Influência do treinamento funcional para  a qualidade de vida de seus praticantes Influencia del entrenamiento funcional en la calidad de vida de practicantes Influence of functional training in the quality of life of practitioners
	*Acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Mossoró/RN **Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade (PPGSS) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Mossoró/RN ***Docente (a) do curso de Educação Física da UERN e do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade (PPGSS/UERN), Mossoró/RN (Brasil)	Idnei César Silva Idelfonso* | Lindaraí Melo Soares* Victor Hugo de Oliveira Segundo** | Kesley Pablo Morais de Azevedo** Epaminondas Carlos de Andrade Neto** | Ísis Kelly dos Santos** Rianne Soares Pinto** | Flávia Cavalcante Monteiro Melo** Kátia Kamila Felix de Lima** | Ana Paula Knackfuss Freitas Silveira** Braulio Patrick da Silva Lima** | Douglas Henrique Bezerra Santos** Humberto Jefferson de Medeiros*** | Maria Irany Knackfuss*** victorhugoef@hotmail.com
	Resumo           Introdução: A busca por uma boa qualidade de vida está cada dia mais presente nos hábitos de vida das pessoas, seja na alimentação, no lazer e inclusive na prática de atividade física, como o treinamento funcional. Objetivo: Comparar a qualidade de vida dos praticantes de treinamento funcional das cidades de Mossoró/RN e Areia Branca/RN. Método: Realizou-se uma pesquisa descritiva com delineamento desenvolvimental e corte transversal com 51 praticantes de treinamento funcional com idade de 18 a 40 anos, das cidades de Mossoró/RN e Areia Branca/RN. Para avaliar a qualidade de vida foi utilizado o questionário WHOQOL-bref. As comparações foram feitas através do teste t para amostras independentes e as correlações através do coeficiente de Correlação de Pearson. Resultados: Foram observadas diferenças significativas (p<0,05) nos domínios Relações Sociais e Meio Ambiente, além da qualidade de vida geral. Nas correlações foi observado que o domínio Psicológico apresentou maior valor tanto na cidade de Mossoró/RN (r=0,81) como na cidade de Areia Branca/RN (r=0,89). Conclusão: Conclui-se que os praticantes de treinamento funcional da cidade de Mossoró/RN apresentaram os maiores escores de qualidade de vida, sofrendo influência principalmente do domínio Psicológico.           Unitermos: Atividade física. Exercício funcional. Bem-estar.   Abstract           Introduction: The search for a good quality of life is every day more present in the living habits of people, whether in the food, leisure and even in physical activity, such as functional training. Objective: To compare the quality of life of functional training practitioners in the cities of Mossoró/RN and Areia Branca/RN. Methods: It was conducted a descriptive research with developmental design and cross-section with 51 functional training practitioners aged 18-40 years in the cities of Mossoró/RN and Areia Branca/RN. To evaluate the quality of life we used the WHOQOL-bref questionnaire. Comparisons were made using the independent t test and the correlations using Pearson's correlation coefficient. Results: Significant differences were observed (p<0.05) in the Social Relationships and Environment domains, as well as overall quality of life. In the correlations was observed that the Psychological domain presented the higher value both in the city of Mossoró/RN (r=0.81) as the city of Areia Branca/RN (r=0.89). Conclusion: We conclude that the functional training practitioners in the city of Mossoró/RN showed the highest scores for quality of life, being influenced mainly the Psychological domain.           Keywords: Physical activity. Functional exercise. Wellness.   Recepção: 16/12/2015 - Aceitação: 02/06   1ª Revisão: 08/05/2016 - 2ª Revisão: 30/05/2016
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 217 - Junio de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A qualidade de vida há tempos deixou de ser representada apenas como uma vida sem doenças, estando cada dia mais presente no dia-a-dia das pessoas através de outras formas, como a prática regular de exercício físico, alimentação balanceada e até mesmo no maior tempo destinado ao lazer (Abade & Zamai, 2009; Khanna & Tsevat, 2007). Para Saba (2003), qualidade de vida é um cotidiano onde há um equilíbrio entre as responsabilidades e os prazeres, garantidos por uma boa saúde, realização pessoal e a facilidade de realizar tarefas diárias.

    Estudar sobre a qualidade de vida de pessoas que são habitualmente praticantes de atividade física requer saber se os mesmos no seu dia-a-dia têm realmente a preocupação com sua saúde, educação, transporte, moradia, dentre outros aspectos que podem influenciar sua vida diária, em busca de uma melhora na qualidade de vida geral (Shapiro & Malone, 2015).

    O treinamento funcional, uma atividade que vem sendo bastante difundida nas academias e até mesmo ao ar livre, como praças e praia, vêm cada vez mais ganhando adeptos de todos os gêneros e idades (Santana, 2015; Liu, Shiroy, Jones & Clark, 2014).

    O treinamento funcional está embasado na melhoria dos aspectos neurológicos que afetam a capacidade funcional do corpo humano, utilizando exercícios que desafiem os diferentes componentes do sistema nervoso e que, assim estimulam sua adaptação. Isto resulta em uma melhoria das principais qualidades físicas tanto no dia-a-dia quanto nos gestos esportivos (Santana, 2015; Arruda Campos & Neto, 2004).

    Os exercícios realizados no treinamento funcional são caracterizados por estimular todo o corpo humano do praticante, possibilitando dessa forma uma melhora na qualidade do sistema muscular e esquelético, além de gerar um elevado gasto energético durante a prática, o que pode aumentar o fator motivacional dos praticantes (Pereira et al. 2012). Basicamente os exercícios envolvem atividades como correr, pular, sentar, levantar, saltar, arremessar, entre outras (Palmer & Toms, 1986).

    Cabe ressaltar que as vantagens para o praticante são inúmeras, onde podemos destacar a possibilidade de ser realizado por pessoas de todas as idades, melhorando a postura, desenvolvendo as capacidades físicas e podendo ser aplicado de pacientes em reabilitação (Krebs, Scarborough & McGibbon, 2007) a atletas (Boyle, 2004), além da grande variedade de exercícios o que permite que aula não se torne monótona (Pereira et al. 2012).

    Apesar das evidências apontando os benefícios do treinamento funcional em diversos aspectos, pouco tem sido estudado sobre seu impacto na qualidade de vida dos praticantes. Dessa maneira, objetivou-se neste estudo avaliar e comparar a qualidade de vida de praticantes de treinamento funcional das cidades de Mossoró/RN e Areia Branca/RN.

Metodologia

    Trata-se de uma pesquisa descritiva com corte transversal onde a amostra foi selecionada de forma não probabilística, constituída por 51 indivíduos praticantes do treinamento funcional de ambos os sexos, com faixa etária de 18 a 40 anos, das cidades de Mossoró e Areia Branca.

    Para avaliação da qualidade de vida, foi utilizado o questionário WHOQOL-bref, por ser um instrumento curto e de rápida aplicação, contendo 26 questões objetivas e ainda apresenta uma vantagem de ser um instrumento transcultural e valoriza a percepção individual da pessoa, podendo avaliar qualidade de vida em diversos grupos e situações.

Análise estatística

    A normalidade dos dados foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk. Visto que os dados apresentaram-se de forma paramétrica, as comparações dos domínios da qualidade de vida entre os municípios foram verificadas através do teste t para amostras independentes. As correlações entre os domínios de qualidade de vida e QV Geral (WHOQOL-bref) foram medidas pelo coeficiente de Correlação de Pearson.

    Os dados foram expressos através de medidas de tendência central e de dispersão (média ± desvio padrão) e para todas as análises o nível de significância adotado foi de p<0,05. As análises foram feitas com o auxílio do BioEstat (versão 5.0, Belém-PA, Brasil).

Resultados

    A tabela 1 apresenta as comparações dos escores de qualidade de vida de cada domínio entre as duas cidades. Foram verificadas diferenças significativas apenas nos domínios Relações Sociais (p=0,004) e Meio Ambiente (p=0,020). No entanto, de forma geral, a cidade de Mossoró apresentou maiores valores médios em todos os domínios.

Tabela 1. Análise descritiva e inferencial dos domínios da QV nos grupos

    Na comparação dos escores de Qualidade de Vida Total dos participantes entre as duas cidades, foi verificada diferença significativa (p=0,024) com a cidade de Mossoró apresentando maior valor médio (Figura 1).

Figura 1. Comparação da qualidade de vida total dos participantes entre as cidades

    Ao avaliar a correlação de cada domínio do questionário (WHOQOL-bref) com o escore de Qualidade de Vida Geral, foram observadas correlações positivas e significativas (p<0,05), tanto moderadas (r entre 0,30 e 0,70) como fortes (r entre 0,71 e 1,0).

Tabela 2. Correlação de cada domínio do WHOQOL-bref com

o escore de Qualidade de Vida Geral em ambas as cidades

Discussão

    O presente estudo buscou avaliar e comparar os domínios do questionário de qualidade de vida WHOQOL-bref, além do escore de qualidade de vida geral, entre as cidades de Mossoró/RN e Areia Branca/RN. De uma forma geral, a cidade de Mossoró/RN apresentou maiores escores em todos os domínios, apresentando diferença estatística apenas nos domínios Relações Sociais (p=0,004) e Meio Ambiente (p=0,020), o que pode ter influenciado na diferença significativa encontrada também na QV geral (p=0,024).

    Krabbe & Vargas (2014) verificou que mulheres com idade 50 a 60 anos ao praticar exercícios combinados, apresentaram uma melhor qualidade de vida nos domínios físico e meio ambiente. Em relação aos resultados do presente estudo, na cidade de Mossoró/RN os praticantes de treinamento funcional apresentaram melhores resultados nos domínios psicológico e relação social, enquanto na cidade de Areia Branca/RN os maiores escores encontrados foram nos domínios Psicológico e Físico.

    No mesmo estudo citado (Krabbe & Vargas, 2014), foi avaliada a qualidade de vida de mulheres praticantes de voleibol. Ao se observar as médias dos domínios da qualidade de vida, as praticantes de voleibol apresentaram melhores escores em todas as observações. No entanto, ao comparar nossos resultados com mulheres sedentárias, os praticantes de treinamento funcional apresentaram superioridade em todos os domínios (Krabbe & Vargas, 2014).

    No estudo de Interdonato & Greguol (2010) foi observada diferença na qualidade de vida em função a modalidade esportiva, seja ela coletiva ou individual. Os praticantes de esportes coletivos apresentaram maiores escores no domínio Relações Sociais, enquanto os praticantes de esportes individuais apresentaram maior escore no domínio Psicológico.

    Praticantes de treinamento com pesos, que relataram se exercitar visando principalmente seu bem-estar e a manutenção da saúde, apresentaram melhores resultados para o domínio Físico (Interdonato & Greguol, 2010). Já atletas de esportes de alto rendimento historicamente relatam não estar preocupados com seu bem-estar mais sim com seu desempenho. Santin (2002) enfatizou que atletas de alto rendimento têm sua qualidade de vida associada à performance atlética, assumindo todos os riscos que possa vir a sofrer para atingir grandes resultados.

    Santin (2002) ressalta que não podemos afirmar que esporte é sinônimo de qualidade de vida e saúde, sofrendo muita influência da genética e da subjetividade pessoal. Entretanto, num estudo realizado com adolescentes praticantes de esportes competitivos, foi observado que esses jovens atletas relataram melhor percepção da qualidade de vida, melhor relação social e maior disposição para executar as atividades diárias (De Gáspari & Schwartz, 2001).

    É importante destacar que o treinamento funcional, por possuir uma característica de aula coletiva, pode provocar maior influência na qualidade de vida do que exercícios individuais, principalmente no domínio Relações Sociais. No entanto, o domínio que mais influenciou a QV geral dos participantes do presente estudo foi o domínio Psicológico, tanto em Mossoró/RN (r=0,81; p=0,0001) como em Areia Branca/RN (r=0,89; p=0,0001). Assim, percebe-se que as relações existentes entre o esporte competitivo e a qualidade de vida ainda não são totalmente esclarecidas.

Considerações finais

    De um modo geral, podemos concluir que os praticantes de treinamento funcional da cidade de Mossoró/RN foram os que apresentaram melhor qualidade de vida, seja entre os domínios ou na qualidade de vida geral, sofrendo influência principalmente do domínio Psicológico.

Bibliografia

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• Boyle, M. (2004). Functional training for sports. Champaign, Il: Human Kinetics.

• De Arruda Campos, M. & Neto, B. C. (2004). Treinamento funcional resistido: para melhoria da capacidade funcional e reabilitação de lesões musculoesqueléticas. Revinter.

• De Gáspari, J. C. & Schwartz, G. M. (2001). Adolescência, esporte e qualidade de vida. Motriz, 7(2), 107-113.

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• Krabbe, S. & Vargas, A. C. (2014). Qualidade de vida percebida por mulheres em diferentes tipos de exercício físico. Kairós. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Saúde, 17(2), 193-204.

• Krebs, D. E., Scarborough, D. M. & McGibbon, C. A. (2007). Functional vs. strength training in disabled elderly outpatients. American journal of physical medicine & rehabilitation, 86(2), 93-103.

• Liu, C. J., Shiroy, D. M., Jones, L. Y. & Clark, D. O. (2014). Systematic review of functional training on muscle strength, physical functioning, and activities of daily living in older adults. European Review of Aging and Physical Activity, 11(2), 95-106.

• Palmer, M. L. & Toms, J. E. (1986). Manual for functional training. FA Davis Company.

• Pereira, P. C., Medeiros, R. D., Santos, A. A., Oliveira, L. S., Aniceto, R. R., Júnior, A. A. et al. (2012). Efeitos do treinamento funcional com cargas sobre a composição corporal: Um estudo experimental em mulheres fisicamente inativas. Motricidade, 8(1), 42-52.

• Saba, F. (2003). Mexa-se. São Paulo: Editora Manole Ltda.

• Santana, J. C. (2015). Functional Training. Champaign, Il: Human Kinetics.

• Santin, S. (2002). Qualidade de vida e esporte nos caminhos da filosofia da corporeidade. Esporte como fator de qualidade de vida. Piracicaba SP: Ed. UNIMEP.

• Shapiro, D. R. & Malone, L. A. (2015). Quality of Life and Psychological Affect Related to Sport Participation in Children and Youth Athletes with Physical Disabilities: A Parent and Athlete Perspective. Disability and Health Journal.

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