Comparativo de habilidades estabilizadoras entre crianças praticantes e não praticantes de capoeira Skills comparison between practitioners stabilizing children and non practitioners of poultry Comparativo de habilidades estabilizadoras entre niños practicantes y no practicantes de capoeira |
|||
*Licenciados em Educação Física FAHESA/ITPAC, Araguaína, To **Docente do Curso de Licenciatura em Educação Física FAHESA/ITPAC, Araguaína, To Mestre em Ciências da Motricidade Humana, UCB-RJ (Brasil) |
Cássio Moreira da Silva Celia Gonçalves Borges Prof. Me. Hugo Martins Teixeira |
|
|
Resumo A presente pesquisa teve como objetivo comparar o nível de execução das habilidades estabilizadoras entre crianças praticantes e não praticantes de capoeira, abordando os fatores influentes para os resultados do grupo que se destacou. A pesquisa envolveu 10 alunos praticantes de capoeira e 10 alunos que não praticam a modalidade, ambos os grupos eram compostos apenas por crianças do sexo masculino entre 8 e 12 anos de idade. Para a coleta de dados foi utilizado a matriz de análise qualitativa das habilidades motoras fundamentais, proposta por Gallahue e Ozmun (2013). Ao final, os resultados apontaram que o grupo praticante de capoeira se encontra em melhores níveis de habilidades estabilizadoras, quando comparado com o grupo não praticante. Foram testadas três diferentes habilidades, entre elas: apoio invertido, equilíbrio em um só pé e caminhada direcionada, sendo que, nas três habilidades o grupo praticante obteve melhores resultados, destacando-se no apoio invertido, onde teve um número bem maior de alunos no estágio maduro de execução. Unitermos: Capoeira. Desenvolvimento motor. Habilidades estabilizadoras.
Abstract This study aimed to compare the level of implementation of stabilizing skills among practitioners children and not capoeira practitioners, addressing the influential factors to the group's results that stood out. The research involved 10 students of capoeira practitioners and 10 students who do not practice the sport, both groups were composed only of male children between 8 and 12 years old. For data collection was used the qualitative analysis matrix of fundamental motor skills, proposed by Gallahue and Ozmun (2013). Finally, the results showed that capoeira practitioner group is in better levels of stabilizing abilities, compared to non-practicing group. Three different skills were tested, including: Inverted support, balance on one foot and directed walk, and in the three practitioner group the skills obtained better results, highlighting the inverted support, which had a much larger number of students in mature stage of execution. Keywords: Capoeira. Motor development. Stabilizing skills.
Resumen La presente investigación tuvo como objetivo comparar el nivel de ejecución de las habilidades estabilizadoras entre niños practicantes y no practicantes de capoeira, abordando los factores influyentes para los resultados del grupo que se destacó. La investigación involucró a 10 alumnos practicantes de capoeira y 10 alumnos que no practican la modalidad; ambos grupos eran compuestos sólo por niños del sexo masculino entre 8 y 12 años de edad. Para la recolección de datos se utilizó la matriz de análisis cualitativo de las habilidades motoras fundamentales, propuesta por Gallahue y Ozmun (2013). Al final, los resultados apuntaron que el grupo practicante de capoeira se encuentra en mejores niveles de habilidades estabilizadoras, en comparación con el grupo no practicante. Se probaron tres diferentes habilidades, entre ellas: apoyo invertido, equilibrio en un solo pie y caminata dirigida, siendo que, en las tres habilidades el grupo practicante obtuvo mejores resultados, destacándose en el apoyo invertido, donde tuvo un número mucho mayor de alumnos en el mismo, en la etapa madura de ejecución. Palabras clave: Capoeira. Desarrollo motor. Habilidades estabilizadoras.
Recepção: 17/12/2015 - Aceitação: 13/06/2017
1ª Revisão: 15/05/2017 - 2ª Revisão: 09/06/2017
|
|||
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires - Año 22 - Nº 229 - Junio de 2017. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
Sobre o desenvolvimento motor, este é considerado um processo contínuo que, ocorre desde a vida intrauterina até a morte, consiste na alteração do comportamento motor no decorrer de todo o ciclo vital, advindos das necessidades da tarefa, a carga biológica do indivíduo e as influências do meio ambiente (Gallahue e Ozmun, 2013).
O pico de desenvolvimento motor é na primeira infância, se encontram no período de aquisição e aprimoramento de habilidades motoras, porém, existem fatores de risco que podem alterar os resultados, são considerados fatores de risco, principalmente, a carga genética individual e o ambiente em que se realiza a tarefa (Matsunaga et al, 2016; Willrich et al, 2009). De acordo com Gallahue e Ozmun (2013), os fatores genéticos não estão sujeitos a aprimoramento ou alterações, é algo fixo, contudo, os fatores ambientais são maleáveis, podem ser influenciados ou alterados, melhorando ou piorando o desempenho motor realizado na execução da tarefa. Para estes autores, a tarefa motora interage entre indivíduo e o ambiente.
Após o nascimento, principalmente na faixa etária de 6 a 10 anos, o acervo de habilidades motoras da criança aumenta radicalmente, e, é neste período que mais se faz necessária à presença de um profissional de educação física nas escolas de educação básica, ao entender que este poderá contribuir grandemente na formação corporal da criança, trabalhando suas habilidades no tempo certo, sabendo dividi-las de forma correta para um melhor processo de aprendizagem, trabalhando em suas dimensões locomotoras, manipulativas e estabilizadoras (Gallahue e Ozmun, 2013).
No decorrer de todo o desenvolvimento motor, a criança vai apurando suas habilidades motoras fundamentais, tanto as mais naturais que são; andar e correr, como as mais complexas; Equilíbrio em um só pé e caminhada direcionada, contudo, essa refinação de habilidades não ocorre no mesmo tempo cronológico para todas as crianças (Tiecher et al, 2015).
Para Magill (2000), a habilidade é uma tarefa, com finalidade específica para ser alcançada. Dessa forma, habilidade nos remete a competência na realização de uma tarefa específica a ser atingida. Acrescenta ainda que as habilidades motoras são classificadas em diversas categorias: habilidades motoras grossas, habilidades motoras finas, habilidade motora discreta, habilidade motora serial, habilidade motora contínua, habilidade motora fechada e habilidade motora aberta.
As habilidades motoras fundamentais podem ser trabalhadas isoladamente, os movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos para depois treiná-los de modo combinado, todavia, existem muitas concepções errôneas acerca do desenvolvimento motor e uma das principais é a ideia de que essas habilidades são pouco, ou não são influenciadas pela tarefa a ser realizada ou pelo meio externo, ou seja, os fatores extrínsecos (Santos et al, 2015). Os ambientes e locais sociais sempre têm influências sobre as pessoas, contudo, em todas as ocasiões o indivíduo é responsável por suas próprias ações, de acordo com a tarefa a ser executada o ambiente sempre influenciará no resultado, porém, o indivíduo executante e apenas este, pode definir o resultado final.
No hall de atividades oferecidas no âmago escolar a capoeira é uma das poucas atividades que engloba várias e distintas práticas em um só contexto, sendo elas: dança, jogo, luta e esporte (Melo, 2015). Em cada prática são requeridos o equilíbrio estático, dinâmico e recuperado, uma das habilidades que estão sendo pouco desenvolvidas, visto que essencialmente as atividades na escola envolvem aquelas praticadas nos esportes/modalidades de quadra.
Trate-se assim das habilidades motoras estabilizadoras. Pode-se afirmar que a estabilidade é o aspecto dentre os outros o mais fundamental no processo do aprender movimentar-se. Dentro das habilidades manipulativas e locomotoras sempre há um percentual de estabilidade, pois dentro de cada movimento humano existe o elemento de estabilidade (Willrich et al, 2009).
Quando se fala em estabilidade, no sentido literal imagina-se estável ou bem equilibrado, contudo, na habilidade motora, vai muito além disso, a habilidade trabalha o equilíbrio em toda sua esfera de alcance, o equilíbrio estático, dinâmico e recuperado, o estático seria o equilíbrio sem movimento, o dinâmico com movimentação e o recuperado seria o equilíbrio reestabelecido depois de uma súbita perda do mesmo, vendo essas afirmações, se pode constatar que realmente dentro das outras habilidades, as manipulativas e locomotoras, sempre há a presença da estabilidade, tornando os movimentos sempre interligados (Gallahue e Ozmun, 2013).
A partir desta premissa, esta pesquisa tornou-se importante a partir do momento em que ela mostrou a prática regular da capoeira colaborando no desenvolvimento das habilidades estabilizadoras.
Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi aferir os níveis de habilidades estabilizadoras em dois grupos, os praticantes e não praticantes de capoeira, sendo as habilidades estabilizadoras: Apoio Invertido, Equilíbrio em um só pé e caminhada direcionada.
Metodologia
O presente estudo caracterizou-se na forma de abordagem quantitativa, enquanto objetivo assumiu características exploratórias e descritivas, quanto aos seus processos técnicos esta foi bibliográfica e de campo. A pesquisa foi realizada em escolas da rede pública estadual e municipal e academia particular onde há a prática regular de capoeira na cidade de Santa Fé do Araguaia – Tocantins. Participaram da pesquisa 10 alunos das escolas públicas e 10 alunos da academia, todos do sexo masculino, totalizando 20 crianças entre 8 e 12 anos de idade.
A escolha dos participantes do grupo de praticantes foi feita de maneira intencional, com o critério de inclusão: praticar capoeira a pelo menos 4 meses e, os participantes do grupo não praticante foi de modo aleatório, como critério de inclusão: não praticar capoeira. O critério de escolha das habilidades para filmagens foi a maior relação que as mesmas tinham com a capoeira, dentro de todos os movimentos realizados na modalidade.
O protocolo utilizado para coleta de dados foi a matriz de análise qualitativa das habilidades motoras fundamentais, proposta por Gallahue e Ozmun (2013), tendo como suporte a utilização do programa informatizado de análise de habilidades motoras Fundamentals Motor Skills (v. 1.0). Para a coleta dos vídeos foi utilizada uma câmera da marca Samsung 8.0 mega pixels. As habilidades motoras foram classificadas em três estágios: inicial, elementar e maduro.
Após preenchimento de documentos de autorização da pesquisa, foi feita a coleta de vídeos dos alunos de ambos os grupos executando as habilidades motoras estabilizadoras: Apoio invertido, equilíbrio em um só pé e caminhada direcionada, sendo que, cada um foi filmado separadamente por habilidade desenvolvida, filmado executando a habilidade de forma horizontal de frente para o pesquisador, exceto pela caminhada direcionada que, foi realizada em um plano lateral.
A pesquisa adotou as recomendações éticas definidas pelo conselho nacional de saúde a partir da resolução 466/2012 que trata de pesquisa com seres humanos.
Os dados foram analisados utilizando de estatísticas simples.
Resultados e discussões
O estudo realizado com os grupos de crianças praticantes e não praticantes de capoeira de Santa Fé do Araguaia, objetivou comparar o nível de desempenho das habilidades estabilizadoras entre os grupos de alunos, descobrir se há realmente diferença, qual dos grupos se destaca quando comparado ao outro, apontando os fatores que influenciaram nos resultados do melhor grupo.
No processo de aquisição de dados para resultados, foram analisados os vídeos de ambos os grupos testados, para melhor entendimento, será tratado por GP o grupo de crianças praticantes de capoeira e, GNP o grupo de crianças que não praticam capoeira.
As habilidades escolhidas para as filmagens e análises foram: Apoio invertido, Equilíbrio em um só pé e caminhada direcionada.
Logo depois de serem produzidos e analisados os vídeos foi possível perceber o melhor desempenho do grupo GP nas três habilidades; Apoio Invertido, Equilíbrio em um só pé e Caminhada direcionada, No gráfico a seguir são apresentados os resultados das predominâncias de características que apresentaram cada criança nos respectivos estágios de maturação de cada habilidade trabalhada, oferecendo os dados dos grupos de crianças praticantes e não praticantes:
Gráfico 01. Predominância dos estágios nas habilidades estabilizadoras entre os dois grupos
A seguir, serão apresentadas as tabelas de predominância de característica dos estágios iniciais, elementares e apresentando as médias das características do estágio motor maduro dos alunos do grupo praticante de capoeira e do grupo não praticante de capoeira dentro das habilidades: Apoio invertido, Equilíbrio em um só pé e Caminhada direcionada. Todos os elementos quantitativos serão apresentados em forma percentual e por aluno, ou seja, um só aluno pode ter características dos três estágios.
Tabela 01. Percentual Apoio Invertido GP
Habilidade |
Aluno |
Inicial |
Elementar |
Maduro |
Média Alunos Maduros |
Apoio Invertido |
GP1 |
16,60% |
33,30% |
50% |
54,66% |
GP2 |
0% |
16,60% |
83,30% |
||
GP3 |
100% |
0% |
0% |
||
GP4 |
0% |
0% |
100% |
||
GP5 |
0% |
16,60% |
83,30% |
||
GP6 |
75% |
25% |
0% |
||
GP7 |
100% |
0% |
0% |
||
GP8 |
0% |
20% |
80% |
||
GP9 |
25% |
25% |
50% |
||
GP10 |
0% |
0% |
100% |
Tabela 02. Percentual Apoio Invertido GNP
Habilidade |
Aluno |
Inicial |
Elementar |
Maduro |
Média Alunos Maduros |
Apoio Invertido |
GNP1 |
100% |
0% |
0% |
0,00% |
GNP2 |
100% |
0% |
0% |
||
GNP3 |
100% |
0% |
0% |
||
GNP4 |
100% |
0% |
0% |
||
GNP5 |
33,3% |
66,60% |
0% |
||
GNP6 |
100% |
0% |
0% |
||
GNP7 |
100% |
0% |
0% |
||
GNP8 |
80% |
20% |
0% |
||
GNP9 |
75% |
25% |
0% |
||
GNP10 |
100% |
0% |
0% |
Dentro da modalidade Apoio Invertido, foi obtida a maior diferença entre os grupos GP e GNP, de sete (7) alunos GP em estágio maduro para nenhum do GNP. Enquanto na academia a prática de apoios invertidos, seja de três apoios ou de dois é comum, faz parte do saber jogar capoeira e se movimentar em roda, contudo, nas escolas os alunos não vivenciam essa prática, mesmo que nos planos por vezes encontra-se a capoeira como conteúdo, esta não é trabalhada da forma adequada ou, o período de ensino é muito curto. A capoeira pode ser trabalhada na escola caracterizando-se como tarefa a ser desenvolvida, adquirindo uma melhora no desenvolvimento motor do aluno, trabalhando desde sua história até seus golpes executados em luta, levando em consideração que a prática da modalidade influencia positivamente nos estudos de outras disciplinas escolares (Santos et al, 2013; Silva et al, 2016).
Tabela 03. Equilíbrio em um só pé GP
Habilidade |
Aluno |
Inicial |
Elementar |
Maduro |
Média Alunos Maduros |
Equilíbrio em um só pé |
GP1 |
25% |
25% |
50% |
53,82% |
GP2 |
0% |
33,3% |
66,6% |
||
GP3 |
25% |
50% |
25% |
||
GP4 |
0% |
0% |
100% |
||
GP5 |
33,3% |
0% |
66,6% |
||
GP6 |
0% |
20% |
80% |
||
GP7 |
66,6% |
33,3% |
0% |
||
GP8 |
0% |
25% |
75% |
||
GP9 |
25% |
25% |
50% |
||
GP10 |
25% |
50% |
25% |
Tabela 04. Percentual Apoio Invertido GNP
Habilidade |
Aluno |
Inicial |
Elementar |
Maduro |
Média Alunos Maduros |
Equilíbrio em um só pé |
GNP1 |
0% |
66,6% |
33,3% |
34,97% |
GNP2 |
25% |
25% |
50% |
||
GNP3 |
0% |
100% |
0% |
||
GNP4 |
0% |
100% |
0% |
||
GNP5 |
0% |
33,3% |
66,6% |
||
GNP6 |
0% |
33,3% |
66,6% |
||
GNP7 |
0% |
33,3% |
66,6% |
||
GNP8 |
0% |
33,3% |
66,6% |
||
GNP9 |
33,3% |
66,6% |
0% |
||
GNP10 |
33,3% |
66,6% |
0% |
O equilíbrio em um só pé aponta o GP com o melhor desempenho na atividade executada. Por mais que esta seja uma atividade de equilíbrio estático ele pode ser trabalhado e aprimorado. Esta é uma habilidade que não se caracteriza por uma modalidade em particular, como o apoio invertido, por exemplo, porém, dentro do treinamento da capoeira, as crianças se desenvolvem motoramente mais rápido, devido a modalidade trabalhar musculaturas motoras grossas, as crianças de primeira infância tem maior controle desses músculos quando comparados com musculatura motora fina (Magill, 2000), assim, mesmo no equilíbrio estático o GP se sai melhor.
Tabela 05. Caminhada direcionada GP
Habilidade |
Aluno |
Inicial |
Elementar |
Maduro |
Média Alunos Maduros |
Caminhada direcionada |
GP1 |
0% |
40% |
60% |
56,66% |
GP2 |
0% |
33,3% |
66,6% |
||
GP3 |
0% |
75% |
25% |
||
GP4 |
0% |
0% |
100% |
||
GP5 |
0% |
25% |
75% |
||
GP6 |
33,3% |
66,6% |
0% |
||
GP7 |
25% |
50% |
25% |
||
GP8 |
0% |
0% |
100% |
||
GP9 |
0% |
25% |
75% |
||
GP10 |
0% |
60% |
40% |
Tabela 06. Percentual Apoio Invertido GNP
Habilidade |
Aluno |
Inicial |
Elementar |
Maduro |
Média Alunos Maduros |
Caminhada direcionada |
GNP1 |
33,3% |
66,6% |
0% |
36,65% |
GNP2 |
60% |
40% |
0% |
||
GNP3 |
0% |
25% |
75% |
||
GNP4 |
0% |
75% |
25% |
||
GNP5 |
33,3% |
66,6% |
0% |
||
GNP6 |
0% |
66,6% |
33,3% |
||
GNP7 |
0% |
0% |
100% |
||
GNP8 |
0% |
33,3% |
66,6% |
||
GNP9 |
75% |
25% |
0% |
||
GNP10 |
0% |
33,3% |
66,6% |
Caminhada direcionada, nesta última habilidade realizada, percebeu-se a menor diferença na execução entre os grupos GP e GNP, essa menor diferença evidencia-se ao primeiro olhar pelo fato da habilidade em questão ser caminhada, sendo que caminhar é uma habilidade inerente ao ser humano, todos têm a necessidade de locomover-se, portanto, praticam tal fundamento frequentemente, todavia, o fator do direcionamento da caminhada impõe a necessidade da estabilidade em sua realização, devido isso, existe essa pequena diferença que favorece o grupo GP.
Os alunos praticantes de capoeira possuem melhores níveis de estabilidade, ressaltando a importância da prática de atividades físicas para o desenvolvimento humano, neste caso, a capoeira vem auxiliar na melhoria de diversas etapas do desenvolvimento motor, trazendo a multiplicidade dos movimentos, demonstrando a importância da capoeira enquanto prática corporal, possibilitando aquisição de novos gestos motores (Moraes et al, 2012).
Relembrando também a capoeira como manifestação cultural que, por muitos é deixada no esquecimento, a desvalorização das brincadeiras de rua e do movimento pelas crianças, dando espaço para os jogos eletrônicos e à inatividade física (Santos et al, 2013). O aproveitamento da capoeira para a valorização do cidadão, cultura corporal de movimento, ritmo e equilíbrio é possível e favorável para a ascensão do indivíduo como um todo (Moraes et al, 2012).
Conclusões
O estudo realizado com os grupos de crianças praticantes e não praticantes de capoeira identificou o grupo praticante como melhor em níveis de habilidades estabilizadoras, apresentando uma diferença considerável entre os grupos GP e GNP, de todas as três habilidades analisadas o grupo GP se sobressaiu ao grupo GNP. Ao analisar as habilidades de forma isolada, o grupo GP obteve melhores resultados, mas, o resultado das habilidades conjuntas foi bem mais acentuado, favorecendo o grupo GP.
A capoeira foi utilizada como processo metodológico para o ensino e aprimoramento da estabilidade em crianças jovens, produzindo excelentes resultados, este processo de ensino pode ser utilizado também nas escolas, porém, dispondo apenas de duas aulas de educação física no ensino fundamental e uma aula no ensino médio, os professores não têm condições de ministrarem o conteúdo de maneira satisfatória, pois, ao aplicarem o conteúdo teórico, para então seguir a prática com o interesse de obter resultados visíveis no comportamento dos alunos, precisariam de muito mais tempo.
Associar a prática de algum esporte com o aperfeiçoamento de valências físicas ou habilidades está cada vez mais comum, ao finalizar a pesquisa e concluir os resultados, outras questões foram formadas à cerca do tema, por exemplo: como as crianças capoeiristas se sairiam nas habilidades locomotoras e manipulativas, comparando-as com crianças não praticantes ou que praticam outro tipo de esporte. Este é um tema muito abrangente deixando então, a necessidade de pesquisas futuras na área.
Bibliografia
Gallahue, D. L. e Ozmun, J. C. (2013). Compreendendo o desenvolvimento motor: Bebês, Crianças, adolescentes e Adultos. (7ª ed.). Porto Alegre: McGraw-Hill.
Haywood, K. M., Getchell, N. (2016). Desenvolvimento motor ao longo da vida. (6ª ed.). São Paulo – SP: Artmed.
Magill, R. A. (2000). Aprendizagem motora: Conceitos e aplicações. (5ª edição). São Paulo: Edgard Blücher Ltda.
Matsunaga, N. Y., Pereira, K., Marcacine, P. R., Castro, S. S. e Walsh, I. A. P. (2016). Efeitos de atividades psicomotoras no desenvolvimento motor de pré-escolares de cinco anos de idade, Revista ConScientiae Saúde. V 15 (1), 38 – 43.
Melo, V. T. (2015). Os capoeiras de rua de Belo Horizonte (1970 – 1990): Permanências e descontinuidade na história da capoeira, Revista Licere. V 18, (2), 221 – 247.
Moraes, A. J. P.; Gonçalves, M.A.; Júnior, M.P. (2012). As contribuições da prática sistemática da Capoeira no desenvolvimento psicomotor de meninos com 06 e 07 anos de idade, caçador/sc. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. v.6 (34) 388-393.
Santos, D. S.; Silva, J.C.; Paixão, P.S. (2013). A Capoeira na escola ajuda no desenvolvimento motor na educação infantil. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Ano 17 (176). http://www.efdeportes.com/efd176/a-capoeira-no-desenvolvimento-motor.htm
Santos, S. P., Wagner, W. M., Simões, R., Chaves, A. D. e Carbinatto, M. V. (2015). Contribuições da aula de ginástica artística para o desenvolvimento das habilidades fundamentais, Revista da faculdade de educação física da UNICAMP. V 13, (3), 65 – 84.
Silva, F. B., Santos, S. M. F., Lima, P. F. S., Guerra, M. F., Dórea, V. R. e Santos, D. A. T. (2016). Desempenho escolar em adolescentes praticantes e não praticantes de Capoeira, Revista da pós-graduação em Educação UFG. V 12, (2), 1 – 12.
Tiecher, T. C., Rodrigues, L. G. C. e Toigo, A. M. (2015). Comparação das habilidades motoras fundamentais de locomoção de crianças entre 6 e 8 anos praticantes e não praticantes de Ballet. Revista Cippus – Unilasalle. V 4, (1), 36 – 54.
Willrich, A.; Azevedo, C.C.F.; Fernandes, J.O. (2009). Desenvolvimento motor na infância: influência dos fatores de risco e programas de intervenção, Revista Neurocien. V 17, (1). 51-56.
Outros artigos em Portugués
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 22 · N° 229 | Buenos Aires,
Junio de 2017 |