Análise da prática clínica fisioterapêutica baseada em evidências Análisis de la práctica fisioterapia clínica basada en la evidencia Analysis of clinical practice evidence-based physiotherapy |
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*Educador Físico, Doutorando em Ciências da Saúde Monitor na disciplina Produção de Informação em Saúde no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade de Brasília – UnB **Fisioterapeuta, Mestranda em Ciências da Saúde, Discente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade de Brasília – UnB ***Enfermeira. Acadêmica de medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás *******Educador Físico, Pós Doutor em Ciência da Motricidade Humana Professor Titular no Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (Brasil) |
André Ribeiro da Silva* Heula Áurea Alves Amorim Miranda** Denismar Borges de Miranda*** Linconl Agudo Oliveira Benito**** Cássio Murilo Alves Costa***** Silvia Emanoella Silva Martins de Souza****** Jônatas de França Barros******* |
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Resumo A prática baseada em evidências trás a possibilidade de serem criados novos protocolos de tratamento que alcancem a melhora dos pacientes. Essa prática faz com que o profissional passe a refletir, a buscar definições, avaliar as críticas e os resultados, para que ele possa aplicar em seus pacientes o tratamento de forma mais segura e eficaz. Este estudo tem como propósito oferecer subsídios que permitam reflexões para a elaboração ou utilização de revisões integrativas no cenário da saúde e da fisioterapia. Uma revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica. É possível observar um aumento considerável no número de informações sobre a eficácia de intervenções em fisioterapia, por isso há a necessidade de se ter uma base de dados específica para estudos que investigam a eficácia de intervenções em fisioterapia, unificando assim as informações e permitindo com haja uma padronização entre os estudos intervencionais. Unitermos: Fisioterapia. Evidências. Tratamento.
Abstract Evidence-based practice brings the possibility of creating new treatment protocols that achieve the improvement of patients. This practice makes the professional pass to reflect, to look for definitions, assess critical and results, so that it can apply to their patients treatment more safely and effectively. This study to provide subsidies that allow reflections to the development or use of integrative reviews in health and physical therapy setting. An integrative review includes relevant research analysis to support decision making and improve clinical practice. You can see a considerable increase in the number of information on the effectiveness of interventions in physical therapy, so there is the need to have a specific database for studies investigating the effectiveness of interventions in physical therapy, thus unifying information and allowing to there standardization among interventional studies. Keywords: Physiotherapy. Evidence. Treatment.
Recepção: 11/02/2016 - Aceitação: 28/07/2016
1ª Revisão: 17/07/2016 - 2ª Revisão: 24/07/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 219, Agosto de 2016. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
Uma evidência científica é o conjunto de elementos utilizados para suportar a confirmação ou a negação de uma determinada teoria ou hipótese científica. Para que haja uma evidência científica é necessário que exista uma pesquisa realizada dentro de preceitos científicos - e essa pesquisa deve ser passível de repetição por outros cientistas em locais diferentes daquele onde foi realizada originalmente (Stetler et al, 1998). Atualmente, tem-se a ideia de que o estado de saúde é uma função dinâmica dentro dos indivíduos. E baseado no fato que na fisioterapia o volume de conhecimento é crescente (Van Meeterenn & Helders, 2000).
As teorias socio-cognitivas permitem explicar os fatores que influenciam os comportamentos dos profissionais de saúde. Estas consistem em teorias onde as cognições individuais e os pensamentos são encarados como processos de intervenção entre estímulos e respostas observáveis em situações do mundo real (Godin, Bélangergravel, Eccles, & Grimshaw, 2008). Segundo a revisão sistemática desenvolvida por Godin et al. (2008), a teoria do comportamento planejado constitui a teoria mais utilizada para explicar os comportamentos em saúde, sendo que a intenção e as crenças sobre as capacidades constituem variáveis que permitem prever o comportamento.
A demanda por qualidade máxima do cuidado em saúde, combinada com a necessidade de uso racional de recursos tanto públicos quanto privados, tem contribuído para aumentar a pressão sobre os profissionais da área no sentido de assegurar a implementação de uma prática baseada em evidências científicas (Filippin & Wagner, 2008). O movimento da “Medicina baseada em evidência” (MBE) surgiu na década de 1980 e foi David L. Sackett um dos principais idealizadores deste movimento (Sackett, et al 1996).
A “prática baseada em evidência” (PBE) iniciou mais tarde, nos meados da década de 90, atualmente dispõe de centros onde se estuda e avalia pesquisas na área como o “Centre for Evidence Based Physiotherapy” (CEBP) um centro online onde o profissional dispõe de guidelines, artigos e importantes links para pesquisa (Centre for Evidence Based Physiotherapy, 2008).
Um dos propósitos da Prática Baseada em Evidências (PBE) é encorajar a utilização de resultados de pesquisa junto à assistência à saúde prestada nos diversos níveis de atenção, reforçando a importância da pesquisa para a prática clínica (Silveira, Mendes & Galvão, 2008). É uma referência de excelência que orienta as decisões clínicas, a integração da própria experiência, com experiência e paciente preferências dos outros, uma forma de melhorar a prática médica e limitar a variabilidade e os erros criados quando não há nenhuma evidência para identificar o padrão-ouro e diferenciar entre alternativas disponíveis (Sisodia & Kumar, 2013).
As práticas baseadas em evidências não se restringem a tomada de decisões (Herbert et al., 2001). As evidências são extremamente necessárias no ensino em Fisioterapia para modificar o sistema com segurança e eficiência (Ricieri, 2002).
Os níveis de evidência são hoje utilizados como um norteador para classificar a qualidade dos estudos realizados na área da saúde. A qualidade da evidência pode ser categorizada em três níveis (nível I - evidência forte de, pelo menos, um estudo randomizado, controlado, de delineamento apropriado e tamanho adequado; nível II - evidência de estudos bem delineados sem randomização, coorte ou caso-controle; nível III - opiniões de autoridades respeitadas) (Chambers, 1997 & Grimes, Schulz, 2002).
“A competência clínica do profissional e as preferências do cliente/paciente são aspectos também incorporados nesta abordagem, para a tomada de decisão sobre a assistência à saúde” (Galvão, Sawada & Mendes, 2003). Segundo as mesmas autoras, a qualidade da evidência é um aspecto crucial na prática, o profissional de saúde deve ser capaz de fazer julgamentos reconhecendo o bom e o ruim; saber a força e fraquezas para poder generalizar a evidência; avaliar e utilizá-la criticamente, não tomá-la com absoluta confiança.
As capacidades específicas dos profissionais, tais como a falta de competências na pesquisa de evidência, bem como a falta de capacidade para avaliar criticamente um artigo revelaram-se obstáculos à implementação da PBE (Diermayr et al., 2015; ScurlockEvans et al., 2014; Silva et al., 2015).
A melhor evidência sobre os efeitos da terapia é fornecida por estudos randomizados ou de revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados (National Health and Medical Reserach Council, 2000). A prática baseada em evidências não significa que as decisões clínicas devem ser feitas com base em investigação clínica. Proponentes baseadas em evidências de saúde têm enfatizado que as provas apresentadas pela investigação clínica devem complementar os outros tipos de informações, tais como informações sobre as necessidades dos pacientes individuais e preferências específicas (Sackett et al, 2000; Greenhalgh, 1999).
Os profissionais de saúde são esperados para a prática baseada em evidências. Consequentemente, os alunos de graduação em saúde precisam ser confiantes nos conhecimentos necessários, habilidades e atitudes de PBE. Estudantes da saúde deverão ser profissionais com base em provas competentes, quando se formarem na clínica e no ambiente acadêmico em geral, os mesmos precisam colaborar para garantir que os instrutores clínicos se tornem competente em PBE (Olsen, Bradley, Lomborg & Nortvedt, 2013).
De acordo com Bosi (2014), as práticas clínicas baseadas em evidências não buscam somente a soberania científica, ou cercear esses profissionais no exercício de sua capacidade clínica. Visam contribuir para a qualidade do atendimento clínico por meio de ações de formação continuada desses profissionais, tais como:
identificar e compilar os melhores estudos;
aprender como fazer a avaliação crítica da literatura disponível;
disponibilizar essas evidências em bases de dados eletrônicas.
Assim, uma revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, o que possibilita a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Métodos de pesquisa dessa forma permitem a junção de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo (Silveira, Mendes & Galvão, 2008).
Em específico, estudos da fisioterapia baseada em evidências, é o elemento central da fisioterapia moderna, pois tem crescido muito o número de pesquisas, uns com qualidades metodológicas heterogêneas, outros com a evolução de novas pesquisas e aplicação de intervenções científicas eficazes para os pacientes receberem tratamentos e reduzirem os custos de saúde em geral.
Desta forma, é possível observar um aumento considerável no número de informações sobre a eficácia de intervenções em fisioterapia e não há previsão para redução desse crescimento, uma vez que o número de estudos relacionados à eficácia de intervenções dobra a cada três anos e meio. Para tal revelação supracitada, existe uma base de dados específica para estudos que investigam a eficácia de intervenções em fisioterapia, unificando assim as informações e permitindo com haja uma padronização entre os estudos intervencionais, a PEDro (Physiotherapy Evidence Database), (Shiwa, Costa, Moser, Aguiar & Oliveira, 2011).
Desse modo, o presente estudo tem como propósito oferecer subsídios que permitam reflexões para a elaboração ou utilização de revisões integrativas no cenário da saúde e da fisioterapia.
Métodos
Trata-se de uma revisão integrativa, que é um método de pesquisa utilizado no âmbito da Prática Baseada em Evidências, envolvendo a sistematização e publicação dos resultados de uma pesquisa bibliográfica em saúde para que possam ser úteis na prática, acentuando a importância da pesquisa científica para fundamentar a prática profissional (Silveira, Mendes & Galvão 2008).
Foram realizadas pesquisas na base dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e PubMed, no mês de janeiro de 2016. A estratégia para a pesquisa foi cruzar a descrição: fisioterapia baseada em evidências (encontrado 07 artigos); evidências em fisioterapia (encontrado 29 artigos), ambas as palavras-chave para a pesquisa realizada pelo SciELO. Ao pesquisar o portal do PubMed, as palavras usadas foram: evidence in physiotherapy Practice (encontrado 245 artigos, sendo analisado até o artigo de número 100).
Para a inclusão, foram aceitos artigos que descreviam informações sobre a prática clínica da fisioterapia em geral baseadas em evidências. Foram excluídos os artigos que apresentavam prática clínica e/ou protocolos de tratamento da fisioterapia baseados em evidências para patologias específicas. Em geral, com os cruzamentos de palavras para embasamento deste estudo e a filtragem para os critérios de inclusão, foi possível encontrar 07 artigos do SciELO, e 08 artigos localizados no PubMed, compreendidos entre 2007 e 2016.
Prática clínica
Por muito tempo, as informações literárias da saúde baseavam-se apenas em livros e revistas de acervos bibliotecários, que muitas das vezes já estavam desatualizados as informações e desenvolvia nos profissionais da saúde uma característica marcante de receitas de bolos, sem permitir que ao menos eles tomassem decisões (diagnóstico/tratamento) para os casos que viriam surgindo ao longo de suas carreiras.
A Prática Baseada em Evidências tem uma perspectiva mais ampla que engloba os pontos de vista dos pacientes e baseado na experiência do conhecimento dos clínicos para a tomada de decisão clínica ao lado do papel de evidências de pesquisas (Peolsson, Nilsen & Dannapfel, 2013).
Hoje é possível ser observada o grande passo que foi dado em relação à liberdade da informação, diagnóstico e tratamento. A prática clínica está intimamente alicerçada em pesquisa e cada vez mais os profissionais se interessam por pesquisa e seus resultados; eles desejam obter os melhores diagnósticos e tratamentos no objetivo de alcançar a melhor forma para que o paciente se recupere e tenha a melhor qualidade de vida possível, mesmo com as suas limitações. Para (Sisodia & Kumar, 2013), as provas para intervenções de cuidados paliativos através de artigos publicados permitem aos médicos e profissionais de saúde para compreender, avaliar, interpretar e implementar resultados atuais em situações práticas. Em especial, os fisioterapeutas dispõem de um grande arsenal de opções terapêuticas que transformam a tomada de decisão clínica em um ato extremamente complexo, mediante a recorrência de pesquisas desenvolvidas por eles mesmos ou por outros pesquisadores.
Pesquisa em cuidados paliativos tem crescido aos trancos e barrancos que se reflete na qualidade e quantidade de artigos publicados em revistas e jornais (Sisodia & Kumar, 2013). No entanto, por mais que a prática clínica baseada em evidências surgiu com o intuito de guiar as questões clínicas para reduzir o grau de incerteza na tomada de decisão (Versiani, Peccin & Martimbianco, 2013), e de acordo com Dornelas & Dean (2008), em comparação com a prática baseada em evidências, com o apoio do uso de determinadas intervenções, a prática em uso pela sociedade contemporânea considerando as prioridades de Saúde se mostra atrasada nas últimas décadas.
Como foi exposto por Versiani, Peccin & Martimbianco (2013), nos últimos anos, a fisioterapia tem sido necessária numa variedade de áreas de saúde, o que deixa claro a necessidade de comprovação científica sobre a eficácia dos diferentes tipos de tratamento utilizados no processo de reabilitação. Portanto, é extremamente importante para mapear a situação relativa à evidência científica dentro de fisioterapia.
Estudos sistemáticos
As revisões sistemáticas, as diretrizes de prática clínica e os estudos controlados aleatorizados (ECAs) na área da fisioterapia, ainda são considerados as melhores fontes de evidência para avaliar o efeito de uma determinada intervenção, se os tratamentos são eficazes ou não. Sugere-se que esses estudos devem sempre ser escolhidos para auxiliar fisioterapeutas em suas tomadas de decisão clínica (Shiwa, Costa, Moser, Aguiar & Oliveira, 2011). Portanto, é necessário que o fisioterapeuta saiba avaliar, estabelecer o diagnóstico e o prognóstico fisioterapêutico para depois selecionar intervenções e realizar reavaliações.
Em oposição ao trabalho gigantesco de antes, de garimpo nas bibliotecas, hoje os meios eletrônicos organizam as informações e facilitam o acesso à informação desejada por meio de bases de dados. Os níveis de evidência são hoje utilizados como um norteador para classificar a qualidade dos estudos realizados na área da saúde (Peccin & Marques, 2005).
Mediante as informações supracitadas, é importante lembrar que a melhor evidência não é imutável, elas podem sofrer mudanças de produção, através de novos estudos de melhor qualidade. Pode se reconhecer que os ensaios clínicos randomizados são o tipo mais adequado de estudo para provar se uma determinada intervenção é eficaz, no entanto, os resultados são muitas vezes insuficientes para fornecer uma resposta clara para a questão clínica. Quando existe a possibilidade de agrupar esses estudos em conjunto, as conclusões podem tornar-se mais claras e objetivas, com uma tendência para a melhoria da sua confiabilidade e precisão (Versiani, Peccin & Martimbianco, 2013).
Peccin & Marques (2005) descrevem em seu artigo os modelos de estudos que poderão ser confiáveis para se obter a prática baseada em evidências, e elas alertam que é necessário identificar as vantagens e desvantagens de cada tipo de estudo, bem como avaliar se são dispostos os meios e instrumentos necessários para a realização do mesmo. Em resumo, os estudos são:
Estudo Descritivo
Em geral, indica a possibilidade de existência de determinadas associações da doença ou condições que podem causar prejuízos à saúde, com as características temporais, espaciais ou pessoais, levando os pesquisadores a formularem hipóteses para novas investigações a ser realizadas. Como exemplo, o relato de caso, que é uma detalhada o evento clínico observado e é útil para delinear o quadro clínico de doenças raras ou novas e levantar novas hipóteses.
Para esse estudo, tem se a vantagem de estimular novas pesquisas e a sua limitação refere-se à dificuldade de generalização dos resultados obtidos.
Estudo Analítico
Em geral, englobam estudos que requerem um grupo de estudo e o grupo controle. Nesses são divididos em:
Experimentais: onde se tem o Ensaio Clínico e o examinador controla a exposição a determinado fator nos dois grupos e analisa o efeito de interesse;
Observacionais: o investigador apenas observa o curso natural dos eventos, analisando a associação entre exposição e a doença, com estudos de coorte e os casos controle;
Revisão sistemática: é um estudo secundário que objetiva facilitar a elaboração de diretrizes e o planejamento de pesquisa clínica. É uma técnica científica reprodutível e que permite avaliar estudos independentes e explicar possíveis conflitos, permitindo também o aumento da confiabilidade dos resultados, melhorando a precisão das estimativas de efeito de uma determinada intervenção clínica.
Fisioterapeutas tem uma atitude positiva à evidência e está interessado em usá-lo para melhorar a sua prática diária. O movimento em direção à prática baseada em evidências tem resultado em um número crescente de estudos clínicos randomizados. (Bampton, Vargas, Wu, Potts, Lance et al., 2012). Com o número crescente de estudos na área da fisioterapia, a dificuldade de encontrar informações confiáveis e com as melhores evidências tornou-se uma barreira, pois muitos trabalhos ainda possuem uma metodologia fraca e com intervenções duvidosas. Para Nilsen & Bernhardsson (2013), o movimento da PBE ganhou terreno de forma constante na fisioterapia ao longo da última década e ao mesmo tempo, a prática da fisioterapia tem se tornado cada vez mais complexo, devido à evolução dos sistemas de cuidados de saúde que impliquem maiores demandas sobre fisioterapeutas para proporcionar uma gestão eficaz e eficiente dos pacientes em meio à alta rotatividade paciente.
A maioria do foco de ensaios clínicos é testar o efeito de intervenções. Portanto, não é surpreendente que tenha havido pouca ou nenhuma comunicação das percepções de fisioterapeutas no seu envolvimento no processo de pesquisa e se elas percebem que a sua participação será benéfica para a sua prática clínica (Bampton, Vargas, Wu, Potts, Lance et al., 2012). Para os mesmos autores, os fisioterapeutas têm percepções positivas e negativas sobre o seu envolvimento no processo de investigação. Barreiras mais frequentemente identificadas incluem fatores tais como restrições de tempo, acesso limitado à investigação, má confiança em habilidades para identificar e avaliar criticamente pesquisas e apoio insuficiente por parte dos colegas, gerentes e outros profissionais de saúde. Pode observar que a PBE facilita nas seguintes características pessoais: aprendizagem autodirigida, uma pós-graduação, uma crença de que a pesquisa pode ser usada em clínica diária sem interferir com a produtividade e um fluxo de pacientes eficiente e não-conformidade, ou seja, não ter medo de divergir da prática tradicional ou comum, se pesquisa mais recente revela métodos mais eficazes Nilsen & Bernhardsson (2013).
Na pesquisa realizada por Olsen, Bradley, Lomborg & Nortvedt, 2013, foi possível observar que os alunos de graduação são interessados em PBE, talvez pelo fato deles estarem em seu início de carreira, têm menos conhecimento e habilidades de raciocínio clínico. Foi percebida pelos graduandos a falta de uma cultura dessa prática e expressou a necessidade de modelos para serem usados durante estágios clínicos; nos resultados dos pesquisadores, demonstrou que os instrutores clínicos são importantes e estão em uma posição única para desempenhar esse papel de organização das evidências e, portanto, a clínica e o ambiente acadêmico precisam colaborar para garantir que os mesmos se tornem competente em PBE.
Em conclusão ao trabalho de Versiani, Peccin & Martimbianco (2013), em termos de intervenções de tratamento fisioterapêutico, demonstrou que para se ter uma alta proporção de estudos faltam evidências que apoia ou se opõe aos seus tratamentos. Assim, a maioria das revisões sistemáticas sobre as tais intervenções não têm provas suficientes para fornecer respostas para perguntas clínicas específicas, o que abre um precedente para a ação fisioterápica necessário nas áreas e também para que mais estudos a serem realizados.
A revisão sistemática desenvolvida por Fernández-Domínguez et al. (2014), incluiu 24 instrumentos que avaliaram a PBE na fisioterapia. Nestes realçaram-se várias dimensões: conhecimento, competências, comportamentos, atitudes e crenças em relação à PBE e as barreiras à sua implementação. É ainda importante referir que a revisão sistemática desenvolvida por Scurlock-Evans et al. (2014), destacou a disparidade entre as atitudes e o comportamento, uma vez que alguns profissionais apresentam atitudes positivas, no entanto falham consistentemente na implementação da PBE e, por vezes outros com atitudes menos positivas implementam-na com mais frequência. Isto levanta questões sobre a relação entre atitudes e comportamentos, particularmente para estudos de auto-eficácia da PBE, que demonstraram atitudes como um importante fator, modificável na adoção e implementação da PBE.
Através de uma outra revisão sistemática, verificou-se também que os fisioterapeutas demonstram uma atitude positiva em relação à PBE e à sua implementação e consideram que a evidência científica é um importante componente na prática clínica. No entanto, acreditam na necessidade de melhorar os seus conhecimentos, competências e comportamentos perante a mesma (Silva, Costa, Garcia, & Costa, 2015).
Base de dados
No artigo de Shiwa, Costa, Moser, Aguiar, & Oliveira, (2011) é relatado uma solução para amenizar esses problemas citados. Trata-se de uma base de dados desenvolvida em 1999, que criada por um grupo de fisioterapeutas australianos do Centro de Fisioterapia Baseada em Evidências da Universidade de Sydney, chamado PEDro (Physiotherapy Evidence Database), na qual tem a missão de maximizar a eficácia dos serviços de fisioterapia e facilitar a aplicação prática da melhor evidência existente, com o lema principal. Este portal funciona como um ranqueamento quanto à qualidade metodológica dos estudos relacionados à eficácia de intervenções em fisioterapia, e que esses resultados estejam disponíveis em tempo real e sem custo para toda a comunidade de fisioterapeutas.
A PEDro é utilizada por fisioterapeutas em mais de 80 países, dentre eles se destacam Austrália, Estados Unidos e Brasil, com mais de 4.300 buscas realizadas por dia pelowebsite, tendo fornecido no último ano respostas para mais de 800.000 perguntas clínicas. Há também uma versão criada para o uso dos consumidores dos serviços de fisioterapia (pacientes, administradores de serviços de saúde e seguradoras), a base de dados Physiotherapy Choices (Escolhas em Fisioterapia). E com o objetivo de facilitar o acesso à base e minimizar a barreira do idioma, algumas partes do website da base de dados PEDro estão disponíveis em outros idiomas: mandarim, francês, português e em alemão, porém, para realizar a busca independente do idioma deve-se utilizar os termos de busca em inglês, sendo os resultados também apresentados em inglês (Shiwa, Costa, Moser, Aguiar, & Oliveira, 2011).
Conclusão
A literatura científica tem elaborado e divulgado um grande número de informações que hoje estão muito mais acessíveis que outrora, o que de modo imperativo redefine o universo do conhecimento na área da saúde de forma geral, deixando livre e mais acessível os resultados positivos e negativos das análises encontradas, com uma visão bem mais críticas e cuidadosamente voltada para a melhoria e benefício da humanidade.
Tudo isso se faz necessário para que mais tarde, no intuito de aderir ao ensino e ao comportamento profissional da fisioterapia baseada em evidências, sejam alcançadas pesquisas suficientes para formar um banco de conhecimentos científicos na área e exigir dos profissionais competência para ter autonomia na avaliação crítica dessas pesquisas científicas.
Em pesquisas futuras, o potencial para a colaboração entre pesquisadores e clínicos pode ser potencialmente considerável. A fisioterapia é uma profissão de grande porte e isso oferece vantagens para os pesquisadores, tais como o acesso aos participantes do estudo.
E assim, a prática da fisioterapia baseada em evidências revela-se como é fundamental para a valorização e o crescimento da profissão, melhorando a qualidade dos atendimentos, a satisfação do paciente e a redução dos custos com o tratamento, pois ser um profissional diferenciado no mercado significa realizar condutas eficazes para seus pacientes e, para isso, ter acesso à melhor evidência científica é extremamente necessário.
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