente e até seus próprios colegas sobre determinado assunto referente à computação, o que o coloca em destaque frente aos demais. Não se trata de ser mais ou menos dotado de conhecimento mundano, mas de uma melhor adequação ao uso da máquina a qual ele foi apresentado. Ao professor entende-se que ainda é necessário estimulá-lo a se adaptar às novas formas de ensino, pois como ele a desconhece ou fica nervoso, desmotivado e a deixa de lado ou se exime de sua responsabilidade, pode acabar se esquecendo de que a prática docente está calcada no constante processo de reciclagem, aperfeiçoamento e revisão dos conceitos e paradigmas. (Garutti & Ferreira, 2015).
A utilização das tecnologias proporciona uma nova relação dos atores educativos entre si e face ao saber e à aprendizagem. Os professores são chamados a assumir novas responsabilidades. A sua atividade passa a transcender o domínio de conhecimentos de uma área disciplinar específica, a ênfase da atividade educativa desloca-se da transmissão de saberes para a coaprendizagem permanente e a relação professor-aluno pode assim ser profundamente alterada. (Amante, 2011; Barbosa, 2012).
Um conceito bastante defendido no meio acadêmico tem sido a revitalização e a renovação do campo educacional. Sobre essa necessidade, Costa & Oliveira (2004, p.81) explicam ser preciso “incorporar o mundo da vida à escola, desvendando as formas de aprendizagem não inerentes ao espaço legitimado pela sociedade para conduzir o ensino. Essas outras formas, colocam em xeque os cânones tradicionais dos processos do aprender gerados na instituição escolar”. Ainda sobre os processos midiáticos, fica claro ser este aspecto responsável por permitir a atuação de um receptor ativo, capaz de interpretar os produtos dos meios de comunicação com as quais interage. (Kenski, 2012; Mercado, 2006).
O uso da informática na educação exige em especial um esforço constante dos educadores para transformar a simples utilização do computador numa abordagem educacional que favoreça efetivamente o processo de conhecimento do aluno. Dessa forma, a sua interação com os objetos de aprendizagem, o desenvolvimento de seu pensamento hipotético dedutivo, da sua capacidade de interpretação e análise da realidade tornam-se privilegiados e a emergência de novas estratégias cognitivas do sujeito é viabilizada (Costa & Oliveira, 2004, p.111).
Sobre o fenômeno de interação entre os seres humanos temos e as máquinas, Costa & Oliveira (2004, p.112) alertam que a “captação da realidade através das Novas Tecnologias (NTs) potencializa o envolvimento multissensorial, afetivo e intelectual dos indivíduos inseridos nos sistemas de informação, o que demanda novas pesquisas relativas ao fenômeno educativo”. A ideia ainda é reforçada sugerindo a implementação de avanços nas possibilidades de conhecimento do aluno:
A presença das NTs no processo ensino/aprendizagem deve resultar de um projeto pedagógico voltado para a ampliação das possibilidades de conhecimento do aluno. Essa perspectiva requer uma nova visão dos ambientes de aprendizagem enquanto favorecedores do multienvolvimento do aluno com os conteúdos curriculares e aponta a necessidade de que os educadores desenvolvam estudos e pesquisas visando a compreensão do valor do uso das NTs para a aprendizagem dos alunos e os desdobramentos que essa utilização possa ter sobre o processo do conhecimento para que uma evolução dos processos didáticos possa dela resultar (Costa & Oliveira, 2004, p.113).
Assim observado, o uso adequado desses ambientes constitui-se efetivamente em um diferencial importante para a melhoria do processo educacional, ou seja, o computador como tecnologia com fim em si mesma não resolverá os problemas educacionais, mas pode tornar-se agente de substantivas mudanças no processo de ensino-aprendizagem, quando utilizado de maneira adequada. (Costa & Oliveira, 2004). Os professores, sim, por sua vez, devem se integrar de modo crítico e reflexivo ao processo de informatização. Essa é a condição sine qua non para que seja entendida a extensão das mudanças que a presença das NTs simbolizam na prática pedagógica e na base teórica sobre a qual se fundamenta. Significa capacitar os professores tanto no aspecto tecnológico quanto na integração das tecnologias nas atividades curriculares, isto é, o professor deve ter muito claros seus objetivos, quando e como usar o computador como ferramenta para estimular a aprendizagem (Garutti & Ferreira, 2015; Valente, 1999).
Diante do novo cenário da tecnologia educacional, percebe-se que o “novo estudante” deve saber lidar com abundância de recursos, mantendo o foco quando estiver pesquisando e ele deve estar capacitado a compilar os resultados consistentes. Significa que ele deve aprender a contribuir com o processamento e a criação de seu próprio ambiente de aprendizagem. (Barbosa, 2009). Já em relação às atribuições do “novo professor”, observa-se a mudança no seu papel social, ele passa a ser um agente facilitador e não mais um “entregador” de informações. Ele deve propiciar a chance de o aluno converter a quantidade de informação adquirida em conhecimento aplicável. Cabe ainda a esse novo profissional a função de incentivar positivamente a prática da reflexão e a da crítica permitindo que os próprios alunos busquem as soluções para os próprios problemas; isto é, que possuam autonomia de decisão. (Barbosa, 2012; Moraes, 2007).
Vista sob essa perspectiva, a utilização das novas tecnologias em sala é mais flexível e criativa, podendo ser posta a serviço de diferentes objetivos educacionais, possibilitando um papel mais ativo do aluno no processo de aprendizagem. (Amante, 2011). Desta maneira, a partir da construção de seu próprio conhecimento, as novas tecnologias podem ser utilizadas para construção da aprendizagem, na medida em que se constituem como um novo espaço pedagógico no qual se constroem aprendizagens e se produz igualmente conhecimento, no domínio dos instrumentos cognitivos. (Amante, 2011; Puentes & Arruda, 2011).
Com efeito, aprender com a tecnologia implica não adotar uma atitude passiva e cômoda frente à aprendizagem, implica novas responsabilidades e implica mudar a concepção de educação e do processo educativo e a mudança no papel do professor, que além de ter o domínio do conteúdo que irá lecionar, precisará modificar seu papel de autoridade intelectual; compete-lhe, então, ajudar os alunos a tornarem-se mais ativos e responsáveis pela sua aprendizagem, isto é, não há razão para que o aluno compreenda o mundo a partir, exclusivamente, do olhar do professor, é necessário que eles construam conhecimento para atribuir sentido e significado ao mundo que os rodeia.(Puentes & Arruda, 2011). O papel do professor é visto, então, como um facilitador da aprendizagem na medida em que cria condições necessárias para que o aluno interaja com o meio e construa, dessa forma, o seu próprio conhecimento. (Amante, 2011; Puentes & Arruda, 2011).
Conclusões
O uso de computadores na educação não representa, pois, necessariamente, uma inovação, pelo contrário, tem se mostrado bastante conservador, pois, as Novas Tecnologias não estão sendo utilizadas adequadamente e sob uma orientação cuidadosa. Dessa forma, elas podem apenas continuar disseminando um modelo de ensino-aprendizagem já ultrapassado, no qual o individualismo e o conhecimento prévio dos alunos são descartados, e são valorizados apenas a transmissão de conteúdos de forma unilateral e o conhecimento enciclopédico, compartimentado e livresco.
Enquanto docente, é preciso pensar no papel do professor extrapolando o ambiente escolar. Ele deve estar preparado para lidar com as adversidades, aberto para a amplitude de pensamento revitalizando seu modo de pensar, agir e entender as transformações na égide das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. O diálogo e a interação de professores e alunos junto às ferramentas digitais tem se mostrado essencial para o processo de ensino-aprendizagem. A prática colaborativa, por sua vez, também tem sido um elemento unificador de realidades entre os dois agentes estudados: professores e alunos.
Espera-se que o estudante e o professor sejam capazes de lidar adequadamente com os recursos disponíveis a eles, fazendo a pesquisa e a seleção adequadas e necessárias para a obtenção dos resultados desejados. Além disso, os agentes do processo devem adaptar-se e compartilhar os conhecimentos adquiridos, para que a aprendizagem seja mais significativa, instigante e motivadora. Assim, verifica-se que a discussão da substituição do professor pela tecnologia torna-se infundada, isto é, as Novas Tecnologias podem ser mobilizadas como auxiliares no processo de ensino-aprendizagem e não como um fim em si mesmas. O que está em discussão, pois, é a forma como o professor faz uso e domina esses recursos para melhor aplicar no ambiente seja acadêmico ou escolar.
Bibliografia
Almeida, M. E. B. e Moran, J. M. (2005). Integração das Tecnologias na Educação. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed.
Amante, L. (2011). Tecnologias digitais, escola e aprendizagem. Ensino em re-vista, 18(2), 235-245.
Barbosa, R. (2009). Perspectivas do uso do computador no ensino. Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional.
Barbosa, C. M. A. M. (2012). A aprendizagem mediada por TIC: interação e cognição em perspectiva. Associação Brasileira de Educação a Distância, 11, 83-100.
Costa, J. W., & Oliveira, M. A. M. (2004). Novas linguagens e novas tecnologias: educação e sociabilidade. Petrópolis: Vozes.
Garutti, S., & Ferreira, V. L. (2015). Uso das tecnologias de informação e comunicação na educação. Revista Cesumar Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, 20(2), 355-372.
Kenski, V. M. (2012). Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Rio de Janeiro: Papirus.
Mercado, L. P. L. (2006). Experiências com tecnologias de informação e comunicação na educação. Maceió: EDUFAL.
Moraes, U. C. (2007). Tecnologia educacional e aprendizagem: o uso dos recursos digitais. São Paulo: Livro Ponto.
Puentes, R. V., & Arruda, D. E. P. (2011). A docência no ensino superior: a formação de professores para atuar com tecnologias na educação presencial e a distância. Ensino em re-vista, 18(2), 247-258.
Saldanha, L. E. (1978). Tecnologia educacional. Porto Alegre: Globo.
Sandholtz, J. H. (1997). Ensinando com tecnologia: criando salas de aula centradas nos alunos. Portos Alegre: Artes Médicas.
Valente, J. A. (1999). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED.
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EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 22 · N° 232 | Buenos Aires,
Septiembre de 2017 |