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Percepções de estudantes do ensino fundamental

sobre ciência, cientistas e relações de gênero

Perceptions of elementary students on science, scientists, and gender relations

Percepciones de estudiantes de enseñanza básica sobre ciencia, científicos y relaciones de género

 

*Professora da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro

Doutoranda em Ensino em Biociências e Saúde no Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ

**Professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Doutoranda em Epidemiologia

em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública - Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

***Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – RJ

Doutorando em Ensino em Biociências e Saúde no Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ

(Brasil)

Sandra Maria Gomes De Azevedo*

sandraazevedocvt@gmail.com

Valéria Nascimento Lebeis Pires**

valerianlp@uol.com.br

Jeimis Nogueira de Castro***

jeimis@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Historicamente, a profissão de cientista foi vista como a de alguém que possuía poderes especiais, capaz de fazer magias e brincar de “Deus”, sendo a figura de Cientista, na maioria das vezes, associada à imagem masculina. O estudo justifica-se a partir deste legado histórico que identifica o homem como ator principal no cenário da ciência. Partindo desta perspectiva, objetivou-se verificar as representações sociais sobre as ciências, cientistas e as questões de gênero, considerando a percepção de estudantes do Ensino Fundamental. Cabe ressaltar que a influência na construção e reprodução dessas representações não se limita ao ambiente escolar, sendo importante considerar os meios de comunicação e os outros ambientes de interação social vivenciados. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, que se caracteriza como princípio básico a atribuição de significados e o ambiente natural como fonte direta para a coleta de dados. O estudo foi desenvolvido a partir de um trabalho do Programa Jovens Talentos para a Ciência, destinado a estudantes, vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Participaram da pesquisa 538 estudantes que deveriam responder uma questão por meio de desenhos. Os desenhos apresentados foram analisados e apontaram expressiva associação da figura de cientista com a masculina, com 235 desenhos, 136 com a feminina, 137 sem definição de gênero e 30 com masculina e feminina. Foi possível observar que a visão estereotipada da Ciência e de Cientista ainda permanece.

          Unitermos: Gênero. Representações sociais. Ciência.

 

Abstract

          Historically, the profession of scientist was seen as that of someone possessing special powers, capable of spells and playing "God", being the figure of Scientist, most of the time, associated with the male image. The study is justified from this historical legacy that identifies the man as main actor in the science scene. From this perspective, the objective was to verify the social representations about the sciences, scientists and the gender issues, considering the perception of students of Elementary School. It should be noted that the influence on the construction and reproduction of these representations is not limited to the school environment, and it is important to consider the media and other social interaction environments experienced. The research had a qualitative approach, which characterizes as basic principle the attribution of meanings and the natural environment as a direct source for data collection. The study was developed from a work of the Young Talents Program for Science, aimed at students, linked to the Foundation for Research Support of the State of Rio de Janeiro. A total of 538 students were asked to answer a question through drawings. The drawings presented were analyzed and showed a significant association between the figure of scientist and the male, with 235 drawings, 136 with female, 137 with no gender definition and 30 with male and female. It was possible to observe that the stereotyped view of Science and Scientist remains.

          Keywords: Gender. Social representations. Science.

 

Resumen

          Históricamente, la profesión de científico fue vista como la de alguien que poseía poderes especiales, capaz de hacer hechizos y jugar a "Dios", siendo la figura del Científico, la mayoría de las veces, asociada a la imagen masculina. El estudio se justifica a partir de este legado histórico que identifica al hombre como actor principal en el escenario de la ciencia. A partir de esta perspectiva, se estudiaron las representaciones sociales sobre las ciencias, los científicos y las cuestiones de género, considerando la percepción de estudiantes de la Enseñanza Fundamental. Cabe resaltar que la influencia en la construcción y reproducción de esas representaciones no se limita al ambiente escolar, siendo importante considerar los medios de comunicación y los otros ambientes de interacción social vivenciados. La investigación tuvo un enfoque cualitativo, que se caracteriza como principio básico la asignación de significados y el ambiente natural como fuente directa para la recolección de datos. El estudio fue desarrollado a partir de un trabajo del Programa Jóvenes Talentos para la Ciencia, destinado a estudiantes, vinculado a la Fundación de Apoyo a la Investigación del Estado de Río de Janeiro. Participaron de la investigación 538 estudiantes que debían responder una pregunta a través de dibujos. Los dibujos presentados fueron analizados y señalaron expresiva asociación de la figura de científico con la masculina, con 235 dibujos, 136 con la femenina, 137 sin definición de género y 30 con masculina y femenina. Es posible observar que la visión estereotipada de la Ciencia y de Científico todavía permanece.

          Palabras clave: Género. Representaciones sociales. Ciencia.

 

          Este texto foi elaborado tendo como base o trabalho final da disciplina “Corpo, gênero e ciência: nexos entre educação e saúde”, ministrada em 2016/1 no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino em Biociências e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz - Instituto Oswaldo Cruz. Gostaríamos de agradecer a todo o corpo docente que ministrou essa disciplina, especialmente, à Pesquisadora Doutora Eliane Portes Vargas, pelo incentivo de transformar este trabalho em artigo.

 

Recepção: 14/07/2016 - Aceitação: 14/08/2017

 

1ª Revisão: 26/07/2017 - 2ª Revisão: 11/08/2017

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 22, Nº 231, Agosto de 2017. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Durante muito tempo a imagem de cientista foi vista como alguém que possuía poderes especiais, capaz de fazer magias e brincar de “Deus”. A figura de Cientista, na maioria das vezes, está associada à imagem masculina, de um homem desarrumado, com cabelos desalinhados, alheio ao mundo real, acima do bem e do mau, debruçado em bancadas, tubos de ensaio, livros e formulas. O estudo justifica-se a partir deste legado histórico que identifica o homem como ator principal no cenário da ciência.

    A importância do estudo está focada na influência que a escola tem em construir e reproduzir modelos e padrões acerca das percepções de estudantes relacionadas às representações sociais da ciência, de cientista e das questões de gênero.

    A teoria das representações sociais, segundo Moscovici (2003), está principalmente relacionada com o estudo das simbologias sociais tanto em um nível macro como micro de análise, com o objetivo de explicar os fenômenos sociais a partir de uma perspectiva coletiva, sem perder de vista sua individualidade.

    De Meis (1998) também refere que as representações sociais constituem conjuntos de explicações, crenças e ideias que nos permitem evocar um dado acontecimento, pessoa ou objeto. Estas representações são resultantes da interação social comum a um determinado grupo de indivíduos e que tiveram sua primeira base teórica em 1961, com o psicólogo social Serge Moscovici.

    Somado a estes conceitos, cabe ressaltar que a influência na construção e reprodução dessas representações não se limita ao ambiente escolar, considerando os meios de comunicação e os outros ambientes de interação social vivenciados. A abrangência deste estudo envolve os ambientes educacionais, culturais, sociais, profissionais, entre outros.

    Em pesquisa realizada por De Meis (1998) foi identificado um número crescente de mulheres ingressando na área de pesquisa científica. O autor ainda aponta que o número de mulheres em certos grupos da Ciência como Ciências Biológicas e Biomédicas igualava ou até suplantava o número de homens. No entanto, isso não aparece refletido nos desenhos de cientistas proposto por ele em pesquisa realizada em diferentes países como Brasil, USA, França, Itália, México, Chile, Índia e Nigéria com crianças de faixa etárias entre 5-7 anos, 10-13 anos, 15-17 anos.

    O estudo De Meis (1998) norteou a nossa pesquisa, que foi realizada em Miracema, região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, tendo em vista a relevância dos dados na busca de desconstruir estereótipos em uma perspectiva social, cultural e educacional, minimizando a distância física e temporal entre a comunidade científica e a comunidade escolar.

    Diante desta perspectiva, o estudo teve como objetivo verificar as representações sociais sobre as ciências, cientistas e as questões de gênero considerando a percepção de estudantes de escolas do Ensino Fundamental.

Materiais e método

    Para atingir o objetivo proposto, a pesquisa teve uma abordagem qualitativa, que se caracteriza como princípio básico desse processo a interpretação dos fenômenos, a atribuição de significados e o ambiente natural como fonte direta para a coleta de dados (Gil, 2010). Sendo assim, ao se optar por essa abordagem, o universo da pesquisa envolve os significados, os motivos, as aspirações, as crenças, os valores e as atitudes individuais associadas à construção de estereótipos, padrões e modelos sociais.

    De acordo com Minayo (2010), esse conjunto de fenômenos humanos pode ser compreendido como parte da realidade social pelo fato dos seres humanos se distinguirem não só por agirem, mas também por pensarem sobre o que fazem e por interpretarem suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes.

    Para refletir e extrair as representações sociais sobre a ciência, cientistas e as questões de gênero, o estudo foi realizado com base em Gomes (2010) e Laville; Dionne (1999) a partir de um trabalho do Programa Jovens Talentos para a Ciência, de pré-iniciação científica, destinado a estudantes do ensino médio/técnico da rede pública estadual de educação, vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, coordenado pela professora Sandra Maria Gomes de Azevedo, no Município de Miracena-RJ.

    Este trabalho dos Jovens Talentos foi feito no ano de 2015 e envolveu quatro escolas públicas e uma privada de ensino fundamental, no Município de Miracema-RJ, no qual bolsistas do programa, a partir do trabalho desenvolvido por De Meis (1998), utilizaram como instrumento de pesquisa uma pergunta a qual pediam para que estudantes registrassem em uma folha de papel um desenho que representasse como viam ou imaginavam uma pessoa que trabalha como cientista.

    Participaram da pesquisa 538 estudantes (24 do 1º ano, 69 do 2º ano, 78 do 3º ano, 95 do 4º ano, 106 do 5º ano, 60 do 6º ano, 60 do 7º ano, 34 do 8º ano e 12 do 9º ano). Cada estudante realizou apenas um desenho.

Resultados e discussão

    A partir da proposta apresentada através da questão, o corpo discente participante da pesquisa elaborou os seus desenhos. Analisamos um total de 538 desenhos apresentados no resultado, os dados apontaram uma expressiva quantidade associando a figura de cientista masculino com 235 desenhos, 136 feminino, 137 sem definição de gênero e 30 de ambos (masculino e feminino).

    Na análise foram estabelecidas três categorias, contemplando todos os anos do ensino fundamental, dessa maneira, temos do 1º ao 5º ano a categoria “Ensino Fundamental I – Rede Pública” e a segunda categoria de “Ensino Fundamental I – Rede Privada”. A terceira categoria contempla os anos compreendidos do 6º ao 9º ano, nomeada de “Ensino Fundamental II – Rede Pública”.

    Na pesquisa realizada na instituição privada do ensino fundamental I, uma pessoa da equipe da pesquisa do Programa Jovens Talentos para Ciência, equivocadamente, informou ao público participante que poderiam desenhar cientistas de ambos os gêneros, o que poderia influenciar o resultado da pesquisa desta instituição.

    Os resultados da análise dos desenhos foram distribuídos nas três categorias e foram construídos gráficos, com o intuito de contribuir para uma melhor compreensão dos resultados apresentados.

Desenhos das escolas que participaram da pesquisa

    Os desenhos da Figura 1 foram selecionados para corroborar os resultados da análise que estão contemplados nos gráficos das representações em relação à profissão de cientistas.

Figura 1. Desenhos de estudantes participantes da pesquisa sobre a imagem que têm da profissão de cientista

Resultado da análise dos desenhos das escolas da Rede Pública do ensino fundamental I

Gráfico 1. Respostas de estudantes das escolas da rede pública do ensino

fundamental I em relação à representação da imagem de cientista

    Os resultados do Gráfico 1 mostram um grande número de desenhos que identificam a imagem de cientistas sem especificação de gênero. Por meio deste resultado, é possível inferir que esse resultado aparece pelo fato de estarem nos primeiros anos do ensino fundamental e receberem poucas interferências no processo de socialização escolar.

    De acordo com Rodrigues (2006), Soares; Fraga (2003) e Daolio (2009) a escola exerce um papel importante no processo de socialização de estudantes, fazendo-os abrir mão de sua autonomia fisiológica em favor de um controle social. Ela também interfere na orientação dos seus comportamentos e suas relações com o mundo e com a sociedade, introjetando determinados valores e determinadas regras, fazendo com que se comportarem na maioria das vezes como as outras pessoas, seguindo rotinas culturalmente estabelecidas (Luckesi, 2013).

    Dessa maneira, a escola, funcionando como um dispositivo histórico, conforme aponta Foucault (1979), o ensino pode moldar a sexualidade e, sendo uma invenção social, constrói por meio de múltiplos discursos sobre o sexo, “verdades” para regular e normalizar comportamentos, criando redes de poder. Louro (2001, 2016) e Butler (1992, 1994, 1998) mostram que essas redes de poder moldam nos corpo das pessoas que frequentam a escola as identidades de gênero com base no contexto de uma determinada cultura.

    O Gráfico 1 mostra que mesmo com pouca influência da escola no processo de socialização e de definição da identidade de gênero, há uma prevalência de desenhos que apresentam a imagem de cientista como masculina. Isso pode se dar pelo fato apresentado por Louro (2010) que além da escola, as pessoas sofrem influências de outras instituições sociais, como a religião, a família e os meios de comunicação.

    Todas essas instituições interferem na construção das identidades de gênero e, muitas vezes, ocorre de forma simplista e redutora, pois acaba constituindo-se basicamente pelo aprendizado de papeis sociais que moldam os comportamentos, as roupas e as formas de se vestir e se relacionar. Dessa forma, acabam reforçando as marcas da sociedade vigente, e se essa sociedade for constituída com bases androcêntricas, tendo como centro do poder os homens; as hierarquias de gênero, nesse caso, serão reproduzidas.

Resultado da análise dos desenhos das escolas da Rede Pública do ensino fundamental II

Gráfico 2. Respostas de estudantes das escolas da rede pública

do ensino fundamental II em relação à representação da imagem de cientista

    É possível observar no Gráfico 2 que o número de desenhos que identificam cientistas sem especificação de gênero diminuiu. Isso pode ser interpretado a partir da interferência da escola, por se tratar de estudantes que têm um maior convívio no meio escolar.

    Também pode-se perceber uma redução do número de desenhos os quais aparecem a mulher na figura de cientista e o número de desenhos com cientistas do gênero masculino continua elevado.

    Essas duas mudanças no resultado apresentado no gráfico podem ser justificadas por meio da dominação masculina, conforme Bourdieu (2010) aponta, que ela se impõe como neutra, não tendo necessidade de se explicar o motivo de sua legitimação social, pois essa ordem social acaba funcionando como uma imensa máquina simbólica que tende a ratificar a dominação masculina sobre a qual se alicerça. Como na divisão social do trabalho e na distribuição bastante restrita das atividades atribuídas a cada um dos gêneros, de seu local, seu momento e seus instrumentos diferenciados, contribuindo assim, para que essa dominação seja mantida e reproduzida na sociedade.

    Essas observações podem ser verificadas na comparação entre as duas categorias no Gráfico 3:

Gráfico 3. Comparação das respostas de estudantes das escolas da rede pública do ensino fundamental I e II em relação à representação da imagem de cientista

Resultado da análise dos desenhos das escolas da Rede Privada do ensino fundamental I

Gráfico 4. Respostas de estudantes das escolas da rede privada do ensino

fundamental I em relação à representação da imagem de cientista

    Foi identificada no Gráfico 4 uma redução drástica do número de desenhos que mostram cientistas sem especificação de gênero, que pode de alguma forma estar relacionado com a abordagem no momento da pesquisa, que quando foi pedido que o desenho fosse realizado, sugeriu que a imagem de cientista poderia ser masculina ou feminina. E também pelo o que já foi exposto sobre Bourdieu (2010) em relação à dominação masculina que acaba sendo reproduzida como algo natural na sociedade e Louro (2010) quando fala que existem outros meios de interações sociais que contribuem para a construção da identidade de gênero de forma simplista e redutora.

    Vale ressaltar, que mesmo sendo informado que a imagem de cientista poderia ser masculina ou feminina, o resultado aponta uma quantidade expressiva de desenhos com a imagem de cientista masculina.

    Essa divergência de resultados pode ser melhor compreendida por meio do Gráfico 5 que compara os resultados das categorias de Ensino Fundamental I das redes pública e privada de ensino.

Gráfico 5. Comparação das respostas de estudantes das escolas das redes pública e privada do ensino fundamental I em relação à representação da imagem de cientista

Conclusão

    Comparando figuras do professor Leopoldo de Meis de 1998, do livro “Ciência e Educação: o conflito humano-tecnológico” com as figuras da pesquisa de campo realizada por participantes Jovens Talentos para a Ciência de Miracema em 2015, sob a orientação da professora Sandra Maria Gomes De Azevedo, é possível observar que as características apontadas nos desenhos sobre a imagem de cientista é como uma pessoa louca, de cabelos desgrenhados, quase sempre utilizando óculos, especificamente masculina, carregando vidros e apetrechos para suas experiências, sendo retratada como uma pessoa sábia e iluminada, tanto por docentes como por crianças e adolescentes, ainda persiste em nossa sociedade até hoje.

    Em relação a essa imagem de cientista, foi verificado que não houve diferença significativa entre os desenhos, todos representavam um indivíduo atípico, desvinculado da realidade e representando o domínio do saber, como foi o caso de um que tinha o mundo dentro do cérebro e outro desenho com o mundo na palma da sua mão.

    Grynszpan (2003) realizou pesquisa semelhante com 370 docentes de diversos municípios brasileiros localizados no Pará, Maranhão, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e os resultados foram basicamente os mesmos.

    Como já foi relatado, o professor Leopoldo de Meis (1998) apresentou resultados bem parecidos em seu livro. O que surpreende é que a escola reproduz, ainda hoje, esta visão desvinculada da realidade, fortalecendo estereótipos.

    Por meio deste trabalho, pode-se ressaltar que outros meios de interações sociais, como a mídia, filmes e propagandas contribuem para reforçar esses estereótipos, mostrando a imagem de Cientista na maioria das vezes como uma figura inatingível, alguém acima do bem e do mal.

    Uma das escolas investigadas, após a coleta dos desenhos, recebeu cientistas, pesquisadoras e pesquisadores da Fiocruz com o projeto "Ciência e Arte na Estrada" que durante uma semana esteve em Miracema, oferecendo palestras, oficinas, workshops, mini cursos, entre outros procedimentos para docentes e discentes das redes Estaduais, Municipais e Privadas de Ensino, assim como, para agentes de saúde e comunidade em geral, o que contribuiu significativamente para diminuir a distância física e temporal entre a comunidade científica e a comunidade escolar em uma perspectiva de desconstrução desse estereótipo sobre a visão que estudantes têm da imagem de cientista, que ainda se apresenta tão distante da realidade escolar.

    O Projeto "Ciência e Arte na Estrada" foi criado e desenvolvido pela Cientista, doutora e Professora do Instituto Oswaldo Cruz Tania de Araujo Jorge que se fez presente durante todo o processo com participação ativa dentro e a partir da escola.

    Vale ressaltar que faz parte da filosofia do projeto desmistificar esses estereótipos na tentativa de apresentar para discentes, docentes e público em geral uma nova forma de "ensinar e aprender" contribuindo para a ampliação da visão de mundo das pessoas envolvidas na proposta.

    Com esse projeto, foi possível constatar que a presença significativa de cientistas femininas nas pesquisas e na academia corrobora para que estudantes possam enxergar a imagem de cientista como uma pessoa mais próxima da realidade em que se encontram.

    Diante dos resultados analisados, ainda permanecem elevadas as representações sociais de estudantes que identificam a imagem masculina como a de Cientista. Ações como a do projeto "Ciência e Arte na Estrada" contribuem de maneira significativa para desconstruir esse estereótipo, que podem servir de motivação para uma maior reflexão no que tange a questão de gênero na Ciência.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 22 · N° 231 | Buenos Aires, Agosto de 2017  
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