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Criação de uma matriz de avaliação

para alunos iniciantes em musculação

Creación de una matriz de evaluación para principiantes de musculación

Creation of an array of evaluation for beginners in bodybuilding

 

*Graduando em Educação Física – UFSM

**Especialização em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde – UFSM

***Doutorado em Ciência do Movimento Humano – UFSM

****Graduado em Educação Física – UFSM

(Brasil)

Henrique Colpo de Lima*

Khalil Yusuf Khalil*

Leandro Lima Borges**

Luciane Sanchotene Etchepare Daronco***

Michel de Souza da Silva****

henriquecaibate@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho apresenta uma proposta de uma matriz de avaliação para alunos iniciantes em musculação, em vista da grande procura em academias por pessoas que buscando os mais diversos objetivos, desde o tratamento de patologias de ordem metabólica, passando pela melhoria estética do corpo, até aos atletas de competição de alto nível. O maior objetivo do trabalho foi desenvolver uma matriz que fosse rápida e facilmente aplicável em qualquer estabelecimento, por não demandar muito tempo, nem equipamentos caros ou softwares de computador, otimizando assim, a avaliação, sem torná-la desestimulante para o avaliado.

          Unitermos: Avaliação. Iniciante. Musculação.

 

Resumen

          Este documento presenta una propuesta para una matriz de evaluación para los principiantes en el culturismo, debido a la gran demanda en el mundo académico por personas que buscan los objetivos más diversos, desde el tratamiento de enfermedades de orden metabólico, mejorando la estética del cuerpo, a los atletas de alta competición. El objetivo principal de este trabajo fue desarrollar una matriz que era rápida y fácilmente aplicable en cualquier establecimiento, no demanda mucho tiempo ni costosos equipos o computadora software, optimizar la evaluación, sin que sea desalentador para los evaluados.

          Palabras clave: Evaluación. Principiante. Culturismo.

 

Abstract

          This paper presents a proposal for an evaluation matrix for beginners in bodybuilding, in view of the great demand in academia by people seeking the most diverse goals, since the treatment of diseases of metabolic order, through improving the aesthetics of the body, to high-level competition athletes in any bodybuilding, fitness, powerlifting, among others. The main objective of this work was to develop a matrix that was quickly and easily applicable in any establishment, not demand much time or expensive equipment or computer software, optimizing the evaluation, without making it discouraging to the evaluated.

          Keywords: Evaluation. Beginner. Bodybuilding.

 

Recepção: 02/12/2015 - Aceitação: 25/04/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática da musculação tem sido cada vez mais procurada a cada ano, pelas diferentes populações, com os mais diferentes objetivos. Por exemplo, o sedentarismo, caracterizado pela ausência de atividade física, que é considerado a doença do século, está associado diretamente ao comportamento cotidiano, decorrente dos confortos da vida moderna, como enfatizam Pitanga e Lessa (2005).

    As academias de musculação são espaços urbanos ideais para o ritmo acelerado da sociedade atual, representando uma ótima opção de prática regular, o que tem um papel decisivo no contexto da melhoria do bem estar geral (Saba, 2001). Hoje sabemos que essa atividade, aliada à dieta adaptada ao gasto calórico, é importante para o enrijecimento dos músculos e, além disso, para a diminuição da gordura corporal e aceleração do metabolismo. Porém, ainda existem mitos em relação à musculação feminina, por exemplo, que é o reflexo de contraindicações antiquadas, como a ideia de que as mulheres praticantes ficam masculinizadas (Lessa, 2007).

    Paralelamente a isso, um grupo bem mais específico e delicado têm se apropriado cada vez mais da prática da musculação: a população da terceira idade. A busca por melhores condições de vida é pautada na autonomia e na realização pessoal. Segundo Dias e Duarte (2005), na velhice, a dificuldade de realizar tarefas fica evidente, as distâncias mais longas, as escadas mais difíceis de subir, as ruas mais perigosas de atravessar, enfim, o mundo se torna uma ameaça para o idoso.

    A musculação é uma das intervenções mais eficientes quanto à melhora de qualidade de vida do idoso, pois auxilia no controle das mudanças ocorridas pelo processo de envelhecimento, promovendo independência e autonomia nas atividades do cotidiano (Estorck, 2008).

    Em contrapartida a essa diversidade de perfis de pessoas que procuram a musculação, encontra-se um paradoxo perigoso na realidade de mercado, onde os profissionais de muitas academias, estagiários ou contratados, tendem a classificar o aluno recém-chegado e sem experiência com musculação simplesmente como “iniciante”, e sob essa classificação, segue um programa de treinamento pré-estabelecido, que inclui um número básico de exercícios, também previamente selecionados.

    Mas seria coerente submeter pessoas tão diferentes entre si a um mesmo programa? Seria este programa básico tão completo a ponto de satisfazer as carências de tantos indivíduos diferentes em idade, sexo, origens, hábitos, histórico de patologias e fraturas, motivação e objetivos? Não estaríamos dessa forma ignorando o princípio da individualidade biológica?

    Baseado nesses questionamentos, o presente estudo busca a formulação de uma matriz de avaliação rápida e prática, assim, composta de testes validados, porém, simples, que se valha de instrumentos sem maiores custos e que dê conta de analisar o estado inicial desse aluno, avaliando valências físicas, que serão exigidas na prática da musculação, bem como, medidas antropométricas, a fim de direcionar a prescrição do treinamento para um trabalho mais individualizado, e porque não dizer, menos mecanizado e mais humanizado.

Objetivos específicos

  • Criar uma matriz analítica para a avaliação de alunos iniciantes em musculação, que seja de aplicação rápida, prática e precisa no diagnóstico do estado inicial do aluno.

  • Criar uma matriz analítica para a avaliação de alunos iniciantes em musculação, para possibilitar ao instrutor montar um programa de treinamento específico para cada aluno.

Justificativa

    Justifica-se a realização deste trabalho pela carência na literatura especializada de matrizes analíticas de avaliação para musculação, bem como, pela realidade de mercado onde o profissional, muitas vezes por exigência do empregador, que entende não ser necessário despender tempo e atenção demasiada ao aluno iniciante, prescreve um treinamento baseado em formatos pré-estabelecidos e na predição intuitiva de cargas.

    Este trabalho tem a intenção de mostrar que não há porque não fazer uma avaliação inicial para nortear a prescrição do treinamento, a partir do momento em que se vale de testes simples e rápidos, que proporcionarão ao profissional uma noção precisa da aptidão física do seu aluno. Ao mesmo tempo em que transmite seriedade no trabalho realizado, despertando a confiança do aluno, permitindo também, ao proprietário do estabelecimento ter em mãos um completo banco de dados dos seus clientes, e uma dimensão do andamento do treinamento de todos.

    Por fim, o presente trabalho tem a intenção de deixar um legado para a comunidade científica, que possa se detiver encima do mesmo para a aplicação prática, bem como, para trabalhos de pesquisa e publicações posteriores.

Metodologia

  • Selecionar quatro (4) testes validados que tenham relação direta com as valências físicas exigidas na prática da Musculação

  • Criar a matriz de análise.

Testes

    Para o desenvolvimento da matriz, foram selecionados quatro (4) testes que tivessem relação direta com as valências físicas exigidas com a musculação ou com as medidas antropométricas que se buscam ser melhoradas com a prática da mesma. São eles:

Força

    Para avaliar a variável força, o protocolo de Rikli e Jones (1999) adaptado por Matsudo (2005) mostrou-se um teste pertinente às exigências da matriz, pois, diferentemente dos testes de força tradicionalmente relacionados à musculação como o Teste de 1 Repetição Máxima (1RM), ou o Teste de Repetições Máximas (TRM), não oferece risco de lesão articular ao avaliado. Ainda que pouco evidenciados, tendem a ocorrer lesões em grupos mais inexperientes ou frágeis (Shaw e McCully, 1995).

    O teste se divide em dois protocolos diferentes para Membros Superiores (MMSS) e Membros Inferiores (MMII). Para a avaliação de MMSS aplica-se o teste de “Flexão de Cotovelo”, onde o avaliado deve estar sentado em uma cadeira com as costas retas no encosto e os pés totalmente apoiados no chão, com o lado dominante do corpo perto da extremidade lateral da cadeira. Um halter de 2 Kg (mulheres) e 4 Kg (homens) segurado de um lado com a mão dominante fechada. O teste começa com o braço estendido para baixo ao lado da cadeira perpendicular ao chão. Ao sinal “Atenção! Já!”, o avaliado vira a palma da mão para cima enquanto flexiona o braço, completando totalmente o ângulo de movimento, voltando depois à posição inicial com o cotovelo totalmente estendido, fazendo o maior número de repetições em 30 segundos. 

    Para medir a força de MMII, usa-se o teste “Sentar e Levantar”, onde a força de membros inferiores é mensurada registrando o número de levantamentos completos realizados em 30 segundos com os braços cruzados ao peito, em uma cadeira com 43 cm de altura.

Marcha

    Levando em conta a grande procura por treinamentos aeróbicos dentro da academia, entende-se que um teste de marcha se faz necessário, com o intuito de avaliar a velocidade da marcha do aluno, bem como seu padrão de caminhada, visando corrigir deficiências técnicas da passada, normalmente decorrentes do sedentarismo e sobrepeso. Medidas de velocidade da marcha têm sido reconhecidas como um indicador de bom desempenho funcional, de auto percepção da função física, de independência e de capacidade de realização de atividades sociais, demonstrando-se, ainda, sensíveis e confiáveis para detectarem mudanças na recuperação motora, independentemente do nível funcional do indivíduo (Teixeira, 1998).

    O teste “Velocidade da Marcha” consiste em isolar um corredor de 20 metros de comprimento, onde se marca no solo os primeiros e os últimos 5 metros. Solicitar ao avaliado caminhar em velocidade confortável os 20 metros do percurso, mas só acionar o cronômetro quando o avaliado passar pela marca dos primeiros 5 metros (desta forma se evita registrar a fase de aceleração da marcha) e interromper a cronometragem quando o paciente passar pela marca dos últimos 5 metros (assim se evita de registrar a desaceleração). Desta forma só se registra a velocidade do avaliado nos 10 metros onde a velocidade dele permanece constante.

    Para o registro, recomenda-se fazer 3 medidas de velocidade e tirar a média destas três, ou fazer as três medidas e descartar a melhor e a pior. A medida é dada em metros por segundo (m/s)

Flexibilidade

    A flexibilidade é tão importante para atletas como para pessoas sedentárias. Uma vez que a amplitude de determinada articulação esteja comprometida, alguma limitação se manifestará e poderá comprometer o desempenho esportivo, laboral ou de atividades diárias. Os exercícios de alongamento tendem a restabelecer níveis satisfatórios de mobilidade articular e reduzir tensões musculares, resultando numa melhor mecânica articular (Marchand, 2002). Não raramente, encontramos alunos com encurtamento muscular, principalmente de isquiotibiais devido ao sedentarismo e a permanência na posição sentada, a musculatura tende a encurtar. Grande parte da população possui essas características, o que justifica a alta incidência de encurtamento. Na posição sentada os tendões dos isquiotibiais estão frouxos e se encurtam para corrigir essa frouxidão aumentando a tensão nos isquiotibiais e diminuindo a flexibilidade. A diminuição da flexibilidade desse grupo muscular pode acarretar desvios posturais como a inclinação posterior da pelve que afeta a marcha e provoca dores nos membros inferiores, de natureza articular e muscular e por consequência seu desalinhamento (Alter, 1998; Polachini et al, 2005).

    Para detectar eventuais encurtamentos musculares de isquiotibiais, e direcionar o treinamento para a inclusão de exercícios específicos de alongamento, selecionou-se o Teste de “Sentar e Alcançar”, realizado com o Banco de Wells e Dilon (1952), onde o avaliado deverá flexionar o tronco sobre o quadril, empurrando o taco de madeira sobre a caixa que possui uma fita métrica milimetrada. Serão realizadas três tentativas, considerando-se a maior distância atingida.

Razão Cintura-Quadril (RCQ)

    Um dos objetivos mais comuns dos praticantes de musculação é a redução de medidas na região abdominal, por questões estéticas. Mas não podemos esquecer as consequências para a saúde que uma cintura mais larga pode trazer. Em 1985, a Conferência sobre as Implicações da Obesidade na Saúde apontou que a topografia da gordura corporal é um importante preditor de doenças crônicas (Keenan et al., 1992). Marti et al. (1991) reconhecem que o excesso de gordura na região abdominal pode ter maior capacidade preditiva do que a massa corporal total para infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e diabetes.

    Há muito se sabe que as pessoas diferem em relação à localização da gordura corpórea. Homens, em particular, tendem a ter maior proporção de gordura abdominal, conferindo-lhes o chamado padrão masculino ou androide de distribuição de gordura. As mulheres, por outro lado, tendem a ter maior quantidade de gordura na região glútea e por isso têm maiores perímetros dos quadris, apresentando o padrão feminino ou ginóide de distribuição de gordura corporal. Este padrão pode ser avaliado pela razão abdominal/glútea, que é obtida pela divisão das medidas dos perímetros da cintura e do quadril-razão cintura/quadril (RCQ) (Bray, 1989). Andres et al. (1989) relatam que 57% da variância da RCQ é explicada pelo gênero, 10% pelo índice de massa corporal (IMC) e 6% pela idade.

    O procedimento de medida segue as técnicas descritas por Lohman et al. (1988), onde o examinado permanece em pé, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo. Com a roupa afastada, o perímetro da cintura é medido ao redor da cintura natural ou na menor curvatura localizada entre as costelas e a crista ilíaca, com o cuidado de manter a fita métrica justa, mas sem comprimir tecidos; a leitura é feita entre uma expiração e uma inspiração. A medida do quadril é obtida colocando-se a fita métrica ao redor da região do quadril, na área de maior protuberância, sem comprimir a pele. Convenciona-se adotar como ponto de corte o padrão (> 1,00) para homens e (> 0,80) para mulheres.

Conclusão

    O presente estudo buscou através de seus objetivos obter uma criação de uma matriz de avaliação para alunos iniciantes em musculação, assim, possibilitando tanto para o público alvo, ou seja, o público participante, para os instrutores e proprietários, um conforto ao exercerem suas funções dentro da academia, possibilitando segurança, e confiabilidade se assim aplicada à matriz de avaliação. Desta forma, o aluno poderá ter uma confiança em seu treino, bem como o instrutor estará com dados básico e simples para aplicar o melhor treino, ou seja, adequado ao aluno, expresso assim, os resultados mediante a tabela de avaliação, fazendo correlação aos testes, e portanto atribuindo um treino adequado ao seu aluno.

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