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Avaliação da relação do ciclismo com os 

níveis séricos do antígeno prostático específico

Evaluation of cycling activity correlated with serum levels of the prostate-specific antigen

Evaluación de la relación del ciclismo con los niveles séricos de antígeno prostático específico

 

*Biomédica graduada pela Universidade Luterana do Brasil, campus Carazinho, RS

**Farmacêutico Bioquímico / Biomédico – Professor Orientador

Docente do Curso de Biomedicina

Universidade Luterana do Brasil, campus Carazinho, RS

(Brasil)

Carla Angélica Franciozi Furlanetto*

Jéssica Zolim Andreatto Mandelli*

Alexandre Ehrhardt**

bioquimicoalexandre@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O antígeno prostático específico (PSA) é o mais importante marcador tumoral para câncer de próstata e sua concentração pode ser influenciada por vários fatores, entre os quais pode estar a prática de ciclismo. Esta pesquisa teve por objetivo avaliar, através de um estudo observacional analítico transversal, a prática do ciclismo relacionada com os níveis séricos de PSA. Para tal um grupo de ciclistas teve seus níveis de PSA avaliados através da metodologia de quimioluminescência, antes e imediatamente após uma prova. Foi aplicado um questionário sócio-epidemiológico para avaliação de possíveis fatores que possam estar relacionados à variação do PSA. A média de idade dos atletas no estudo foi de 32,9 ± 2,75 anos, praticantes de ciclismo há pelo menos 3 anos. Dos 16 atletas avaliados, 12 (75%) apresentaram elevação nos níveis de PSA, as quais variaram entre 0,03 e 0,47 ng/mL (0,23 ± 0,13) (p=0,0001). De acordo com os resultados obtidos, as variações encontradas não podem ser consideradas clínica e laboratorialmente significativas em uma população masculina, saudável e com valores basais de PSA dentro do intervalo de referência

          Unitermos: PSA. Ciclismo. Doenças prostáticas. Antígeno prostático específico. Quimioluminescência.

 

Abstract

          The prostate-specific antigen (PSA) suggests that serum PSA is one of the most useful tumor markers in oncology for detection of prostate cancer, and its concentration can be influenced by several factors, where can be included the cycling practice. This research aimed to evaluate, through a cross-sectional analytical observational study, the practice of cycling related to serum PSA levels. For that, a group of cyclists had their PSA levels evaluated by the chemiluminescence method, before and immediately after training. A social-epidemiological questionnaire was applied in order to evaluate the possible factors that may be related to changes in the PSA levels. The average age of the athletes in this study was 32.9 ± 2.75 years, all of them cyclists for at least three years. Among the 16 evaluated athletes, 12 of them (75%) showed elevated levels of PSA levels, which varied between 0.03 and 0.47 ng/ml (0.23 ± 0.13) (p=0.0001). According to the results, the variations cannot be considered clinical and laboratory significant in a male population, healthy and within the PSA baseline values ​​inside the reference range.

          Keywords: PSA. Cycling. Prostatic diseases. Prostate-specific antigen. Chemiluminescence method.


Resumen

          El antígeno prostático específico (PSA) es el marcador tumoral más importante para el cáncer de próstata y su concentración puede estar influenciada por varios factores, entre los que puede ser la práctica del ciclismo. Esta investigación tuvo como objetivo evaluar, a través de un estudio observacional transversal analítico, la práctica del ciclismo en relación con los niveles de PSA en suero. Para esto, un grupo de ciclistas tenía sus niveles de PSA medidos por el método de quimioluminiscencia, antes e inmediatamente después de una prueba. Se aplicó un cuestionario socio-epidemiológica para la evaluación de los posibles factores que pueden estar relacionados con cambios en el PSA. La edad media de los atletas en el estudio fue 32,9 ± 2,75 años, practicantes de ciclismo durante al menos tres años. De los 16 atletas evaluados, 12 (75%) tenían niveles elevados de PSA, que variaba entre 0,03 y 0,47 ng/mL (0,23 ± 0,13) (p = 0,0001). De acuerdo con los resultados obtenidos, las variaciones encontradas no pueden ser consideradas clínica y de laboratorio significativas en una población masculina, saludable y con valores basales de PSA dentro del rango de referencia.

          Palabras clave: PSA. Ciclismo. Enfermedades prostáticas. Antígeno prostático específico. Quimioluminiscencia.

 

Recepção: 27/02/2016 - Aceitação: 18/04/2017

 

1ª Revisão: 28/03/2017 - 2ª Revisão: 15/04/2017

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 22, Nº 227, Abril de 2017. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Promover o uso de bicicleta passou a ser um dos objetivos da Organização Mundial da Saúde (OMS), pois, além de ser uma forma de diversão e uma forma barata e não poluente de locomoção, que ainda serve como atividade física (Organização Mundial da Saúde, 2009).

    O ciclismo, mesmo proporcionando significativa melhora no condicionamento físico, saúde e expectativa de vida nos seus praticantes, pode estar relacionado a diversas lesões que podem ser decorrentes tanto de acidentes como da prática prolongada. O treinamento excessivo provoca lesões crônicas, não traumáticas e que envolvem mãos, punhos, coluna lombar, joelhos e região urogenital. (MIitterberger et al., 2008; Thompson & Rivara, 2001).

    As doenças do trato geniturinário geralmente são decorrentes da compressão do nervo pudendal, e dentre elas pode-se citar: dormência genital, disfunção erétil e priapismo, o que pode acarretar hematúria e infertilidade (Thompson & Rivara, 2001). Além disso, há evidências de que atividades físicas intensas possam alterar hormônios sexuais, e acredita-se que, pelo fato do ciclismo combinar exercício extremo e pressão direta no períneo e na próstata, a prática desta atividade possa causar elevação secundária do antígeno prostático específico (PSA), comprometendo a acurácia deste teste (Leibovitch, 2005; Angeli, 2008; Rios, 2001 & Motta, 2003).

    A dosagem de PSA é um teste com maior sensibilidade do que o exame retal direto (DRE), porém não é suficientemente específico ou sensível para ser usado isoladamente na triagem (U.S. Preventive Services Task Force, 2002). Visto que, seu valor de referência no soro vai de 0 a 4,0 ng/mL, mas o PSA apresenta-se inferior a 4,0 ng/mL em 45% dos CaP confirmados e detecta, apenas, aproximadamente 2% dos casos assintomáticos (Wallach, 2003).

    São relatados valores aumentados de PSA em doenças prostáticas como: prostatite, hiperplasia prostática benigna (HPB), CaP, isquemia prostática e retenção urinária aguda, além de outras doenças não relacionadas a próstata (Garnick & Fair, 1996; Louro et al., 2007; Greene et al., 2009 & Sölétermos et al., 2005).

    A variação no PSA sérico causada pela ejaculação é controversa, sendo que, em seu estudo, Yavascaoglu et al. (1998), não demonstrou alterações significantes nos valores de PSA 24 horas após ejaculação.

    Diversos autores relatam que o avanço da idade é acompanhado pela elevação dos níveis séricos de PSA. Atividades físicas intensas podem levar a um aumento secundário do PSA, e acredita-se que, pelo fato de combinar atividade física intensa com pressão direta no períneo e na próstata, o ciclismo possa elevar falsamente os níveis de PSA de duas a três vezes, por diversos dias (Kristal, 2006; Gonçalves, 2007; Sacher & Mcphearson, 2002; Oremek, Seifurt, 1996 & Swain, Ross, 1997).

    O objetivo do presente estudo foi avaliar a dosagem de PSA pré e pós-exercício em ciclistas, considerando o fato de existirem estudos limitados sobre o tema, bem como a possibilidade dessa atividade influenciar na interpretação dos resultados laboratoriais do PSA.

Material e método

    Esta pesquisa trata-se de um estudo observacional analítico transversal, do qual concordaram em participar 20 ciclistas, do sexo masculino, com idade entre 18 e 59 anos. Foram excluídos do presente estudo atletas menores de idade, atletas que no momento da corrida ou anteriormente apresentaram os seguintes fatores: doenças prostáticas ou do aparelho geniturinário, realização de biópsia de próstata nas ultimas 6 semanas, exame retal direto ou cistoscopia nos últimos dias e uso prévio de fármacos que contenham finasterida, dutasterida, testosterona, bem como os que fizeram uso de antibióticos para tratamento de doenças prostáticas.

    Os atletas participantes da pesquisa responderam a um questionário sócio-epidemiológico, contendo as variáveis capazes de interferir nos níveis fisiológicos do PSA como: idade, período que pratica ciclismo, volume de treinamento semanal, período de abstinência sexual (sem ejaculação) e período sem praticar ciclismo.

    Foram coletados 5ml de sangue de cada atleta antes e após o termino da corrida, e foram respondidas as questões sobre o trajeto percorrido durante a prova e o seu tempo de duração.

    As amostras biológicas foram avaliadas, em duplicata, através de determinação sérica de PSA total, utilizando-se um ensaio imunométrico de fase sólida quimioluminescente, onde foram utilizados equipamento, reagente e calibradores da marca IMMULITE® (Siemens, United Kingdom), sendo que os valores de referência (≤4,0 ng/mL) para as amostras foram baseados no mesmo. Após a análise das amostras, foi calculada a média entre os seus resultados, pois, segundo Luboldt et al. (2003) e Sölétormos et al. (2005), esta medida ajuda a compensar possíveis variações analíticas.

    A pesquisa em questão foi aprovada pelo Comitê de Ética para Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, com protocolo sob número CEP-ULBRA 2010 – 343H (Conselho Nacional de Saúde, 1996).

Resultados

    Entre as 20 amostras inicialmente coletadas, uma foi excluída, pois o atleta havia apresentado previamente isquemia prostática que, segundo Wallach (2003), pode causar elevações nos níveis plasmáticos de PSA.

    Os 19 ciclistas participantes do estudo apresentavam-se na faixa dos 18 a 59 anos de idade (32,9 ± 2,75). O tempo de prática de ciclismo encontrado apresentou um intervalo entre 03 e 45 anos (13,7 ± 3,45), com treinamento semanal variando entre 40 a 600 km (267 ± 32,15).

    Com base nos resultados da primeira coleta, realizada antes da competição, constatou-se que nenhum dos atletas participantes apresentou níveis de PSA total acima do valor de normalidade para este teste (4,0 ng/mL), sendo que os valores variaram entre 0,38 ng/mL e 1,80 ng/ml (0,87 ± 0,41), conforme Tabela 1.

Tabela 1. Valores de PSA para amostras coletadas anteriormente a corrida

    Como não foi possível estabelecer contato prévio com os atletas para orientação das condições ideais de coleta, como período superior a 48 horas de abstinência sexual (sem ejaculação) e sem prática de ciclismo (Fleury Medicina e Saúde, 2010 & Laboratório Álvaro, 2010). Realizou-se análise da influência destas duas variáveis nos níveis de PSA, apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Valores de PSA segundo período de abstinência sexual

    Foi realizada comparação entre os atletas que estavam a mais de 48 horas sem praticar ciclismo com aqueles que estavam entre 48 e 24 horas e menos de 24 horas, como demonstra a Tabela 3.

Tabela 3. Valores de PSA segundo período sem praticar ciclismo

    Quanto ao tempo de prática de ciclismo, os atletas foram divididos em 3 grupos: praticantes de ciclismo com tempo inferior a 15 anos, praticantes com tempo superior a 15 anos e praticantes que não informaram o tempo. As médias de PSA dos integrantes destes grupos foram calculadas e analisadas estatisticamente, a fim de verificar se este fator poderia nelas interferir.

    Dos 19 atletas participantes, 5 (26,3%) não relataram há quanto tempo praticam ciclismo, sendo que os valores de PSA para este grupo variaram entre 0,53 e 1,7 ng/mL (0,94 ± 0,44 ng/mL). Quanto aos 8 (42,2%) atletas praticam a modalidade há menos de 15 anos e apresentaram PSA entre 0,54 e 1,80 ng/mL (0,84 ± 0,11 ng/mL). Por fim, para o grupo de 6 (31,5%) atletas que relataram praticar há 15 anos ou mais e neste grupo os níveis de PSA foram de 0,38 a 1,45 (0,77 ± 0,17). Apesar de haver uma pequena diferença entre os valores médios de PSA nestes 3 grupos, estas, quando analisadas de forma estatística, não podem ser consideradas significativas (p > 0,05).

    Os níveis séricos de PSA foram avaliados segundo o volume de treinamento dos atletas, os quais classificados em grupos segundo a quilometragem percorrida por semana. Os valores de PSA para tais grupos estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Valores de PSA com volume de treinamento semanal

    Os atletas foram divididos em grupos conforme sua faixa etária, a fim de avaliar o seu efeito nas dosagens realizadas. Os grupos e seus respectivos valores mínimos, máximos e médios de PSA são apresentados na Tabela 5 a seguir.

Tabela 5. Valores de PSA conforme idade dos atletas

    Dos 16 atletas que retornaram, 9 (56,3%) percorreram a distância de 120 km e levaram de 3 a 4 horas (média de 3,24 ± 0,33) para completar este percurso, 6 (37,5 %) percorreram 60 km, levando de 1 hora e 24 minutos a 2 horas (média de 1,63 ± 0,25) para completar a prova e 1 (6,2%) atleta não conseguiu completá-la, tendo percorrido 18km em 30 minutos e retornado logo em seguida para realizar a segunda coleta.

    Para que se pudesse avaliar a influência do ciclismo sobre os valores plasmáticos de PSA, os resultados da primeira e da segunda amostra foram comparados utilizando-se do teste t de Student.

    Os resultados de PSA provenientes das amostras coletadas antes e após a corrida estão apresentados na tabela 6. A figura 1 apresenta os atletas que tiveram elevação do PSA pós corrida.

Tabela 6. Valores de PSA pré e pós- corrida, por atleta

 

Figura 1. Gráfico comparativo dos níveis de PSA pré e pós-corrida

Discussão

    A idade dos atletas pesquisados apresentou resultados semelhantes àqueles descritos na literatura por Hermann et al. (2004), obtendo uma média de idade de 35 ± 6 anos. O tempo de prática dos atletas foi superior, enquanto o treinamento semanal foi inferior aos resultados descritos na literatura, por Saka et al. (2009), que apresentaram valores com um intervalo de 250 a 900 Km por semana (591,2 ± 225,4), com tempo de prática de 2 a 28 anos (8,7 ± 6,3).

    Na avaliação dos níveis basais de PSA, estudos realizados em ciclistas por Lippi et al. (2005) e Saka et al. (2009) também observaram que estes níveis em suas populações estavam dentro dos limites de normalidade para este teste, sendo que a média de seus achados foram 0,36 ± 0,23 ng/mL e 0,5 ng/mL, respectivamente.

    Os atletas que estavam há mais de 48 horas em abstinência sexual tiveram seus níveis de PSA comparados com aqueles que estavam entre 48 e 24 horas e menos de 24 horas em abstinência. Conforme apresentado na Tabela II, houve uma pequena diferença entre os resultados dos atletas que reportaram estar a mais de 48 horas sem ejaculação com aqueles que estavam entre 48 e 24 horas ou menos de 24 horas, porém esta diferença não foi considerada estatisticamente significativa.

    Alguns autores descreveram que as dosagens de PSA podem se alterar na presença de ejaculação nas 48 horas que precedem a coleta para realização do teste (Greene et al., 2009; Wallach, 2003). Entretanto, os dados encontrados no presente estudo demonstraram que os valores de PSA, apesar de uma leve alteração, não foram influenciados significativamente pelo período de coleta pós ejaculação dos atletas, concordando com o que foi descrito no estudo de Yavascaoglu et al. (1998), onde, ao avaliar uma população de 45 homens, também observou uma pequena variação, porém não significativa, no níveis de PSA.

    A pesquisa que mais se assemelhou ao presente estudo foi a realizado por Hermann et al. (2004), a qual avaliou uma população com a mesma faixa etária, que percorreu a mesma distancia (120km), com a segunda coleta 15 minutos após o termino da corrida, e apresentou uma média de PSA na primeira coleta de 0,49 ng/mL (0,31-0,65 ng/mL), e de 0,47 (0,36-0,68) na coleta realizada 15 minutos após a prática de ciclismo.

    Entretanto os estudos realizados por Hermann et al. (2004), Lubdoldt et al. (2003), Saka et al. (2009) & Swain e Montalto (1997) diferiram ao presente estudo, sendo que nenhum deles observou elevações significativas nos níveis de PSA dos atletas avaliados após a prática de ciclismo.

    Lubdoldt et al. (2003), realizou sua segunda coleta 1 hora após seus atletas percorrerem uma distância de 24 quilômetros, distância esta consideravelmente menor do que a percorrida pelos atletas do presente estudo. Saka et al. (2009) também avaliou os níveis de PSA 1 hora após o termino da corrida. Nesses dois casos, uma provável alteração imediata nos níveis de PSA pode não ter sido observada devido à espera de 1 hora para obtenção das amostras.

    Já o estudo realizado por Oremek e Seiffert (2003), ao avaliar o efeito nos níveis de PSA imediatamente após a prática de 15 minutos de pedalada em bicicleta ergométrica, observou um aumento significativo, variando de 2 a 3 vezes os níveis séricos de PSA. A discrepância entre os dois estudos pode ser decorrente da diferença entre as metodologias empregadas nas dosagens, visto que Oremek e Seiffert realizaram suas dosagens através da metodologia de ELISA, sendo que o método analítico utilizado no presente estudo é mais específico e sensível para dosagens de PSA (Junker et al., 1997)..

    Como demonstrado previamente na figura I, apesar das variações evidenciadas nas dosagens, todos os atletas permaneceram com seus níveis de PSA dentro dos limites de normalidade. Da mesma forma como encontrado no presente estudo, Crawford et al. (2003) verificaram um aumento estatisticamente significativo nos níveis de PSA, em grupo de atletas de mais de 50 anos, mas estes não foram clinicamente relevantes.

    Segundo estudo de Ulman et al. (2004), ao avaliarem níveis de PSA entre atletas profissionais e praticantes recreacionais, não foi observa diferença estatisticamente significativa. Outro estudo feito por Kristal et al. (2006), avaliou a diferença entre os níveis de PSA entre sedentários e homens fisicamente ativos, a qual também não evidencio-se significativa.

    A literatura descreve que o PSA tende a eleva-ser com o passar dos anos, devido ao aumento do volume prostático (Gonçalves, 2007; Sacher & Mcpherson, 2002). Em função desses dados, ao analisar a média dos valores de PSA conforme a idade dos atletas, verificou-se que houve uma redução destes valores conforme o aumento da idade. Contudo tal redução não é significativa, estatisticamente. A análise desta variável, neste caso, é complexa, visto que a população não se distribui uniformemente conforme a sua faixa etária.

    Nota-se na tabela IV, que os resultados da segunda coleta variaram entre 0,34 e 2,0 ng/mL (média de 1,14 ± 0,11). Observando-se a diferença entre os valores da segunda e da primeira amostra, pode-se dizer houve uma redução de até 0,45 ng/mL e um aumento de até 0,47 ng/mL (média de 0,129 ± 0,057).

    Conforme se pode observar, 4 (25%) atletas apresentaram valores PSA na segunda coleta inferiores aos da primeira. Nesses atletas, a diferença entre a segunda e a primeira amostra variou de 0,02 a 0,45 (0,17 ± 0,095), demonstrando uma redução média de 18,5 %. Entretanto, tais variações não demonstraram ser estatisticamente significativas (p=0,170) e podem estar relacionadas a variações fisiológicas, que segundo Sölétormos et al. (2005), podem ser de até 20%. Nos 12 (75%) atletas restantes, houve elevação nos níveis plasmáticos de PSA, as quais estão representadas na Figura I, e variaram entre 0,03 e 0,47 ng/mL (0,23 ± 0,13), representando uma elevação média de 31% nos níveis de PSA. Sendo que, quando avaliadas de forma estatística, essas elevações foram consideradas significativas (p=0,0001).

Conclusões

    Pode-se concluir que, apesar de o ciclismo causar elevações estatisticamente significativas no PSA no presente estudo, estas não são clinica e laboratorialmente relevantes em uma população masculina saudável e com valores de PSA basais normais. Entretanto, faz-se necessária uma análise mais aprofundada sobre o assunto, com utilização de uma população maior, na qual constassem atletas com valores fisiológicos de PSA mais próximos aos limites de referência, para que, então, se pudesse avaliar o efeito do ciclismo sobre estes níveis limítrofes de PSA, bem como a possibilidade de, nestes casos, ocorrerem resultados falso-positivos.

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