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A Educação Física no ensino médio: o que 

pensam, sentem e dizem os alunos do 3º ano

Physical education in high school: what they think, feel and say the students of the 3rd year

La Educación Física en la escuela media: lo que piensan, sienten y dicen los alumnos de tercer año

 

*Licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

**Mestre em Educação/UFBA e Professor de Educação Física da Rede Estadual, NRE-20

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB

(Brasil)

Érica Lopes Moreira*

erica_kinha_ka@hotmail.com

Alan de Aquino Rocha**

alanaquino.rocha@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desta pesquisa foi analisar a visão dos alunos do Ensino Médio para com as aulas de Educação Física (EF). Trata-se de um estudo de caso realizado com 31 adolescentes entre 16 e 22 anos de idade, estudantes do Colégio Estadual Valmir Oliveira Gomes. Foi utilizado como instrumento de coleta um questionário semiestruturado e os dados interpretados à luz da analise de conteúdo. Os dados encontrados nesta pesquisa demonstram que a maioria alunos entendem a educação física como um componente curricular que tem como objetivo e importância transmitir conhecimentos que versam sobre saúde. Foi constatado que os alunos não vivenciam aulas s, apenas teóricas, com a justificativa de que falta espaço e materiais para que as aulas aconteçam. Em relação à participação dos alunos nas aulas, a maior parte deles participa às vezes, justificando que os conteúdos abordados não se relaciona com a matéria. No que se refere à Educação Física, no decorrer de todo o ensino médio, os dados apresentam que a maior parte do alunado afirma que este componente curricular regrediu no decorrer dos três anos e que não houve nenhum avanço. No entanto, nesta pesquisa foi interpretado, que os alunos apresentam uma visão limitada em relação aos conteúdos da Educação Física, e estão insatisfeitos com a infraestrutura escolar, o que os impossibilitam de vivenciar aulas. Retratam um desprazer em participar das aulas teóricas. Descrevem a realidade de uma Educação Física com muitos problemas e limitações, que impede que o referido componente curricular seja vivenciado de modo satisfatório.

          Unitermos: Educação física. Ensino médio. Estudantes.

 

Abstract

          Physical education, as an integral part of education should foster meaningful learning, so that students understand their importance and see it as a curricular component essential for their training. The objective of this research was to analyze the vision of high school students towards the physical education classes (EF). This is a case study conducted with 31 adolescents between 16 and 22 years old, of State College Valmir Gomes Oliveira students. It was used as a collection instrument a semi-structured questionnaire and the data interpreted in the light of the content analysis. The data found in this research show that most students understand the physical education as a curricular component that aims to transmit knowledge and importance that deal with health. It has been found that students do not experience s classes, only theoretical, with the justification that lack space and materials for the classes happen. Regarding the participation of students in classes, most of them participates sometimes justifying the content covered is not related to the matter. With respect to PE, during the entire middle school, data show that most of the students states that this component course deteriorated over the three years and there has been no breakthrough. However, this research has been interpreted that students have a limited vision of the contents of Physical Education, and are dissatisfied with the school infrastructure, which prevents them from experiencing classes. Portray displeasing to participate in the lectures. Describe the reality of a physical education with many problems and limitations, which prevents the said curriculum component is experienced satisfactorily.

          Keywords: Physical education. High school. Students.

 

Recepção: 06/05/2016 - Aceitação: 05/11/2016

 

1ª Revisão: 18/10/2016 - 2ª Revisão: 02/11/2016

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 222, Noviembre de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A educação possibilita o desenvolvimento do ser humano, mas para isso, ela deve ser capaz de formar pessoas que compreendam que desenvolver-se é um processo contínuo, que não se limita apenas ao que foi aprendido dentro da escola assim como afirma Piaget dizendo que “o ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados, mas é antes de tudo aprender a aprender, é aprender a se desenvolver e aprender a continuar a se desenvolver depois da escola”. (Piaget, 1994, p.40).

    Atualmente, a escola é uma das maiores responsáveis pela educação, seu papel, deve transcender a mera transmissão de conteúdo, o processo de ensino e aprendizagem deve ter significado para o educando, de modo que ele seja capaz de pensar e refletir, podendo participar de forma consciente na sociedade em que vive, assim como declara Paulo Freire: "O educando precisa assumir-se como tal, mas assumir-se como educando significa reconhecer-se como sujeito que é capaz de conhecer o que quer conhecer... Ensinar e aprender são assim momentos de um processo maior que o de conhecer, que implicar reconhecer" (2011, p. 47).

    Nesse sentido, a educação básica é estruturada por três etapas de ensino, que foram definidas pelas Diretrizes e Bases da Educação (LDB). São essas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, essas três etapas são importantes e indispensáveis na vida do educando, cada uma exerce seu papel em diferentes fases da vida. No entanto o ensino médio é o momento do percurso acadêmico no qual se encerra a educação básica. Seu objetivo é fortalecer e ampliar os conhecimentos obtidos no Ensino fundamental, e esses conhecimentos, darão aos educandos atribuições que serão de muita relevância para a vida social de forma participativa e consciente.

    A Educação Física, como parte integrante da educação, assim como os demais componentes curriculares, tem o papel de contribuir na formação dos educandos, visto que, a mesma deve dispor de uma prática pedagógica ampla capaz de possibilitar vivencias lúdicas, criativas, que provoquem no aluno interesse em participar, se expressar, superar problemas, desenvolvendo, um senso crítico que o habilite a pensar e refletir nas diferentes situações. Soares et al (2012), define a Educação Física nas seguintes palavras:

    (...) diremos que a Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal (p.33).

    Desde 1996, a LDB determina a obrigatoriedade da Educação Física e esta deve estar integrada à proposta pedagógica da escola, em toda a educação básica. Pouco a pouco esta disciplina vem conseguindo ocupar seu lugar na escola. Sendo assim, qual seria a contribuição da Educação Física, para a formação do aluno no ensino médio? As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (Brasil, 2006) afirmam a relevância de a Educação Física estar inserida no ensino médio:

    A Educação Física no contexto escolar possui uma particularidade em relação aos demais componentes curriculares (...). Espera-se, portanto, que os saberes da Educação Física tratados no ensino médio possam preparar os jovens para uma participação política mais efetiva no que se refere à organização dos espaços e recursos públicos de prática de esporte, ginástica, dança, luta, jogos populares, entre outros (p. 224).

    Esta pesquisa teve como questão norteadora: qual a visão dos alunos do terceiro ano do ensino médio sobre o componente curricular educação física? Justificou-se na tentativa de contribuir para um avanço na Educação Física escolar, visto que saber qual a percepção dos alunos sobre estas aulas, poderá contribuir para que o professor possibilite intervenções mais significativas e, consequentemente, mais produtivas. Entendemos que para a legitimação da Educação Física como componente curricular, é importante saber como ela vem sendo encarada, para que se possa repensar algumas posturas pedagógicas e contribuir assim para que a mesma não seja vista como um componente curricular pouco relevante.

Material e métodos

    Este estudo foi realizado no colégio Estadual Valmir Oliveira Gomes, da rede pública estadual, do município de Jitaúna BA. A população participante constituiu-se por educandos de uma turma do terceiro ano do ensino médio, no total de 31 alunos, tendo entre 15 e 21 anos de idade, sendo estes, 13 do sexo masculino e 18 do sexo feminino.

    Para a coleta de dados, foi aplicado um questionário semiestruturado, adequadamente preparado, para essa investigação, o qual foi respondido, por cada educando participante da pesquisa. Para a aplicação desse instrumento, primeiramente foi pedida a autorização do diretor, após o consentimento do mesmo, foi solicitado através de um termo de consentimento livre e esclarecido, autorização dos pais para que os alunos pudessem responder ao questionário, isso apenas para os menores. Os que já obtinham 18 anos assinaram seu próprio termo.

    Como procedimento, a princípio foi formulado um questionário, com oito questões, sendo elas apenas duas de múltipla escolha e as demais questões abertas, que foram respondidas por 31 estudantes e foram averiguadas subsequentemente à sua aplicação. Para averiguação dos dados, primeiramente foi feita uma analise das respostas, para posteriormente calcular os percentuais. Logo após, foi feita a interpretação desses dados. Para tanto, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo. As respostas foram analisadas seguindo a mesma ordem do questionário. Ao final foram feitas as considerações finais que demonstram de forma resumida e clara os resultados da pesquisa.

Resultados e discussão

    A primeira questão buscou saber qual formação o educando pretende seguir após terminar o ensino médio. Dentre os 31 alunos que responderam a esta questão, 22.6% optarão por cursar medicina; 12.9% disseram psicologia; 12.9% curso técnico, 9.6% pedagogia, 6.4% engenharia, e os demais, disseram: odontologia, educação física, cozinheiro e lutador profissional, todos esses com 3,2% cada. Tendo por base essas respostas, pode-se observar que a maior quantidade de alunos optará por cursar medicina; as demais respostas foram bastante variadas já que, a escolha de qual carreira seguir, está ligada a diversas influências e também a auto realização. Assim como afirma Malacarne (2007, p. 03):

    É importante considerar que a escolha profissional está condicionada às diferentes influências, entre as quais estão as expectativas familiares, as situações sociais, culturais e econômicas, as oportunidades educacionais, as perspectivas profissionais da região onde reside e as próprias motivações do sujeito. Se estes aspectos não são levados em consideração, pode haver frustrações profundas no indivíduo e na sua relação com o mundo do trabalho.

    A segunda questão buscou investigar se o educando considera a educação física importante para sua formação no ensino médio e o porquê. 87% responderam que sim, sendo que destes, 16 educandos justificaram que esta matéria contribui para adquirir conhecimentos sobre saúde e dois responderam que ela ensina conhecimentos anatômicos. Dentre os 13% dos estudantes que responderam não, foi consenso entre os mesmos a justificativa de que a matéria não contribuía, porque não havia aulas. Analisando as porcentagens, observa-se que há uma significativa parcela da amostra defendeu que a referida matéria contribui para adquirir conhecimentos sobre a saúde.

    A terceira questão buscou verificar se os educandos consideram a matéria Educação Física tão importante quanto aos demais componentes curriculares. Dos 31 alunos que responderam sim, 77% dos alunos a consideram tão importante quanto as demais disciplinas, sendo que todos estes justificaram que sua importância está em transmitir conteúdos sobre saúde. 23% responderam que a mesma não é importante, por não existirem aulas práticas da referida matéria. Diante das afirmações, tanto da questão numero um, quanto da questão numero dois, pode-se concluir que as aulas às quais esses educandos referem-se, abordam frequentemente conteúdos relacionados à saúde, pois eles relacionam o sentido da Educação Física a adquirir conhecimentos sobre saúde.

    Nahas (2011) expõe que o professor de educação física é também transmissor de conhecimentos sobre saúde, e este possui em seu papel a responsabilidade de ligar bases de uma alimentação saudável, a prevenção de doenças, conscientizar os educandos a adotar um estilo de vida saudável, com a responsabilidade pessoal de compreender, desejar e realizar em direção das respostas da junção orgânica e psicossocial. Menestrina (2000) reforça esta ideia dizendo que: “o intuito das aulas de educação física não devem ser imediatos ,mas sim um processo socioeducacional de natureza permanente”. Diante do exposto, mostra-se extremamente relevante que o professor de educação física trabalhe com conteúdos sobre saúde, ressaltando que para isso o mesmo deve estar a par desses conteúdos, priorizando um trabalho que conscientize os educandos a mudanças para um viver saudável. Não é o suficiente transmitir apenas esses conteúdos, torna- se válido que os educandos compreendam o que está sendo transmitido de modo que esse conhecimento o acompanhe também fora do âmbito escolar.

    É importante ressaltar que as aulas de educação física, podem e devem ir muito além de apenas transmitir conhecimentos sobre saúde. Essa é “uma das responsabilidades” desse profissional. A fala referente à questão numero 02 de um aluno do terceiro ano do ensino médio deixa transparecer que o sentido da Educação física, para ele, está muito restrito apenas à saúde:

    Só na questão de ter uma vida saudável (Aluno 31).

    Falar apenas de saúde, não é suficiente para contribuir para o crescimento de todas as dimensões humanas. Soares et al. (2012, p.43) cita que: “A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura corporal”. Sendo assim ainda de acordo Soares et al. (2012, p.43) os conteúdos deste componente curricular, surgem dos grandes temas da cultura corporal.

    São eles, numa ordem arbitrária: Jogo; Esporte; Capoeira: Ginástica e Dança. Cada um deles deve ser estudado profundamente pelo(s) professore(s), desde a sua origem histórica ao seu valor educativo para os propósitos e fins do currículo.

    Segundo os autores, esses conteúdos tem valor educativo, tem propósitos e fins dentro da escola. Tanto na questão dois, quanto na questão três, os alunos afrmam que nenhum desses temas estão sendo vivenciados nas aulas de educação física. Nos levando a concluir que, lamentavelmente, estes estão sendo negados.

    Na questão quatro foi feita uma pergunta com o objetivo de saber como o educando avalia as aulas de Educação Física que vivenciou no decorrer de todo o ensino médio. 29% a consideram regular; 19,4% boa; 9,4% muito boa; 6,4% ruim; 9,6% péssima, 22,5% excelente. Observando os dados, nota-se que as maiores porcentagens estão relativas a excelente e regular. Mas quando partimos para as questões seguintes, as respostas expressam que os educandos não estão satisfeitos com o que estar sendo vivenciado nas aulas. A questão de número cinco teve como objetivo saber se os educandos participam das atividades propostas nas aulas de educação física. Assim, 29% disseram que sim e justificaram que participam porque é necessária para melhoramento e manutenção saúde e importante para nota. 29% disseram que não, justificando que não gostam dos conteúdos e que os mesmos não tem nexo algum com a matéria; 42% expressaram que participam às vezes, justificando que não há aulas práticas de educação física, apenas ocorrem aulas teóricas.

    A questão seis perguntou ao educando como ele descreveria as aulas de educação física do primeiro ano agora que está no terceiro. 32 % dos alunos, responderam que eram boas, agora são ruins; 19,35% disseram que não houve evolução alguma; 19,3% responderam que antes tinham aulas práticas, hoje não tem; 6,4% responderam que nunca houve aulas; 3,2% disseram que não participam e não participavam e 19,3% não responderam. Averiguando as respostas das questões cinco e seis, podemos apontar alguns problemas de muita relevância, que podem comprometer um bom desempenho das aulas de educação física e consequentemente o desenvolvimento do educando, são esses: limitação de conteúdos (saúde), conteúdos sem nexo com a disciplina, falta de aulas práticas, distanciamento entre teoria e prática. As respostas de dois alunos, referentes à questão número seis, deixam transparecer um descaso bastante preocupante, recorrente nas aulas de educação física:

    Não tenho como descrever, porque nunca tiveram aulas completas (aluna 31 do terceiro ano).

    Não teve aula de educação física do primeiro ao terceiro ano (aluno do terceiro ano).

    Segundo Piccolo (1993, p. 13):

    O principal papel do professor, através de suas propostas, é o de criar condições aos alunos para tornarem-se independentes, participativos e com autonomia de pensamento e ação. Assim, poderá se pensar numa Educação Física comprometida com a formação integral do indivíduo. Dessa forma, pode-se enfatizar o papel relevante que a Educação Física tem no processo educativo. O que, na verdade, ameaça a existência desta disciplina nas Escolas é a sua falta de identidade. Ela sofre consequências por não ter seu corpo teórico próprio, isso é a informação acumulada é vasta e extremamente desintegrada por tratar-se de uma área multidisciplinar.

    Nesse sentido, mediante as respostas dos alunos as aulas de educação física, que eles vivenciaram e vivenciam certamente, em momento algum estavam ou estão preocupadas em um desenvolvimento integral, já que, o sentido que os alunos atribuem à matéria educação física está bastante restrito à saúde. É notório também, que os conteúdos abordados nas aulas, não estão despertando o interesse de boa parte dos alunos.

    O professor juntamente com a equipe pedagógica da escola, deve planejar atividades que despertem interesse do público alvo, realizando aulas que atendam às necessidades dos alunos e que estejam dentro dos conteúdos que a educação física dispõe. A prática pedagógica desta disciplina vai muito além de transmitir conteúdos. As propostas de atividades devem oportunizar ao aluno o movimentar-se, a se expressar, a explorar o seu corpo e o ambiente, de modo que possam contribuir para formação do caráter do aluno além dos muros da escola.

    Assim sendo, é imprescindível que o professor proporcione aos seus alunos atividades que permitam uma movimentação variada e exploradora do corpo e do próprio ambiente em que estão situados. Sempre adequados ao grau de desenvolvimento em cada etapa da vida escolar e faixa etária dando-lhes plena liberdade e espontaneidade de movimentos como saltar, correr, girar, arremessar, etc. Com vistas a permitir vários benefícios como desinibição para participação das aulas, descarga de agressividade, manutenção da saúde e até corrigindo equívocos de atitude.

    Uma nova postura deve ser tomada diante da realidade que foi posta pelos alunos, sobre a educação física escolar. Visto que as respostas dos alunos apontam uma regressão desta matéria, no decorrer do ensino médio, ou seja, ao invés de evoluir, a educação física para esses alunos regrediu, piorou a cada ano. Mas, segundo os alunos, outros problemas impedem a construção de vivências mais produtivas e principalmente de aulas praticas. A questão número sete, pode confirmar essa afirmação, quando lhes foi perguntado, quais os pontos positivos e negativos das aulas de educação física. As respostas foram: 22,5% dos alunos disseram que aulas práticas seriam os pontos positivos e aulas teóricas os negativos. 41% apontam, mais uma vez os conhecimentos sobre saúde como pontos positivos e falta de aulas práticas como negativo. 9,6% disseram que a professora seria o ponto positivo e a falta de espaço (quadra poliesportiva) e materiais seriam os pontos negativos. 9,6% falaram que não há pontos positivos e nem pontos negativos. E 13% responderam que a prática de esportes seria o ponto positivo e a falta dela, o negativo. Analisando as respostas, pode-se afirmar que os alunos reclamam sobre a estrutura física da escola e a falta de materiais que consequentemente impedem as aulas práticas, especificamente do esporte. Essa falta de estrutura, para alguns, está impossibilitando que a professora ministre aulas práticas, dando assim, para a mesma, como única possibilidade a execução de aulas teóricas, o que certamente está causando o desestímulo dos alunos em participar e se interessar por essas aulas.

    Beltrame & Moura (2009) afirmam que:

    O espaço escolar é fundamental para a formação do ser humano devendo ser elemento de atenção na relação dinâmica entre usuário e o ambiente, precisa estar em constante movimento de reestruturação, portanto, as questões pertinentes à interação entre espaço físico, atividades pedagógicas, comportamento humano devem ser consideradas prioritárias no processo de elaboração do projeto (Beltrame & Moura, 2009, p.4).

    Em algumas respostas à questão numero sete, podemos observar que os alunos apontam a falta de espaço e materiais como um dos empecilhos para a falta de vivências práticas.

  • Negativos: Por conta do colégio não tem um local apropriado para praticar as aulas de Educação Física (Aluno número 3).

  • Negativos: Não há uma área de educação física (Aluno número 18).

    As autoras Damazio e Silva (2008) em seu trabalho trazem à tona uma discussão político-pedagógica, no que se refere aos problemas nas estruturas nas escolas. Elas afirmam que:

    Acreditamos que as condições materiais (instalações, material didático, espaço físico) interferem de modo significativo nos trabalhos pedagógicos. Os esforços dos professores, por mais criativo que sejam e diante dos mais belos ideais educativos, podem fracassar, caso não encontrem espaços e condições materiais para concretização de seus planos de trabalho. (Damazio e Silva, 2008, p 10).

    Sendo assim ficou claro que a ausência de materiais pedagógicos e de uma infraestrutura adequada, interfere na prática pedagógica do professor de Educação Física. Conforme Bracht (2003, p. 39), “a existência de materiais, equipamentos e instalações adequadas é importante e necessária para as aulas de Educação Física, sua ausência ou insuficiência podem comprometer o alcance do trabalho pedagógico”.

Considerações finais

    Através dessa pesquisa buscou-se descobrir qual a percepção que os alunos do terceiro ano do ensino médio têm sobre a educação física. Segundo os dados, a maioria dos alunos percebem a educação física como um componente curricular que contribui estritamente, para adquirir conhecimentos sobre saúde e a manutenção da mesma. Foi percebido que nenhum outro conteúdo foi citado como vivenciado nas aulas. Os dados apresentam que problemas na infraestrutura da escola estão impossibilitando que as aulas práticas aconteçam. A falta de uma quadra poliesportiva e de materiais são apontados como principais empecilhos à realização das aulas. Dentre os conteúdos que deveriam ser trabalhados, os alunos se queixam apenas da falta do esporte na escola.Os demais conteúdos: jogo, a dança, ginástica e a capoeira não são citados em nenhuma das respostas. Os dados apontam que uma porcentagem relevante de alunos participa às vezes ou não participam das atividades propostas nas aulas. No entanto, nesta pesquisa foi concluído, que os alunos apresentam uma visão limitada em relação aos conteúdos da educação física e estão insatisfeitos com a infraestrutura que os impossibilitam de vivenciar aulas práticas, e retratam um desprazer em participar das aulas teóricas. Descrevem a realidade de uma educação física com muitos problemas e limitações,que impedem que o referido componente curricular seja vivenciado de modo satisfatório.

Bibliografia

  • Beltrame, M. B.; Moura, G. R. S. (2009). Edificações Escolares: Infra-estrutura Necessária ao Processo de Ensino e Aprendizagem Escolar. Travessias, Vol. 3, Nº 2.

  • Bracht, V. (2003). A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Caderno CEDES, ano XIX, nº 48, p.69-89, agosto.

  • Brasil. (2006). Linguagens, códigos e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 239 p. (Orientações curriculares para o ensino médio ; volume 1).

  • Damazio, M. S.; Silva, F. P. (2008). O Ensino da Educação Física e o Espaço Físico em Questão.Pensar a Prática, Vol. 11, Nº 2.

  • Freire, P. (2011). Educação como liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

  • Malacarne, V. et al. (2007). A escolha profissional e Ensino Superior: uma experiência a partir da educação de jovens e adultos. In: Anais da XIX Semana de Educação (pp. 01-10). Cascavel.

  • Menestrina, E.(2000). Educação Física e saúde. Ijuí, RS: Unijuí.

  • Nahas, M.V. (2011). Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceito e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf.

  • Piaget, J. (1994). A Linguagem e o Pensamento. Rio de Janeiro: Fundo da Cultura.

  • Piccolo, V. L. N. (1993). Educação física escolar: ser ou não ter? Campinas: Unicamp.

  • Soares, C. L. et al. (2012). Metodologia do Ensino da Educação Física (2ª ed.) São Paulo: Editores Associados.

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