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Terapia assistida por animais (TAA) na

paralisia cerebral: uma revisão de literatura

Animal-assisted therapy (AAT) in cerebral palsy: a literature review

Terapia asistida por animales (TAA) en la parálisis cerebral: una revisión de la literatura

 

*Fisioterapeuta, discente do curso de Medicina

na Universidade Federal de Santa Maria

**Discente do curso de Fisioterapia no Centro Universitário Franciscano

***Fisioterapeuta, mestranda em Gerontologia

pela Universidade Federal de Santa Maria

****Fisioterapeuta, Comissão de reabilitação

médica dos fisioterapeutas da Nigéria

(Brasil)

Thomaz da Cunha Figueiredo*

thocunha@hotmail.com

Vanessa Merljak Pereira**

vanessa_merljak@hotmail.com

Aline do Santos Machado***

ali.fisio13@gmail.com

Anne Olayinka Gasper****

annegasper21@yahoo.co.uk

 

 

 

 

Resumo

          Justificativa e objetivos: a terapia assistida por animais (TAA) envolve um método terapêutico adjuvante no qual animais, de forma individual ou em grupo, contribuem para a reabilitação e cuidado associada aos demais métodos fisioterapêuticos para processo de tratamento de pacientes com as mais diversas patologias, inclusive em paralisia cerebral (PC). Porém, a TAA, é pouco investigada e visada, sendo fundamental a explanação dos seus benefícios na comunidade científica para tornar-se uma alternativa nas condutas com indivíduos com PC.O objetivo deste artigo é conhecer, por meio de revisão bibliográfica, a TAA e suas contribuições ao tratamento convencional de pessoas com PC. Resultados: Percebe-se que a terapia com animais contribui para inúmeras patologias, trazendo contribuições a nível psicológico, social e físico, mas ainda é necessário um número maior de pesquisas a respeito do assunto quando aplicado com indivíduos com PC. Conclusão: a TAA pode contribuir significativamente para melhorar alguns aspectos da saúde de pacientes com essa patologia, quando comparada a terapia isolada na qual não há a presença da interação homem-animal.

          Unitermos: Terapia assistida por animais. Fisioterapia. Paralisia cerebral.

 

Abstract

          Justification and objectives: Animal-assisted therapy (AAT) involves an adjuvant therapeutic method in animals, individually or in groups, it contributes to the rehabilitation and care associated with other physical therapy methods for patient treatment process with a variety of pathology including cerebral palsy (CP). However, AAT has not been widely investigated and sighted, as being fundamental in explaining its benefits in the scientific community by making it an alternative treatment for individuals with CP. The objective of this article is to understand through a literature review, How AAT contributes to the conventional treatment of people with CP. Results: It was observed that therapy with animals contributes to numerous pathology, brings contributions to the psychological, social and physical level, but a greater number of researches are still necessary with references to the subject matter when applied to individuals with CP. Conclusion: AAT can significantly contribute to improve some aspects of the patient’s health with this Pathology, when compared to therapy alone were there is no presence of human-animal interaction.

          Keywords: Animal-assisted therapy. Physiotherapy. Cerebral palsy.

 

Resumen

          Justificación y objetivos: la terapia asistida por animales (TAA) involucra un método terapéutico adyuvante en el cual los animales, de forma individual o en grupo, contribuyen a la rehabilitación y cuidado asociados a los demás métodos fisioterapéuticos para el proceso de tratamiento de pacientes con las más diversas patologías, incluso en parálisis cerebral (PC). Sin embargo, la TAA, ha sido poco investigada y estudiada, siendo fundamental la explicación de sus beneficios en la comunidad científica para convertirse en una alternativa en las conductas con individuos con PC. El objetivo de este artículo es conocer, por medio de revisión bibliográfica, la TAA y sus contribuciones al tratamiento convencional de personas con PC. Resultados: Se percibe que la terapia con animales contribuye a innumerables patologías, aportando contribuciones a nivel psicológico, social y físico, pero aún es necesario un número mayor de investigaciones al respecto cuando se aplica con individuos con PC. Conclusión: la TAA puede contribuir significativamente a mejorar algunos aspectos de la salud de pacientes con esa patología, cuando se compara la terapia aislada en la que no existe la presencia de la interacción hombre-animal.

          Palabras clave: Terapia asistida por animales. Fisioterapia. Parálisis cerebral.

 

Recepção: 06/03/2016 - Aceitação: 22/05/2017

 

1ª Revisão: 02/05/2017 - 2ª Revisão: 16/05/2017

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires - Año 22 - Nº 228 - Mayo de 2017. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Paralisia Cerebral (PC) compreende a uma alteração crônica não progressiva que interfere no movimento e/ou postura, sendo gerada a partir de alguma agressão pré, peri ou pós natais a nível de sistema nervoso central. Ela pode ser classificada de acordo com o tipo de acometimento motor em cinco categorias sendo elas: a espástica, atetóica, atáxica, hipotônica e mista, e ainda quanto a sua classificação topográfica em hemiparesia, diparesia e tetraparesia (Fosco et al., 2009; Colver et al., 2015).

    A utilização de animais de pequeno e grande porte está crescendo no âmbito da reabilitação de pacientes com esses distúrbios físicos apresentados em PC, como também em outras patologias que acometem o âmbito cognitivo dos pacientes. E isso, dá-se, especialmente, com o emprego de animais de natureza equina e canina, podendo ser também de outras espécies, através da prática denominada de Terapia Assistida por Animais (TAA) (Bussotti et al., 2005; Machado et al., 2008).

    A TAA é considerada um método terapêutico adjuvante no qual animais, podendo ser de forma individual ou em grupo, são inseridos juntamente ao processo de tratamento de pacientes com as mais diversas patologias (Bussotti et al., 2005; Godoy e Denzin, 2007; Yamamoto et al., 2012).O nascimento dessa modalidade de promoção de saúde surgiu em meados dos anos 90, em York Retreat, Inglaterra, embora só na década de 60, que começou a ganhar destaque no Brasil através de estudos científicos da Dra. Nise da Silveira com a experiência com a espécie felina (INATAA, 2015).

    De acordo com os estudos até hoje realizados, sabe-se que a interação homem-animal proporciona efeitos como diminuição das tensões, sensação de segurança, contato físico, companhia, amizade irrestrita, e implicações favoráveis sobre o corpo físico e a fisiologia do corpo humano enquanto os pacientes interagem com os animais, resultando na diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial (Pecelin et al., 2007). Nesse intuito a fisioterapia vem unindo aos planos de tratamento atividades complementares com animais (Tseng et al., 2013), com a finalidade de acelerar ou obter resultados imediatos no processo de reabilitação dos usuários, por meio dos efeitos causados pela prática da TAA, e assim dinamizar o processo da qualidade de vida e encanto em viver dentro da sociedade.

    A TAA quando aplicada em pessoas com PC prioriza por uma avaliação criteriosa por parte de uma equipe multiprofissional, na qual o fisioterapeuta estará inserido, acerca das limitações presentes pelos pacientes para poder determinar um plano terapêutico adequado e seguro frente suas capacidades funcionais apresentadas (Vaccari e Almeida, 2007; Zago et al., 2011).

    O tema foi selecionado com o objetivo de conhecer, por meio de revisão bibliográfica, a TAA e suas contribuições ao tratamento convencional de pessoas com PC, já que o assunto é pouco explorado, a fim de evidenciar essa alternativa que pode ajudar no processo clínico da patologia e assim contribuir para um promissor desenvolvimento neuropsicomotor.

Metodologia

    A estratégia de busca foi delineada nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo), Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Bireme. Na definição dos descritores foi empregado o DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). A data da última busca foi em janeiro de 2016.

    Foram considerados artigos, dissertações e teses publicados entre 2006 e 2015, sendo estes previamente selecionados por três examinadores de forma independente, utilizando a associação dos seguintes descritores: fisioterapia, paralisia cerebral e terapia assistida por animais, os mesmos foram utilizados na língua inglesa.

    Resumos em anais de eventos científicos, capítulos de livros e trabalhos de conclusão de curso foram excluídos dessa revisão. Além destes, não foram selecionados os que não se teve acesso à sua forma completa ou que estivessem duplicados em bases de dados.

    A segunda análise dos estudos foi realizada pelos pesquisadores e as dúvidas ou divergências foram discutidas até chegar a um consenso para a seleção final e escrita da presente revisão.

Resultados

    A busca bibliográfica resultou em um total de 29 trabalhos científicos, sendo 24 trabalhos do Bireme, 3 do Scielo e 2 do Periódico do CAPES. Após a triagem pela leitura dos títulos, resumos e do texto completo, foram utilizados 13 estudos: 10 da Bireme, 2 da Scielo e 1 do Periódico CAPES. A figura 1 mostra o processo de seleção de artigos para esta revisão.

Figura 1. Fluxograma do processo de inclusão dos artigos na revisão

Discussão

    A presente revisão buscou conhecer a TAA e suas contribuições ao tratamento convencional de pessoas com PC. Assim, foi encontrado o seguinte debate.

    A TAA compreende um método que utiliza animais de diferentes espécies e tamanhos para proporcionar, através de atividades elaboradas, estímulos mentais, físicos e sociais para reabilitação, ou seja, para o tratamento de pacientes com determinadas patologias (Colver et al., 2015). Diversas relações com diferentes significados foram construídas através dos tempos entre o homem e os animais. Formas de proteção, transportes e a vivência no ambiente familiar pautada pela domesticação proporcionando uma série de benefícios aos seus donos (Pereira et al., 2007).

    A técnica de TAA é ainda pouco explorada (Crippa e Feijó, 2014) mas já se sabe que promove inúmeros benefícios como, por exemplo, a diminuição das tensões do ambiente hospitalar através da descontração gerada pelo animal, o desenvolvimento de habilidades sociais, a promoção da capacidade da motricidade grossa através de sustentar-se em determinada postura, a redução da ansiedade, a estimulação sensorial e melhora da expressão de sentimentos. Já com animais de grande porte, como cavalos, possibilita o fortalecimento da musculatura auxiliando na reabilitação de funções motoras comuns (Pereira et al., 2007, Lemke et al., 2014). O método pode ser usado em patologias como paralisia cerebral, espinha bífida, esclerose múltipla, DDAH (distúrbio do déficit de atenção com hiperatividade) síndrome de Down, autismo e cuidado e tratamento de depressão (Porto e Cassol, 2007).

    Para que a TAA seja uma maneira efetiva de reabilitação é necessário um terapeuta capacitado que entenda as disfunções presentes, as reações desencadeadas e a evolução do paciente (Tseng et al., 2013). Desse modo é possível traçar um tratamento apropriado de acordo com as limitações presentes no paciente com PC, potencializando a funcionalidade presente. Tanto médicos veterinários, quanto fisioterapeutas, em grande maioria, ainda não dominam a técnica, apesar de conhecê-la, pela falta de protocolos de intervenção (Nogueira, 2015). Com isso é imprescindível que haja a promoção de cursos abordando e disponibilizando o recurso para esses profissionais para que um número maior de pacientes com PC possa ser beneficiado.

    Entre os benefícios proporcionados por essa terapia para pacientes com PC, destacam-se a melhora do controle da cabeça e tronco, do equilíbrio corporal, estímulo as reações de proteção, a adoção da posição de sedestação, semi ajoelhado, ajoelhado e ortostatismo, melhora da coordenação motora e da marcha (Fosco et al., 2009; Vivaldini e De Oliveira, 2011). Dessa forma, a partir de uma avaliação prévia para estabelecer os objetivos do tratamento, propõem-se as condutas com o anima, ocorrendo uma interação com esse a fim de desenvolver as habilidades requeridas na atividade. A exemplo, pode-se citar a cinoterapia, terapia com auxílio do cão, na qual o paciente leva o cão para passear em locais com diferentes obstáculos, estimulando a coordenação motora grossa, equilíbrio corporal e controle musculoesquelético para a realização da marcha.

    Na TAA cada espécie de animal pode oferecer diferentes benefícios para o paciente. Elucidando isso, tem-se a Equoterapia, na qual se utiliza cavalos de forma lúdica e em seu ambiente natural. Nessa modalidade é indispensável que o corpo do praticante trabalhe por inteiro, isto é, todos os músculos, articulações e órgãos internos, melhorando a autoconfiança, a psicomotricidade e a capacidade cognitiva, facilitando a socialização (Ferlini, 2010). Além de proporcionar descobertas, o desenvolvimento da sensibilidade, da formação de conceitos sociais e a estimulação tátil, vestibular, visuais, orais e auditivas, que são de grande valia para o indivíduo PC ser capaz de ampliar suas capacidades e manter-se consciente do mundo em que vive (Kobayashil et al., 2009).

    A técnica pode ser empregada em diferentes locais, sejam hospitais, clínicas, casas de repouso e grupos de apoio, com os devidos cuidados para não gerar riscos ou danos à saúde dos pacientes (De Andrade, 2010; Nogueira, 2015).

    Cabe ao médico veterinário avaliar criteriosamente todos os animais utilizados na TAA acerca de sua saúde física e condições psicológicas como comportamento, obediência, socialização e aptidão, antes do contato com as pessoas submetidas a terapia. Além disso, os animais periodicamente são submetidos a reavaliações a fim de que os profissionais assegurem que aqueles não condicionam riscos aos pacientes (Tseng et al., 2013).

    Outros aspectos devem ser considerados durante a abordagem com a utilização de animais como um complemento ao tratamento fisioterapêutico, principalmente, em crianças e idosos. Um dos cuidados fundamentais é a continuidade do tratamento que não pode ser negligenciada, podendo ocasionar uma tristeza profunda e de possível dificuldade de tratamento se o animal vir a falecer ou o tratamento for interrompido, acarretando outros prejuízos sobre a saúde dos praticantes (Bussotti et al., 2011).

    A TAA pode ser empregada concomitantemente ao tratamento convencional para as inúmeras formas de disfunções musculoesqueléticas e psicológicas. Em estudo desenvolvido por Capote (2009), a inserção da TAA na reabilitação de uma criança com PC, a qual não cooperava com o tratamento convencional, possibilitou uma melhora significativa na psicomotricidade, linguagem verbal, autoestima e confiança, tornando-o um indivíduo mais ativo, consciente e funcional.

    Já Porto e Quatrin (2014)analisaram o efeito da TAA sobre aspectos motores e socioafetivos de um adolescente com paralisia cerebral, utilizando entrevistas semiestruturadas e a aplicação do instrumento Medição da Função Motora Grossa (GMFM-88). Como resultados encontraram uma melhora no desenvolvimento motor e nos aspectos socioafetivos do adolescente.

    Além disso, em uma revisão sistemática com metanálise (Tseng et al, 2013), concluiu-se que a hipoterapia e equoterapia reduzem significativamente a atividade assimétrica dos músculos adutores do quadril, melhorando o controle postural em crianças com paralisia cerebral espástica.

    Apesar de existirem evidências dos benefícios da TAA, o assunto ainda é pouco discutido e minimamente empregado no tratamento de pacientes com PC, em comparação a outras síndromes existentes. Percebeu-se que a TAA junto à terapia convencional pode contribuir significativamente para melhorar aspectos da saúde de pacientes com diversas patologias, incluindo a PC, quando comparada a terapia isolada, na qual não há a presença da interação homem-animal.

Conclusão

    Os poucos artigos publicados em revistas científicas têm limitações metodológicas e focam, principalmente, na melhora psicológica dos pacientes, deixando em segundo plano os reais efeitos sob disfunções neuromusculoesqueléticas que esses indivíduos possam apresentar. Dessa forma, a escassez de artigos publicados evidencia a necessidade de novos estudos abordando a TAA especificamente em pacientes com PC, com alto poder metodológico, para que os resultados possam ser utilizados na prática clínica. Desse modo, percebe-se que a assistência que alie o inovador ao convencional poderá, quem sabe, acelerar a promoção de um tratamento digno e em vista da integralidade do ser humano.

Bibliografia

Outros artigos em Portugués

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 22 · N° 228 | Buenos Aires, Mayo de 2017  
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