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O contexto do jogo na Educação Infantil:
uma ferramenta educativa

El contexto juego en el Nivel Inicial: una herramienta educativa

The game context in kindergarten: an educational tool

 

*Acadêmica da 5ª fase do curso de Pedagogia

do Centro Universitário de Brusque – Unifebe

**Professora nos cursos de Educação Física e Pedagogia

do Centro Universitário de Brusque – Unifebe

(Brasil)

Taiani Vicentini*

taiani.vicentini@hotmail.com

Letiana Pimentel*

letianapimentel@gmail.com

Liliane Hames*

liliane.hames@hotmail.com

Camila da Cunha Nunes**

camiladacunhanunes@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A Educação Infantil atende crianças de 0 à 6 anos e tem como meta desenvolver a criança em sua totalidade. A partir disso, temos como objetivo discutir o conceito de jogo tendo em vista a possibilidade de reflexão e ferramenta educativa na Educação Infantil. Para tanto, realizamos uma pesquisa bibliográfica baseada em material já publicado sobre o tema a partir de uma análise contextual. Durante o processo de ensino aprendizagem faz-se necessário que o educador possua metodologias diversificadas para promover o desenvolvimento da criança e o jogo e a brincadeira são grandes aliados. O jogo é um meio, uma ferramenta pedagógica e dependendo do tipo de jogo realizado conseqüentemente suas relações se alteram. Assim, faz-se necessário que os educadores observem as crianças jogando e tracem estratégias a partir do que elas mesmas apresentam. Dito em outras palavras, quando salientamos o jogo como ferramenta pedagógica sinalizamos que há múltiplas possibilidades de explorá-lo.

          Unitermos: Educação Infantil. Criança. Jogo.

 

Abstract

          Early Childhood Education serves children from 0 to 6 years and aims to develop the child in its entirety. From this, we aim to discuss the concept of play in view of the possibility of reflection and educational tool in kindergarten. To this end, we conducted a literature research based on material already published on the subject from a contextual analysis. During the process of teaching and learning it is necessary that the educator has diversified methodologies to promote child development and the game and plays are great allies. The game is a means, a pedagogical tool and depending on the result made the game their relationships change. Thus, it is necessary that educators observe children playing and delineate strategies from what they themselves show. Put in other words, when we point out the game as a pedagogical tool signaled that there are many possibilities to explore it.

          Keywords: Kindergarten. Child. Game.

 

Recepção: 07/12/2015 - Aceitação: 026/03/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A educação comporta processos formativos ocorridos nos diversos espaços sociais. Especificamente, a educação escolar compõe-se de educação básica e educação superior. É na educação básica que se localiza a Educação Infantil. Mais precisamente, a educação básica é subdividida em educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. A Educação Infantil no Brasil atende a crianças de 0 a 6 anos e deve ser oferecida em espaços específicos. Isso significa que, é oferecida em creches ou entidades equivalentes, para crianças de 0 a 3 anos de idade; e, em pré-escola para crianças de 4 a 6 anos. A Educação Infantil somente é obrigatória a partir dos 4 anos de idade. A educação é um direito social afirmado na Constituição Federal de 1988, que precisa atender a demanda do município. Ou seja, é um dever do Estado (Brasil, 1996).

    A Educação Infantil tem como objetivo desenvolver a criança em sua totalidade amparada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996. A distribuição de docentes e auxiliares é realizada conforme a faixa etária das crianças. Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006) estabelecem que a distribuição seja feita da seguinte forma, um professor para 6 a 8 bebês de 0 a 2 anos; um professor para cada 15 crianças de 3 anos; e, um professor para cada 20 crianças de 4 a 6 anos. Entretanto, por vezes, isto não é respeitado embora alguns documentos subsidiem a educação.

    A área da educação constantemente é (re) pensada. Isso significa que concepções, práticas pedagógicas e metodologias de ensino são revistas de acordo com seus espaços de institucionalização. O que sinaliza a necessidade de mediação de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças. Em especial, têm se mostrado prioritárias as discussões sobre como orientar o processo de ensino e aprendizagem. Por um lado, junto às crianças de até três anos em creches. Por outro lado, como assegurar práticas junto às crianças de quatro e cinco anos que garantam a continuidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, sem antecipação de conteúdos que serão desenvolvidos posteriormente (Brasil, 2010).

    Apesar dessas discussões e regulamentações, nem sempre foi assim. A criança é um ser que ao longo da história foi visualizada de diferentes maneiras e passou por várias definições. Na idade média, era vista como um empecilho, um adulto em miniatura sem nenhum valor. Como salienta Grossman (2010) a infância era entendida apenas como um período de passagem. O que significa que logo era ultrapassado e cuja lembrança rapidamente era esquecida. Pode-se notar isso, nas pinturas medievais que traduzem essas crenças e sentimentos. As crianças são representadas como adultos em miniatura, sem nenhuma diferença de traços ou expressões.

    Atualmente, a criança e sua infância são vistas de maneira diferente. Em outras palavras, como um ser com sua cultura própria, em constante desenvolvimento e aprendizagem. Existem diversas culturas infantis, cada qual tem a sua especificidade. Conforme afirma Sarmento (apud, Barbosa, 2007, p. 36):

    a infância é, simultaneamente, uma categoria social, do tipo geracional, e um grupo de sujeitos ativos, que interpretam e agem no mundo. Nessa ação estruturam e estabelecem padrões culturais. As culturas infantis constituem, com efeito, o mais importante aspecto na diferenciação da infância.

    Como salientado acima, cada indivíduo tem sua cultura influenciado pelo meio em que vive e consequentemente suas especificidades. Por isso, não é dotado de um mesmo conjunto de competências. Na medida em que as crianças se desenvolvem difere seu comportamento, seu modo de perceber, olhar e pensar o mundo. Sendo assim, faz-se necessário que o educador possua variadas possibilidades para mediar o desenvolvimento de cada indivíduo. Nesse sentido, os jogos podem ser um aliado para isso.

    Não se sabe exatamente como se originou os jogos. Todavia, foram conservados e repassados de geração em geração (Moratori, 2003). No que diz respeito ao jogo e a educação, verificou-se que o mesmo já era observado, por exemplo, nos escritos de Platão (1948) em “As Leis”, ao destacar a importância do “aprender brincando’’ em contraposição a utilização da violência e repressão. Aristóteles (1983) em “Ética a Nicômaco” e na “Política” (1966) analisa a recreação como descanso do espírito (apud Conceição de Lima, 2010). Isso demonstra que apesar de historicamente constituir-se uma educação bancária baseada principalmente no saber fazer algumas reflexões já eram realizadas.

    O jogo através das brincadeiras está presente na Educação Infantil e conforme afirma Kishimoto (1998) possui um papel importante nesta etapa:

    [...] a brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo – da vida natural interna no homem e de todas as coisas. Ela da alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo... A criança que brinca sempre, com determinação auto ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente se tornar um homem determinado, capaz de auto sacrifício, para a promoção do seu bem e de outros... como sempre indicamos o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação (p. 55).

    Mediante tais colocações iniciais, temos como objetivo nesse estudo discutir o conceito de jogo tendo em vista a possibilidade de reflexão e ferramenta educativa na Educação Infantil. No sentido de procurar entender de que forma o mesmo pode auxiliar o desenvolvimento tanto em seus aspectos físico, psicológico, social como cognitivo da criança. Para consecução desse objetivo proposto realizamos uma pesquisa bibliográfica baseada em material já publicado sobre o tema a partir de uma análise contextual.

    O jogo como um elemento educativo, tem sua importância dentro da escola. Durante o processo de ensino aprendizagem faz-se necessário que o educador tenha metodologias diversificadas para promover o desenvolvimento da criança sendo que o jogo e a brincadeira são ferramentas que quando bem estruturadas são grandes aliados neste desenvolvimento. Sendo assim, temos como pressuposto inicial que o jogo é fundamental no desenvolvimento totalitário da criança. Diante disso, para uma melhor compreensão o texto está dividido em três momentos. Em um primeiro momento é apresentado uma contextualização inicial do tema a fim de localizar o leitor sobre a temática a ser desenvolvida. Em seguida, discutimos sobre a temática central do estudo. Trata-se, portanto, do tema jogo e suas definições. E por fim, tecemos as considerações finais do artigo.

O contexto do jogo

    O termo “jogo” é polissêmico, mas não significa que é abstrato, tem seu significado definido de acordo com a cultura onde é instaurado. Embasado nesta perspectiva podemos considerar como sendo jogo o tradicional futebol e também o popular jogo de tabuleiro denominado xadrez. É evidente que para a realização da ação dos jogos exemplificados são utilizadas diversas habilidades humanas. No jogo de futebol se faz necessário maior habilidade e resistência física. Já no jogo de xadrez a habilidade física não se faz requisito primordial para o jogo, mas sim a habilidade cognitiva do raciocínio lógico matemático. O jogo não é apenas uma atividade em que a competição está inserida, mas, é qualquer atividade desenvolvida sem uma finalidade específica, jogo é tudo aquilo que eu disser que é jogo (Freire, 2002).

    De modo a refletir sobre o conceito de jogo tendo em vista a necessidade do presente estudo, será abordado inicialmente o conceito de jogo segundo as perspectivas de autores como Huizinga, Callois e Brougère. Para Huizinga (2005) o jogo é um elemento cultural da vida do homem, um fenômeno social, porém o jogo antecede a existência do homem, os homens não acrescentaram nada ao jogo, mas o diversificaram ao longo da história. A essência do jogo está no divertimento, fascinação, distração, tensão que o mesmo provoca. O jogo unicamente é jogo se for livre, caso contrário, se for sujeito a ordens deixa de ser jogo e passa a ser tarefa. As crianças brincam porque gostam. Já para os adultos o jogo se transforma em uma necessidade pelo prazer que proporcionam.

    Conforme Huizinga (2005), o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias. Isso significa que é dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. As regras mencionadas pelo autor são diferentes do sentido de ordens mencionado anteriormente. Ordens são impostas sem consentimento, regras são obrigatórias, mas de consentimento de todos.

    Callois (1990, apud Lima, 2008) faz uma crítica a Huizinga, pois o mesmo não se preocupou em classificar os jogos. Segundo o autor o jogo é uma atividade frívola, que combina as noções de limite, liberdade e invenção. Em outro ponto, Callois concorda com Huizinga quanto ao importante papel do jogo como meio de expressão e de produção cultural, nos diferentes domínios do conhecimento, da arte, do direito, da política, da estética e da guerra. Percebe-se que Callois (1990, apud Lima, 2008, p. 42), subentende o jogo como elemento educativo:

    jogos de força, de destreza, de cálculo são exercícios e diversão. Tornam o corpo mais vigoroso, mais dócil e mais resistente, a vista mais aguda, o tato mais sutil, o espírito mais metódico e mais engenhoso. Cada jogo reforça e estimula qualquer capacidade física ou intelectual. Através do prazer e da obstinação, torna fácil o que antes era difícil e extenuante.

    Cabe considerar que Callois remete a seguinte situação, o indivíduo brincar de piloto de avião na infância, não significa necessariamente que o mesmo será um piloto, da mesma forma que jogar um disco de metal não influência diretamente em sua profissão no futuro, porém ter músculos fortes e velocidade de reação rápida podem ser úteis no futuro. “O aspecto marcante do jogo é que ele introduz o indivíduo na vida, aumentando-lhe a competência para superar os obstáculos e as dificuldades” (Callois, 1990, p. 16 apud Lima, 2008, p. 42).

    Brougère possui uma concepção de jogo diferente de Callois e Huizinga. Para Brougère (1998), o jogo não é algo natural, mas uma representação condicionada por contextos socioculturais. É a utilização da linguagem para conseguir se expressar, interpretar, levantar hipóteses, e também uma forma de moldar, manipular a realidade, atendendo necessidades e interesses específicos. Para o autor, é impossível limitar o jogo em apenas um significado. Não há regras específicas que prescrevem o uso da palavra. Desta forma, sem buscar uma definição rigorosa reconhece três situações como jogo: (1) participação de seres em uma situação interpretada como jogo; (2) a existência de regras pré-estabelecidas que existem independente dos jogadores; (3) conjunto de peças que são utilizados para jogar (Brougère, 1998). Nessa concepção, é perceptível que durante o jogo a criança tem a possibilidade de experimentar situações, como forma de definir a atitude mais cabível para tal situação. Ou seja, no jogo a criança vê a possibilidade de errar e acertar, fazer escolhas e principalmente lidar com as consequências.

    O jogo está presente em todas as fases da vida, do nascimento a velhice, o que inclui necessariamente a faixa etária correspondente a Educação Infantil. Cabe considerar o jogo como um aliado ao desenvolvimento da criança, essa compreensão corrobora com a apresentada por Callois (1990), cujo entende que o jogo pode desenvolver na criança habilidades que lhe serão úteis agora e também no futuro.

    Costa e Cunha (2007) salientam ainda que o jogo desperta a criança, possibilita uma participação ativa e permanente. Proporciona-lhe uma liberdade de expressão e uma melhor integração social. Ou seja, o jogo também é reflexivo, propiciando o desenvolvimento por meio de processos mediados por outros indivíduos. A criança consegue, assim, uma estabilidade e satisfação pessoal que a ajudam a construir uma personalidade mais forte e capaz de dar respostas aos desafios diários. Tezani (2006, p. 1) reafirma a importância do jogo no desenvolvimento da criança:

    por meio do jogo, a criança pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. O jogar é essencial para que ela manifeste sua criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral. Apenas sendo criativa é que a criança descobre seu próprio eu.

    Partindo deste contexto apresentado por Tezani (2006), a criança durante o jogo, brinca naturalmente e testa situações da vida real baseadas em suas experiências. Paralelamente a isto, expõe a realidade a qual faz parte, facilitando ao educador o entendimento do âmbito familiar de cada indivíduo. Além de propiciar a interação das crianças, melhorando seu convívio social. No âmbito dos jogos o educador tem a possibilidade de trabalhar vários aspectos de forma simultânea. É possível trabalhar questões de interação entre o grupo ao mesmo tempo em que são desenvolvidas questões culturais visando diminuir a discriminação por conceitos culturais ou raciais.

    Froebel (1987) compreende o jogo como uma atividade na qual a criança expressa sua visão do mundo. O jogo seria também a principal fonte do desenvolvimento na primeira infância, que o autor reconhece como o período mais importante da vida humana. É um período que constitui a fonte de tudo o que caracteriza o indivíduo, toda a sua personalidade. Por isso, considera a brincadeira e o jogo uma atividade séria e importante para quem deseja realmente conhecer a criança.

    A brincadeira é a fase mais alta do desenvolvimento da criança – do desenvolvimento humano neste período; pois ela é a representação auto-ativa do interno – representação do interno, da necessidade e do impulso internos. A brincadeira é a mais pura, a mais espiritual atividade do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana como um todo – da vida natural interna escondida no homem e em todas as coisas. Por isso ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso interno e externo, paz com o mundo. Ela tem a fonte de tudo o que é bom. A criança que brinca muito com determinação auto-ativa, perseverantemente até que a fadiga física proíba, certamente será um homem determinado, capaz do auto-sacrifício para a promoção do bem-estar próprio e dos outros. Não é a expressão mais bela da vida neste momento, uma criança brincando? – uma criança totalmente absorvida em sua brincadeira? – uma criança que caiu no sono tão exausta pela brincadeira? Como já indicado, a brincadeira neste período não é trivial, ela é altamente séria e de profunda significância (Froebel, 1887, p. 55-56).

    Nota-se que o jogo é um aliado ao desenvolvimento da criança, um facilitador, porém cabe salientar que o jogo não é a resposta para todos os problemas. O jogo tem como característica para as crianças a diversão e isso, não deve ser perdido conforme a concepção de jogo apresentada por Huizinga (2005). Não se pode sobrecarregar as crianças com informações em excesso. Segundo Bomtempo (1999), nem sempre, ensinar com brincadeiras é mais eficiente. O excesso de informações ou atenção a informações irrelevantes pode influir negativamente na aprendizagem. Neste sentido, é de suma importância o educador saber como passar a informação ao educando.

    Frente a isto, é essencial a importância de o educador estruturar o jogo de modo que o mesmo facilite a aprendizagem da criança. Sabe-se que dependendo de como o jogo é desenvolvido o mesmo pode despertar a alegria na criança. Cabe ao educador organizar o jogo de forma com que o mesmo contribua para alguma área do conhecimento. Diferente da educação tradicional centrada no saber fazer. O jogo auxilia o desenvolvimento motor da criança, e ao mesmo tempo o seu cognitivo, pois a imaginação, criatividade e tomada de decisão são exemplos de recursos utilizados durante o jogo. Além disso, o jogo auxilia na interação social da criança com os demais, incluindo o educador. Algumas crianças tendem a sentirem vergonha e/ou medo em sua inserção na Educação Infantil e o jogo pode ser um elemento facilitador por meio da cooperação e o trabalho em equipe.

    Partindo da colocação de Freire - a qual foi apresentada no início - quando é definido que o jogo é tudo aquilo que é denominado jogo, abre-se um leque de possibilidades para que o educador explore e planeje sua prática docente de forma que o jogo seja realmente utilizado como recurso pedagógico e não apenas como “passa tempo”. Portanto, possibilita a reflexão e análise sobre as próprias escolhas ocorridas durante o jogo.

    Quando Brougère (1998) define o jogo como uma utilização da linguagem para conseguir se expressar, é possível paralelemente realizar uma ligação com Vygotski (1981) onde o mesmo considera linguagem como um símbolo que permitiu o homem maior domínio e conhecimento da natureza. Nesta dimensão, se o jogo é uma utilização da linguagem para se expressar, logo, o jogo se torna um símbolo, e quando o mesmo é entendido como tal, está presente nele a atividade humana – física e metal e por sua vez permite ao homem interagir de forma mais segura na vida real.

    O jogo possui vários significados e pode ser definido pela cultura onde está inserido. Sua essência está no divertimento e na distração, as crianças brincam porque se divertem e os adultos pela satisfação do prazer. Os jogos requerem força, destreza, noção de cálculos, percepção tempo – espaço, imaginação e tomada de decisões. Com isso, faz uso das capacidades dos indivíduos. Além disso, desperta a alegria na criança se desenvolvido com esse sentido, o jogo possibilita seu desenvolvimento totalitário. Sendo assim, o jogo é um grande aliado para a Educação Infantil, um facilitador do desenvolvimento da criança. Visto que, é assegurado à Educação Infantil o desenvolvimento da criança em sua totalidade.

Considerações finais

    O jogo possui distintos significados. Pode ser visto e desenvolvido de formas diferentes e caracterizado como um elemento educativo, facilitador na construção de conhecimento e no desenvolvimento e aprendizagem da criança. Particularmente, na Educação Infantil, porque a infância é o período mais importante da vida humana devido às etapas de crescimento e desenvolvimento humano que caracterizam a formação dos indivíduos.

    O jogo é caracterizado como elemento educativo, pois durante o seu desenvolvimento se faz necessário à utilização de aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, fazendo com que as mesmas sejam exercitadas. Ademais, as reflexões e análises propiciadas são significativas para o desenvolvimento dos indivíduos. Essas habilidades serão uteis para a criança no presente e posteriormente durante a sua vida. O jogo é também um meio de expressão e de produção cultural, nos diferentes domínios do conhecimento, da arte, do direito, da política, da estética e da guerra. Favorecendo assim, uma aprendizagem prazerosa, lúdica e significativa.

    Deste modo, o jogo é um dos meios de promover o desenvolvimento da criança. O jogo é um ato de divertimento, e isso não deve ser perdido visando apenas o desenvolvimento. Para tanto, faz-se necessário que os educadores observem as crianças jogando e tracem estratégias a partir do que elas mesmas apresentam. O jogo é um meio, uma ferramenta pedagógica e dependendo do tipo de jogo consequentemente suas relações se alteram. Dito em outras palavras, quando salientamos o jogo como ferramenta pedagógica sinalizamos que há múltiplas possibilidades de explorá-lo.

Bibliografia

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