efdeportes.com

Promovendo a reabilitação através de terapias 

assistidas por animais: um método lúdico e interdisciplinar

Promoviendo la rehabilitación por medio de terapias asistidas por animales: un método lúdico e interdisciplinar

Promoting rehabilitation through therapy for animal assisted: a playfulness and interdisciplinary method

 

*Acadêmica do Curso de Fisioterapia e Bolsista PIBEX-UNICRUZ

**Doutora em Educação – UNICRUZ – Professora do Curso de Mestrado

em Praticas Socioculturais de Desenvolvimento social

Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e Pedagógicos

***Mestre e doutora em Educação nas ciências

Professora Adjunta da Universidade de Cruz Alta

(Brasil)

Laura da Rosa Vidal*

laurinharvidal@hotmail.com

Aime Cunha Arruda*

aimecunha4@gmail.com

Carine Nascimento*

kaca_nascimento@hotmail.com

Vaneza Cauduro Peranzoni**

vaneza.cauduro@terra.com.br

Lia da Porciuncula Dias da Dias***

liapdc67@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No presente artigo, propomos analisar a eficácia das terapias assistidas por animais, Equoterapia e Cinoterapia, como método educacional e terapêutico, que utiliza o cavalo e o cão, respectivamente, a partir de uma abordagem interdisciplinar entre as áreas da saúde e educação, buscando o desenvolvimento global de pessoas com necessidades especiais atendidas pelo Centro de Equoterapia da Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas/UNICRUZ, no município de Cruz Alta-RS.

          Unitermos: Terapias alternativas. Necessidades especiais. Reabilitação.

 

Abstract

          In this paper, we propose to analyze the effectiveness of therapies assisted by animals, hippotherapy and Cinoterapia as educational and therapeutic method, which uses the horse and the dog, respectively, from an interdisciplinary approach between the fields of health and education, seeking overall development of people with special needs served by the Therapeutic Riding Center of Improvement School of Sargentos das Armas / UNICRUZ, in Cruz Alta-RS.

          Keywords: Alternative therapies. Special needs. Rehabilitation.

 

Recepção: 10/04/2016 - Aceitação: 07/09/2016

 

1ª Revisão: 24/08/2016 - 2ª Revisão: 04/09/2016

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes (EFDeportes.com), Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 220, Septiembre de 2016. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    As terapias assistidas por animais são indicadas para o tratamento de comportamentos indesejados, como medos, fobias, traumas (abuso sexual), saúde física, emocional, aprendizado intelectual e motor. O cavalo e o cão oferecem relevante apoio emocional, com um comportamento dócil e adestrado, proporcionando aos praticantes, momentos de tranquilidade, alegria segurança. Além disso, a presença do animal poderá diminuir a pressão sanguínea e o estresse, cativando o praticante e estimulando o psicológico e emocional.

    A Cinoterapia e Equoterapia são métodos terapêuticos e educacionais que utilizam o cão e o cavalo, respectivamente, a partir de uma abordagem interdisciplinar entre as áreas da saúde e educação. Os praticantes são atendidos pelo Centro de Equoterapia da Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas em parceria com a Universidade de Cruz Alta- UNICRUZ, no município de Cruz Alta- RS, onde desenvolvem atividades referentes à sua patologia.

    O presente estudo visa possibilitar através da Cinoterapia e Equoterapia um meio de socialização com bases pedagógicas e terapêuticas, por meio de interação entre o animal e a criança, otimizando o processo inclusivo. Além de oferecer esta terapia a comunidade, identificando praticantes que se adaptem a este tipo de tratamento, consolidando o Centro do EASA/UNICRUZ como um diferencial na formação acadêmica. Os atendimentos não têm custos para os praticantes e o projeto se mantem com doações e a parceria das instituições EASA e UNICRUZ.

    A Equoterapia utiliza o cavalo a partir de uma abordagem interdisciplinar entre as áreas da saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento global e a reabilitação de pessoas com necessidades especiais, dificuldades escolares e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, no qual o praticante desenvolve o controle postural, psicomotor, a força, o tônus muscular, a flexibilidade, aperfeiçoando o equilíbrio motor, tendo consciência do seu próprio corpo e dos movimentos que ele faz, pelo estímulo que o cavalo proporciona.

    Nesta esfera, o termo “praticante de equoterapia” se refere à “pessoa portadora de deficiência física e/ou com necessidades especiais quando em atividades equoterápicas” (ANDE-Brasil, 2004, p. 16).

    A equoterapia é descrita em vários estudos como meio para inclusão e desenvolvimento biopsicossocial do praticante de forma mediadora e complementar ao tratamento proposto pela medicina convencional, uma vez que, esta terapia oferece uma variedade de estímulos: visuais, auditivos, olfativos, táteis e cinestésicos.

    A Cinoterapia é uma terapia facilitada por cães, onde uma equipe multidisciplinar, das áreas da saúde e educação, usufrui deste instrumento como reforçador, estimulador e facilitador da reabilitação global dos praticantes. É um método que utiliza o cão como co-terapeuta durante as sessões, sendo acompanhadas por profissionais de múltiplas áreas, através do contato com o cão, possuindo uma pratica educacional e social, buscando a reabilitação e reeducação global de pessoas com necessidades especiais e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. A técnica de Cinoterapia age de modo auxiliar e multidisciplinar, promovendo ao praticante uma melhor socialização ao meio em que vive trabalhando o seu desenvolvimento integral.

    O cão aumenta as defesas dos praticantes, facilitando a ação terapêutica e pedagógica, usufruindo desta técnica que se constitui de resultados positivos, propondo as pessoas formas inovadoras de reabilitação. Proporciona uma melhora no estilo de vida do praticante e seu desenvolvimento biopsicossocial.

    Artigos em que estudam as terapias com auxilio de animais demonstraram que, os animais de estimação satisfazem várias das necessidades humanas como a saúde física, emocional, ao aprendizado intelectual e motor. As crianças que possuem um “bichinho” de estimação desenvolvem, rapidamente, habilidades cognitivas e emocionais no seu cotidiano. O animal incentiva e facilita à comunicação, responsabilidade e a convivência das crianças, além da coordenação motora, minimiza a ansiedade e motiva o indivíduo, entre outras ações.

    A terapia com auxilio de animais proporciona mudanças relativamente positivas e eficazes na melhora do indivíduo em diferentes quadros de patologias. Promove mudanças de quadros funcionais e, consequentemente, a melhora da autoestima e da qualidade de vida, contribuindo para relações sociais à medida que facilita o contato físico e verbal.

1.1.     Problema de pesquisa

    As terapias assistidas por animais podem ser eficazes na reabilitação, promovendo uma melhor qualidade de vida a comunidade?

1.2.     Objetivos

1.2.1.     Objetivo geral

    Oferecer as terapias assistidas por animais à comunidade, identificando pacientes/ praticantes que se adaptem a este tipo de tratamento, buscando conhecer os benefícios individuais de cada praticante, consolidando o Centro de Equoterapia da EASA/UNICRUZ como um diferencial na formação acadêmica.

1.2.2.     Objetivos específicos

  • Oferecer aos acadêmicos das áreas da saúde e educação uma formação diferenciada através de atividades práticas em equoterapia e cinoterapia.

  • Identificar na comunidade pacientes que necessitem deste atendimento com acompanhamento multiprofissional dos professores e acadêmicos da UNICRUZ.

  • Oferecer as terapias assistidas pelo cão e o cavalo, às pessoas com necessidades especiais das escolas municipais, estaduais, centros de atendimentos fisioterapêuticos e pedagógicos.

  • Oferecer tratamentos de saúde e psicopedagógicos baseados em atividades terapêuticas, buscando a inclusão social dos praticantes e considerável melhora na qualidade de vida destes indivíduos e da sociedade como um todo.

  • Estimular o desenvolvimento da linguagem e afetividade dos praticantes.

  • Promover a autonomia e socialização do praticante.

1.3.     Justificativa da pesquisa

    Buscamos através deste projeto, oferecer aos acadêmicos uma formação diferenciada, uma vez que poucos cursos da área da saúde e educação oferecem este tipo de conhecimento e prática acadêmica, demonstrando a preocupação da Universidade de Cruz Alta na qualificação dos profissionais que está formando. Também pretendemos desenvolver um trabalho em equipe interdisciplinar, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos praticantes de equoterapia e cinoterapia.

2.     Metodologia

2.1.     Tipologia da pesquisa

    A pesquisa caracteriza-se com um estudo exploratório e descritivo (Gil, 2002). É desenvolvida na Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas- EASA em parceria a Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ. Aplicando estudos de adaptação indireta e diretamente ao praticante, com o reconhecimento do animal, estimulando o desejo através de gravuras e brinquedos, reconhecimento do local onde será realizada a terapia e a aproximação ao animal. Após eles são motivados a desenvolver atividades com orientação do terapeuta, utilizando técnicas pedagógicas e terapêuticas. Os praticantes realizam uma vez por semana sessões com duração de trinta minutos. Na Cinoterapia a sessão é realizada através do contado do praticante com o cão, manipulando o animal, realizando circuitos pedagógicos. Enquanto que na Equoterapia, a sessão é realizada através da aproximação do praticante com o cavalo, é então, avaliada a melhor montaria, podendo adaptar o praticante aos diferentes tipos de andaduras seja ao passo, ao trote e galope, dependendo das limitações de cada praticante. O praticante realiza atividades de acordo com as necessidades apresentadas juntamente com o terapeuta. Participam de dez atendimentos ao total e recebem, então, alta.

2.2.     População e amostra

    A população compreende os alunos encaminhados por escolas, após serem selecionados de acordo com a ordem de inscrição e disponibilidade de horário, onde são atendidos durante 10 sessões, de acordo com avaliação da equipe e após passarão para uma lista de espera.

2.3.     Coleta dos dados

    A coleta de dados foi realizada através de relatórios de atendimentos, realizados após cada sessão, descritos pelo profissional que acompanhou a sessão, avaliando sua evolução.

2.4.     Análise dos dados

    A análise dos dados será através da evolução do praticante a partir da sua ficha de acompanhamento.

2.5.     Ética - aspectos éticos

    Para o atendimento a resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, considerando o respeito pela dignidade humana e pela especial proteção devida aos participantes das pesquisas científicas envolvendo seres humanos, nosso projeto tem a apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ.

3.     Análise e discussão dos resultados

    Nas terapias assistidas por animais, que realizamos no centro EASA/UNICRUZ é observado, em geral, à reabilitação física e mental de nossos praticantes utilizando o cavalo e o cão como instrumento de trabalho em uma abordagem interdisciplinar.

    Segundo o conceito de desenvolvimento neurológico, a reabilitação depende de reflexos posturais normais. O cavalo proporciona estes reflexos posturais através do desenvolvimento motor, estabilidade do tronco e equilíbrio postural, principalmente em praticantes com paralisia cerebral. Elas desenvolvem habilidades sensório-motoras e perceptivo-motoras, inclusive a melhora a função motora grossa através da hipoterapia. (Park, 2014).

    Conclusões semelhantes constataram a melhora da simetria da atividade muscular em crianças com paralisia cerebral espástica após equoterapia.

    A importância da utilização de exercícios proprioceptivos a fim de estimular a ativação de grupos musculares são funcionais durante a atividade com o cavalo para uma maior estabilidade do Core. Estimulando os músculos do Core, através da equoterapia, obtêm uma diminuição da incidência de dores lombares, uma melhora do equilibro e estabilização corporal durante a prática de exercícios físicos e melhora da qualidade de vida em geral do praticante (Peranzoni, Goi, Krabbe, Vidal, 2014).

    Praticantes com déficit de atenção com hiperatividade através das terapias assistidas por animais desenvolvem os seus Componentes Cognitivos, que são caracterizados pela capacidade do ser humano de manter e dirigir a atenção, usar a memória, a capacidade de abstração, na resolução de problemas, nas habilidades de organização, sequenciação e seriação. A ação cinética e dinâmica causada que o cavalo proporciona e a relativa contra-reação feita pela criança, se evidenciam com a necessidade de movimentos antecipatórios de orientação e de adaptação que envolve no sistema nervoso no nível neuromotor, no neuropsicológico e no nível das funções corticais superiores (Uzun, 2005).

    A Equoterapia promove a consciência do corpo (imagem e esquema corporal), aumenta a capacidade de decisão e previsão de situação (iniciativa própria), aumenta a autoconfiança e autoestima, facilita a integração sensorial, ensina a importância de regras como segurança e disciplina e promove sensação geral de bem estar (Motti, 2007).

    Enquanto que, na cinoterapia o cão é um ótimo co-terapeuta, pois não dá atenção à idade ou à habilidade física das pessoas, sendo que aceita as pessoas como são, sem qualquer preconceito. Com esta terapia, os praticantes sentem-se mais otimistas a realizar o tratamento, pois têm a noção de estarem no comando, já que quem dá a ordem aos animais são eles, havendo um aumento da segurança. Os benefícios evidentes, através da cinoterapia, são o fato de os praticantes se tornarem mais comunicativos.

    Pesquisas realizadas sugerem que as crianças que convivem com cães são mais afetivas, inteligentes, menos agressivas, tendem a possuir um melhor relacionamento social, entre outros benefícios decorrentes da interação entre a criança e o cão.

    O cão proporciona a melhora da autoestima em crianças deficientes e nas pessoas da 3ª idade, devido ao contato físico, despertando o senso de responsabilidade. Em relação aos idosos, pelo fato de cuidarem do animal, passam a se sentir úteis. A autora apresenta uma intervenção social importante quando cita a introdução de animais em asilos, como uma boa forma de recreação e sociabilização. Conclui que, o cão oferece um bom apoio emocional trazendo ao ser humano momentos de alegria. Os praticantes sentem-se mais dispostos a conversar com os animais, contando suas angustias e aflições, pois estes os retornam um olhar não julgador (Silva, 2014).

    O convívio das crianças com os cães proporciona uma comunicação recíproca que estimula um melhor desenvolvimento do respeito, companheirismo, e ainda a liberação de substâncias que podem beneficiar o organismo, como endorfina e adrenalina (Becker, Morton, 2003).

    O aprendizado através dos animais pode contribuir para a formação das crianças, inclusive no âmbito escolar, para que sejam mais preocupadas com preservação à vida de todos os seres vivos e o meio ambiente (Dotti, 2005).

    Os tempos frenéticos em que vivemos, os valores humanos podem ser esquecidos, é assim que, o vínculo com um animal pode desempenhar um papel importante na família. Cada pessoa sente uma ligação intensa com os animais, podendo demonstrar nossos valores. Com a prática, aprendemos a usar essas habilidades no relacionamento com os outros membros da família e com a sociedade. Um animal pode servir como refúgio emocional, um ouvinte paciente (Becker, Morton, 2003).

    Tanto nos humanos como nos animais, durante uma interação positiva de quinze minutos, ocorre uma mudança hormonal benéfica nas endorfinas beta, prolactina, dopamina e oxitocina. A liberação dessas substâncias não somente faz as pessoas felizes, mas também diminui o cortisol, hormônio do estresse (Dotti, 2005).

    As crianças com problemas de hiperatividade, ansiedades, traumas e inquietações em geral, encontram ajuda nos animais. Durante a terapia, a criança cria uma afeição com o animal, e consequentemente, ocorre à diminuição da ansiedade do praticante na hora de se abrir com seu terapeuta, em longo prazo, contar suas maiores aflições sem nenhum constrangimento. Quando a criança sofre algum trauma, ela se sente desconfiada e insegura em relação às pessoas, enquanto que na relação com o animal não. A criança se sente mais segura, pois o animal vai trazer esperança para que ela possa voltar a acreditar nas pessoas (Dotti, 2005).

    O pleno contato com a natureza favorece a sociabilidade, integrando o praticante, o cavalo, cão e a equipe envolvida, constituindo-se de um trabalho dinâmico, que inclui desde o vínculo afetivo com o animal, pois no momento da montaria e manipulação do animal estimula-se e desafia-se, levando ao aumento da autoconfiança, do autocontrole e da autoestima.

4.     Conclusão

    A terapia com animal tem possibilitado diversas conquistas implicadas no desenvolvimento integral dos praticantes, as quais têm sido mediadas por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de terapia produziu efeitos positivos no meio em que vive, estimulando os aspectos físicos, afetivos e sociais dos praticantes.

    A equoterapia e a cinoterapia apresenta-se hoje como uma possibilidade viável, próxima das comunidades e comprovadamente promotora de melhorias necessárias ao desenvolvimento saudável e equilibrado, considerando as potencialidades de cada indivíduo.

    Através da terapia com animais é possível solucionar dificuldades quanto à assimilação, a memorização ou processo cognitivo do praticante tais como: a psicomotricidade, ludicidade, disciplina, raciocínio lógico e perspectivas motoras sensoriais.

    Concluímos que, quando o ser humano e os animais estão juntos, são encontrados benefícios significativos, facilitando a relação terapêutica, buscando a codificação de diferentes experiências com os animais, de modo a aprender novas tarefas para auxiliar, onde as possibilidades se mostram infinitas, num projeto que está em permanente construção.

Bibliografia

Outros artigos em Portugués

www.efdeportes.com/

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 21 · N° 220 | Buenos Aires, Septiembre de 2016
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2016 Derechos reservados