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A visão de corpo, mídia e educação física dos acadêmicos do 

curso de Licenciatura em Educação Física no processo de formação

La visión del cuerpo, los medios de comunicación y la educación física de los 

estudiantes de la Licenciatura en Educación Física en el proceso de formación

The vision corps, media and physical education of academics of 

course of degree in Physical Education the process of formation

 

*Pós-Graduada em Atividade Física, Saúde e Sociedade

Universidade do Estado da Bahia - UNEB/DEDC-Campus XII

**Graduada em Licenciatura em Educação Física da Universidade

do Estado da Bahia- Campus XII

***Especialista em Educação Especial pela UNEB

(Brasil)

Príscylla Teixeira Lima*

pris_cylla_t_l@hotmail.com

Viviane Campos Lima**

vivianecampos1987@hotmail.com

Sebastião Carlos dos Santos Carvalho***

tiaocarvalho_1@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O estudo em questão se propôs analisar e comparar as visões de corpo, mídia e Educação Física dos acadêmicos ingressantes e concluintes do curso de Licenciatura em Educação Física no processo de formação. Para isso, realizou-se uma pesquisa de campo de caráter comparativo-qualitativo com dezesseis acadêmicos, sendo oito ingressantes e oito concluintes do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia - Campus XII. Como instrumento para coleta de dados foi utilizado um questionário contendo quatro questões abertas e sua interpretação se efetivou a partir da análise de conteúdo. Os resultados apontaram para uma perspectiva ainda fragmentada sobre a visão de corpo dos ingressantes, com relação aos concluintes, que mencionam discussões amplas e reflexivas a acerca das temáticas. Diante deste contexto, cabe então à Educação Física questionar o papel que vem assumindo na sociedade contemporânea, principalmente frente à idolatria e fragmentação do corpo, buscando entendê-lo com base em sua construção e manifestação histórica, cultural, estética, política e social.

          Unitermos: Corpo. Acadêmicos. Educação física. Formação.

 

Abstract

          The study in question was proposed to analyze and compare the corps of visions, Media and Physical Education freshmen students and graduates of the Bachelor's Degree in Physical Education in the training process. For this, we carried out a comparative-qualitative field research with sixteen academics, eight freshmen and eight graduates of the Bachelor's Degree in Physical Education from the University of the State of Bahia - Campus XII. As a tool for data collection was used a questionnaire with four open questions and his interpretation was effective from the content analysis.

The results pointed to a still fragmented perspective on corps view of freshmen, in relation to graduates, citing broad and reflective discussions about the issues. Given this context, it is the Physical Education curriculum component as school, question the role that has become in contemporary society, especially because of idolatry and fragmentation of the corps, trying to understand it based on its construction and event historical, cultural, social, aesthetic and political.

          Keywords: Corps. Academics. Physical education. Formation.

 

Recepção: 15/06/2016 - Aceitação: 07/09/2016

 

1ª Revisão: 29/08/2016 - 2ª Revisão: 03/09/2016

 

 
Lecturas: Educación Física y Deportes (EFDeportes.com), Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 220, Septiembre de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A atenção e os cuidados com o corpo foram se adaptando a mudanças de valores e interesses políticos, sociais e econômicos de acordo com os objetivos a serem alcançados em cada sociedade (Carvalho, 2001; Mugnaini, 2007). No Brasil, esse pensamento exerceu grande influência sobre a sociedade, onde a Educação Física foi vista como a “síntese perfeita da educação e da saúde”, colaborando para formar um indivíduo produtivo, robusto e saudável (Bracht, 1999). Posteriormente, ela serviu a preceitos militaristas (1930 a 1945), ao competitivismo voltando-se à técnica e ao desempenho (1964), e, a partir da década de 80 e 90, incorporou discursos das áreas humanas e sociais possibilitando a abertura de uma postura mais crítica, ou progressista, sobre o corpo e a própria Educação Física como elucidam Silva, Ludorf, Silva e Oliveira (2009). Para estes autores, a popularização das academias de ginástica e das atividades de fitness em fins dos anos 80 vinculou a Educação Física ao fenômeno do culto ao corpo. Este fato vem ganhando hoje cada vez mais destaque dentro da lógica de produção capitalista que evidencia a todo o momento, principalmente através do discurso midiático, a preocupação com a aparência corporal.

    Então, privilegia-se a aparência física como definidora da representação social da pessoa, “a busca por um corpo belo, esculpido e delineado, requisitos e atributos importantes para melhor aceitação social” (Nicolino, Wanderley & Oliveira, 2010, p. 439). Caso não alcançar-se este ideal propagado pelo discurso midiático contemporâneo, gera um sentimento de culpa, de irresponsabilidade, o que acaba justificando a utilização de inúmeros métodos de intervenção, sejam eles: implantes de silicone, anabolizantes, cirurgias a laser, exercícios físicos dentre outros, compõem hoje um arsenal que vem redimensionando-o numa velocidade espantosa, sobretudo mediante ao apelo da indústria cultural, que como um “polvo mutante”, cria novos braços e estratégias para a geração e a venda de bens de consumo, assim como a cooptação dos indivíduos a seus valores (Almeida et al, 2006).

    De acordo com Costa, Palheta, Mendes e Loureiro (2003, p.2), a indústria cultural é entendida como o conjunto de meios de comunicação tais como: o cinema, o rádio, a televisão, os jornais e as revistas, que compõem “um sistema poderoso para gerar lucros e por serem mais acessíveis, exercem um tipo de manipulação e controle social, ou seja, ela não só edifica a mercantilização da cultura, como também é legitimada pela demanda desses produtos”.

    Talvez, mas do que em qualquer outro momento histórico o corpo ocupa hoje uma posição de destaque no seio da sociedade sofrendo inegáveis influências da mesma, como assinala Medina (1991 p.91), "corpo virou fetiche, no modelo de sociedade em que vivemos o fetiche sempre vira mercadoria, é por aí que ele entra no mercado para ser consumido. O lócus deste discurso sobre o ‘corpo-saudável’ acompanha os interesses de um sistema adoecido”. Pois, no decorrer dos últimos anos na tentativa de torná-lo cada vez mais “independente” e mais “belo” vem ganhando um número de adeptos cada vez maior.

    Assim, cria se a todo instante necessidade de consumo dentro de uma cultura que privilegia a aparência física como definidora da “representação social do corpo”, e que incentiva a busca por um corpo “belo”, esculpido e delineado, apontado como o “ideal” como sinônimo de saúde e de uma melhor aceitação social. Diante deste contexto, a graduação de Educação Física deve constituir-se em um espaço que oportunize aos discentes a compreensão crítica e o questionamento a essa “idolatria” narcisista de corpo; à Educação Física entendida como produtora de saúde vinculada socialmente na contemporaneidade.

    Sendo assim, a pesquisa se propôs analisar e comparar as visões de corpo, mídia e Educação Física dos acadêmicos ingressantes e concluintes do curso de Licenciatura em Educação Física no processo de formação.

Métodos

    O presente estudo está fundamentado em uma pesquisa direta de campo de cunho comparativo - qualitativo. A pesquisa de campo é “aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar,” (Lakatos & Marconi, 2003, p.186). Enquanto a pesquisa qualitativa procura entender os fenômenos que empregamos no nosso dia - a - dia, na perspectiva dos participantes estudados (Neves, 1996).

    Como instrumento para levantamento dos dados utilizou-se o questionário por entender que o mesmo deixaria os participantes da pesquisa mais livres para explanarem suas opiniões. O roteiro foi elaborado pelas autoras a partir do diálogo com a literatura. O mesmo conter quatro questões abertas, com pontos referentes ao objetivo do estudo.

    Procedeu-se, então, à coleta dos dados, através da aplicação de questionários a dezesseis acadêmicos, sendo distribuídos de forma aleatória com adesão voluntária, para oito ingressantes e oito concluintes do Curso de Licenciatura em Educação Física, da Universidade do Estado da Bahia – Campus XII – Guanambi, com a população de cinquenta ingressantes e quarenta e dois concluintes.

    Somente responderam aos questionários aqueles que consentiram em participar da pesquisa, conforme as diretrizes éticas para esse tipo de estudo. A aplicação dos questionários ocorreu nas salas dos ingressantes e concluintes, com termo autorização institucional da universidade.

    A interpretação dos dados se efetivou a partir da análise de conteúdo, mediante o estabelecimento de três temáticas: Concepção de corpo, Visão de corpo pela sociedade e Trato com corpo pela Educação Física. Vale ressaltar, que as respostas de todas as questões foram agrupadas de acordo com as temáticas, sendo analisada a partir dos critérios de repetição e de relevância (Turato, 2003).

    A análise do conteúdo segundo Bardin (1977 citado por Gil, 2006) compreende três fases: a pré-análise (organização), exploração do material (administrar as decisões tomadas na pré-análise) e tratamento de dados, inferência e interpretação (tornar os dados válidos e significativos).

Análise dos dados

Concepção de Corpo

    Na primeira questão, o objetivo era saber qual a sua concepção de corpo, os ingressantes relacionaram – o de tal forma:

    Corpo é um conjunto de membros, formados por células que em conjunto formam essa estrutura física chamada corpo físico e em suas demandas, se divide em físico (órgãos e membros) e psíquico (mente) capaz de pensar e agir com autonomia (ingressante 1).

    É todo o meio físico que constitui o meu eu. Na visão de mundo o corpo seria uma espécie de embalagem de produto, ele sendo bonito, terá uma influência positiva sobre o todo (ingressante 8).

    Percebe se nos depoimentos acima, que os ingressantes possuem visões muito superficiais sobre a referida temática, que o veem apenas como um conjunto de estruturas que formam um físico, e um ser psíquico onde prevalece a outra parte constituída pela mente. É notório que o discurso midiático está presente tornando corpos humanos em meros objetos. Compreensões essas vindas do histórico dualismo corpo-alma e corpo-mente que para Romero (2005, p. 37 apud Silva; Ludorf; Silva & Oliveira, 2009) é a partir dele “que a civilização se faz e se impregna de divisões. Divisões essas nitidamente presentes na Educação Física de hoje”.

    De acordo com Silva, Ludorf, Silva e Oliveira (2009), o corpo nesse contexto, é considerado como “corpo à parte”, um simples suporte do indivíduo, um objeto dissociado do homem, uma estrutura possível de ser modificada, cujas peças podem ser substituídas.

    Diante da mesma questão os concluintes mencionaram:

    O corpo não é somente um pedaço de carne que se move, somos corpos pensantes, dotados de sentimentos, emoções, expressões e dores (concluinte 1).

    Corpo sujeito, que possui características individuais. Diferentes do corpo objeto massificado pela sociedade (concluinte 2).

    Hoje tenho entendimento que o corpo tomou denotações diferentes ao longo da história, onde não é um objeto “escravo da mente”, mas sim eles correlacionam-se (concluinte 6).

    Pode ser constatado que os concluintes possuem uma maior maturidade ao tratar do tema proposto, visto que os mesmos deixam de lado o discurso midiático e partem para discussões mais aprofundadas adquiridas ao longo da vida acadêmica, cujo corpo deixa de ser apenas estruturas e ganha denotações diferentes. Como elucida Medina (1990, p.24) o “corpo é o próprio homem e como tal não pode ser somente um objeto, mas sim o sujeito, o produtor e o criador da história.” No decorrer dos séculos essas concepções sobre corpo foram construídas, além dos mesmos ser transformado em objeto manipulável pela produção capitalista que evidencia a todo o momento, principalmente através do discurso midiático.

    Depois de confrontarmos as respostas foi observado a falta de uma visão mais ampliada e argumentos para uma discussão mais elaborada por parte dos ingressantes. Diante das concepções de corpo os concluintes conseguem criticar e discutir os conceitos sobre corpo veiculados pela mídia, devido a sua trajetória dentro do curso que proporcionou uma reflexão acerca da Educação Física.

Visão de Corpo pela sociedade

    Com base na questão quais os modelos de corpo perfeito veiculados pela mídia, foi possível averiguar que todos os ingressantes participantes da pesquisa conseguiram perceber e fizeram críticas à imposição, pela mídia, de um ideal de corpo a ser atingido, e, a transformação dele pela sociedade, em mercadoria a ser consumida, como se verifica nas falas abaixo:

    Para a mídia, “corpo perfeito” é um corpo bem definido para homens e mulheres, com formas estruturais, magros e definidos. Se não estamos dentro dos padrões tidos como “corpo perfeito,” recebemos críticas influência na auto-estima, no comportamento, é uma imposição injusta que acaba por envolver a maioria das pessoas (ingressante 1).

    A mídia divulga um produto, que imediatamente se expande por toda a sociedade. A idéia de corpo perfeito se torna pelo exterior: seios perfeitos, sem gorduras, a beleza estética e mais importante do que a saúde. O modelo imposto pela mídia tornar-se referencial e obrigatório, de certa forma, á todos (ingressante 2).

    Os modelos de corpo veiculado pela mídia e um corpo bem definido, isso acaba prejudicando a construção da imagem corporal, que tenho em mente, onde as pessoas buscam a perfeição a cada dia, e colocando sua saúde em risco, para agrada a sociedade e ser aceita por ela (ingressante 5).

    Diante da mesma temática os concluintes relatam:

    A mídia coloca como “corpo perfeito” aquele corpo magrinho com belas curvas, bumbum empinado, pernas torneadas, enfim um corpo malhado. Esses modelos de “corpo perfeito” não interfere em nada na construção da minha imagem corporal por que sou feliz com o corpo que tenho e ele não está dentro dos padrões que a mídia e os centros de treinamento estabelecem não to nem aí pra isso se to feliz com meu corpo é isso que importa (concluinte 5).

    O corpo perfeito vinculado pela mídia se configura em um corpo objeto, onde o mesmo deve seguir os parâmetros de medidas voltados a um corpo magro (concluinte 7).

    Além das visões e constituições estabelecidas e postas pela mídia. Em busca do corpo perfeito através da estética e está necessariamente não se coloca vinculada a melhora qualidade de vida, da saúde, do bem-estar, e sim a formação de um corpo belo, robusto (concluinte 8).

    A mídia estabelece um padrão de corpo perfeito de homens e mulheres, com formas estruturais de músculos a mostra. Além de divulgar seu produto de bens de consumo, que auxiliam na busca de um corpo ideal, com o intuito de formar um corpo único como elucidam Nicolino, Wanderley e Oliveira (2010, p.439), que “a busca por um corpo esculpido e delineado, requisitos e atributos importantes para melhor aceitação social”, onde não alcançar este ideal propagado pelo discurso midiático contemporâneo, gera um sentimento de culpa, de irresponsabilidade, o que acaba justificando a utilização de inúmeros métodos de intervenção, sejam eles exercícios físicos, cirurgias a laser, implantes, silicone, anabolizante e medicamentos.

    Foi notado nas falas dos ingressantes, que os modelos de corpo perfeito na construção da imagem corporal influenciam os mesmos, de tal modo que passam a ver como modelo de corpo a ser seguido, mesmo tendo em mente a sua própria imagem corporal. Com relação aos concluintes estão satisfeitos com seu próprio corpo, demonstrando nas respostas pouca influência em suas vidas a partir do veículo midiático em questão. Além de relatarem a preocupação com o corpo voltado para melhor qualidade de vida, a saúde e o bem estar.

Trato com o Corpo pela Educação Física

    Após o ingresso no curso, apenas três ingressantes relataram que sua compreensão sobre corpo mudou com pouco tempo como universitário. Veja nas falas abaixo:

    Antes eu pensava que apenas pessoa com um tipo corporal bem definido poderia ingressar e exercer essa profissão de educador físico, e agora vejo que não (ingressante 1).

    Acreditava que só era saudável aquele que era musculoso. Mais entrei em contanto com outras realidades e chequei ao ponto de que o corpo não é um produto, mais sim, um bem nosso (ingressante 3).

    Agora eu reflito sobre o que é corpo. Com pouco tempo como universitário, já pude percebe dimensões de corpo que nunca havia pensado antes (ingressante 4).

    Ao serem questionados de que forma o corpo deve ser tratado pela Educação Física, os ingressantes mencionaram:

    Devem ser tratados de forma inclusiva, visando à melhora na qualidade na vida das pessoas, fazendo com que as pessoas mudem essa visão de que “corpo perfeito” é aquele bem definido, mas sim um corpo saudável (ingressante 1).

    A educação física busca educar o corpo, fazer dele saudável, a postura, a força, a agilidade, o bem estar do corpo (ingressante 3).

    Que o corpo, o belo e a saúde, tendem agir juntos um depende do outro (ingressante 2).

    É possível identificar nas falas acima, que ainda há ranços de uma visão de Educação Física com ideais higienistas que tinham como finalidade moralizar a sociedade, melhorar e regenerar raças (Coletivo De Autores, 1992).

    Outra resposta mencionada pelo ingressante (7) é que a Educação Física deve abordar o corpo em toda sua totalidade. Ainda percebe-se certa dicotomia no entendimento que o mesmo tem sobre o corpo:

    A Educação Física deve ser tratada em toda sua totalidade “corpo e mente” (ingressante 7).

    Após o ingresso no curso as compreensões sobre o corpo dos concluintes mudaram em relação aos novos conhecimentos, que são oferecidos, discutidos, levando-os a possuírem novas visões em termos de concepções e percepções de corpo, passado adquirir um senso crítico mais amplo e reflexivo. Veja:

    Pude perceber com o curso que o corpo é mais que um objeto ele se torna um sujeito a partir no momento que se percebe no mundo como se pensante (concluinte 1).

    Após o ingresso no curso passei a ter uma visão mais ampla em relação ao corpo. Entender como esse corpo é vinculado pela mídia foi construído, e compreender melhor a concepção de corpo (concluinte 7).

    Impossível não mudar, pois novos conhecimentos são oferecidos, discutidos e novas percepções são feitas, observadas, e diante disso a compreensão sobre corpo é formada e também desenvolvida (concluinte 8).

    Os concluintes mencionam respostas com conceitos diferenciados de como corpo devem ser tratado pela Educação Física. Veja nas falas abaixo:

    O corpo sofreu denotações diferentes através da história. Esses corpos históricos criaram elementos que foram passados por gerações, tais elementos são considerados os elementos da cultura corporal que foi produzido historicamente pelo homem devem ser acessíveis para os outros homens. A Educação Física tem o papel de disseminar de maneira pedagógica esses elementos da cultura corporal (concluinte 6).

    A Educação Física por ser o principal elemento em que tem o “movimento” como principal foco, acaba por vincular-se integralmente ao corpo imparcial do individuo. Devendo ser tratado e discutido com características, distinções de ser para ser, sem parcialidade física e psicológica, sempre posta pela sociedade, principalmente pelo produto da mídia (concluinte 5).

    Como corpo que fala, transmite, deve ser considerado como tal, sem preconceitos, restrição independente de qualquer situação. E como professores deveram tratar a concepção de corpo na escola, de forma que os alunos possam discutir a analisar de forma critica (concluinte 2).

    O concluinte (6) faz uma discussão ampla sobre o corpo, desde Antiguidade até Contemporaneidade. Durante esses períodos o mesmo foi adaptando a mudanças de valores e interesses políticos, sociais e econômicos de acordo com os objetivos a serem alcançados em cada sociedade (Carvalho, 2001; Mugnaini, 2007).

    Foi verificado nos relatos dos ingressantes uma visão de Educação Física com ideais higienista, além de certa dicotomia no entendimento sobre o corpo. E os concluintes trazem argumentos coerentes acerca do tema.

Conclusões

    O estudo visou a analisar e comparar as visões de corpo, mídia e Educação Física de acadêmicos ingressantes e concluintes do curso de Licenciatura em Educação, equiparando seus conhecimentos ao longo do processo de formação.

    Os resultados obtidos ao final da pesquisa estabeleceram uma relação com o objetivo inicialmente estipulado pelo estudo. Foi satisfatório, encontrando dificuldade apenas na coleta de dados já que alguns acadêmicos não responderam algumas questões propostas no questionário.

    Durante os relatos foi perceptível que os ingressantes possuem visões fragmentadas no que se referem ao corpo, como: estruturas físicas e psíquicas, deixando prevalecer à dicotomia e respaldam muito em discursos midiáticos, não tendo maturidade para o discernimento, também pelo fato de ter curto espaço de tempo de ingresso no curso. Com relação aos concluintes que já passaram por uma série de discussões amplas e reflexivas ao longo da vida acadêmica, garantindo maturidade acerca do tema, deixando de lado essa dicotomia que tanto prevalece nas falas dos ingressantes e vendo o corpo em toda sua totalidade, sabendo que não é possível dividi–lo, visto de maneira mais ampla, não apenas como físico, mas o corpo toma denotações ao longo de toda a sua historia e ganha aspecto total, a mídia já não ganha mais tanto status, isso são reflexos de uma trajetória dentro da universidade que traz maturidade, discernimento e reflexão para esses acadêmicos.

    Vale ressaltar, que o curso contribui muito para a formação, trazendo pensamentos e reflexões, desmistificando o que a sociedade acredita, dando aos graduandos condições de tecer discussões mais aprofundadas, questionar e repensar criticamente as visões de corpo presentes nesta área e a quem ou quais interesses ela serviu e vem servindo.

    Abstrai-se da pesquisa um importante papel da Educação Física questionar o papel que vem assumindo na sociedade contemporânea, principalmente frente à idolatria e fragmentação do corpo, buscando entendê-lo com base em sua construção e manifestação histórica, cultural, estética, política e social.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 21 · N° 220 | Buenos Aires, Septiembre de 2016
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