Jogos cooperativos: relato de experiência de uma abordagem coeducativa Juegos cooperativos: relato de experiencia de um abordaje coeducativo Cooperative games: experience report of a co-educational approach |
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*Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) Rede Estadual de Ensino Estado do Paraná, Paraná **Docente do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Paraná |
Profa. Sandra Regina de Moraes Xavier* Prof. Dr. Gustavo André Borges** (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste artigo é relatar as experiências vivenciadas por meninos e meninas no decorrer da prática pedagógica cooperativa e coeducativa desenvolvida nas aulas de Educação Física. Para tanto, as aulas de Educação Física foram desenvolvidas com o conteúdo de jogos cooperativos para as 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. A abordagem foi realizada através de diferentes etapas em um período de 20 aulas. Além da abordagem cooperativa, todas as atividades planejadas tiveram uma abordagem coeducativa oportunizando a meninas e meninos um aprendizado conjunto. Ao final do período, foi realizada uma entrevista grupal semiestruturada, que possibilitou categorizar as respostas numa perspectiva relativa ao gênero. Como resultados, para ambos os sexos, foi percebido que os jogos cooperativos e coeducativos contribuíram para a aproximação entre meninas e meninos, possibilitando as mesmas vivências corporais. Entretanto, quando alguns jogos eram competitivos, os meninos apresentaram um discurso generificado, e em certa medida, preconceituoso. Apesar de os jogos cooperativas aproximarem os desempenhos entre os sexos, à medida que jogos eram mais disputados, o comportamento generificado entre os sexos se tornou mais acentuado. Finalmente, nós percebemos a necessidade de introduzir jogos e atividades físicas coeducativas nas aulas de Educação Física, principalmente com práticas pedagógicas dos jogos cooperativas que permitam questionar e reconstruir os conceitos de gênero estabelecidas em nossa sociedade. Unitermos: Jogos Cooperativos. Gênero. Coeducação. Educação Física.
Abstract The objective of this study is to report the experiences of boys and girls during the pedagogical practice cooperative and coeducativa developed in physical education classes. The physical education classes were developed with the contents of cooperative games for the 6 and 7 years of elementary school. The educational cooperative approach was carried out through different stages over a period of 20 lessons. In addition to the cooperative approach, all the activities that were planned had a coeducativa approach provided an opportunity girls and boys one learning together.At the end of classes, a semi-structured interview in the group was held, which allowed them to analyze and categorize the responses from a gender perspective. The results, for both sexes, indicated that cooperative and coeducations games contributed to a rapprochement between girls and boys, who obtained the same motor experiences. However, when some games were competitive, the boys showed a gendered discourse, and to some extent prejudiced. Despite the cooperative games approach the performance between the sexes, as most games were played, the gendered behavior between the sexes became more pronounced. Finally, we perceive the need to introduce cooperative games and activities coeducation in physical education classes, especially with pedagogical practices of cooperative games to question and rebuild the gender concepts established in our society. Keywords: Cooperative Games. Gender. Coeducation. Physical Education.
Recepção: 27/01/2016 - Aceitação: 10/04/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Muitas mudanças ocorreram na educação no início dos anos de 1980, e a educação física escolar passou por várias transformações e tendências pedagógicas (Betti, 1991; Bracht, 1999; Coletivo de Autores, 1992; Ghiraldeli Junior, 1998). Hoje as aulas são mistas, mas percebe-se que meninos e meninas apenas dividem o mesmo espaço durante as aulas, o que não garante um trabalho conjunto e integrado.
As aulas de educação física escolar histórica e culturalmente são planejadas, ou até mesmo separadas, por sexo. Muitas escolas apresentam planos de ensino que limitavam meninas de praticarem determinados conteúdos e práticas esportivas, enquanto que aos meninos esses mesmos conteúdos abriam um conjunto maior de experiências para o desenvolvimento das suas aptidões físicas.
A distinção de gênero é uma construção histórica e cultural presente em nossa sociedade. Uma das formas de se perceber as históricas relações de gênero é que nos anos iniciais de escolarização, as meninas já sentem as diferenças entre os sexos baseado nas diferentes formas de se ensinar meninas e meninos nos anos iniciais de alfabetização e escolarização (Moreno, 1999). Esta distinção torna-se mais evidente nas aulas de educação física, quando durante os anos de escolarização as práticas corporais que destacam a força são determinantes de uma característica tipicamente masculina e a ginástica e as atividades de expressivas, como a dança, como tipicamente femininas.
Atualmente, o que norteia os conteúdos da educação física escolar são as manifestações da cultura corporal do movimento. Constituem essa cultura e conteúdos o esporte, a dança, as lutas, os jogos e brincadeiras e a ginástica que colaboram no processo de educação de meninos e meninas. Apesar desta perspectiva curricular, vislumbra-se a resistência da disciplina de educação física a mudanças e transformações no que se refere à prática conjunta de meninos e meninas no cotidiano escolar.
Frente a esta situação, nos deparamos com atividades direcionadas à competição e a prática esportiva, permeando uma concepção dualista e biologicista que colabora com o sexismo na escola e dificulta novas propostas de ações pedagógicas coeducativas (Saraiva, 2005). No decorrer das aulas de educação física, é muito comum os professores presenciarem gestos, falas, brincadeiras generificadas, as quais são naturalizadas pelos alunos e alunas e, na maioria das vezes já são naturalizadas pelo(a) próprio(a) professor(a).
Para Auad (2005), estas visões naturalizadas sobre os gêneros representam impedimentos para a superação dessa forma dualista e segregadora que deixa de ser percebida e refletida no desenvolvimento das aulas. Essas visões desfavorecem o desenvolvimento das relações intergêneros, e, não só se perde em termos de relacionamentos como também em vivências e experiências corporais.
Diante disto, é necessário um redimensionamento da prática educativa, a fim de transformá-la em ações pedagógicas conjuntas que favoreçam a coeducação e contribua com a prática docente no sentido de desmistificar as relações de gênero presentes nas aulas de educação física.
Neste sentido, a introdução dos jogos cooperativos, em oposição aos competitivos, pode ser um instrumento de superação dessa visão reducionista, uma vez que “seu objetivo primordial é criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa” (Orlick, 1989, p. 123). Joga-se para superar desafios, compartilhar, solucionar problemas e conflitos. A troca de idéias entre seus participantes oferece um envolvimento maior, favorecendo a aceitação do outro, evitando à exclusão, a seletividade, a sobrepujança e a exacerbação da individualidade.
A compreensão acerca dos jogos cooperativos motivou a efetivação da intervenção pedagógica que, propôs-se por meio deles, oportunizar a meninos e meninas as mesmas vivências corporais. Isto é, um aprendizado conjunto e colaborativo de forma a refletirem sobre suas ações e relações presentes nas aulas de educação física com as estabelecidas socialmente, favorecendo ações coeducativas.
Nesse sentido, o objetivo deste artigo é relatar as experiências vivenciadas por meninos e meninas no decorrer da prática pedagógica desenvolvida nas aulas de educação física, buscando observar como se estabeleceram às relações de gênero a partir do uso dos jogos cooperativos e coeducativos.
2. Metodologia
O presente estudo é resultado de um projeto do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) desenvolvido em um Colégio de Ensino Fundamental e Médio do município de Cascavel/Pr. Participaram do projeto 140 estudantes, sendo 75 meninos e 65 meninas, matriculados nas turmas dos 6º e 7º anos.
A metodologia foi dividida em diferentes etapas, onde na primeira realizou-se com cada turma separadamente, uma entrevista coletiva e aberta no tempo de uma hora/aula, na intenção de coletar conhecimentos prévios sobre o tema “gênero”. Os alunos e alunas foram dispostos em círculo de forma que todos/as se vissem, deixando-os bem à vontade para exporem suas opiniões.
Na segunda etapa foram desenvolvidos atividades e jogos cooperativos sem perdedores, de resultado coletivo, jogos de inversão e jogos semi-cooperativos (Soler, 2006), distribuídos em 20 horas/aula.
Durante a realização de todas as aulas, uma observação sistemática foi adotada na intenção de observar comportamentos, atitudes, falas e formas de relacionamentos entre os alunos. Ao final de cada uma das aulas, todos foram convidados a refletirem sobre suas atitudes e comportamentos no decorrer das mesmas (ação-reflexão), além de comentarem sobre a participação de todos os estudantes durante as mesmas atividades. A partir da reflexão, as falas dos alunos e alunas foram registradas e analisadas qualitativamente. Todas as falas foram analisadas pelos seus conteúdos manifestos (Bardin, 2010) e todas as unidades de análise foram previamente categorizadas por gênero e seus estereótipos para posteriormente serem interpretadas.
3. Resultados e discussão
No início do projeto destacamos uma aula com diferentes tipos de jogos visando observar o entrosamento entre meninos e meninas. Percebeu-se nas turmas envolvidas, de forma geral, não haver muita cordialidade entre meninos e meninas que, em algumas vezes, se tratavam com indelicadezas. Nas atividades em estavam organizados em círculo, meninos e meninas de maneira geral se posicionavam em lados opostos. Estas atitudes foram mais perceptíveis nos estudantes dos 6º anos.
De maneira geral, as atitudes e comportamentos observados pelos estudantes demonstraram que tanto meninos como meninas não possuem o hábito de brincarem e jogarem juntos. Este esquema de oposições e conflitos se fez presente em vários momentos no decorrer das atividades e também estiveram representadas em suas falas.
Durante a entrevista em grupos, uma das questões tratou sobre como eles/as se relacionavam durante as aulas de educação física. Nos discursos de meninos e meninas, concordaram que “não há muito respeito e amizade entre meninos e meninas”. As meninas reforçaram essa idéia em suas falas:
“Eles sempre dão uma de machão e não deixam à gente jogar bola”;
“Temos o direito de jogar e fazer tudo que os meninos fazem nas aulas de educação física, mas a verdade é que não temos as mesmas oportunidades”;
“Quando queremos jogar eles chamam a gente de “perna de pau”.
No geral, os relatos das meninas basicamente giravam em torno dos meninos rejeitarem a participação delas em alguns jogos, principalmente os que se referem às modalidades esportivas. Falas isoladas de algumas meninas chamaram atenção por retratar o estereótipo do sexo frágil naturalizados por elas, quando diziam:
“As meninas são mais fracas”;
“Não dá pra jogar futebol junto, os meninos chutam a bola muito forte e pode machucar a gente”;
“Os meninos não vão respeitar a fragilidade das meninas”.
Estas falas retratam o contexto em que a criança é criada, pois suas falas denotam haver uma submissão natural das meninas em relação aos meninos. A vivência na família e na sociedade patriarcal conduzem meninas e meninos a supervalorizarem ou desvalorizarem os papéis exercidos por homens e mulheres, respectivamente, independentes de ser menina ou menino, vão internalizando e reproduzindo, ajudando a explicar a submissão das mulheres em relação aos homens de geração em geração. Por outro lado, os meninos argumentavam justificando e confrontando, quando colocavam que:
“Não dá pra jogar com elas, não sabem jogar e quebram muito”;
“Elas dão uma de vítima”.
E ainda questionavam:
“E se a gente chuta e machuca elas?”.
Diante destes relatos, observa-se que a fragmentação do gênero se cristalizou de tal maneira que meninas e meninos expressam com naturalidade formas preconceituosas de se referirem um ao outro.
Quanto à questão sobre o que meninos e meninas entendiam por competição e cooperação, algumas colocações foram basicamente às mesmas, no caso, a competição foi definida por ambos como:
“Duelo; disputa; torneio; vencer”.
Quando ao conceito de cooperação, todos apresentaram as seguintes frases:
“Ajudar o outro”,
“Trabalhar em grupo”,
“Jogar em equipe”.
Percebeu-se que alguns não tinham clareza sobre estes conceitos, relacionando-os com o que conheciam no senso comum. Brotto (1997) comenta que a cultura popular tem o hábito de associar competição com o jogo, como se fossem sinônimos e como se um não pudesse viver sem o outro. Já a cooperação quando associada ao jogo, costumam dizer que não ter muita graça e que é chato. Para o mesmo autor, a competição e a cooperação são conflitos e valores sociais presentes no jogo, no esporte e também na vida, mas que precisam ser ensinados e discutidos na escola, tanto na teoria como na prática, pois, ajudariam a ampliar as reflexões e entendimento sobre as diferenças e igualdades entre as pessoas.
Em um sentido sobre serem ‘competitivos’ e ‘cooperativos’, os meninos dos 6º anos, de maneira geral, se consideravam mais competitivos do que as meninas. Estas se julgavam mais cooperativas. Nos 7º anos a competição e o individualismo apresentaram-se mais evidentes entre os meninos, embora algumas meninas também se consideravam mais competitivas do que cooperativas.
Quando as atividades competitivas foram reintroduzidas nas aulas, como o jogo de queimada, os meninos concordaram que “não é legal sair bem na hora que o jogo começa a ficar bom”, mas disseram também que gostam de excluir e de eliminar o colega do jogo. As meninas também gostam de jogar a queimada tradicional (queimou sai do jogo), mas acham chato sair do jogo, pois elas eram as primeiras a saírem. Isso só acontecia porque os meninos eram privilegiados ao uso da bola. Ou seja, eles, na maioria das vezes, recebiam a bola das meninas para queimarem os adversários, que geralmente eram as meninas do time oposto. Assim, as meninas com essa atitude reforçavam a dominação masculina, além de deixarem de realizar e vivenciar as experiências motoras pessoais, predominando as habilidades dos meninos, reforçando e prevalecendo a desigualdade de oportunidades de movimento. No entanto, a aula é mista, mas não coeducativa.
Quando a proposta de atividade foi novamente alterada para um jogo de queimada denominado elemento chave (semicooperativo), que só termina após o elemento chave ser queimado, houve grande participação e aceitação por parte dos meninos e meninas que trabalharam em conjunto para defender o elemento chave. Neste jogo prevaleceu a diversão, o companheirismo e a cooperação.
Em jogos cooperativos que visavam diminuir a distância entre meninos e meninas ou promover maior contato físico entre eles, como golfinhos e sardinhas (jogo infinito), pessoa pra pessoa, dança das cadeiras cooperativas, teia cooperativa, atividades com jornal, jogos e atividades com balões, dentre outros, o envolvimento e participação foi de grande aceitação, diversão e envolvimento.
Nestas atividades pensavam e agiam coletivamente, independentes da habilidade e do gênero. Pôde-se observar os meninos sentados no colo de meninas, abraçados para não pôr o pé fora do jornal, apoiando-se um no outro para não sair da cadeira. O desafio era comum, gerando confiança, descobrindo alternativas até então encobertas.
Quando o jogo era cooperativo, mas tinha relação com algum esporte, mesmo sendo sem perdedores ou com inversão de resultados e equipes mistas como basquetebol cooperativo, voleibol tudo misturado, um time zoneado, futebolão, futepar, dentre outros, geravam maiores conflitos devido à competição tradicionalmente estar presente nestes esportes e no cotidiano destes alunos. Isso ocorreu principalmente entre os meninos que, em algumas situações, rejeitavam a participação das meninas, e, ao repensarem suas atitudes e comportamentos concordavam em mudá-los, ao voltarem para o jogo novamente. Quando o fato se repetia eram corrigidos pelos próprios colegas.
As meninas reclamavam que eles não passavam à bola, que elas só ficavam assistindo e ameaçavam sair do jogo. Observou-se certa frustração e aborrecimento. Eram então, chamados a pensar no verdadeiro objetivo do jogo, a rever seus comportamentos. Os 5º anos foram mais receptivos aos jogos cooperativos, já nos 6º anos encontrou-se maior resistência, talvez pelo fato de não terem vivenciado essas experiências em anos anteriores.
A última atividade desenvolvida em um único dia e com todos os 5º e 6º anos do colégio se deu em formato de “gincana cooperativa”. Durante a realização da gincana, observou-se que as turmas, que fizeram parte da proposta dos jogos cooperativos, incorporaram a cooperação e a interação entre meninos e meninas com maior facilidade. Já para as demais turmas, ocorreu uma preocupação mais acentuada com os resultados dos jogos e, conseqüentemente, não houve muita interação entre meninos e meninas. Isto demonstra que as práticas pedagógicas cooperativas, apesar de terem sido desenvolvidas em um curto período de tempo, favoreceram a coeducação.
Na opinião final de todos os participantes, obtida junto a todas as turmas envolvidas no projeto dos jogos cooperativos e coeducativos, os comentários, tanto dos meninos quanto das meninas, foram unânimes em dizer que os jogos cooperativos facilitam a interação entre meninos e meninas:
“Antes era estranho a gente jogar junto, agora acho normal”,
“Achei legal, pois conhecemos melhor as ‘meninas’”,
“Mais oportunidade pra todos”,
“Brigamos menos e brincamos mais”,
“Precisamos dos outros para concluir atividades e assim ficamos juntos”,
“Aprendemos a cooperar brincando, de um jeito divertido”.
No entanto, enfatizaram que ainda há preconceito com relação aos esportes, quando relataram:
“’Eles’ só passam a bola entre eles”,
“Mesmo sendo cooperativo e misto ‘eles’ não aceitam a gente no jogo”,
“’Elas’ só atrapalham no esporte”,
“Só os ‘meninos’ sabem jogar certo, ‘elas’ são muito ruins”.
Todos concordaram que com os jogos cooperativos esta visão pode vir a mudar, pois as reflexões e conversas realizadas no final dos jogos e atividades nos ajudam a enxergar o que fazemos e não percebemos fazer.
No geral, meninos e meninas de ambas as séries apresentaram mudanças de comportamento significativas percebidas durante a realização das atividades e até mesmo nos momentos de reflexão em suas falas e atitudes, o que possibilitou não só reverem suas ações como também resolverem alguns dos conflitos expostos na primeira entrevista. Percebeu-se claramente a união e a cooperação para atingir o objetivo proposto e em algumas falas enfatizaram a diversão sem competição. A maioria dos jogos e atividades oportunizou as mesmas vivências corporais, exceto nas atividades que envolveram as modalidades esportivas, pois se constatou, sobretudo, entre os meninos, maior preocupação com o resultado do jogo, enfatizando a competição, desconsiderando o trabalho em equipe.
Faz–se imprescindível maior tempo e planejamento para gerenciar as relações de gênero presentes nos esportes. Dependendo da forma como é praticado nas aulas de Educação Física, pode propiciar o aprendizado da separação dos gêneros, em contrapartida pode ser um grande aliado para uma mudança de atitude e comportamento social, promovendo a equidade. Brotto (2001) menciona que o esporte dinamizado pelos jogos cooperativos contribui para uma abordagem de diversos problemas e conflitos dentro e fora dos espaços esportivos. Uma intervenção pedagógica tem valor à medida que se relaciona com a prática e a transforma, portanto, os jogos cooperativos como instrumento pedagógico, favorecem ações coeducativas.
Dentro da perspectiva da coeducação, devem-se oferecer espaços de vivência que possibilitem aos alunos e alunas entenderem que os modelos padrões de condutas dos sexos são socialmente construídos e, com isso, transformáveis e não de ordem natural.
4. Considerações finais
Diante desta prática pedagógica da cooperação, percebeu-se que há urgente necessidade de se efetivar ações coeducativas nas aulas de Educação Física, através de práticas pedagógicas que permita questionar e reconstruir as idéias sobre o feminino e o masculino estabelecidas em nossa sociedade. Desenvolver propostas que garantam a meninas e meninos o acesso ao mesmo conteúdo escolar e as mesmas oportunidades de movimentos construindo relações com equidade nas aulas de Educação Física.
Ao redimensionar a prática pedagógica da competição para a cooperação, pode-se observar que a proposta dos jogos cooperativos coeducativos ofereceu um aprendizado conjunto. Meninas e meninos passaram a participar das atividades propostas despidas dos seus papeis sociais culturalmente enraizados na nossa sociedade machista. Ou seja, nenhuma atividade privilegiou um gênero em relação ao outro. Todos participaram das atividades com prazer, envolvidos, compartilhando e aprendendo o valor da união e de ser aceito.
Bibliografia
Auad, D. (2006). Educar meninos e meninas: relações de gênero na escola. São Paulo: Contexto.
Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Betti, M. (1991). Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento.
Bracht, V. (1999). A constituição das teorias pedagógicas da educação física. Cadernos Cedes, 19 (48), 69-88.
Brotto, F. O. (1997). Jogos Cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar. Santos: Projeto Cooperação.
Brotto, F. O. (2001). Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação.
Coletivo de Autores (1992). Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez.
Ghiraldelli, P. (1998). Educação física progressista (Coleção Espaço, Vol. 10). São Paulo: Edições Loyola.
Moreno, M. (1999). Como se ensina a ser menina: o sexismo na escola. Campinas: Editora da Unicamp.
Orlick, T. (1989). Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro.
Saraiva, M. do C. (2005). Co-educação Física e Esportes: quando a diferença é mito. Ijuí: Unijuí.
Soler, R. (2006). Educação física: uma abordagem cooperativa. Rio de Janeiro: Sprint.
Outros artigos em Portugués
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 21 · N° 216 | Buenos Aires,
Mayo de 2016 |