Saúde mental global (SMG): entre interesses econômicos e os Direitos Humanos Global mental health (GMH): between economic interests and the Human Rights Salud mental global (SMG): entre intereses económicos y los Derechos Humanos |
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* Doutorando em Saúde da Criança da Mulher e do Adolescente IFF/FIOCRUZMestre em Ciência da Motricidade Humana- Universidade Castelo Branco UCB-RJ Professor pelos Institutos Superiores de Ensino CENSA, ISECENSA (Campos, RJ) Departamento de Educação Física ISECENSA, RJ ** Graduanda em Ciências Biolôgicas/Laboratório de Ciências Ambientais/UENFEspecialista em Recursos Humanos- Universidade Candido Mendes, UCAM (Campos, RJ) Especialista em Educação Ambiental IFF/ Campos dos Goytacazes- RJ |
Nilo Terra Arêas Neto* Sonia Guimarâes Alves** (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste estudo foi traçar um breve percurso histórico e evolutivo da Saúde Mental Global (SMG), bem como apresentar os principais desafios enfrentados, bem como as principais críticas a este campo da Saude Global (SG). De caráter qualitativo, neste estudo foi utilizada a técnica de Revisão de Literatura (Thomas, Nelson e Silverman, 2012). O texto aqui produzido se apoiou em alguns dos principais pensadores e autores da Saúde Mental Global, como Kleiman, Whitley, Vikran Patel, Kirmayer, Summerfield, entre outros autores contemplados na bibliografia da disciplina "Saúde Global: dilemas e desafios de abordagens de saúde mental global", do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, do Instituto de Medicina Social - UERJ, ministrada no primeiro semestre de 2016. Os Resultados da investigação indicam que, apesar dos avanços feitos muito ainda ha por fazer no sentido de diminuir as barreiras de acesso aos serviços de saúde e atingir os objetivos estabelecidos pelo próprio Movimento pela Saúde Mental Global, como promover a equidade na atenção a saúde mental da população mundial, especialmente dos países de média e baixa renda Unitermos: Saúde mental global. Saúde global. Direitos Humanos.
Abstract This study aimed to trace a historical and evolutionary path of Mental Health Global (GMH), as well as presenting the main challenges faced, and the main criticism of this Global Health field (GH). In this study we used the Literature Review technique (Thomas, Nelson and Silverman, 2012). The text produced here relied on some of the leading thinkers and writers of the Global Mental Health, as Kleiman, Whitley, Vikram Patel, Kirmayer, Summerfield, among other authors included in the bibliography of the subject "Global Health: dilemmas and challenges of mental health approaches global "of the Post-graduation in Public Health, the Institute of Medicine Social-UERJ, delivered in the first half of 2016. the research results. While acknowledging the progress made, much remains to be done in order to reduce access barriers and promote equity in health care to the world's population, especially low- and middle-income countries Keywords: Global mental health. Global health. Human Rights.
Resumen El objetivo de este estudio fue esbozar una breve historia y la trayectoria evolutiva de la Salud Mental Global (SMG), así como la presentación de los principales desafíos que enfrenta, así como la principal crítica de este campo de la Salud Global (GH). De tipo cualitativo, en este estudio se utilizó la técnica de revisión de la literatura (Thomas, Nelson y Silverman, 2012). El texto producido aquí se basó en algunos de los principales pensadores y autores de la Salud Mental Mundial, como Kleiman, Whitley, Vikram Patel, Kirmayer, Summerfield, entre otros, autores incluidos en la bibliografía sobre el tema "Salud Global: dilemas y desafíos de los enfoques de salud mental global ", del programa de postgrado en Salud Pública, del Instituto de Medicina Social-UERJ, entregado en la primera mitad de 2016. Los resultados de la investigación indican que, a pesar de los avances realizados mucho queda por hacer con el fin de reducir las barreras el acceso a los servicios de salud y alcanzar los objetivos fijados por el propio Movimiento Global para la Salud Mental, para promover la equidad en la atención de la salud mental de la población, especialmente los países de ingresos medios y bajos Palabras clave: Salud mental global. Salud global. Derechos Humanos.
Recepção: 10/08/2016 - Aceitação: 16/03/2017
1ª Revisão: 20/02/2017 - 2ª Revisão: 12/03/2017
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 226, Marzo de 2017. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Com origem na Londres de 2007, ou seja, a menos de uma década, a Saúde Mental Global (GMH) surge quando investigadores liderados por Vikram Patel (Londres Escola de Higiene e Medicina Tropical) e Martin Prince (de King College London) publicaram uma série de 06 artigos sobre esse tema (The Lancet Series on Global Mental Health) em um dos periódicos científicos de maior credibilidade na área da saúde global, o The Lancet (Patel, 2012; Whitley, 2015).
Esse marco foi acompanhado por outros esforços de divulgação, incluindo a formação de um movimento oficial para a Saúde Mental Global, composto por vários departamentos universitários e outras organizações, que tinham como objetivo central estruturar o campo e direcioná-lo as demandas globais em saúde mental (Patel, 2012; Patel et al., 2011 apud Whitley, 2015).
Assim, o que se pretende aqui é traçar um breve percurso histórico desse recente campo do conhecimento em construção e em franca expansão, a Saúde Mental Global (GMH).
Para isso, o texto aqui produzido se apoiou em alguns dos principais pensadores e autores da Saúde Mental Global, como Kleiman, Whitley, Vikran Patel, Kirmayer, Summerfield, entre outros autores contemplados na bibliografia da disciplina "Saúde Global: dilemas e desafios de abordagens de saúde mental global", do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, do Instituto de Medicina Social- UERJ, ministrada no primeiro semestre de 2016.
O termo Saúde Mental Global (GMH), apesar de parecer auto-explicativo, é uma nomenclatura cuidadosamente escolhida, e está em oposição a descritores anteriores. O termo "global", por exemplo, substituiu palavras antiquadas, como medicina "tropical", e saúde "internacional". Em parte o termo é uma declaração política, o que implica que qualquer pessoa com doença mental em qualquer parte do globo merece atenção, independentemente de raça, credo, classe social ou localização. Outra função do termo "Global" também é associar a Saúde Mental Global (GMH) com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a própria Organização Mundial de Saúde (Kleinman, 2009; Kirmayer & Pedersen, 2014).
É importante ressaltar que a GMH é muito mais do que um conceito acadêmico rarefeito, ela vem se desenvolvendo em um movimento que conta com adeptos, adversários, uma ideologia e atividades principais. Como em todos os movimentos, possui líderes, reuniões, publicações, sites e um nível organizacional que permite seu funcionamento e expansão. Tem como objetivo responder aos desafios atuais, procurando transformar o campo da saúde mental em um campo de atenção prioritário nas agendas públicas, a partir da ampliação ao acesso e aos cuidados em saúde, e inovando no campo das estratégias assistenciais (Whitley, 2015).
No entanto, segundo Patel (2012) a Saúde Mental Global é uma das mais negligenciadas disciplinas da saúde global, ao mesmo tempo que é uma disciplina excitante e promissora, com grandes desafios pela frente. Dentre estes desafios, existem algumas barreiras a serem vencidas, como a estigmatização sofrida por pessoas acometidas de desordens mentais, ou ainda a falta de comprometimento com a agenda da saúde por parte dos profissionais de saúde
Segundo Whitley (2015) o movimento pela saúde mental global poderia ser considerado uma tentativa de corrigir um erro histórico, já que inicialmente as desordens mentais eram consideradas uma consequência do estilo de vida ocidental. Também por esse motivo foi por muitos anos negligenciada pelos organismos internacionais que tratam de saúde no seu sentido mais amplo.
No século XIX, psiquiatras e cientistas demonstraram interesse pela saúde mental de povos não ocidentais, desenvolvendo estudos que vinham impregnados de racismo científico e que atendiam essencialmente a interesses das classes dominantes. Exemplo disso é a declaração feita pelo psiquiatra americano, Samuel Cartwright (1851), de que escravos negros que fugiam do cativeiro o faziam por estar sofrendo de uma doença mental chamada drapetomania. Ou ainda, quando Kraepelin (1921) associa a pouca freqüência de sinais de depressão na população de Java, por ser composta por indivíduos com “cérebro ainda em desenvolvimento “.
Essas atividades psiquiátricas eram consideradas parte dos esforços para melhoria da saúde global, descrita contemporaneamente como "Medicina Tropical". A "Medicina Tropical" era um modelo de assistência em saúde desempenhado, principalmente, por oficiais médicos da "colonia" ou missionários religiosos. A que se destacar que o conceito de Medicina Tropical foi manchado por associações com o colonialismo e seus interesses, sendo substituído nas últimas décadas do século 20 pelo conceito de "Saúde Internacional", melhor caracterizado por uma abordagem da saúde pública com foco na redução das doenças transmissíveis nos países em desenvolvimento. Nesta perspectiva a saúde mental ficou de fora das prioridades, ocupando apenas um lugar periférico na "Saúde Internacional" (Whitley, 2015).
Com a transição epidemiológica feita pelos países desenvolvidos o conceito de "Saúde Internacional" evoluiu para o conceito de "Saúde Global". Nesse novo modelo as doenças notificadas (baseadas em evidencias científicas), que ocupavam o topo do ranking de doenças que mais afetavam a população, foram substituídas por doenças não notificadas, onde se inserem as desordens mentais (Whitley, 2015).
Diferentemente da abordagem da "Saúde Internacional", que se fundamentava no ideal de que o mundo desenvolvido é que ensinaria aos países em desenvolvimento, a Saúde Global enfatiza uma aprendizagem "global", onde todos aprendem com todos, e onde as diferenças culturais são compartilhadas e consideradas na elaboração e implementação de políticas públicas em saúde (Das e Rao, 2012).
Segundo Patel (2014), a "Saúde Global" surgiu com o objetivo de melhorar as condições de saúde em todo o mundo e alcançar a equidade em saúde. Apoiada em 3 princípios fundamentais, a "Saúde Global" se diferencia dos modelos anteriores por estabelecer 1) prioridades determinadas pela sobrecarga que a doença representa; 2) ser orientada pela filosofia da equidade, que é a justiça e clareza na distribuição do atendimento em saúde, dentro e entre as populações e; 3) pelo escopo global, que permite conhecimento e ações que podem beneficiar pessoas em todo mundo.
Nesse contexto, a saúde mental emerge como foco da saúde global. Afinal, em um mundo globalizado, influencias transnacionais na saúde mental, motivadas por migrações, conflitos, desastres naturais e políticas internacionais, são cada vez mais sentidas. O fato é que estima-se que cerca de 300 a 400 milhões de pessoas, em todo o mundo, são afetadas por desordens mentais como psicose, deficiência intelectual, demências, dependência de drogas e álcool e depressões severas. O aumento do foco da Saúde Global na Saúde Mental Global também realçou a disparidade na assistência, cuidado e respeito aos direitos humanos, entre países pobres e ricos. Os números revelam que os países de baixa renda, apesar de representarem 80% da população mundial, só dispõe de cerca de 20% dos recursos destinados a saúde mental (Patel, 2012 e 2014).
Além disso, estima-se que o número de pessoas com transtornos mentais graves, que não recebem tratamento adequado esteja entre 76 e 85%. Existe uma diferença entre o número total de pessoas com transtornos mentais e o número de pessoas com transtornos mentais, que são capazes de acessar o serviço de saúde, configurando o que os pesquisadores da área chamam de “lacuna de tratamento” (Treatment GAP) (Jansen, 2015).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem feito esforços concentrados para melhorar a eficiência dos serviços em saúde mental, numa tentativa de reduzir a lacuna de tratamento. Incluídos nesses esforços estão o programa Mental Health GAP Action Program (mhGAP-AP) e um guia de intervenção Mental Health GAP Intervention Guide (mhGAP-IG), o primeiro descreve os passos chave para ampliação dos serviços em saúde e o segundo apresenta diretrizes e planos de gestão integrada baseados em práticas com evidencias, para condições neuropsiquiátricas como depressão, psicose, transtorno bipolar e epilepsia (Jansen, 2015).
No entanto, algumas críticas à “lacuna do tratamento” sugerem que a proposta é limitante, com forte conotação biomédica, uma vez que não considera uma variedade de tratamentos disponíveis, indo contra a crescente conscientização de que as determinantes sociais da saúde mental, desempenham um papel significativo, além do quê, alguns sofrimentos individuas aparecem associados à pobreza, guerra e violência (Jansen, 2015; Whitley, 2015).
Desta forma, pelas razões descritas acima, o objetivo deste estudo foi traçar um breve percurso histórico e evolutivo da Saúde Mental Global (GMH), bem como apresentar os principais desafios enfrentados, além das principais críticas a este campo da Saúde Global (GH)
Metodologia
De caráter qualitativo, neste estudo foi utilizada a técnica de Revisão de Literatura (Liberali, 2011).
O texto aqui produzido se apoiou em alguns dos principais pensadores e autores da Saúde Mental Global, como Kleiman, Whitley, Vikran Patel, Kirmayer, Summerfield, entre outros autores contemplados na bibliografia da disciplina "Saúde Global: dilemas e desafios de abordagens de saúde mental global", do Departamento de Políticas e Instituições em Saúde do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, do Instituto de Medicina Social- UERJ, ministrada no primeiro semestre de 2016.
Resultados e discussão
Como resultado da investigação feita, constata-se que o déficit de recursos humanos é limitante para o avanço da Saúde Mental Global e deve ser enfrentado com aumento de despesa pública em bases comunitárias, e com a troca e divisão de tarefas. A troca de tarefas é uma estratégia de distribuição racional de tarefas, quando profissionais qualificados e treinados dividem tarefas com trabalhadores menos qualificados, a fim de utilizar o escasso recurso humano de forma mais eficiente (Patel, 2012).
Ainda segundo Patel (2012), seria necessário um trabalho contínuo de psiquiatras orientando e avaliando o atendimento prestado por trabalhadores não especializados. Esses profissionais de saúde, muitas vezes possuem treinamento em apenas um tipo de desordem mental e não estão preparados para lidar com outros problemas que aparecem constantemente durante os atendimentos.
Assim, observa-se o crescente comprometimento de fundos de fomento com pesquisas que possam contribuir para o desenvolvimento e avaliação de intervenções de saúde mental prestadas por trabalhadores não especializados, e para que a troca de tarefas seja incorporada as atividades diárias dos trabalhadores da saúde (Patel, 2012).
De acordo com os defensores de uma saúde mental global, a urgência na atenção à desordem mental, se dá também pelo fato de que, as desordens mentais são um enorme fardo econômico, visto que pessoas em todo o mundo acometidas de transtornos mentais, muitas vezes, possuem doenças crônicas reincidentes, que levam ao afastamento de suas funções laborativas (Patel, 2012).
Entretanto, Das e Rao (2012) rebatem o argumento econômico, justificando que o cálculo da sobrecarga das doenças mentais na economia limita-se a subtrair o tempo de afastamento por incapacidade, dos anos de vida, não considerando outras questões preponderantes à saúde mental do trabalhador como, a capacidade de enfretamento pessoal, o suporte familiar ou da sociedade em geral, bem como apoio dos serviços públicos e de renda familiar.
Para Patel (2012) é importante que, para um GMH eficiente e adequada, as ações em direção ao movimento comunitário em saúde mental estejam também baseadas no direito de participação social da comunidade, com sua cultura própria, e não apenas em argumentos da eficiência econômica.
White e Sashidharam (2014) consideram como limitação do movimento pela saúde mental global, a falta de ênfase dada ao papel das determinantes culturais e sociais em problemas de saúde mental em todo o globo, um sofrimento social corriqueiro pode parecer depressão, mas também pode ser apenas uma reação às circunstâncias adversas do momento.
Infelizmente, historicamente, as ações no sentido de atenção e cuidado global aos que padecem de sofrimento e doenças mentais consideram e privilegiam apenas as práticas baseadas em evidência, objetivando a eficiência comprovada do tratamento clinico (Patel, 2012).
Para Whitley (2015) a Saúde Global Mental (GMH) é antropológica e socialmente fraca. Especialmente quando se atém a prover soluções médicas a problemas não médicos. Em países em desenvolvimento, muitas vezes as pessoas experimentam uma quantidade considerável de sofrimento social e mental, atribuídos à condições sociais adversas, violência estrutural, pobreza, guerra.
Existem evidências de que a cultura não é um sistema único, ela envolve muitos processos sociais e psicológicos diferentes. Culturas fornecem suas próprias estruturas interpretativas, noções de autoridade e padrões de verdade. Escutar a voz de pacientes portanto, significa considerar outros tipos de evidência, não só a sua própria experiência "subjetiva", mas também as fontes específicas de autoridade e formas de saber. A língua, a etnia e a religião, por exemplo, influenciam as causas, as manifestações e os distúrbios da saúde mental, incluindo-se aí a experiência da doença, as atribuições e explicações para os pedidos de ajuda, além de enfrentamento e adesão ao tratamento (Kirmayer, 2012).
Críticos sugerem que a Saúde Mental Global é parte de um modelo de medicina colonial, que envolve a imposição de cima para baixo de modelos psiquiátricas ocidentais e soluções pelas elites ocidentais educadas, para povos de nações não ocidentais. Estas críticas reforçam o que é dito por Kirmayer (2012), quando afirma que a Saúde Mental Global ignora os saberes não-médicos, como as diversas modalidades indígenas de cura presentes nas culturas não-ocidentais. Desconsidera que modalidades terapêuticas baseadas em saberes não médicos também podem ser psicologicamente adaptativas e curativas (White e Sashidharam, 2014; Whitley, 2015).
Outra crítica endereçada ao movimento da Saúde Mental Global tem relação com o tratamento dispensado ao sofrimento social, quase sempre visto como problema médico, o que legitima a utilização de medicação psicotrópica, produzida no mundo ocidental. Para alguns autores, a utilização de medicamentos como terapêutica também pode servir para inibir a utilização de formas alternativas de tratamento, além de atender aos interesses de grandes corporações, já que este modelo de tratamento oportuniza a abertura de novos mercados em países em desenvolvimento (Kirmayer, 2012; White e Sashidharam, 2014;Whitley, 2015).
O movimento da Saúde Global Mental também é fortemente criticado quanto a natureza de suas parcerias, quase sempre, de caráter unilateral, que pouco beneficia as comunidades a que se propõe servir. Alguns autores se queixam da falta de uma verdadeira parceria colaborativa entre norte e sul. O que se observa nos acordos de cooperação é uma busca por prestigio, relações públicas e competição por parte das universidades ocidentais. Os pensadores mais críticos da GMH questionam a importância da saúde mental para países em desenvolvimento, afirmando que as ações de curto prazo implementadas pela Saúde Global Mental se assemelham a uma mera distração ou apenas uma nova fonte de estupefação do campo da Saúde Global (Summerfield, 2012; Whitley, 2015).
Na tentativa de responder a essas críticas, a World Health Organization (WHO) adotou partir de junho de 2013, o Plano de Ação da Saúde Mental, com quatro principais objetivos: 1)fortalecer uma liderança efetiva e governança para saúde mental; 2) fornecer serviço abrangente, integrado e responsável de saúde mental e social nas comunidades atendidas; 3) implementar estratégias para promoção e prevenção em saúde mental e 4) fortalecer sistemas de informação, evidencias e pesquisas para saúde mental. Esse Plano de Ação da Saúde Mental deverá ser implementado em todo mundo até 2020 (Summerfield, 2012).
Conclusão
Os Resultados da investigação indicam que, apesar dos avanços feitos, muito ainda ha por ser feito, no sentido de diminuir as barreiras de acesso aos serviços de saúde e atingir o principal objetivo do Movimento pela Saúde Mental Global (MGMH), promover a equidade na atenção a saúde mental da população mundial, especialmente dos países de média e baixa renda.
Com o Plano de Ação da Saúde mental espera-se um maior envolvimento de pessoas com experiência com problemas de saúde mental, além de facilitar a reciprocidade entre países de alta renda com países de baixa e média renda.
Bibliografia
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Jansen, S., White, R., Hogwood, J., Jansen, A., Gishoma, D., Mukamana, D., & Richters, A. (2015). The ‘‘treatment gap’’ in global mental health reconsidered: sociotherapy for collective trauma in Rwanda. European Journal Of Psychotraumatology, 6. doi:http://dx.doi.org/10.3402/ejpt.v6.28706
Kirmayer, L.J. (2012). Cultural competence and evidence-based practice in mental health: epistemic communities and the politics of pluralism”. Soc Sci Med, 75(2):249-56.
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