Atividade física e qualidade de vida em estudantes da rede pública de Viçosa, MG Influence of physical activity on the quality of life in students of a school in the municipal public network of Viçosa, MG Actividad física y calidad de vida en estudiantes de escuelas públicas de Viçosa, MG |
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*Bacharel e Licenciado em Educação Física Faculdade Governador Ozanam Coelho, FAGOC, Ubá, MG Especialista em Treinamento Desportivo e Personal Training Faculdade Governador Ozanam Coelho, FAGOC, UBÁ, MG **Professor (a) do curso de Educação Física Faculdade Governador Ozanam Coelho, FAGOC, Ubá, MG Doutorando/a em Biologia Celular e Estrutural, Universidade Federal de Viçosa (UFV/MG) Mestre em Educação Física (UFV/UFJF) Especialista em Prescrição de Exercício para reabilitação Cardíaca e Grupos Especiais (UGF) Bacharel e Licenciado em Educação Física (UFV) ***Professor (a) do curso de Educação Física Faculdade Governador Ozanam Coelho, FAGOC, Ubá, MG Especialista em Prescrição de Exercício para reabilitação Cardíaca e Grupos Especiais (UGF) |
Sérgio Lourenço de Freitas* Omar Oliveira Meira* Bárbara Braga Fernandes** Sabrina Fontes Domingues** Márcio Lopes de Oliveira*** (Brasil) |
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Resumo Diante do avanço tecnológico, muitos jovens não percebem a importância da prática da atividade física e passam a maior parte do tempo em frente à TV, aumentando a probabilidade de desenvolverem problemas de saúde, que, muitas vezes ao praticar atividade física poderia evitá-los. Este estudo teve como objetivo verificar a influência da atividade física na qualidade de vida de estudantes. A amostra foi composta por 87 adolescentes com média de 17,3 ±0,9 anos de idade, de ambos os sexos, da turma do terceiro ano do ensino médio de uma escola da rede pública do município de Viçosa, Minas Gerais. Para a coleta de dados, foram utilizados os questionários IPAQ (versão curta) e YOUTH, assim como foram realizadas medidas antropométricas para o cálculo do índice de massa corporal (IMC) onde os estudantes foram classificados como eutróficos (100% no sexo feminino e 90% no sexo masculino), e com sobrepeso apenas 10% no sexo masculino. Não foi encontrado nenhum indivíduo na classificação obesidade. Os indivíduos avaliados apresentaram adequado nível de atividade física, sendo que a maioria (61,67% e 55,55% para o sexo feminino e masculino, respectivamente) não se encontra no nível de sedentarismo. Para manter e até diminuir os níveis de sedentarismo, cabe uma ação de incentivo para que esses jovens possam melhorar o desempenho físico, a fim de se tornarem adultos saudáveis. Unitermos: Sedentarismo. Qualidade de vida. Atividade física. Adolescentes.
Abstract Given the technological advances, many young people do not realize the importance of physical activity and spend most time in front of the TV, increasing the likelihood of developing health problems, that often the physical activity could prevent them. This study aimed to determine the influence of exercise on quality of life of students. The sample consisted of 87 adolescents with a mean of 17.3 ± 0.9 years old, of both sexes, the class of the third year of high school in a public school in the municipality of Viçosa, Minas Gerais. To collect data, questionnaires were used IPAQ (short version) and YOUTH, and anthropometric measurements were performed to calculate the body mass index (BMI) where students were classified as normal (100% female and 90 % of males), overweight and only 10% in males. We found no individual in the classification obesity. The subjects evaluated had appropriate level of physical activity, with the majority (61.67% and 55.55% for females and males, respectively) are not in the level of inactivity. To maintain and even lower levels of inactivity, it is an act of encouragement to these young people can improve physical performance in order to become healthy adults. Keywords: Inactivity. Quality of life. Physical activity. Adolescents.
Resumen Frente al avance tecnológico, muchos jóvenes no perciben la importancia de la práctica de la actividad física y pasan la mayor parte del tiempo frente a la TV, aumentando la probabilidad de desarrollar problemas de salud, que a menudo al practicar actividad física se podrían evitar. Este estudio tuvo como objetivo verificar la influencia de la actividad física en la calidad de vida de los estudiantes. La muestra fue compuesta por 87 adolescentes con un promedio de 17,3 ± 0,9 años de edad, de ambos sexos, del curso de tercer año de una escuela media pública del municipio de Viçosa, Minas Gerais. Para la recolección de datos, se utilizaron los cuestionarios IPAQ (versión corta) y YOUTH, así como se realizaron medidas antropométricas para el cálculo del índice de masa corporal (IMC) donde los estudiantes fueron clasificados como eutróficos (100% en el sexo femenino y 90 en el sexo masculino), y con sobrepeso (sólo el 10% en el sexo masculino). No se encontró ningún individuo en la clasificación de la obesidad. Los individuos evaluados presentaron adecuado nivel de actividad física, siendo que la mayoría (61,67% y 55,55% para el sexo femenino y masculino, respectivamente) no se encuentra en el nivel de sedentarismo. Para mantener y hasta disminuir los niveles de sedentarismo, se deben promover acciones que incentiven a estos jóvenes para mejorar el desempeño físico para convertirse en adultos sanos. Palabras clave: Sedentarismo. Calidad de vida. Actividad física. Adolescentes.
Recepção: 13/03/2016 - Aceitação: 20/06/2017
1ª Revisão: 22/05/2017 - 2ª Revisão: 17/06/2017
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires - Año 22 - Nº 229 - Junio de 2017. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A importância do estilo de vida ativo como fator de saúde e qualidade de vida é bastante discutido nos dias atuais. Azevedo (2010) afirma que a atividade física regular, aliada à correta alimentação e ao estado emocional equilibrado, é a principal base para a manutenção da saúde em qualquer idade. Dessa forma, a atividade física regular, além de ser responsável pelo crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, aumenta a confiança, a auto-estima e, consequentemente, promove a melhoria da qualidade de vida.
De acordo com Betti e Zuliani (2002), a Educação Física oferecida nas escolas não tem oferecido subsídios para transformar a atividade física em uma prática diária na vida das crianças e adolescentes em idade escolar. Desde o final do ensino fundamental, os estudantes se desmotivam com essa prática e os interesses se voltam para outras áreas. Os avanços tecnológicos contribuem para que as pessoas apresentem um estilo de vida sedentário, além de consumo exagerado de alimentos com alto volume calórico. Alves (2007) alerta quanto aos riscos acarretados pela falta da prática de atividade física, ressaltando que tal hábito aumenta consideravelmente os níveis de obesidade e sobrepeso, os quais são responsáveis por futuras doenças crônicas.
Nesse sentido, cabe aos educadores destacar a importância da atividade física desde os primeiros anos escolares como forma de prevenir o sedentarismo, atuando desde então na formação da criança, proporcionando-lhe oportunidade, prazer e conhecimento de como e por que realizar atividade física, (Araújo e Araújo, 2000), e aprimorando a qualidade de vida da criança.
Objetivou-se, com este trabalho, estudar a influência da atividade física na qualidade de vida de estudantes do ensino médio de uma escola da rede pública do município de Viçosa, MG, verificando a importância que tem a prática de atividade física para melhora na qualidade de vida dos indivíduos.
Materiais e métodos
A coleta de dados foi realizada em uma escola selecionada por apresentar boas instalações físicas, corpo docente qualificado e tradição de ensino no município, principalmente na área da Educação Física.
Primeiramente, foi realizado um levantamento junto à diretoria da escola sobre o número total de alunos regularmente matriculados no terceiro ano do ensino médio.
Esta pesquisa apresenta um delineamento observacional, de corte transversal. Para construção do estudo, foram convidados 87 adolescentes, sendo 60 do sexo feminino e 27 do masculino, com idade entre 16 e 21 anos, do terceiro ano do ensino médio de uma escola pública do município de Viçosa, MG.
Apenas 54 adolescentes, 34 do sexo feminino e 20 do masculino, responderam aos questionários sobre o nível de atividade física e concordaram em realizar as medidas antropométricas. Os 33 restantes, 25 do sexo feminino e 8 do masculino, apenas responderam aos questionários.
Os pais foram informados e esclarecidos sobre o objetivo do estudo, bem como a forma de execução, através de um termo de consentimento livre e esclarecido.
Na semana do dia 13 a 17 de setembro de 2010, os adolescentes foram pesados e medidos, nas dependências da escola, em condições apropriadas para a avaliação antropométrica. A partir dessas medidas, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC), de acordo com a tabela proposta por Cole et al. (2000), observando os percentis correspondentes a esse, de acordo com a idade e o sexo.
Obteve-se o peso, utilizando balança eletrônica digital (Gtech) modelo Glass 3 control, com capacidade máxima de 180 kg e precisão de 50 g. A verificação da medida ocorreu com o avaliado na posição ortostática no centro da balança com os pés descalços e roupa vestida naquele momento. A estatura foi verificada, utilizando-se fita métrica de 0,1 cm, com subdivisão em milímetros, fixado à parede com ponto zero ao nível do solo. Os estudantes foram avaliados em pé e descalços com os calcanhares unidos e encostados à parede sem rodapés, mensurando a maior distância da região plantar e o vértex, utilizando-se de um ângulo reto para a realização do apoio do vértex.
Para a avaliação do nível de atividade física, foram utilizados o questionário internacional de atividade física (IPAQ versão curta) e o questionário de avaliação dos comportamentos de risco de crianças e adolescentes em vários aspectos (YOUTH, 2005), propostos pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS).
Para o questionário YOUTH, adaptou-se o critério proposto por Biddle et al. (1998) citados por Hallal et al. (2006), ou seja, foram considerados como ativos os indivíduos que realizavam atividades físicas moderadas e/ou, vigorosas com frequência igual ou superior a cinco dias da semana ou duração igual ou superior a 300 minutos na semana; os que executavam atividades moderadas e, ou, vigorosas, com freqüência igual ou superior a cinco dias da semana ou duração igual ou superior a 300 minutos na semana, foram classificados como muito ativos; os que realizavam algum tipo de atividade física moderada e, ou, vigorosa foram considerados como irregularmente ativos e, os que não realizavam nenhum tipo de atividade física moderada e, ou, vigorosa, foram considerados sedentários.
Para o questionário do IPAQ (2010), adaptou-se o critério proposto por Oliveira et al. (2007), no qual os indivíduos foram classificados em sedentários, insuficientemente ativo, ativo e muito ativo, de acordo com o tempo gasto em cada sessão semanal. Para essa classificação, utilizou-se o seguinte critério de definição para sujeitos ativos: somatório de, pelo menos, 150 minutos de atividade física por semana de intensidade moderada, subdivididas em, no mínimo, três vezes por semana; ou atividades vigorosas de três sessões diárias de, pelo menos, 20 minutos semanais.
Tratamento estatístico
Foi realizada análise descritiva das questões do questionário referentes ao tempo de horas assistindo televisão, jogando vídeo game/computador, participando de aulas de educação física e usando meio de transporte de casa para a escola. Além disso, foram realizados os testes de Mann-Whitney, para a comparação entre os sexos e para as variáveis que não apresentavam distribuição normal, e o teste t de Student, para as variáveis com distribuição normal, adotando-se como nível de significância p < 0,05. As análises foram realizadas por meio do software Sigma Stat (SPSS 3.0).
Resultados
O índice de massa corporal (IMC) dos indivíduos avaliados apresentou média de 19,8 ±1,7, para o sexo feminino, e de 20,6 ±2,2, para o sexo masculino, não sendo observada diferença estatística entre os sexos (p = 0,145). Os resultados obtidos referentes à classificação nutricional dos indivíduos avaliados estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Classificação do estado nutricional de estudantes do ensino médio em uma escola pública do município de Viçosa, MG
O tempo médio que os indivíduos assistem à TV, no total da amostra e de acordo com o questionário IPAQ, foi de 14,9 ±5,9 horas. Para o público feminino, o tempo foi de 15,7 ±6 horas e para o masculino, de 13 ±5 horas, sendo esta diferença significativa (p = 0,04). Os valores estão representados na Figura 1.
Figura 1. Tempo destinado a assistir à TV durante a semana de acordo com o questionário de IPAQ
De acordo com o questionário de YOUTH, o tempo médio que o público assiste à TV, no total da amostra, foi de 6,4 ±3,3 horas; o do sexo feminino, de 6,7 ±3,6 horas, e o do masculino, de 5,5 ±3 horas, não sendo esta diferença significativa (p = 0,12), conforme demonstra a Figura 2.
Figura 2. Tempo destinado a assistir à TV durante a semana de acordo com o questionário de YOUTH
Em relação ao questionário proposto pelo IPAQ, houve diferenças significativas entre os sexos quando os indivíduos foram classificados como sedentários, insuficientemente ativos (p = 0,001), ativos (p = < 0,001) e muito ativos (p = 0,017), conforme pode ser observado na Tabela 2.
Tabela 2. Classificação do nível de atividade física, segundo questionário do IPAQ, em adolescentes de ambos os sexos de uma escola pública do município de Viçosa, MG
Houve diferenças significativas entre os sexos, em relação ao questionário proposto pelo YOUTH, quando os indivíduos foram classificados como sedentários (p = 0,029), insuficientemente ativos (p = 0,003) e ativos (p = < 0,001), conforme pode ser visto na Tabela 3.
Tabela 3. Classificação do nível de atividade física, segundo questionário do YOUTH, em adolescentes de ambos os sexos de uma escola pública do município de Viçosa, MG
As figuras 3 e 4 mostram a participação de adolescentes de ambos os sexos em esportes coletivos nos últimos 12 meses.
Figuras 3. Participação de adolescentes do sexo feminino
em esportes coletivos nos últimos 12 meses
Figura 4. Participação de adolescentes do sexo masculino
em esportes coletivos nos últimos 12 meses
Os resultados obtidos em relação ao meio utilizado como deslocamento de casa para a escola podem ser observados nas figuras 5 e 6.
Figura 5. Meio de transporte utilizado para deslocamento
de casa para a escola por adolescentes do sexo feminino
Figura 6. Meio de transporte utilizado para deslocamento de casa
para a escola por adolescentes do sexo masculino
Discussão
Os valores propostos por Cole et al. (2000) foram utilizados para classificar o IMC, uma vez que estes permitirem continuidade de definição de obesidade na infância e na adolescência. Assim, observou-se que o IMC dos participantes não apresentou diferença estatística entre ambos os sexos, com média de 19,8 ± 1,7 para o sexo feminino e de 20,6 ± 2,2 para o masculino; entretanto, a maior parte dos adolescentes foi considerada eutrófica (100% no sexo feminino e 90% do sexo masculino). Este resultado está de acordo com os dados de outro estudo realizado em alunos de uma escola da rede privada do município de Viçosa, MG, com idade entre 11 e 15 anos, que apresentaram média de IMC de 18,54 ± 2,45 para o sexo feminino e 18,8 ± 2,78 para o masculino, não havendo diferença em ambos os sexos (Gonçalves, 2008).
Em relação ao tempo que os alunos destinavam a assistir à TV, de acordo com o questionário IPAQ, o tempo médio foi de 14,9 ± 5,9 horas sendo considerado significativo, enquanto, no questionário YOUTH, essa prática não foi observada. Em YOUTH, foram avaliadas as horas que os adolescentes assistem à televisão, observando-se ausência de diferenças entre os gêneros, o que mostra semelhança com o estudo de Silva et al. (2008), que observou adolescentes de escolas públicas do Estado de Santa Catarina, de ambos os sexos, com idade entre 15 e 19 anos, não sendo verificadas diferenças entre meninos e meninas em relação ao tempo destinado a hábitos sedentários como assistir à TV. Além disso, constatou-se que a maioria dos participantes assiste mais de uma hora por dia. Apesar de não ter sido identificada prevalência elevada de sobrepeso/obesidade, os adolescentes participantes do estudo poderão se comprometer por adotarem um estilo de vida sedentário, pois, de acordo com Hallal et al. (2006), o tempo diário assistindo à TV por esses reflete em efeitos negativos na adolescência e até mesmo na vida adulta.
Quanto ao questionário IPAQ, houve diferença significativa entre os sexos, onde o tempo total que os alunos passam assistindo à TV foi de 14,9 ± 5,9; o sexo feminino foi de 15,7 ± 6 horas e o masculino de 13 ± 5 horas. Resultados semelhantes foram observados por Baruki et al. (2006), em que as meninas passam mais tempo assistindo à televisão que os meninos, porém o autor destaca um estudo realizado por Berkey et al. (2000), em que foi constatado resultado diferente, com a prevalência dos meninos passando o maior tempo em frente à televisão. Baruki et al. (2006) destacam também que, passar mais de três horas diárias assistindo à televisão é um importante fator de risco para o sobrepeso e a obesidade.
Em se tratando de nível de atividade física, a pesquisa demonstrou diferenças significativas em ambos os questionários para os indivíduos pesquisados. De acordo com o questionário YOUTH, estes foram classificados como sedentários, insuficientemente ativos e ativos, enquanto no IPAQ, os mesmos foram classificados como muito ativo, ativo, insuficientemente ativo e sedentários.
No IPAQ, observou-se diferença significativa entre ambos os sexos, com a maioria dos adolescentes sendo classificada como ativa (61,67% do sexo feminino e 55,55% do sexo masculino), enquanto nenhum sujeito do sexo masculino foi classificado como sedentário, visto que houve descrição de realização, em sua maioria, de atividades moderadas. No que se refere ao nível de atividade física, Mascarenhas et al. (2005), contrariamente, evidenciaram que, em estudo com 111 adolescentes (57 meninos e 54 meninas), as meninas são mais ativas do que os meninos. Em estudo de Meira e Maffia (2011) com 36 adolescentes (19 meninos e 17 meninas) as meninas obtiveram um percentual mais elevado classificado como muito ativo e ativo fisicamente (64,7% e 29,41%), em contrapartida os meninos obtiveram menor percentual classificado como muito ativo e ativo fisicamente (57,9% e 21,05%) respectivamente.
Nos resultados referentes ao questionário YOUTH, observou-se também diferença significativa entre ambos os sexos, pois revelou que grande parte dos adolescentes estudados foi classificada como ativa, atendendo à recomendação de 300 minutos por semana. Azevedo (2010), firma que a atividade física regular aliada à correta alimentação e ao estado emocional equilibrado é a principal base para a manutenção da saúde em qualquer idade. A atividade física regular, além de ser responsável pelo crescimento e desenvolvimento saudável de crianças e jovens, aumenta-lhes a confiança e a auto-estima e, consequentemente, promove a melhoria da qualidade de vida relacionada à saúde.
No questionário YOUTH, a maioria da amostra do sexo feminino (78,33%) relatou que não participava de nenhuma equipe de esporte coletivo, o que foi observado também com o público do sexo masculino, porém em menor freqüência (33,33%). Em contrapartida, Silva et al. (2007) relataram que todas as crianças reportaram participar de pelo menos uma equipe de alguma modalidade de esporte coletivo.
Dados desta pesquisa mostraram que ambos os sexos (masculino com 65% e feminino com 51,85%) iam para a escola de transporte coletivo, talvez pela localização da escola. Corroborando estes dados, Silva et al. (2007) observaram que a maioria das crianças de 8 a 14 anos (51,9%) relatou percorrer o caminho de casa para a escola a pé, 6,9% das crianças utilizavam a bicicleta como forma de transporte e 10,7% recorriam aos dois meios de transporte de forma alternada nos dias da semana.
Neste estudo, foram encontrados percentuais baixos de sedentários (8,33% para o sexo feminino e 0% para o masculino pelo IPAQ e, 23,33% para o sexo feminino e 7,41% para o masculino pelo YOUTH), sendo a maioria considerada ativa. Mesmo com um nível de sedentarismo baixo, enfatiza-se que, a partir da Educação Física escolar, os adolescentes podem adquirir o hábito de praticar atividade física com mais regularidade, adotando assim estilos de vida mais ativos e saudáveis, conseguindo conciliá-los com o hábito de assistir à TV.
Vale ressaltar que o estudo que validou o questionário de IPAQ foi realizado em adolescentes de 12 a 18 anos de idade, de três escolas do município de Londrina, PR (Guedes e Guedes, 2005). Sendo assim, os autores definiram o IPAQ como adequado instrumento direcionado ao acompanhamento das atividades físicas que envolvem esforços físicos de intensidade moderada e vigorosa em população adolescente. Já para a validação o questionário de YOUTH o estudo foi realizado em adolescentes com idade média de 10 ± 1,1 anos pertencentes ao Projeto longitudinal de Crescimento e Desenvolvimento de Ilhabela, portanto o questionário apresentou valores de validade na população estudada (Santos, 2010).
Conclusão
Conclui-se por meio dos resultados que, embora muitos dos adolescentes não tenham como hábito a prática de atividade física, a maioria não se encontra classificada como sedentária. Portanto, cabe ação de incentivo para que estes jovens possam melhorar o seu desempenho físico, a fim de que se tornem adultos saudáveis.
Sugere-se o desenvolvimento de ações no sentido de informar aos professores, pais e dirigentes do setor educacional e do público sobre a importância da atividade física na adolescência e estimular a criação de mais e melhores oportunidades para o adolescente realizar atividade física.
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