efdeportes.com

Segurança do trabalho na colheita florestal: uma abordagem ergonômica

Occupational safety in forest crop: an approach ergonomic

Seguridad del trabajo en la recolección forestal: un abordaje ergonómico

 

*Engenheira Florestal. Pós-Graduada em Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho.

**Biólogo, Mestre na área de Fitotecnia. Docente do Departamento de Ciências Exatas e Naturais

da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/Campus de Itapetinga-BA

(Brasil)

Regileide Santana Franco Cândido*

Obertal da Silva Almeida**

oalmeida@uesb.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo é uma reflexão sobre a Ergonomia na colheita florestal, visando estabelecer uma questão sobre a viabilidade dos homens, matéria prima, maquinas e equipamentos das condições de trabalho na área florestal. A colheita florestal foi a fase do processo produtivo florestal que mais sofreu alterações de acordo com os anos. A ergonomia vem surgindo de forma sistemática na introdução de novas tecnologias, principalmente na área florestal com o surgimento de máquinas cada vez mais sofisticadas sempre com o intuito de melhorar a vida do operador florestal.

          Unitermos: Ergonomia. Colheita florestal. Segurança do trabalho.

 

Abstract

          This article is a reflection on Ergonomics in forest harvesting, to establish a question about the viability of men, raw material, machinery and equipment working conditions in forestry. Logging has the phase of the forestry production process that suffered most changes according to the year. Ergonomics is emerging in a systematic way in the introduction of new technologies, especially in the forest area with the emergence of increasingly sophisticated machines always aiming to improve the lives of the forest operator.

          Keywords: Ergonomics. Forest harvesting. Work safety.

 

Resumen

          Este artículo es una reflexión sobre la ergonomía en la explotación forestal, para establecer algunos aportes sobre la viabilidad de los hombres, materias primas, maquinaria y equipo sobre las condiciones de trabajo en el área forestal. La recolección forestal es la fase del proceso productivo que más cambios sufrió con el paso de los años. La ergonomía surgió de manera sistemática con la introducción de nuevas tecnologías, especialmente en el área de forestal con la aparición de máquinas cada vez más sofisticadas siempre con el objetivo de mejorar la vida del trabajador forestal.

          Palabras clave: Ergonomía. Explotación forestal. Seguridad del trabajo.

 

Recepção: 21/03/2016 - Aceitação: 08/12/2016

 

1ª Revisão: 20/11/2016 - 2ª Revisão: 03/12/2012

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 223, Diciembre de 2016. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    O presente artigo é uma reflexão sobre a Ergonomia na colheita florestal, visando estabelecer uma questão sobre a viabilidade dos homens, matéria prima, maquinas e equipamentos das condições de trabalho na área florestal.

    A mecanização nas atividades de colheita florestal aumentou de forma significativa desde os anos 80, ganhando mais força na década de 90, este fator de crescimento surgiu com a necessidade de reduzir custos e aumentar assim o rendimento da colheita proporcionalmente a produtividade.

    A colheita foi a fase do processo produtivo florestal que mais sofreu alterações devido à introdução de tratores florestais para o corte e extração da madeira. Durante a realização desses trabalhos, os operadores ficam expostos às condições adversas vindas do meio ambiente (temperatura, poeira, umidade etc.) e da máquina (ruídos, vibrações, postura, gases, temperatura etc.), sendo as últimas decorrentes do projeto da máquina. Ainda hoje, muitas máquinas são colocadas no mercado sem qualquer preocupação aparente por parte dos seus fabricantes com relação a determinados parâmetros indispensáveis para a realização de determinado trabalho com conforto e segurança, segundo Lima (2005)

    As condições de trabalho resultante desse novo desenho, não são explicitadas e os modelos de gestão são delineados sob a lógica do determinismo tecnológico, voltado para a reformatação dos comportamentos produtivos dos operadores (Cesar, 1998). Ainda assim, as evoluções tecnológicas, que se constituiriam como espaço importante para a melhoria das condições de trabalho, sustentam-se sobre as bases do Taylorismo.

    Nesse contexto, é importante introduzir-se o aspecto ergonômico nos estudos para proporcionar melhores condições de trabalho aos operadores das máquinas utilizadas nessa atividade. A ergonomia tem contribuído significativamente para a melhoria das condições de trabalho humano. Entretanto, na maioria dos países em desenvolvimento, é um conceito relativamente novo e essa contribuição ainda é pequena, em função do baixo número de estudos e da restrita divulgação dos seus benefícios (Minette, 1996).

    A literatura mostrará uma reflexão sobre as condições de trabalho dos operadores na colheita florestal, visando discutir qual as máquinas que possuem conforto e segurança para os trabalhadores por meio de abordagens propostas pela ergonomia.

2.     Análise da literatura

2.1.     Colheita florestal

    Com o aumento da área de florestas plantadas no Brasil, sobretudo depois do advento dos incentivos fiscais, notou-se a necessidade de buscar sistemas de colheita que proporcionassem um rendimento maior, menor custo e melhor aproveitamento, nos quais as operações fossem mais bem adaptadas ao trabalhador (Minette, 2007).

    A colheita florestal é considerada um trabalho pesado devido à grande exigência física requerida ao trabalhador, principalmente quando realizada de forma manual ou semimecanizada, e com alto risco de acidentes (Fiedler, 1998). O corte florestal semimecanizado com motosserra é o mais difundido no Brasil. Segundo Minette (1996), existiam cerca de 400.000 motosserras em atividade no Brasil no ano de 1996.

    Entre os fatores que dificultam a colheita e o transporte florestal, os produtores apontaram a falta de máquinas e equipamentos adequados na propriedade e o alto risco de acidentes inerente a essas atividades realizadas de forma manual ou semimecanizada (Oliveira, 2003).

    A introdução de máquinas para a realização de tarefas que antes eram feitas manualmente motivou, em parte, a organização do trabalho. Entretanto, expôs os operadores a riscos de acidentes provocados pela falta de condições mínimas de segurança. Essa situação agravou-se ainda mais quando foram constatados casos em que trabalhadores despreparados e, portanto, sem um treinamento adequado propuseram-se a operar máquinas sofisticadas, podendo contribuir para a ocorrência de acidentes de trabalho, em alguns casos com extrema gravidade. O acesso a determinada máquina, bem como o conforto térmico, o campo visual, o esforço para acionamento dos comandos e as dimensões do posto do operador são aspectos importantes a serem observados em uma avaliação ergonômica de máquinas, visando a um maior conforto, segurança e maior produtividade durante a realização da jornada de trabalho ao longo do tempo (Lima, 2005).

    A norma que trata de ergonomia no Brasil é a NR-17 do Ministério do Trabalho, publicada em 1978 e modernizada em 1990. Essa norma tem por objetivo estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Entretanto, não há indicação para avaliação ergonômica de máquinas florestais, conforme já existente nos países escandinavos (Silva, 2003).

    Segundo Abrahão (2000), as contribuições da ergonomia, na introdução de melhorias nas situações de trabalho, se dão pela via da ação ergonômica que busca compreender as atividades dos indivíduos em diferentes situações de trabalho com vistas à sua transformação. Assim, o foco de ação é a situação de trabalho inserida em um contexto sócio técnico, a fim de desvendar as lógicas de funcionamento e suas conseqüências, tanto para a qualidade de vida no trabalho, quanto para o desempenho da produção.

2.2.     A história da Ergonomia

    O termo Ergonomia é uma derivação de duas palavras gregas “Ergon” que quer dizer trabalho e “nomos” que significa regras. A Ergonomia é um estudo sobre a relação do homem e seu trabalho, ambiente e equipamentos.

    A aplicação dos estudos ergonômicos nas operações de colheita florestal visa diminuir a fadiga física e mental dos trabalhadores aumentando a sua satisfação e bem-estar. Melhorando assim o seu desempenho e aumentando o número de madeira extraídas. A avaliação da carga física de trabalho foi o primeiro parâmetro tratado pela fisiologia do trabalho e continua sendo uma questão central para a maioria dos trabalhadores do mundo (Fiedler, 1998).

    O surgimento da Ergonomia nos anos 40 constitui uma abordagem do trabalho humano e suas interações no contexto social e tecnológico, que busca mostrar a complexidade da situação de trabalho e a multiplicidade de fatores que a compõe. Historicamente, a Ergonomia tem uma de suas bases ancorada na Psicologia Experimental. No entanto, a vertente representada sobretudo pelos países de língua francesa questiona o caráter exageradamente reducionista de posições apoiadas em normas e prescrições, fundamentadas em conhecimentos de natureza experimental, que ignoram a atividade de construção inerente a toda situação real de trabalho (Abrahão & Pinho, 2002).

    Inicialmente, a compreensão das exigências do trabalho, especialmente entre os autores da língua francesa, estavam centradas basicamente: 1) no gestual; 2) no agrupamento das informações; 3) nos procedimentos adotados no sistema de produção; e 4) nos processos de pensamento. Embora estas quatro abordagens nos pareçam distintas, elas não são excludentes e formam a base da análise ergonômica do trabalho (De Keyser, 1991).

    Ela busca dois objetivos fundamentais. De um lado, produzir conhecimento sobre trabalho, as condições e a relação do homem com o trabalho, por outro, formular conhecimentos, ferramentas e princípios suscetíveis de orientar racionalmente a ação de transformação das condições de trabalho, tendo como perspectiva melhorar a relação homem trabalho. A produção do conhecimento e a racionalização da ação constituem, portanto, o eixo principal da pesquisa ergonômica (Abrahão & Pinho, 1999).

    O desenvolvimento da metodologia da análise ergonômica do trabalho acompanha a evolução tecnológica perpassando por diversas fases em função da demanda social.

    Inicialmente centra-se no fator humano, na adaptação do posto de trabalho, privilegiando apenas o estudo da relação homem-máquina. A partir da Segunda Guerra Mundial, integram-se à análise outras variáveis tais como, a recepção, o tratamento e a transmissão da informação. Nesta fase o trabalho passa a ser analisado considerando a sua dimensão cognitiva. A partir de meados da década de oitenta a análise vai além da perspectiva do posto de trabalho, incorporando a noção de complexidade do sistema no qual está inscrito (Leplat, 1986; Vicente, 1999).

    A saúde dos trabalhadores é alterada no contexto da reestruturação produtiva que deriva de um ambiente social, político e econômico marcado pelas crises dos anos 60 e 70.

    As empresas começam a se reestruturar não somente pelo acirramento da concorrência, mas também por conflitos sociais relacionados às formas tradicionais de organização do trabalho e da produção. A maior integração e flexibilidade das empresas surge como uma forma de reagir à crise social e de aumentar a produtividade num mercado instável (Antunes, 2001).

    O trabalho então começa a assumir novas características com o avanço da tecnologia, visando assim o bem estar do trabalhador florestal, atribuindo melhores condições nas maquinas e equipamentos utilizados durante a execução do seu trabalho. Com o avanço da ergonomia durante a sua trajetória o processo de trabalho passa a exigir mais cooperação entre os níveis hierárquicos de forma organizacional para a solução de seus problemas.

2.3.     A variabilidade das empresas

    As empresas florestais fornecem meios necessários a produção, estabelecendo normas e objetivos no processo de trabalho. Nessa perspectiva são incluídos materiais e equipamentos de processo da colheita florestal.

    A atividade compreende vários artefatos tais como instrumentos,signos, procedimentos, máquinas, métodos, regras e formas de organização do trabalho. Entretanto, uma das características importantes destes artefatos é o seu papel de mediação entre o trabalhador e o objeto do trabalho (Wisner, 1997; Rabardel, 1995, Monoud, 1970).

    A mediação entre o objeto e objetivo, segundo Engeström (1987), é estabelecida através de um terceiro elemento - artefato. Portanto, a relação entre o sujeito e o objeto tem como mediador os artefatos que podem ser instrumentais utilizados no processo de transformação, sejam eles, materiais ou intelectuais. Por exemplo, a relação entre o sujeito e o coletivo tem como mediador as regras que compreendem as normas explicitas ou implícitas, as convenções e as relações sociais no seio do coletivo. A relação entre o objeto e o coletivo tem como mediador a divisão de trabalho que qualifica a organização explicita e implícita em relação ao processo de transformação do objeto em produto. Cada um destes mediadores é constituído historicamente e de forma diferente (Abrahão, 2000).

    Desde modo podemos constatar que a real situação de trabalho é uma variável sempre presente de forma estrutural, sendo necessário interagir essa variabilidade de modo a facilitar a qualidade de vida no trabalho das empresas florestais, ajudando assim no funcionamento da produção.

    Segundo os autores Perrow (1967) e Wisner (1994), em períodos distintos, ressaltam que a variabilidade das tarefas pode ser avaliada segundo o número de exceções verificadas para o funcionamento normal do sistema. Outro aspecto destacado pelos autores está relacionado ao grau de dificuldade que o trabalhador encontra, para identificar as alterações e variações dos parâmetros que ocorrem durante o processo de trabalho e que afetam o funcionamento do sistema. Estes fatos, na prática, têm grande importância para a ergonomia que, há muito tempo, tem se empenhado em demonstrar que as tarefas aparentemente mais monótonas e as estritamente organizadas exigem uma adaptação permanente dos trabalhadores às variações das máquinas e da matéria prima (Wisner, 1994). É por isto que os ergonomistas tendem a recomendar uma organização mais flexível, quando se fala na inserção de novas tecnologias, com o objetivo de permitir ao trabalhador responder adequadamente a essas variações no decorrer do seu trabalho.

    Para os operadores esta variabilidade era entendida antes como o afastamento do trabalho prescrito e como um risco à qualidade da produção e aos equipamentos florestais, segundo Wisner (1996) afirma que o operador constitui a todo momento, o problema que ele tem a resolver. Esta construção se apoia tanto nas variações da máquina, do ambiente, e da segurança do trabalho do próprio operador.

    Segundo Laville (1977), o objetivo do estudo da atividade do trabalhador é conhecer as funções que este mobiliza e compreender as modalidades de utilização destas funções.

    De acordo com Vergnaud (1985), a competência de um indivíduo pressupõe um repertório de procedimentos ou métodos alternativos, que lhe permite se adaptar de forma mais fina às diferentes situações que se apresentam. Isto ocorre em função do valor que ele atribui às diferentes variáveis da situação. Assim sendo, o trabalhado florestal possui a capacidade de adaptar ao procedimento correto em um curto espaço de tempo, com baixo custo operacional.

2.4.     A evolução e informatização nas situações de trabalho

    A ergonomia vem surgindo de forma sistemática na introdução de novas tecnologias, principalmente na área florestal com o surgimento de máquinas cada vez mais sofisticadas sempre com o intuito de melhorar a vida do operador florestal. Como por exemplo a Feller-Buncher que é uma das mais utilizadas no processo de extração de madeira neste setor.

    A máquina de corte da marca Timberjack, modelo 608, foi avaliada segundo as diretrizes do manual de classificação ergonômica “Ergonomic Guidelines for Forest Machines” (Skogforsk, 1999), em relação aos seguintes aspectos ergonômicos:1) acesso à cabine: medição da altura dos degraus da escada em relação ao solo, por meio de trena, número de degraus e material de fabricação; 2) cabine: medição das dimensões da cabine com utilização de uma trena; 3)visibilidade: observação da cabine e das dimensões dos vidros; 4) assento do operador: avaliação das dimensões e conforto do assento; 5) controles e operação da máquina: observações dos números, tipos e posicionamentos de comandos dentro da cabine; 6)ruído: medições do nível de ruído a que o operador da máquina é exposto, por meio do decibelímetro digital, marca SL 4001; 7) vibração: avaliação subjetiva, com base nas informações obtidas dos operadores; 8) controle de clima na cabine: observações dos comandos encontrados na cabine, relativos à climatização; 9) gases e partículas: verificação do “design”do escapamento; 10) iluminação: contagem do número de faróis e da iluminação de plataformas e degraus e cálculos de distância de visualização de árvores; 11) manutenção: avaliação visual de pontos de manutenção verificados todos os dias e seus acessos e qualificação dos dados contidos no manual de instruções da máquina.

    De acordo com o manual, cada item que é avaliado nas diferentes seções é colocado em uma de cinco classes ergonômicas, de acordo com os elementos do design e função da máquina que influenciam as condições de trabalho do operador. Essas classes são denominadas A, B, C, D e 0 (zero), variando desde A (com as melhores condições de segurança, produtividade e manutenção), até 0 (zero), que não satisfaz aos requerimentos de segurança, não devendo ser a máquina operada.

    Os itens sujeitos à avaliação qualitativa foram classificados em relação à sua adequação aos padrões ergonômicos recomendados. O dado relativo a ruído (avaliação quantitativa) foi confrontado com Skogforsk (1999) e com os limites máximos de exposição determinados pelas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho Segurança e Medicina do Trabalho em 1992.

    Com informatização e o avanço tecnológico, surgiu no setor florestal máquinas mas aprimoradas e seguindo as normas regulamentadoras do ministério do trabalho, como foi relatado acima, as máquinas devem seguir as normas e proporcionar conforto ao trabalhador de acordo com a legislação brasileira.

2.5.     Avaliação ergonômica do Feller-Buncher

O acesso à cabine

    Os degraus são de ferro, fixos, dois de cada lado, sem quinas vivas, não vazados, de tamanho 7 x 45 cm. O acesso à cabine (fechada) é feito apenas pelo lado esquerdo; a abertura da porta é fácil, havendo uma saída de emergência pela janela traseira. A altura da esteira ao chão é de 88,5 cm (parte sem “dentes”) e 93 cm (parte com “dentes”). De acordo com Skogforsk (1999), o acesso ao posto de trabalho encontra-se fora dos padrões ergonomicamente aceitos, ou seja, não está dentro da classificação tida como ótima (classe A). Também segundo as diretrizes citadas, os degraus devem ser mantidos limpos, o que não acontece com a referida máquina, que tem seus degraus com terra acumulada, prejudicando o equilíbrio necessário ao operador. O ideal de acesso descrito por Robin (1987) prevê que os degraus devem ser projetados de acordo com as variáveis antropométricas dos operadores.

A Cabine

    A cabine possui altura de 165 cm, largura de 100 cm e comprimento de 140 cm. A medida do pé do operador até o final da cabine, com o pedal pressionado, é de 8 cm (mínima); com o pedal apenas apoiado, de 16 cm (máxima). A medida do joelho do operador até o final da cabine foi mensurada em 23 cm. A distância medida entre os pedais é de 25 cm.

    Segundo Arbetsmiljoinstituted (1990), o correto dimensionamento do posto de trabalho deve permitir que, dentro da cabina, haja espaço suficiente, de modo que qualquer operador, independentemente de sua compleição física e seu peso, possa adotar posições de trabalho confortáveis e dispor de lugar para pertences pessoais. Cabinas muito largas também causam problemas e podem prejudicar a perfeita visão de tudo que é necessário para que o operador realize o seu trabalho e esse operador deve ser capaz de se sentar com conforto, adotando uma postura correta, principalmente com relação ao uso de músculos e juntas.

    Para Fiedler (1995), existem vários problemas para o operador em seu posto de trabalho, em muitas máquinas florestais no Brasil, que causam desconforto, diminuindo muito o rendimento, aumentando a fadiga e podendo levar o trabalhador ao estresse.

A Visibilidade

    Para Grandjean (1982), a visibilidade do operador não pode sofrer interferência por vidros embaçados, estar obstruídas por telas estreitas, braços e mangueiras hidráulicos e acionador do limpador de pára-brisas, dentre outros. O campo de visibilidade necessário à operação deve estar relacionado com a função da máquina, variando de acordo com o ciclo de trabalho.

O assento do operador

    Segundo Murrell (1979), o espaço funcional a ser ocupado pelo operador humano deve ser definido em relação à anatomia, ao tamanho e à forma do homem. Um dos requisitos mais importantes a ser satisfeito consiste em assegurar que o operador fique em uma posição confortável e sempre à vontade, sem ter que se agachar ou se inclinar para frente, sem sentar na beirada do assento e sem ser obrigado a manobrar simultaneamente dois comandos, colocados diante dele, em posições extremas.

    O assento deve ter ajuste em altura, distância e comprimento. A inclinação assento/ encosto deve ser ajustável de 90 a 110 graus. O apoio para os braços deve ser ajustável em altura.

    Tais variáveis do assento e de apoio para os braços devem ser dimensionadas de acordo com os padrões antropométricos dos trabalhadores da região (Arbetsmiljoinstituted, 1990).

Os comandos e instrumentos (controles e operação da máquina)

    A localização dos controles e comandos deve ser projetada de forma que os braços os alcancem dentro de seu raio normal de ação, sem que o operador precise curvar o dorso ou deslocar o corpo, evitando-se assim maior fadiga e maior tempo na execução das tarefas. Com relação aos comandos movimentados pelas pernas, podem ser de maior exigência de força, desde que seja observada a posição ideal que permita a exata movimentação (Verdussen, 1978).

Ruído

    Pela legislação brasileira de atividades e operações insalubres Segurança e Medicina do Trabalho em 1992, o nível máximo de ruído para uma exposição de oito horas diárias é igual a 85 dB (A). Para cada aumento de 5 dB no nível de ruído acima deste limite, o tempo de exposição deve ser reduzido pela metade. A permanência em locais de trabalho que apresentam níveis de ruído de 85 a 90 dB (A) oferece, segundo Verdussen (1978), grande risco de surdez, o qual aumenta em função da dependência da freqüência dos sons e do tempo de permanência nessa situação. Para este autor, a exposição por tempo superior a cinco horas a ruídos que atinjam 110 dB (A) tem conseqüências bastante graves; já a 160 dB (A) ocorre surdez imediata e irreversível.

Vibração

    Segundo Robin (1987), os operadores de máquinas estão sujeitos a vibrações em seu trabalho diário, as quais são transmitidas por intermédio das partes do corpo que entram em contato mais direto com a fonte de vibrações. Seus efeitos variam desde o enjôo, passando por sensações de desconforto, até danos físicos consideráveis.

    De acordo com Mirshawka (1977), a vibração pode ser diminuída por meio de lubrificações e manutenções periódicas das máquinas e equipamentos. Um assento confortável também minimiza o problema. Além disso, o trabalhador deve ser protegido com luvas e botas. Quando os efeitos das vibrações estenderem-se por um longo período, devem ser programadas pausas para evitar a exposição contínua do trabalhador, dependendo da duração, da freqüência, das características das vibrações e das demais condições de trabalho. A Norma ISO 2631 para vibração global do corpo humano estabelece os limites de tempo de exposição para critérios de fadiga, desempenho e desconforto do operador.

Controle de clima na cabine

    A zona de conforto térmico, segundo Iida (1990), é delimitada por temperaturas entre 20º e 24°C, com umidade relativa entre 40% e 60% e velocidade do ar moderada, da ordem de 0,2 m/s. O diferencial de temperatura no mesmo ambiente não deve ser superior a 4°C. O conforto térmico depende do indivíduo, com cada pessoa tendo preferências climáticas próprias. Sempre que possível, deve existir um termostato para ajuste do clima. A temperatura deve também ser ajustável ao esforço físico.

Exaustão de gases e partículas

    Para Arbetsmiljoinstituted (1990), o projeto da cabine deve manter do lado externo os gases de exaustão e poeira. Assim, as condições encontradas estão dentro dos limites aceitáveis. As diretrizes ergonômicas descrevem como ergonomicamente aceitável quando o desenho da cabine evita a entrada de fumaça, o sistema de exaustão está livre de vazamentos e o cano de descarga está localizado bem longe da entrada de ar da cabine. Verifica-se que os padrões encontrados estão dentro dos limites ergonomicamente classificados como não muito satisfatórios, principalmente pela ausência de catalisador e indicador de filtros

3.     Conclusões

    O setor de trabalho vem buscando ao longo do tempo melhores formas de condições para o trabalhador, na área florestal não diferente. Embora ainda são vistos que ainda encontrasse pessoas trabalhando de forma inadequada, visto que algumas empresas e produtores florestais descumprem as normas regulamentadoras e a legislação do trabalho. O presente artigo teve o intuito de agregar informações e mostrar a linha do tempo da ergonomia juntamente com o setor florestal mostrando o crescimento de ambas em relação a colheita florestal.

    Sabe-se que ainda tem muita coisa a ser melhorada, mas de acordo com a literatura levantada pode perceber que nos dias atuais a dimensão é outra, o trabalhador florestal tem mais conforto para trabalhar com as máquinas e os equipamentos, sendo eles mecanizados ou semi-mecanizados.

    As máquinas são fabricadas de acordo com os padrões ergonômicos recomendados, gerando assim mais conforto ao trabalhador. As que não estão no padrão tem que se adequar ou serem trocadas por outras. Sendo assim a qualidade de vida do trabalhador florestal foi melhorando de acordo com o surgimento das normas e a implantação das mesmas, começando a surgir novas características e reestruturação proporcionando o conforto do trabalhador de acordo com a legislação brasileira.

Bibliografia

  • Abrahão J. I. & Pinho, D. L. M. (2002). As transformações do trabalho e desafios teórico-metodológicos da Ergonomia. Estudos de Psicologia 2002, 7 (numero especial), 45-52, Universidade de Brasília.

  • Abrahão J. I. (2000). Reestruturação Produtiva e Variabilidade do Trabalho: Uma Abordagem da Ergonomia. Psicologia: Teoria e Pesquisa Jan-Abr 2000, Vol. 16 n. 1, pp. 049-054.

  • Abrahão, J., & Pinho, D. L. M. (1999). Teoria e prática ergonômica: seus limites e possibilidades. In M. G. T. Paz & A. Tamayo (Orgs.), Escola,saúde e trabalho: estudos psicológicos (pp. 229-240). Brasília: Editora Universidade de Brasília.

  • Antunes, R. (2001). A questão do emprego no contexto da reestruturação do trabalho no final do século XX, pp. 38-57. In CR Horta & RAA Carvalho (orgs.). Globalização, trabalho e desemprego: um enfoque internacional. Editora C/Arte, Belo Horizonte.

  • Arbetsmiljoinstituted; Forskingsstiftelsen Skorgsarbeten; Slu Skogshogskolan. (1990). An ergonomic checklist for forestry machinery. Oskarshamn, 43 p.

  • Cesar, M. J. (1998). Serviço Social e reestruturação industrial, requisições e condições de trabalho profissional. In M. J. Cesar (Org.), A nova fábrica de consensos: ensaios sobre a reestruturação empresarial,o trabalho e as demandas ao Serviço Social. São Paulo: Cortez.

  • De Keyser, V. (1991). Works analysis in French language ergonomics: origins and current research trends. Ergonomics, 34(6), 653-669.

  • Engeström, Y. (1987). Learning by expanding. Helsinki: Orienta-Konsultit.

  • Fiedler, N. C. (1995). Avaliação ergonômica de máquinas utilizadas na colheita de madeira. 126 p. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

  • Fiedler, N. C. et al. (1998). Avaliação da carga de trabalho físico exigida em operações de colheita florestal. Revista Árvore, v.22, n.4, p.535-543, 1998.

  • Grandjean, E. (1982). Fitting the task to the man – an ergonomic approach. London: Taylor & Francis. 379 p.

  • Iida, I. (1990). Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher. 465 p

  • Laville, A. (1977). Ergonomia. (M.M. Neves Teixeira, Trad.). São Paulo: EPU. (Trabalho original publicado em 1976).

  • Leplat, J. (1986). L’analyse psychologique du travail. Revue de Psychologie Appliquée, 31(1), 9-27.

  • Lima, J.S.S. et al. (2005) Avaliação de alguns fatores ergonômicos nos tratores Feller-Buncher e Skidder utilizados na colheita de madeira. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.29, n.2, p.291-298.

  • Minette, L. J. (1996). Análise de fatores operacionais e ergonômicos na operação de corte florestal com motosserra. 211 p. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

  • Minette, L. J. et al. (2007). Avaliação dos níveis de ruído, luz e calor em máquinas de colheita florestal. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental v.11, n.6, p.664–667, Campina Grande, PB, UAEAg/UFCG.

  • Mirshawka, R. M. (1977). Manutenção preditiva: caminho para zero defeitos. São Paulo: Edgard Blucher. 635 p.

  • Monoud, P. (1970). Structuration de l'instrument chez l'enfant. Delachaux et Niestlé, Lausanne.

  • Murrell, H. (1979). Ergonomics: man in his working environment. New York: Chapman and Hall. 496 p.

  • Oliveira, P. R. S. (2003). Diagnóstico e indicadores de sustentabilidade em fomento florestal no estado do Espírito Santo. 127f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

  • Perrow, C. (1967). A framework for the comparative analysis of organisations. American Sociological Review, 5: 194-208.

  • Rabardel, P. (1995). Les hommes & les technologies. Approche cognitive des instruments contemporains. Armand Colin: Paris. 

  • Robin, P. (1987). Segurança e ergonomia em maquinaria agrícola. São Paulo: IPT, 1987. 24 p.

  • Segurança e Medicina do Trabalho. (1992). 23. ed. São Paulo: Atlas. 415 p. Manuais de Legislação Atlas, 16.

  • Silva, C.B. et al. (2003). Avaliação ergonômica do “Feller-Buncher” utilizado na colheita de eucalipto. Cerne, v.9, n.1, p.109-118.

  • Skogforsk (1999). The forestry research institute of Sweden. Ergonomic guidelines for forest.

  • Verdussen, R. (1978). Ergonomia: a racionalização humanizada do trabalho. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978. 161 p.

  • Vergnaud, G. (1985). Concepts et Schèmes dans la théorie operatoire de la représentation. Psychologie Française, 30, 245-252.

  • Vicente, K. (1999). Cognitive work analysis: toward safe, produtive, and healthy computer-based work. London: Lawrence Erlbaum.

  • Wisner, A. (1994a). A inteligência no trabalho: textos selecionados de Ergonomia. (I. Ferreira & R. Leal, Trads.). São Paulo: Fundacentro.

  • Wisner, A. (1996). Questions épistémologiques en ergonomie et en analyse du travail. Em: Daniellou, F. (Org.). L’ergonomie en quête de ses principes – Débats épistémologiques. Toulouse: Octarès Editions.

  • Wisner, A. (1997). Aspects psychologiques de l'anthropotechnologie. Le Travail Humain, 60 (3), 229-254.

Outros artigos em Portugués

www.efdeportes.com/

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 21 · N° 223 | Buenos Aires, Diciembre de 2016
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2016 Derechos reservados