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Treinamento dos gestos técnicos através do método tradicional 

x método recreativos: um estudo comparativo entre 

atletas de basquetebol infanto juvenil

Entrenamiento de los gestos técnicos a través del método tradicional x método 

recreativo: un estudio comparativo entre jugadores de baloncesto infanto juvenil

Training technical gestures through the method in series of games x recreational method: 

a comparative study among the control group and the experimental group

 

*Graduada em Educação Física Bacharelado

na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

**Graduada em Educação Física Licenciatura Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Acadêmica do curso de Educação Física Bacharelado (UNISC)

***Docente do Departamento de Educação Física e Saúde

da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Tábata Züge*

Caroline Lúcia Stülp**

Gilmar Fernando Weis***

tabatazuge@unisc.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho tem como objetivo verificar se existem diferenças no desempenho de atletas nos fundamentos do basquete, após um período de treinamento de 20 horas (pré e pós-teste), utilizando-se o método de ensino tradicional e recreativo. Participaram da pesquisa 12 jogadores, com idades entre 12 e 13 anos. A avaliação das habilidades técnicas foi através da bateria AAHPERD. O teste t Pareado serviu de base para a análise estatística dos dados. Entre os fundamentos avaliados, só o arremesso, no grupo submetido ao método recreativo, apresentou significância estatística (p< .05). Quando avaliado o conjunto dos fundamentos, observou-se diferença significativa negativa (melhor para o pré-teste) entre os atletas submetidos ao treinamento pelo método tradicional.

          Unitermos: Avaliação de desempenho. Desempenho esportivo. Ensino. Basquetebol.

 

Resumen

          Este estudio tiene como objetivo verificar si existen diferencias en el desempeño de jugadores en los fundamentos del baloncesto, tras un periodo de entrenamiento de 20 horas (pre y pos test), utilizándose el método de enseñanza tradicional y recreativa. La muestra fue constituida por 12 jugadores, con edades entre 12 y 13 años. La evaluación de las habilidades técnicas fue a través de la batería AAHPERD. El análisis estadístico fue realizado a través del teste t Pareado. Entre los fundamentos evaluados, sólo el lanzamiento, en el grupo sometido al método recreativo, presentó significancia estadística (p< .05). Una vez evaluado el conjunto de los fundamentos, se observó diferencia significativa negativa (mejor para el pre teste) entre los atletas sometidos al entrenamiento por el método tradicional.

          Palabras clave: Evaluación de desempeño. Desempeño deportivo. Enseñanza. Baloncesto.

 

Abstract

          The present study aims to determine whether there are differences in the performance of athletes in the fundamentals of basketball, after a training period of 20 hours (pre-and post-test), using the traditional method of teaching and recreation. The sample consisted of 12 players, ages 12 and 13. The evaluation of the technical skills was through the battery AAHPERD. Statistical analysis was performed using the paired test. Among the bases reviews, only the pitch, in the group submitted to recreational method presented a statistically significant (p <.05). When evaluated the set of fundamentals, there was a significant negative difference (better to pre-test) in the athletes submitted to training in the traditional manner.

          Keywords: Performance evaluation. Sports performance. Education. Basketball.

 

          O presente trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza para sua realização.

 

Recepção: 20/12/2015 - Aceitação: 05/04/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Assim como em toda a modalidade esportiva coletiva, o Basquetebol tem como característica básica o confronto entre duas equipes que se dispõem pelo terreno de jogo e se movimentam com o objetivo de vencer, alternando situações de defesa e ataque. Todas as modalidades coletivas apresentam pontos comuns: a bola, um terreno delimitado, uma meta, companheiros de equipe, adversários, regras e árbitros (Bayer, 1986).

    No presente estudo, nossa atenção será apenas aos aspectos ofensivos, em que buscamos fazer uma comparação pré e pós-teste dos fundamentos do ataque. No sentido de dominar os princípios ofensivos de ataque, se faz necessário que os alunos/jogadores dominem os fundamentos de jogo para participar com relativo sucesso de uma partida, tais como o passe de peito, o arremesso com uma das mãos, o drible e a bandeja (Weis e Possamai, 2008).

    Estes fundamentos técnicos serão priorizados uma vez que vários autores (Brandão, 1995; Pinto, 1995; Cruz, 1996; Neto, 1999; Oliveira; 2001) colocam que os melhores jogadores são aqueles que apresentam melhor desempenho nos testes realizados quanto à execução dos três fundamentos ofensivos básicos: arremesso, drible e passe.

    Sem o domínio mínimo necessário da técnica individual, com ou sem bola, se torna inviável praticar esta modalidade em um nível aceitável. Não basta que o professor tenha como preocupação única a aplicação correta da técnica do jogo, é preciso conhecer as suas necessidades, bem como todas alternativas e variações para serem utilizadas neste ou naquele momento do jogo (Marques, 1980).

    Segundo Paes e Balbino (2005), o foco central da iniciação esportiva em um passado recente era o gesto técnico específico. A preocupação do professor se centrava em ensinar fundamentos. Estes fundamentos eram ensinados por meio de sequências pedagógicas, com a finalidade única de que os alunos aprendessem os fundamentos específicos da modalidade. Os autores colocam ainda que, no final da década 70 e início de 80, o ensino se pautou com base na teoria desenvolvimentista.

    Mesmo que a metodologia do Basquetebol tenha sofrido alterações quanto ao seu ensino, vamos investigar o tipo de aprendizagem baseados no método tradicional e o método não tradicional (recreativo), pois o método analítico continua a ser um dos mais aplicados na iniciação esportiva (Saad, 2002; Greco, 2003; Moreira, 2005; Morales e Greco, 2007; Silva, 2007), e, conforme Moisés (2006), as principais linhas metodológicas utilizadas na atualidade, são aquelas baseadas nestes métodos.

    Para Bovi, Palomino e Henríquez (2008) o método tradicional apresenta uma concepção mais rígida quanto aos objetivos e desenvolvimento das atividades, sem que o aluno conheça as razões do por que se faz desta ou daquela forma. Ré (2009) salienta ainda que as sessões são repassadas aos alunos de forma descontextualizada uma vez que o aluno repete as mesmas coisas várias vezes. Essa metodologia de ensino, segundo Knijnik (2004), é classificada como “aprender para jogar”, isto é, o jogador/aluno aprenderia as regras, a técnica e o aspecto tático de forma específica para, depois praticar o jogo. Garganta (1998) salienta ainda que as aulas seguem a seguinte estrutura: a) Parte Inicial: o aquecimento realizado com ou sem bola; b) Parte Principal: em que os gestos técnicos são repetidos exaustivamente com ou sem oposição; c) Parte Final: jogos reduzidos ou um jogo formal.

    Já, no método recreativo, os fundamentos seriam aprendidos de forma lúdica observando o contexto. O ensino pelo método lúdico se caracteriza por uma aprendizagem mais significativa e contextualizada em que o aluno participa mais ativamente das suas próprias experiências e que, de acordo com Bovi e Bovi (2001), possibilita trabalhar a autonomia dos alunos. Santini e Voser (2008) enfatizam a importância do conhecimento que o professor deve possuir quanto ao desenvolvimento do processo de aprendizagem. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo é analisar possíveis diferenças entre o ensino das habilidades técnicas (HT) do Basquetebol, através da utilização da metodologia tradicional, comparada ao método recreativo.

Método

    O presente estudo contou com a participação de atletas da equipe sub 13 de um projeto esportivo da modalidade de Basquetebol, “Projeto Cestinha”, que é desenvolvido em parceria entre a Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e o Serviço Social da Indústria (SESI). O projeto, criado em 2001, conta com 1.200 crianças de 9 a 15 anos, de diferentes bairros das cidades de Santa Cruz do Sul (RS) e Venâncio Aires (RS).

    As idades dos sujeitos variaram entre os 12 e 13 anos (M= 12.75; DP=0.45). Os mesmos foram divididos aleatoriamente em duas sub-amostras de 6 jogadores cada, alocados para cada metodologia de ensino.

    Para avaliar as habilidades técnicas (HT) específicas, foi utilizada a bateria AAHPERD de Kirkendall, Gruber, Johnson (1987) e Strand e Wilson (1993). O instrumento é aplicável de forma específica à modalidade de Basquetebol e tem como finalidade avaliar indicadores técnicos tais como: a) a precisão e velocidade de execução do arremesso; b) a precisão e velocidade de execução do passe contra a parede; c) o drible de agilidade e o arremesso de bandeja; d) a velocidade de execução e controle do drible com mudança de direção. Embora conste na bateria de testes AAHPERD o deslizamento defensivo e o drible, estes foram excluídos do presente trabalho.

    No primeiro momento, os avaliadores foram instrumentalizados sobre a forma e a estrutura de cada uma das sessões e, posteriormente, foi explicado aos atletas o objetivo do trabalho. Após, foi demonstrado de forma prática cada uma das estações que compõem a bateria de testes AAHPERD, sendo que cada atleta teve a oportunidade de repetir três vezes cada fundamento técnico. Foram programadas e executadas 20 sessões de treinamento. Os atletas foram divididos aleatóreamente em dois grupos de seis participantes. O G1 foi submetido ao treinamento pelo método tradicional com ênfase no ensino dos fundamentos técnicos, enquanto o G2 foi submetido ao treinamento com ênfase no método recreativo. O pré-teste foi realizado no dia anterior ao início previsto das sessões e o pós-teste foi realizado um dia após o término das mesmas, sempre no mesmo horário.

    As sessões apresentavam a seguinte estrutura: a) Parte I (parte inicial) explicação do objetivo da aula e aquecimento com bola; b) Parte II (parte principal) fundamentos em questão; c) Parte III (parte final) jogo coletivo. Para fins deste estudo, vamos nos ater a descrever de forma geral as atividades da Parte II, realizada por ambos os grupos. Os atletas submetidos ao método tradicional realizaram exercícios analíticos “série de exercícios” e “das parte” que foram realizadas através de circuitos e repetição de gestos técnicos dos fundamentos em questão. Os atletas, submetidos ao método recreativo, vivenciaram, durante as aulas, os fundamentos através de jogos adaptados, séries de jogos além de pequenos e grandes jogos de forma recreativa e prazerosa com material didático-pedagógico bem variado, tais como cordas, cones bastões, bolas de tênis. Na Parte III (última parte da aula), os alunos foram separados por estatura e posição para fazer um coletivo (método global).

    A análise estatística foi realizada no programa SPSS for Windows, utilizou-se o Teste T Pareado em cada diferença em pauta com a finalidade de detectar: a) diferenças significativas entre o pré-teste e o pós-teste para o conjunto dos fundamentos e para o seu conjunto, separadamente para cada método; b) para os casos que apresentem diferenças significativas longitudinalmente (pré-teste e pós-teste) analisamos diferenças significativas entre os métodos.

Resultados

    Os fundamentos com bola: o passe, o arremesso de peito e os arremessos de bandeja (lado direito e lado esquerdo) foram avaliados na forma de pré e pós-testes. Os resultados obtidos nas duas avaliações foram organizados na tabela 1. A tabela demonstra o teste t pareado, no qual é possível observar o desempenho dos alunos pertencentes ao método tradicional e método recreativo de cada um dos fundamentos e de seu conjunto (soma dos escores).

    É possível afirmar, em primeiro lugar, que houve uma diminuição nos escores de desempenho geral do pós-teste, com relação ao pré-teste, tanto no caso do método tradicional (diferença de -3,5 pontos), contra o recreativo (diferença de -2,56 pontos). Entretanto, para o método recreativo, a diferença não é estatisticamente significativa. É pertinente lembrar que a diferença significativa do agregado dos escores pode resultar de incrementos não significativos de cada fundamento ou de alguns deles. Ainda, entre os quatro fundamentos analisados, só o arremesso, no caso do método recreativo, obteve um aumento no escore estatisticamente significativo (diferença de +6,66 pontos).

Tabela 1. Fundamentos analisados de forma isolada e conjuntamente (Pré e pós-teste) (Teste t pareado)

Discussão

    Os resultados do presente trabalho demonstram que o período de treinamento de 20 horas não foi capaz de produzir diferenças significativas na média dos escores de desempenho dos atletas, nos fundamentos do basquete, tanto no método de ensino tradicional, como no recreativo, com exceção apenas para o fundamento arremesso, treinado através do método recreativo, em que se obteve um aumento significativo no escore (diferença de +6,66 pontos). Quando analisado o escore de desempenho geral dos atletas, esse apresentou médias inferiores no pós-teste, quando comparado ao pré-teste, para ambos os métodos de ensino, no entanto, essa diferença foi significativa apenas para o método tradicional.

    Tais resultados reforçam a investigação realizada por Bovi, Palomino e Henriquez (2008) que tinha como finalidade avaliar e comparar os métodos de ensino tradicional e lúdico, com crianças entre os três e oito anos. Nesse estudo, concluíram que, no método lúdico, os alunos se mostraram mais motivados. Por outro lado, quando os quatro fundamentos são analisados conjuntamente, não há diferença estatisticamente significativa do método tradicional, em relação ao recreativo. Especificamente os atletas submetidos ao método tradicional, apenas o arremesso de peito e o arremesso de bandeja pelo lado esquerdo apresentou uma pequena melhora entre o pré e pós-teste, enquanto nos outros fundamentos houve queda de rendimento. O mesmo quadro mostra que os atletas submetidos ao método recreativo obtiveram melhores resultados nos fundamentos de arremesso em bandeja pelo lado direito e no arremesso de peito. Este último apresentou médias entre o pré e pós teste significativamente diferentes entre si (p<0.05).

    Ao compararmos os fundamentos do pré-teste dos atletas submetidos aos dois métodos, se percebe que os atletas submetidos ao treinamento pelo método tradicional apresentam melhores resultados nos fundamentos do passe de peito e arremesso de bandeja (lado direito), enquanto o grupo submetido ao método recreativo apresenta melhores resultados nos fundamentos de passe de peito, arremesso de bandeja (lado esquerdo) e arremesso de peito, este último estatisticamente significativo.

    Sobre as estatísticas de dispersão dos atletas de ambos os grupos observa-se que em nenhum fundamento, nem na soma dos escores, esse valor ultrapassa a metade do valor nominal das médias, indicando que a variabilidade dos dados é satisfatória.

    Independentemente do método de treinamento adotado, o fundamento que apresentou resultados mais expressivos no pós-teste é o arremesso de peito, entretanto, os atletas submetidos ao método recreativo obtiveram médias mais elevadas, se comparado aos atletas do grupo submetidos ao método tradicional.

    O arremesso também foi o fundamento que obteve o melhor resultado em trabalho realizado em Portugal (Cura, 2001). Da mesma forma, trabalho realizado por Guarizi (2001), que teve como objetivo apresentar uma proposta de sequência de fundamentos técnicos de iniciação ao Basquetebol, concluiu que os fundamentos do drible e do arremesso apresentaram diferenças entre os dois grupos, porém essa diferença não se mostrou estatisticamente significativa.

    Chama atenção o fato de que tanto os atletas do método tradicional quanto os atletas do método recreativo apresentarem médias inferiores no fundamento de passe de peito entre o pré e pós-teste. Diferentemente de nossos resultados, Guarizi (2012) concluiu que a velocidade do passe de peito obteve alterações positivas. Quando os fundamentos são comparados isoladamente se observa que apenas dois fundamentos em cada um dos grupos sofreram alterações positivas. Os atletas submetidos ao treinamento recreativo, de forma geral, alcançaram melhores resultados no pós-teste se comparados aos atletas submetidos ao método tradicional. Os resultados são corroborados pela investigação realizada por Shea e Morgan (1979), que mostra que o treinamento em condições randômicas produz melhor aprendizado em longo prazo, apesar da prática em bloco produzir melhor desempenho na fase de aquisição de novas habilidades. Um outro estudo realizado por Schmidt e Wrisberg (2001) mostrou que a prática randômica apresenta melhores resultados nos testes de retenção e transferência.

    Da mesma forma, Bovi, Palomino e Henríquez (2008) encontraram resultados demonstrando que o método recreativo resulta em aprendizado mais efetivo que o método sistêmico e concluem dizendo que o método recreativo reduz o tempo de aprendizagem produzindo habilidades superiores que o treinamento pelo método sistêmico. Já, investigação realizada com adolescentes na faixa etária de 12 e 13 anos (Silva e Greco, 2009), encontrou resultados em que o método analítico foi mais efetivo quanto ao desenvolvimento da inteligência do jogo, porém, não ocorrendo melhorias quanto à criatividade. Mesmo que parte dos fundamentos tratados isoladamente não tenha apresentado melhoras, os atletas submetidos ao treinamento pelo método analítico apresentaram diferença significativa quando os fundamentos são tratados em seu conjunto (soma de escores), após as 20 horas de treinamento.

    Diante destes resultados, expomos algumas hipóteses que ao mesmo tempo podem ser consideradas limitações do presente trabalho: a) tamanho da amostra: talvez com um universo maior de sujeitos, a significância estatística aumenta captando mais precisamente o fenômeno; b) duração da intervenção, mais sessões devem acarretar maiores resultados, permitindo a melhor assimilação do treinamento; c) falta de motivação em função do pouco tempo de treinamento entre o pré-teste e o pós-teste; d) temperatura: o forte calor do ginásio pedagógico no dia do pós-teste.

Bibliografia

Outros artigos em Portugués

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 21 · N° 216 | Buenos Aires, Mayo de 2016  
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