Análise da refeição pós-treino de mulheres praticantes de treinamento de resistência numa academia de ginástica em Blumenau, SC Análisis de la comida post-entrenamiento de mujeres que entrenan resistencia en un gimnasio en Blumenau, SC Analysis of post-workout meal of women practitioners of resistance training in gym B lumenau, SC |
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Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) (Brasil) |
Paulo Henrique Hort |
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Resumo O objetivo do presente estudo foi avaliar a refeição pós-treino dos praticantes de treinamento de resistência numa academia de Blumenau/SC. A amostra foi constituída por 20 mulheres, de 18 a 35 anos de idade. Utilizou-se um questionário com perguntas abertas e fechadas. A pesquisa mostrou que todas as mulheres tinham como objetivos o emagrecimento e a hipertrofia muscular, sendo que em sua maioria àquelas não fazem acompanhamento nutricional e não têm noção da quantidade diária recomendada de proteínas e carboidratos, e buscam informações com professores da academia sobre refeição pós-treino de resistência. Unitermos: Treinamento de resistência. Nutrição. Academias de ginástica. Mulheres.
Abstract The aim of this study was to evaluate the post-workout meal of resistance training practitioners in gym Blumenau/SC. The sample consisted of 20 women, 18-35 years of age. We used a questionnaire with open and closed questions. Research has shown that all women had the goals weight loss and muscle hypertrophy, and mostly those do nutritional counseling and have no concept of the recommended daily amount of protein and carbohydrates, and seek information with gym teachers on post-workout meal of resistance training. Keywords: Resistence training. Nutrition. Fitness centers. Women.
Recepção: 29/10/2015 - Aceitação: 02/03/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O treinamento de resistência visa o aprimoramento da força muscular, por praticantes buscando a promoção da saúde ou por atletas (Chiesa, 2002).
Os benefícios proporcionados pela prática regular de treinamento de resistência são apontados por estudos científicos, e dentre àqueles estão o aprimoramento da aptidão física. Atualmente, grande parte dos praticantes visam à estética, e por vezes ultrapassam os limites fisiológicos, tornando-se maléfico à saúde (Oliveira et al, 2006).
A combinação entre o exercício e a nutrição fornece o estímulo (exercício), o meio hormonal (insulina) e os substratos (aminoácidos) para o anabolismo protéico ideal (Bacurau, Navarro & Uchida, 2009).
A nutrição constitui o alicerce para o desempenho físico, proporciona o combustível para o trabalho biológico e as substâncias químicas para extrair e utilizar a energia potencial dos alimentos (Katch, McArdle & Katch, 2015).
Informações nutricionais errôneas são veiculadas em diversos meios de comunicação, o que torna difícil para as pessoas tomarem decisões nutricionais acertadas (ACSM, 2011).
Não há consenso na literatura sobre a necessidade de administração de suplementos dietéticos para fins ergogênicos (ACSM, 2011). Os relatos estimam que 158 milhões de americanos fazem uso de suplementos dietéticos, gastando cerca de 18 bilhões de dólares por ano. Desse total, as pílulas e os pós com vitaminas-minerais representam a forma mais comum de suplemento consumido pelo público geral, sendo responsável por 70% das vendas anuais totais de suplementos (Katch, McArdle & Katch, 2015).
Sendo assim, o objetivo do presente estudo é fazer uma análise da refeição pós-treino das mulheres praticantes de treinamento de resistência, confrontando com informações relacionadas a esta manobra nutricional.
Materiais e métodos
A amostra deste trabalho foi constituída por 20 mulheres, de 18 a 35 anos de idade, praticantes de treinamento de resistência.
Utilizou-se um questionário com perguntas abertas e fechadas, o qual tinha como intuito averiguar o objetivo do treinamento; a existência de acompanhamento com nutricionista; o tempo destinado para alimentação do término do treino até a próxima refeição; uso de suplementos alimentares na refeição pós-treino; conhecimento teórico da quantidade necessária diária de macronutrientes; e em caso da ausência de acompanhamento de um nutricionista, como era a base para realização da refeição pós-treino. A pesquisa foi conduzida numa academia da cidade de Blumenau/SC. Os clientes eram abordados ao final do treino ou quando chegassem à academia, e àqueles que, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, atenderam aos critérios de inclusão, tais como: ser do sexo feminino, ter entre 18 e 35 anos de idade, não ser atleta, treinar pelo menos três vezes por semana e ser praticante de treinamento de resistência por pelo menos seis meses.
Análise estatística
Para o presente estudo foi utilizada uma calculadora cientifica da marca Casio fx-82MS, para o cálculo percentual e para a descrição dos resultados obtidos através dos questionários aplicados.
Resultados e discussão
Do total de mulheres entrevistadas pouco mais da metade (55%) tinham como objetivo o hipertrofia muscular. E o restante visavam o emagrecimento. Em um estudo realizado por Silva Filho et al. (2015), pode-se concluir que os principais objetivos dos alunos que iniciaram a academia foram hipertrofia (45,4%) e emagrecimento (57,2%), mesmo quando categorizados por idade. Neste estudo objetivos como condicionamento físico e saúde tiveram um índice muito baixo, demonstrando assim que os principais objetivos dos praticantes de treinamento resistido com pesos são estéticos.
Mais de dois terços das mulheres entrevistadas (70%) não tinham acompanhamento com nutricionista. Frade (2014) mostrou que um programa de exercícios físicos, juntamente com um acompanhamento nutricional, promove uma melhora relevante na qualidade de vida, possibilitando não só a perda de peso, mas também a adoção de hábitos alimentares saudáveis.
Em relação ao tempo destinado para se alimentar desde o término do treino até a próxima refeição os resultados mostram que 55% das mulheres entrevistadas se alimentam em no máximo meia hora após o treino. Já 30% levam de meia hora até uma hora para se alimentarem. As outras 15% levam mais do que uma hora e meia para realizarem a sua refeição pós-treino. Ademais, 15% das entrevistadas consomem suplementos whey protein e todas com o objetivo de ganho de massa magra, sendo que uma delas faz acompanhamento nutricional, a outra já fez acompanhamento nutricional, no momento não fazendo mais, e a outra não faz acompanhamento nutricional, tomando o suplemento por indicação da sua professora de musculação.
Algumas pessoas usam suplementos de proteínas para perder peso, outras para aumentar de peso e algumas para ganhar músculo, outras para se tornarem mais fortes e ainda outras para aumentar a endurance. O fato é que os seres humanos são incapazes de utilizar a proteína com finalidades anabólicas (elaboração de tecidos) acima do nível de aproximadamente 1,5g de proteína por quilograma de peso corporal. A proteína ingerida numa quantidade acima dessa ou é utilizada como fonte de energia (caloria) ou é armazenada na forma de gordura (ACSM, 2011).
Estudos recomendam que o uso dos suplementos protéicos, como a proteína do soro do leite ou a albumina da clara do ovo, deve estar de acordo com a ingestão protéica total. O consumo adicional desses suplementos protéicos acima das necessidades diárias (1,8 g/kg/dia) não determina ganho de massa muscular adicional, nem promove aumento do desempenho (SBME, 2009).
Da amostra total, 15% consomem apenas carboidratos na refeição pós-treino, uma faz acompanhamento com nutricionista, as outras duas não fazem. Destas três mulheres duas tem como objetivo o emagrecimento e uma têm como objetivo a hipertrofia muscular. Referente àqueles 35% que consomem apenas proteínas, duas fazem acompanhamento com nutricionista e cinco não. Destas sete mulheres que consomem apenas proteínas, três tem como objetivo o aumento de massa magra e quatro tem como objetivo o emagrecimento. As outras 35% que consomem carboidratos e proteínas na refeição pós-treino apenas uma faz acompanhamento com nutricionista, enquanto que as outras seis mulheres não fazem acompanhamento com nutricionista. Destas sete mulheres, três tem como objetivo o emagrecimento, enquanto que as outras quatro tem como objetivo a hipertrofia muscular.
O carboidrato é um nutriente fundamental a ser consumido após a realização do exercício de força, porque é necessário tanto à reposição de glicogênio muscular quanto para a facilitação da síntese protéica após o exercício (Bacurau, Navarro & Uchida, 2009).
Os aminoácidos também parecem exercer uma ação potencializadora em seu próprio transporte após uma sessão aguda de exercício, fenômeno desencadeado pela insulina. O efeito dos aminoácidos sobre a síntese protéica e sobre seu transporte é potencializado pelo exercício de força (Bacurau, Navarro & Uchida, 2009).
Um terço apenas das mulheres entrevistadas fazem acompanhamento com nutricionista, no entanto o restante, que não fazem um acompanhamento nutricional, não possuem conhecimento teórico da quantidade necessária diária de macronutrientes.
A necessidade calórica dietética é influenciada pela hereditariedade, sexo, idade, peso e composição corporal, condicionamento físico e fase de treinamento, levando em consideração sua freqüência, intensidade e duração e modalidade. Para esses, o cálculo das necessidades calóricas nutricionais está entre 1,5 e 1,7 vezes a energia produzida, o que, em geral, corresponde a consumo entre 37 e 41 kcal/kg/dia e, dependendo dos objetivos, pode apresentar variações mais amplas, entre 30 e 50 kcal/kg/dia (SBME, 2009).
A demanda do adulto não atleta (médio) para proteína é de 0,8 g/kg/dia, enquanto a demanda do atleta adulto para proteína oscila entre 1,2 e 2,0 g/kg/dia (SBME, 2009). Os carboidratos são o substrato energético limitante. Isto é, quando os carboidratos acabam, as pessoas alcançam tipicamente um ponto de exaustão. Por esse motivo, as pessoas devem consumir 55 a 65% das calorias totais provenientes dos carboidratos (ACSM, 2011).
Além da possibilidade de aumento da adaptação ao treinamento de força, outro fator sugere que dietas hiperprotéicas praticadas por muitos indivíduos (de 2,0 a 6,0g/kg/dia) não são necessárias. Como nosso organismo não possui estoque de proteínas e aminoácidos, quando consumimos mais desses nutrientes do que precisamos o excesso é oxidado (Bacurau, Navarro & Uchida, 2009).
Analisando somente as mulheres que não fazem acompanhamento nutricional, 42,8% receberam indicações apenas de professores da academia para saberem o que comer após o treinamento de resistência, o embasamento restante ficou a cargo de pesquisas na internet e livros (21,4%), professores da academia e pesquisas na internet (14,3), assimilações, sem referência científica, em alimentos tidos como saudáveis (14,3%) e orientação por nutricionista realizado há um ano (7,1%).
Conclusão
No presente estudo, foi constatado que a maioria das mulheres entrevistadas na academia de Blumenau/SC pretendia a estética (emagrecimento e hipertrofia muscular). Em relação ao acompanhamento nutricional, apenas 30% fazem acompanhamento com nutricionista. Quanto ao uso de suplemento alimentar na refeição pós-treino, apenas 15% utilizam suplemento alimentar, e todas que afirmaram usar suplemento alimentar na refeição pós-treino utilizam o suplemento whey protein. Apenas 35% das mulheres entrevistadas afirmaram consumir proteínas e carboidratos na sua refeição pós-treino. E todas as mulheres que não realizam acompanhamento nutricional, não sabem a quantidade necessária diária de macronutrientes, aliado a isto, 42,8% afirmaram ter recebido orientações de professores da academia sobre refeição pós-treino.
Bibliografia
ACSM. American College of Sports Medicine (2011). Recursos do ACSM para o personal trainer. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Bacurau, R.F., Navarro, F. & Uchida, M.C. (2009). Hipertrofia-Hiperplasia: Fisiologia, nutrição e treinamento do crescimento muscular. 3. Ed. São Paulo: Phorte Editora Ltda.
Chiesa, L.C. (2002). Musculação: aplicações práticas. Rio de Janeiro: Shape.
Frade, R.E.T. (2014). Análise da influência de um programa nutricional e de condicionamento físico em variáveis antropométricas em uma academia de São Paulo. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 8(45), 156-163.
McArdle, W.D., Katch, F.I. & Katch, V.L. (2015). Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 7. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Oliveira, P.V., Baptista, L., Moreira, F. & Lancha Júnior, A.H. (2006). Correlação entre a suplementação de proteína e carboidrato e variáveis antropométricas e de força em indivíduos submetidos a um programa de treinamento com pesos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 2(1), 51-55.
Silva Filho, J.N., Silva, P.O., Oliveira, J.C.B., Ribeiro, A.S. & Juca, E.O. (2015). Objetivos de alunos que iniciaram a prática de exercícios físicos numa academia de Porto Velho - RO: Estudo transversal. Revista Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, 7(1), 1-9.
SBME. Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2009). Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 15(3), 3-12.
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