Genética artificial: efeitos positivos e negativos na promoção da saúde e da performance. Uma revisão de literatura Artificial genetics: effects positive and negatives in promoting health and performance. A literature review Genética artificial: efectos positivos y negativos en la promoción de la salud y el rendimiento. Revisión de la literatura |
|||
*Graduado em Educação Física e Pós-Graduado em Fisiologia e Bioquímica do Exercício pela Faculdade Adventista de Hortolândia **Prof. Mestre. Docente nos cursos de graduação em Educação Física e especialização Latu Sensu em Fisiologia e Bioquímica do Exercício pela Faculdade Adventista de Hortolândia |
Leandro Paiva Ferreira* Eliézer Guimarães Moura** (Brasil) |
|
|
Resumo Este trabalho vem questionar e tenta responder o que acontece e qual a finalidade quando uma pessoa comum praticante de atividade física ou um atleta faz uso de Esteroides Androgênicos Anabolizantes (EAA) para melhorar seu desempenho ou simplesmente seu estereótipo. O método de pesquisa utilizado foi uma revisão bibliográfica escritos nos últimos 15 anos, a partir do ano 2000. Foram utilizados os bancos de dados, Scielo, Lilacs e Google Acadêmico. A administração de EAAs induz o aumento do volume muscular a partir de alterações sofridas no DNA tendendo a melhorar a tolerância ao exercício, mas traz junto também, efeitos nocivos à saúde como: alterações dermatológicas, endocrinológicas, cardíacas, hepáticas, neuropsiquiátricos, entre outros. Sugerimos que mais estudos sejam realizados com a intenção de analisar as cobranças de técnicos, clubes, patrocinadores e até mesmo a do próprio atleta, em relação a vitória, bem como sobre o consumo aumentado e desenfreado dos EAAs. Unitermos: Doping. Genética. Anabolizantes. Fármacos. Atletas.
Abstract This work is to question and try to answer what happens and what is the purpose when an ordinary person physical activity practitioner or an athlete uses Anabolics Androgenic Steroids (AAS) to improve their performance or simply their stereotype. The research method used was a hand-written literature review in the last 15 years, from 2000. Data bases were used, Scielo, Lilacs and Google Scholar. The AAS administration induces increased muscle volume from amendments made in the DNA tends to improve exercise tolerance, but brings along too harmful health effects such as skin changes, endocrine, cardiac, liver, neuropsychiatric, among others. We suggest that further studies be carried out with the intention of analyzing the technical charges, clubs, sponsors and even the athlete himself, for victory, as well as the increased and uncontrolled consumption of AAS. Keywords: Doping. Genetics. Anabolic. Drugs. Athletes.
Resumen Este trabajo intenta cuestionar y trata de responder a lo que sucede y cuál es el propósito, cuando una persona que practica actividad física o un deportista utiliza anabólicos esteroides (AE) para mejorar su rendimiento o simplemente su figura. El método de investigación utilizado fue una revisión de la literatura publicada en los últimos 15 años, desde 2000. Se utilizaron las bases de datos, Scielo, Lilacs y Google Académico. La administración de AE induce un aumento del volumen muscular a partir de cambios realizados en el ADN que tienden a mejorar la tolerancia al ejercicio, pero trae consigo efectos sobre la salud demasiado perjudiciales tales como cambios en la piel, endocrinológicos, cardiacos, hepáticos, trastornos neuropsiquiátricos, entre otros. Sugerimos que se lleven a cabo más estudios con la intención de analizar la responsabilidad de técnicos, clubes, patrocinadores e incluso del propio deportista, en relación a la victoria, así como el aumento del consumo e incontrolada de AE. Palabras clave: Doping. Genética. Anabólicos esteroides. Drogas. Deportistas.
Recepção: 08/07/2016 - Aceitação: 24/02/2017
1ª Revisão: 08/02/2017 - 2ª Revisão: 20/02/2017
|
|||
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 225, Febrero de 2017. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
Yesalis e Bahrke (2002, p. 42) relatam que sempre houve pessoas que, na busca por vitórias transcenderam as normas sociais e, no esporte tal conduta já existe há tanto tempo, quanto o esporte tem sido organizado. O uso de drogas para melhorar o desempenho físico tem sido uma característica de competição humana desde o início da história com o objetivo na maioria das vezes do aumento da força ou superar a fadiga. Hoje tais drogas são classificadas como anabolizantes e estimulantes. Até a década de 1920 não havia qualquer tentativa generalizada de detectar o doping no esporte, muito menos designá-lo como uma violação formal das regras. A partir de 1967 o Comitê Olímpico Internacional (COI) mostrou-se a favor da adoção de uma política de teste de drogas que proibisse o uso de medicamentos específicos. Em 1982, a National Football League (NFL) finalmente começou a realizar o teste do uso de drogas nos jogadores, embora não fossem feitos testes para esteróides anabolizantes, até 1987 (Yesalis e Bahrke 2002, p. 43). O alto desempenho esportivo vem sendo analisado constantemente pela ciência (Júnior e Pereira, 2010, p. 232), e indagado de, como a biologia determina se um atleta é de elite? Por suas capacidades inatas ou adquiridas? E quando esse atleta recebe uma “ajuda extra”!? O que acontece? Qual a finalidade? Este trabalho fará uma análise de aspectos como estes e também será feito um breve relato sobre os efeitos que algumas substâncias podem gerar ao se fazer uso das mesmas.
Revisão de literatura
Diversas formas de uso de estimulantes foram relatadas por Yesalis e Bahke (2002), em diferentes fases da história do esporte desde os tempos antigos, com base em métodos empíricos sobre a função anabólica e androgênica dos testículos, a partir de observação dos efeitos da castração sobre animais caseiros. Além disso, os antigos, bem como no período medieval participavam do espetáculo de organoterapia (Ingestão de órgãos de animais e humanos) para a cura de doença, melhorar a vitalidade e outros aspectos de desempenho. Um coração poderia ser comido para promover a bravura e o cérebro para melhorar a inteligência. A Índia e o Egito antigo concediam poderes medicinais para os testículos para cura de doenças. Segundo o relato, grandes obras pressagiavam a função endócrina testicular, em particular os efeitos anabólicos e androgênicos, por exemplo, os efeitos da testosterona: pois se acreditava que o sêmen, quando possuídos de vitalidade, era o que nos fazia ser homens, vigorosos, de postura firme, espirituoso, forte no seu modo de pensar e agir. E se algum desses homens por ventura fosse capaz de conseguir conter a emissão de sêmen, ele seria corajoso, ousado, e forte como feras.
Na antiguidade, os gregos se embebeciam com várias misturas de vinhos e conhaques, cogumelos alucinógenos e gergelim para a melhora do desempenho. Da mesma forma, os gladiadores no Coliseu romano faziam uso de estimulantes não especificados para superar fadigas e lesões. Muitos dos primeiros estimulantes eram de origem vegetal, como por exemplo, o bufotenina, um cogumelo contendo muscarine (um alcalóide mortal) que era utilizado para aumentar a força. Também uma planta africana chamada Catha Edulis que contém norapseudoefedrina, um estimulante psicomotor, que era utilizado pelas pessoas daquela região para aumentar a força e retardar o aparecimento da fadiga e, muitas outras formas eram utilizadas para a melhora do desempenho (Yesalis e Bahrke 2002, p. 44-45).
Desde os Jogos Olímpicos da Antiguidade, homens competiam por fama eterna e reconhecimento, e ainda tais motivos hoje em dia continuam a serem razões importantes para atletas que desejam competições em níveis internacionais; no entanto, o dinheiro tem sido um fator adicional para um atleta, que para garantia de contratos lucrativos no futuro deve expressar seu bom desempenho através de uma medalha ou título que, sob pressão o atleta se submete a vários fatores que conspiram para um grau até então, sem precedentes que os levam à medidas extremas, que incluem desde dopagem convencional, até o doping genético (Oliveira et al, 2011).
Hormônios Anabólicos
Atualmente se nota uma crescente variabilidade de suplementações ergogênicas, co efeitos de esteróides androgênicos anabolizantes (EAA), como; efedrina, somatotrofina, cafeína, agonistas ou bloqueadores dos receptores beta-adrenérgicos, diuréticos, creatina, eritropoietina, entre outros, como o doping genético. Mesmo sabendo as contraindicações, as informações e os estudos que relatam o uso de EAA para a melhora do desempenho ou a aparência física são relativamente pequenos (Rocha, Aguiar e Ramos, 2014, p. 99).
Os hormônios esteróides são de origem lipídica formados a partir do colesterol e sintetizada pelas gônadas, ovários e glândulas adrenais (Oviedo, 2013, p. 14). A administração de EAAs como a testosterona induz o aumento do volume muscular a partir de alterações sofridas no DNA, elevando a síntese de proteínas musculares que conduz a uma hipertrofia, e em consequência disso o aumento do volume de fibras do tipo I e do tipo II (Rocha, Aguiar e Ramos, 2014, p.101; Moraes, 2015, p. 1987-1988; Rogol, 2010, p. 4-5; Damião et al, 2012, p. 69). A suplementação supra fisiológica de testosterona tem demonstrado aumento da força muscular tendendo a melhorar a tolerância ao exercício, através do processo bioquímico responsável pela adaptação e proteção contra a sobrecarga e danos às fibras musculares, aumentando os períodos de recuperação. Possui também ações anticatabolíticas, através da inibição dos receptores de glicocorticóides (Rocha, Aguiar e Ramos, 2014, p. 101; Moraes, 2015, p. 1988).
Doping Genético (usando como exemplo a testosterona)
No esporte de alto rendimento, a Agência Mundial Antidoping (WADA, 2014) incluiu na lista de procedimentos proibidos, a inserção de genes no organismo, utilizados pelos atletas. Este procedimento passou a ser conhecido como doping genético. Tal método no meio esportivo é considerado não terapêutico em decorrência de alterações sofridas em genes e elementos gênicos que venham aumentar o desempenho físico do atleta por meio desta terapia. Também fazem parte desta lista, os agentes anabólicos, substâncias relacionadas aos hormônios, agonista Beta-2 adrenérgico, agentes com atividades antiestrogênica, diuréticos, juntamente com outros agentes mascarantes, narcóticos, estimulantes, glicocorticóides e canabinóides. O objetivo do doping genético, geralmente é direcionado a um tecido específico, com intuito de aumentar ou reduzir a expressão de uma ou mais proteínas, consequentemente aumentando a performance atlética (Júnior e Pereira 2010, p. 235).
A testosterona, por exemplo, age nos receptores androgênicos no hipotálamo, ativa e coloca em ação o mecanismo de feedback negativo (que é responsável pela regularidade e a liberação de hormônios), passa então a inibir a secreção do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) (Abrahin e Sousa, 2013, p. 673; Breda et al, 2003, p.195). O GnRH atua na hipófise anterior, promovendo a liberação de hormônio folículo-estimulante (FSH), que estimula a gametogênese, bem como a liberação de hormônio luteinizante (LH), que por sua vez estimula a secreção de hormônios androgênicos (Meirelles, 2006, p. 8). Uma vez que há esse excesso e o feedback negativo é estabelecido, a adenohipófise passa a não mais liberar regularmente os hormônios LH e o FSH; em consequência haverá uma diminuição dos níveis de testosterona (Breda et al, 2003, p. 195;), o que ocasionará na diminuição da espermatogênese e até atrofia testicular (Meirelles, 2006, p. 13).
Existem diversas substâncias responsáveis por realizar efeitos anabólicos no organismo. Abaixo (quadro 1) segue um quadro com alguns nomes de substâncias, seu mecanismo de ação, bem como o resultado na performance.
Quadro 1. Substâncias EAAs utilizadas, mecanismo de ação e efeitos
EAAs |
Mecanismo de ação |
Resultado na performance |
Estanozolol (Winstrol™)
|
Derivado do DHT (diidrotestosterona), pode ser administrado tanto por via intramuscular, quanto por via oral. É utilizado em tratamentos de anemia, fraturas de lenta consolidação, osteoporose, queimaduras extensas, períodos pré e pós-operatórios. |
Aumento da força sem ganho de peso, promove aumento na vascularização. |
Decanoato de Nandrolona (Deca-durabolin®) |
Androgênico com base e propriedades anabólicas e apresenta toxidade hepática mínima. Essa droga aumenta bastante a retenção de nitrogênio e diminui o tempo de recuperação entre os treinos. |
Aumento da força e resistência. |
Propionato, Fenilpropionato, Isocaproato e Caproato de Testosterona (Durateston®) |
União de quatro ésteres, utilizado na reposição da testosterona em distúrbios hipogonadais masculinas, como a insuficiência endócrina, hipopituitarismo. Um dos efeitos colaterais é a conversão de testosterona no hormônio feminino estrógeno pela via da aromatização, pela ação da enzima aromatase. |
Crescimento muscular, além da diminuição da gordura corporal. |
Undecanoato de Testosterona (Androxon) |
Indicado em terapia de reposição da testosterona nos distúrbios hipogonadais masculinos. É melhor absorvido pelos dutos linfáticos intestinais e atinge diretamente a circulação sistêmica. Baixa risco de toxidade hepática. |
Rápido ganho de força e de peso. Promove acúmulo de glicogênio, assim como de ATP. |
Oxandrolona (Anavar)
|
O 17-alkylated é metabolizado no fígado. É moderadamente androgênico e é anabólico, e não causa efeitos colaterais pronunciados em dosagem terapêutica. |
Aumento de força muscular redução de gordura. |
Trembolona (Parabolan™) |
Derivado da 19-nortestosterona. É uma droga andrógena que não se aromatiza. Portanto, não se converte em estrógeno. A Trembolona aumenta os níveis do hormônio IGF-1 no tecido muscular. |
Contribui para um grande aumento de força. |
Hormônio de Crescimento (GH) |
Além de diversas funções o GH exerce no metabolismo efeitos anabólicos e lipolíticos. Usado no paciente com deficiência da substância, e na reposição. Estimula o turnover ósseo e pode levar resistência insulínica, sendo, entretanto, seu efeito metabólico mais notável a perda de adiposidade visceral. |
Grandes ganhos na massa muscular e diminui o percentual de gordura. |
Adaptado de Oviedo (2013, p. 20-25)
Oviedo (2013, p. 44) mostra que apesar da venda de EAA (sem receita medica) ser considerada ilegal não está configurado como tráfico de drogas, mas não deixa de ser uma atividade ilícita. No Brasil, esteroides anabolizantes somente podem ser vendidos em farmácia e com a apresentação de prescrição medica.
O quadro 2 destaca alguns fármacos que são utilizados em associação com os EAAs com o objetivo de aumentar os desejáveis efeitos e/ou controlar os efeitos adversos (Silva e Moreau, 2003, p. 330).
Quadro 2. Fármacos utilizados em combinação com os EAA
Fármaco |
Efeito |
Efedrina |
Utilizada pelo seu efeito estimulante. |
Clembuterol |
Agente anabolizante, com base em pesquisas que mostraram que esta substância aumenta a massa muscular de animais de criação. |
Tamoxifeno |
Antagonista de estrogênio contra a ginecomastia, para evitar problemas como ginecomastia, retenção hídrica e acúmulo de gordura corporal. |
Citrato Clomifeno ou Clomid® |
Indicado originalmente na indução da ovulação em mulheres que desejam engravidar. No homem pode funcionar como droga anti estrogênio Usuários de esteroide acreditam que eles funcionam na prevenção da ginecomastia e na normalização do nível de testosterona do corpo após um ciclo |
Tribulus terrestris |
Aumenta a liberação do hormônio luteinizante para, aumentar a produção de testosterona. Aumenta a força física e resistência, como na produção de espermatozoides, melhoramento da função erétil e aumento da libido |
Adaptado de Silva e Moreau (2003, p. 330) y Oviedo (2013, p. 26-27)
Terapia Gênica
A terapia gênica pode ser caracterizada pela introdução de um material genético em células-alvo utilizando-se de conjunto de técnicas que permitem a inserção e expressão de um gene terapêutico em que apresentam algum tipo de desordem de origem genética (não necessariamente hereditária), no sentido de graduar a funcionalidade deste gene ou substituir genes não funcionais, possibilitando a correção dos produtos gênicos inadequados causadores patológicos (Artioli, Hirata e Junior, 2007, p. 350; Dias, 2011, p. 66; Bairros, Prevedello e Moraes, 2011, p. 1058). O que justifica o uso desta técnica é conhecer as vias de sinalização na qual um gene está envolvido. Identificar uma possível mutação neste gene, comprovar a disfunção causada pelo gene mutante, e assim estrategicamente aperfeiçoar para utilizá-la na prevenção, tratamento e alívios de doenças hereditárias ou desordens adquiridas (Dias, 2011, p. 66; Júnior e Pereira, 2010, p. 236-237). No esporte esse tipo de método, conhecido como doping genético, é utilizado para potencializar o desempenho atlético (Ide, Lopes e Sarraipa, 2010, p. 57; Junior et al., 2014, p. 172).
Abaixo estão relacionados em síntese alguns dos genes candidatos ao doping genético e seu papel de atuação na melhora do desempenho físico.
– Hormônio glicoproteico, que promove o aumento no número de glóbulos vermelhos do sangue aumentando assim a oxigenação sanguínea. Atua com melhor resposta nas provas de resistência (Artioli, Hirata, Junior, 2007, p. 350-351; Junior et al., 2014, p. 171-172).- Eritropoietina (EPO)
- Human growth hormone (hGH) - Proteína constituída por 191 aminoácidos. Tem uma série de isoformas, as mais importantes têm tamanhos de 22 e 20 kDa. Entre outras funções, atua no aumento de força e da massa muscular (Rogol, 2010, p. 2).
- Insulin-like growth factor-1 (IGF-1) - Principal efetor para a ação do hGH, atuante no aumento de força e da massa muscular (Rogol, 2010, p. 3).
- Peroxisome proliferato ractivated receptor-delta (PPAR-d) - Proteína do receptor do hormônio nuclear (intracelular). Provável papel na conversão de fibras musculares do tipo II em fibras do tipo I que preservaria os estoques de glicogênio, aumentando o tempo de tolerância ao esforço e provavelmente o desempenho em provas de resistência (Artioli, Hirata, Junior, 2007, p. 352).
- Miostatina - Proteína expressa na musculatura esquelética tanto no período embrionário quanto na idade adulta. Atua como inibidor da progressão dos mioblastos. A inibição de suas expressões levaria a crescimento muscular desenfreado em humanos e animais. Melhora os resultados no mecanismo de força e no aumento de massa muscular (Ide, Lopes e Sarraipa, 2010, p. 57; Artioli, Hirata, Junior, 2007, p. 351).
- Vascular endotelial growth factor (VEGF) - Induz a produção de novos vasos sanguíneos, dessa maneira, o fluxo sanguíneo para todos os tecidos seria aumentado, assim como sua oxigenação e nutrição melhorando o desempenho em provas de resistência (Artioli, Hirata, Junior, 2007, p. 351).
- Hypoxia-Inducible Factors (HIF) - Responsáveis por regularem a transcrição de genes nas situações de hipóxia, aumento no número de hemácias sanguíneas melhorando o suprimento de oxigênio e no desempenho aeróbio obtendo melhores resultados em provas de resistência (Júnior e Pereira, 2010, p. 242).
Como mostrado acima os genes possuem uma expressão proteica originaria e/ou atuante responsável pela função fisiológica (provável atuação), expressando um papel importante na melhoria do desempenho.
Alterações Sistêmicas por uso de EAA
Alguns outros efeitos sistêmicos são relatados na literatura, pelo uso dos EAAs, como efeitos dermatológicos - Surgimento de acnes faciais, na região dos ombros, tronco e dorso, entre outros efeitos como o hirsutismo7 - endocrinológicos - Ginecomastia, atrofia testicular, diminuição da espermatogénese e da motilidade dos espermatozoides, disfunção erétil e diminuição da libido com consequente infertilidade diminuição da produção de esperma, hipertrofia clitoriana (irreversíveis), atrofia mamária, irregularidades menstruais (oligo ou amenorreia) e alopecia (Rocha, Aguiar e Ramos, 2014, p. 102; Moraes, 2015 p. 1989; Kicman, 2008, p. 518); cardiovasculares - leva à hipertensão, hipertrofia do miocárdio, hipertrofia ventricular esquerda, áreas de fibrose no miocárdio, deficiência no enchimento diastólico, policitemia e trombose (Meirelles, 2006, p. 15; Deligiannis e Kouidi, 2012, p. 448-449; Moraes, 2015, p. 1989). Os EAAs de usos orais, causam dislipidemia, (aumenta o LDL e provocar a diminuição do HDL), provocam alterações da coagulação predispondo a um maior risco de enfarte do miocárdio, aterosclerose e acidente vascular cerebral, como há registros de mortes súbitas entre usuários de anabolizantes, em atletas jovens consumidores de altas doses de EAAs (Kicman, 2008, p.518).
Lipídios - Estudos em fisiculturistas, verificaram reduções estatisticamente significativas nos níveis HDL e aumento não significativo no LDL após a administração de diversos EAAs como por exemplo: Oxandrolona, Estanozolol, Norandrostenediona, DHEA, entre outros, por um período de dois anos. (Abrahin e Sousa, 2013, p. 673).
Efeito lesivo - Aumento do risco de lesão em músculos tendinosos (tendinopatias, roturas tendinosas) devido a alteração da estrutura do colágeno (que se torna menos elástico) (Abrahin e Sousa, 2013, p. 673; Moraes, 2015, p. 1989), devido a desproporcionalidade da força gerada pelos músculos hipertrofiados que não equivale a adaptação permitida nos tendões (Rocha, Aguiar e Ramos, 2014, p. 102). Também leva a um encerramento precoce das epífises (Kicman, 2008, p. 518; Abrahin e Sousa, 2013, p. 673).
Neuropsiquiátricos - Múltiplos fatores comportamentais desde autoconfiança, entusiasmo, elevação da libido, desinibição, mudanças abruptas no humor, manifestações de comportamentos agressivos, anti-sociais e quadros depressivos, quando passado um determinado período do encerramento da administração (Meirelles, 2006, p. 14; Damião at al, 2012, p. 70; Rocha, Aguiar e Ramos, 2014, p. 102; Moraes, 2015 p. 1989). A depressão é um dos sintomas da dependência ou abstinência de EAAs que vem seguida da redução da força e do volume muscular, fadiga, diminuição da libido, e incontrolável desejo de voltar a fazer uso destas substâncias (Moraes, 2015, p. 1989).
Conclusão
A excelência no esporte de alto rendimento é dependente em parte, da máxima performance física. Assim como na esfera social a visão da saúde é dependente do padrão estético imposto pela mídia. Sabe-se que no esporte, os atletas são pessoas comuns, mas que se estimulados adequadamente poderiam expressar naturalmente sua máxima performance física. Entretanto o caminho para a boa forma e à performance, tem sido encarado como penoso, pois é necessário paciência, dedicação e tempo para obter bons resultados, e muitas vezes a recorrência à este tipo de artifício, é uma forma adotada para se encurtar e facilitar este caminho. Mediante o cenário preocupante da situação que vem se instalando, sugere-se que mais estudos sejam realizados com a intenção de identificar quais agentes terapêuticos podem modificar o funcionamento normal dos genes alvo desses agentes; analisar como tem sido a cobrança de técnicos, clubes, patrocinadores e até mesmo a do próprio atleta, em relação a vitória, bem como sobre o consumo aumentado e desenfreado dos EAAs, pois o uso dos mesmos têm trazido algumas complicações, tanto para a qualidade de vida, quanto para o bem estar.
Bibliografia
Abrahin, O., Sousa, E. (2013). Esteroides anabolizantes androgênicos e seus efeitos colaterais: uma revisão crítico-científica. Rev. Educ. Fis/UEM, v. 24, n. 4, p. 669-679, 4. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/refuem/v24n4/14.pdf. Acesso em: 10/08/2015.
Artioli, G., Hirata, R., Junior, A. (2007). Terapia gênica, doping genético e esporte: Fundamentação e implicações para o futuro. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 13, Nº 5 – Set /Out, Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbme/v13n5/13.pdf. Acesso em: 23/07/2015.
Bairros, A., Prevedello, A., Moraes, L. (2011). Doping Genético e Possíveis Metodologias de Detecção. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v. 33, n. 4, p.1055-1069, Out./Dez. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbce/v33n4/a17v33n4.pdf. Acesso em: 19/07/2015.
Breda, V.E., Keizer, H. A., Kuipers, H., Wolffenbuttel, B. H. (2003). Androgenic Anabolic Steroid Use and Severe Hypothalamic-Pituitary Dysfunction: Case Study. International Journal of Sports Medicine, Apr; 24 (3): 195-6. Disponível em: http://www.researchgate.net/publication/10765028. Acesso em: 20/09/2015.
Damião, B., De Souza, G.G., Nogueira, D.A., Junior, V.C.R., Fernandes, G.J.M., Esteves, A. (2012). Quantificação de corpos de neurônios em camundongos submetidos ao uso de esteróides anabolizantes. Rev Neurocienc., 20 (1): 68-72. Disponível em: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2012/RN2001/originais%2020%2001/668%20original.pdf. Acesso em: 05/08/2015.
Deligiannis A., Kouidi, E. (2012). Cardiovascular Adverse Effects of Doping in Sports. Hellenic Journal of Cardiology, 53: 447-457. Disponível em: http://www.hellenicjcardiol.org/archive/full_text/2012/6/2012_6_447.pdf. Acesso em: 15/09/2015.
Dias, R. (2011). Genetics, Human Physical Performance and Gene Doping: The Common Sense Versus the Scientific Reality. Rev Bras Med Esporte, Vol. 17, No 1 – Jan/Fev. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbme/v17n1/en_v17n1a12.pdf. Acesso em: 28/07/2015.
Ide, B., Lopes, C., Sarraipa, M. (2010). Fisiologia do treinamento esportivo: força, potência velocidade, resistência, periodização e habilidades psicológicas. São Paulo, Phorte.
Júnior, C., Pereira, M. (2010). Biologia molecular como ferramenta no esporte de alto rendimento: possibilidades e perspectivas. Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 31, n. 3, p. 231-249. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbce/v31n3/v31n3a16.pdf. Acesso em: 15/07/2015.
Junior, C., Cunha, T.S., Lemes, L.C., Ribeiro, S.R., Ribeiro, V. (2014). Influência da administração de eritropoietina humana recombinante sobre o desempenho físico: estudo de revisão. Rev Andal Med Deport. 7(4): 170-177. Disponível em: http://ac.els-cdn.com/S1888754614000069/1-s2.0-S1888754614000069-main.pdf. Acesso em: 28/09/2015.
Kicman, A. (2008). Pharmacology of anabolic steroids. British Journal of Pharmacology, 154, 502–521. Disponivel em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2439524/pdf/bjp2008165a.pdf, Acesso em; 29/08/2015.
Meirelles, A. (2006). Efeitos do carvedilol em alterações cardiovasculares induzidas experimentalmente em coelhos (Oryctolagus cuniculus). Researchgate, Dissertação de mestrado. Disponivel em: http://www.researchgate.net/publication/26977229. Acesso em: 02/10/2015.
Moraes, T. (2015). Anabolizantes nas buscas da web. Um estudo sobre o interesse sazonal por esteroides anabolizantes no brasil. RJLB, Ano 1, nº 1. Disponivel em; http://cidp.pt/publicacoes/revistas/rjlb/2015/1/2015_01_1979_2007.pdf Acesso em; 01/07/2015.
Oliveira, R. S., Collares, T.F., Smith, K.R., Collares, T.V., Seixas, F.K. (2011). The use of genes for performance enhancement: doping or therapy? Braz J Med Biol Res., Volume 44(12) 1194-1201 doi: 10.1590/S0100-879X2011007500145. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bjmbr/v44n12/1177.pdf. Acesso em: 15/07/15.
Oviedo, E. (2013). As consequências do uso indevido dos esteroides anabolizantes androgênicos nas esferas civil, penal e administrativa: conhecer, prevenir, fiscalizar e punir. 58f. Monografia (Bacharelado em Direito), Universidade de Brasília, Brasília. Disponível em: http://bdm.unb.br/handle/10483/5848. Acesso em: 01/10/2015.
Rocha, M., Aguiar, F., Ramos, H. (2014). O uso de esteroides androgênicos anabolizantes e outros suplementos ergogénicos – uma epidemia silenciosa. Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 9(2):98–105. Disponível em: http://www.elsevier.pt/pt/revistas/revista-portuguesa-endocrinologia-diabetes-e-metabolismo-356/artigo/o-uso-esteroides-androgenicos-anabolizantes-e-outros-suplementos-90369325. Acesso em: 15/07/2015.
Rogol, A. (2010). Drugs of abuse and the adolescent athlete, Italian Journal of Pediatrics, 36:19. Disponível em: http://www.ijponline.net/content/36/1/19. Acesso em: 05/09/2015.
Silva, L., Moreau, R. (2003). Uso de esteroides anabólicos androgênicos por praticantes de musculação de grandes academias da cidade de São Paulo. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, vol. 39, n. 3, Jul./Set, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v39n3/12.pdf. Acesso em: 25/09/2015.
WADA. (2014). The World Anti-Doping Code, The 2015 prohibited list international standard. Disponível em: http://www.fivb.org/EN/Medical/Document/WADA-Prohibited-List-2015-EN.pdf. Acesso em: 29/07/2015.
Yesalis, C., Bahrke, M. (2002). History of Doping in Sport. International Sports Studies, vol. 24, no. 1. Disponível em: http://library.la84.org/SportsLibrary/ISS/ISS2401/ISS2401e.pdf. Acesso em: 05/072015.
Outros artigos em Portugués
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 21 · N° 225 | Buenos Aires,
Febrero de 2017 |