Deficiência mental e a atividade física
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 23 - Julio 2000 |
PAFFENBARGER (1993) pesquisou a relação entre o exercício e a longevidade, onde tem demonstrado que os indivíduos fisicamente ativos apresentam menor deterioração da aptidão física. O mesmo autor estudou durante 22 anos 14.000 ex-alunos de Harvard, e observou que os indivíduos que pararam de praticar esportes tiveram 35% de incremento no risco de morte sobre aqueles que continuaram sedentários. Porém aqueles que começaram a praticar esportes experimentaram índice de 21% menor de morte que aqueles habitualmente sedentários. Aqueles que se tornaram mais ativos experimentaram um índice 28% menor de morte e os que sempre se mantiveram ativos, um índice 37% menor que os que nunca fizeram exercícios vigorosos. Com a mesma amostra dividida em três grupos de acordo com a energia gasta em atividades como caminhar, subir escadas e praticar esportes, o autor achou um incremento na expectativa de vida maior nos indivíduos que eram mais jovens quando entraram no estudo e nos mais velhos (2.000 kcal/semana) quando comparados aos menos ativos (500 kcal/semana) e moderadamente ativos (501-1.999 kcal/semana). O aumento na expectativa de vida quando os mais ativos foram comparados aos pouco ativos foi em média de 2,51 anos para indivíduos de 35-39 anos de idade no início do estudo e de 0,42 anos nos indivíduos de 75-79 anos. O autor conclui que a porcentagem de indivíduos maiores de 80 anos foi maior entre indivíduos mais ativos (69,7%) do que nos menos ativos (59,8%).
WANNAMETHEE et al., (1998) estudaram 5.567 homens de 40 a 59 anos de idade e concluíram que o hábito de realizar atividades físicas leves ou moderadas reduz a taxa de mortalidade por causa cardiovascular em homens de idade avançada.
Para MATHEWS & FOX (1983) uma atividade física só fará efeito se atingir um limiar mínimo de intensidade. Este limiar varia de indivíduo para indivíduo, e está diretamente relacionado com o nível de aptidão.
Quando se aplica uma carga de esforço, desde que ela seja de uma intensidade capaz de produzir adaptações, o organismo se comporta de uma maneira típica e bem definida ao recebê-la. A intensidade e duração do esforço não afetam apenas o gasto energético total, mas, também, o substrato energético utilizado no metabolismo celular (MATHEWS & FOX, 1983).
DUARTE (1986) nos mostra ainda, que o exercício isométrico resulta em sobrecarga de pressão ao miocárdio, aumentando a massa muscular, sem trazer benefícios ao sistema cardiovascular.
KATCH & McARDLE (1990) afirmam que para adquirir a aptidão física ou o aperfeiçoamento de um dos componentes desta aptidão, o organismo precisa ser submetido a esforços cada vez mais intensos, provocando reações de adaptação, que impliquem em transformações de seu metabolismo.
Todos possuem capacidade para metabolismo energético anaeróbio e aeróbio, porém a capacidade de cada um de transferência de energia varia consideravelmente entre os indivíduos (McARDLE, 1998). Isto é comprovado quando se analisa vários estudos que mostram que o VO2mãximo e as aptidões cardiovasculares das crianças e adolescentes com deficiência mental são menores que nas crianças sem deficiência mental (CORDER,1966; FINDLAY,1981; HALLE,1983; SENGSTOCK,1966; MAKSUD,1975).
KATCH & McARDLE (1990) consideram que existem dois grandes objetivos no condicionamento aeróbio, são eles: 1) melhorar o débito cardíaco máximo; 2) desenvolver a máquina metabólica para o consumo de oxigênio no interior de determinados músculos. E, ainda, enfatizam cinco fatores que devem ser considerados para atingir o sucesso em condicionamento aeróbio, são eles: 1) nível inicial da capacidade cardiovascular individual; 2) freqüência de treinamento, 3) duração de treinamento; 4) intensidade de treinamento; 5) aplicação de sobrecarga necessárias em determinados músculos para funcionar sob condições aeróbias mais perfeitas e mais intensas.
Portanto para elaboração de um programa de atividade física deve considerar as diferenças individuais, observar os aspectos limitantes de cada deficiência, bem como a sua potencialidade. Somente assim poderemos estar reconhecendo os valores salutogênicos do exercício físico enquanto agente de promoção de saúde.
Não podemos alterar a genética da pessoa, mas podemos alterar seus hábitos de cotidianos de forma a construir uma vida mais ativa com bons resultados físicos e psicológicos, uma melhor qualidade de vida.
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revista digital · Año 5 · N° 23 | Buenos Aires, julio 2000
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